Licuri como fonte energética e Alimentícia - Início do Trabalho O licuri tem nome científico Syagrus Coronata (Martius) e é uma palmeira nativa do Brasil, que ocorre desde Pernambuco até o Sul da Bahia, em regiões de serras e vales. O seu baixo valor de mercado acaba por tornar inviável a comercialização do fruto por parte do pequeno produtor rural. Esse fator, aliado à falta de políticas agrícolas de informação da população do semi-árido, tem acarretado o declínio da cultura desta planta. Porém, analisando a sua vasta gama de possíveis aplicações, fez-se necessária à proposição de projetos valorizando o potencial da mesma, bem como protegendo o ecossistema da exploração indevida e conscientizando a população do potencial dos recursos vegetais ao seu alcance. Em 2003, o Grupo de Pesquisa e Produção em Química (GPPQ) do CEFET-BA foi contemplado com o financiamento pelo CNPq através do Edital do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar para realizar uma pesquisa sobre o uso alimentício do licuri como enriquecimento da merenda escolar. A valorização dessa palmeira deve contribuir em vários setores. Além do combate à fome, espera-se a promoção do trabalhador rural, melhoria da qualidade de vida no campo, conscientização sobre o planejamento rural e incentivo ao agronegócio. Ao final do ano de 2005, o CEFET-BA criou um Projeto Interdisciplinar do Licuri, com a participação de vários departamentos da Instituição. Veja os projetos abaixo: Projeto Interdisciplinar Licuri Planta para Extração de Óleo Análise da Gestão de Produção Polpa e fibras Casca Amendoa Análise do Fruto e Derivados Preparo de Biodiesel Desenvolvimento de Novos Produtos Geração de Energia Automatização do Sistema de Quebra
Os resultados preliminares dos estudos realizados pelo GPPQ foram apresentados em Congressos Nacionais e geraram artigos em Jornal de grande circulação no Estado. Esses artigos fizeram com que diversos prefeitos de municípios da região do Semi-Árido Baiano tomassem conhecimento dos trabalhos que estavam sendo desenvolvidos e procurassem o GPPQ para propor parcerias. Um exemplo de parceria bem sucedida pode ser observada no Município de Caldeirão Grande, onde estão sendo desenvolvidos diversos trabalhos com a comunidade, que hoje se orgulha de ter o Licuri como uma provável fonte de renda para a região. Veja abaixo a reportagem que foi publicada acerca do PROJETO licuri Licuri Ouro Verde do Semi-Árido Jornal A Tarde Salvador, segunda-feira, 27/06/2005 Trabalho de Pesquisa mostra a importância do licuri no combate à fome, na melhoria da qualidade de vida do trabalhador rural e na sua conscientização sobre planejamento rural e incentivo ao agronegócio. Ari Donato O óleo agridoce que escorre da polpa e da fibra do licuri é tão sabororso quanto a amêndoa ou popularmente coquinho-, vendida em forma de rosário nas feiras livres do Nordeste, de Pernambuco até o sul da Bahia e igualmente rico em cálcio, magnésio, cobre e zinco. Saborosos e nutritivos também são os produtos alimentícios desenvolvidos a partir da polpa e da amêndoa do licuri, em forma de conserva, barra de cereais e farinha, experimentados dia 17 passado, durante uma feira pela passagem do dia do químico, no Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (CEFET-BA), em Salvador. Os alimentos, consumidos avidamente pelos que foram à feira, são o resultado de dois anos de estudos do Grupo de Pesquisa e Produção em Química do CEFET-BA (CEFET_BA) sobre o potencial do licuri e sua utilização no preparo de alimentos para a merenda escolar. Da família das palmáceas (Cocos coronata), de dupras fruto carnoso provido de um núcleo muito duro comestíveis, cuja medula fornece fécula e a semente, óleo, é uma planta nativa do Brasil, conhecida também por ouricuri, aricuri, nicuri e alicuri.
A escolha do vocábulo licuri para nomear o trabalho de pesquisa foi justificada pela professora Djane Santiago de Jesus, uma das químicas responsáveis pelo estudo, por traduzir o falar da maioria das pessoas entrevistadas em Salvador (no bairro de Cajazeiras) e Jequié (região do Semi-árido). Nosso propósito é mostrar o valor nutricional já comprovado do licuri e, em paralelo, o peso econômico que pode ter para o Estado, resumiu a professora, que coordena o setor de pós-graduação e pesquisa do CEFET-BA. Os estudos de pesquisa em torno do valor do licuri começaram em 2003, contando com a participação da também química Núbia Moura Ribeiro, do CEFET/RJ, e da professora Mirtânia Leão, tendo recebido aval do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e financiamento do Centro Nacional de Pesquisa (CNPq). Na proposta, o grupo de trabalho do CEFET-BA indicou o uso do licuri no enriquecimento da merenda escolare na produção de biodiesel, uma proposta, dizem as professoras, que despertou o interessa da Petrobrás. O retorno social é muito grande, pois,enquanto se estimula o consumo do licuri, que é rico em nutrientes, amplia-se o mercado, com a sistematização da produção, atualmente desmotivada, argumentou a professora Mirtânia Leão, acrescentando que, apesar do potencial nutritivo e oleaginoso do licuri, a planta tem sido pouco explorada comercialmente. Para cuprir essa lacuna, o CEFET-BA está desenvolvendo este programa de valorização da planta, destacou. Após estudos e pesquisas de campo em Salvador e Jequié, o grupo conclui que os preços baixos inviabilizam a comercialização do licuri e sugere a proteção do ecossistema da exploração indevida, por meio da conscientização da população sobre o potencial desse recurso vegetal. Um quilo de amêndoas custa no máximo R$ 1 e, quando vendido em feiras populares, muitas vezes, o lucro é usado na compra de alimentos de valor nutritivo mais baixo, citam. NA visão das pesquisadoras, o uso sistematizado do licuri vai contribuir para o combate à fome, melhoria da qualidade de vida do trabalhador rural e sua conscientização sobre o planejamento rural e incentivo ao agronegócio. Nesta linha, elas desenvolveram projetos para utilização do licuri em conserva e na forma de barra de cereais e estudam a elaboração de farinha da polpa, geléia, iogurte, sorvete e cocada e, também, no setor de cosméticos. Nós mostramos o que se pode produzir com esta palmeira e esperamos que setores específicos da sociedade dêem amplitude a este trabalho, diz a professora Djane. Também em Mestrado Uma análise feita pelo Grupo de Pesquisa e Produção em Química do centro federal de Educação Tecnológica na Bahia mostra que na polpa do licuri estão os minerais cálcio, magnésio, cobre e zinco e, na amêndoa, cálcio, magnésio, zinco, ferro, maganês e selênio. Segundo registro da Revista Brasileira de Botânica, essas substâncias químicas estão em cerca de 4,5% da polpa e, na amêndoa, 50% da constituição é de óleo. É um forte elemento no combate à fome, ressalta a professora Mirtânia Leão.
A planta tem nome científico Syagrus Coronata (Martius) Becari e chega a medir de 7 a 11 metros de altura e 25 centímetros de diâmetro. Os cachos de licuri têm média 1.357 frutos e a polpa e amêndoas podem ser consumidas in natura. Delas também é extraído um óleo usado na culinária e, além da polpa e da amêndoa do fruto, o licuri gera cera e folhas. As fibras e a casca dos frutos podem ser aproveitadas como fonte energética, como suporte para despoluição de efluentes e para trabalhos artesenais. O trabalho das pesquisadoras do CEFET-BA mostra que esta palmeira suporta as secas prolongadas, conseguiindo florescer e frutificar por um longo período do ano, atraindo e segurando o homem em regiões inóspitas. Entretanto, a falta de políticas agrícolas e de informação da população do semi-árido tem levado ao declínio da cultura do licuri, concluem. Este potencial do licuri está sendo mostrado em dissertação de mestrado, desenvolvida por Francisco José Brito Duarte, no programa de pósgraduação em Química da Universidade Federal da Bahia, sob orientação da professora, Djane Santiago de Jesus. Alto Valor Nutritivo e gerador de empregos O mote do programa do CEFET-BA é a valorização do licuri, que deve contribuir para o desenvolvimento de vários setores da economia baiana, além do combate à fome. Já foram preparados alguns produtos alimentícios uns estão em fase de teste de aceitação e outros, com formulação já definida, em processo de patenteamento. Uma das metas do programa é o desenvolvimento de alimentos para serem usados principalmente na merenda escolar. Os produtos alimentícios já desenvolvidos são barra de cereais à base de licuri, conserva com as amêndoas e a farinha da polpa. Diz a professora Djane Santiago de Jesus uqe, tendo em vista a vasta gama de possíveis aplicações da planta, está sendo criado o projeto Interdisciplinar Licuri, que incluirá vários subprojeto, que serão enfocados no aproveitamento do licuri e ressaltarão a importância socioeconômica da planta, trazendo benefícios relevantes, tais como o combate à fome com alimento de alto valor nutritivo, a geração de empregos, a utilização do licuri para produção do biodiesel, entre outros. No que se refere ao uso da planta como oleaginosa, deve-se levar em conta o incentivo dado à produção de sucedâneos do diesel tendo como origem óleos vegetais, através do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (Decreto Presidencial de 23/12/03), destaca, ressaltando que o licuri pode ter uma parcela de contribuição para gerar renda no semi arido brasileiro
se sua polpa e amêndoa forem aproveitadas como alimento, tendo previamente sido retirado o percentual oleaginoso para produção de biodiesel.