Exportação de macro e micronutrientes nos tubérculos de cultivares de batata em função de doses de nitrogênio.

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BRAUN H; FONTES PCR; BUSATO C; SILVA MCC; COELHO FS; CECON PR; LEÃO AB; MARTINS AD. Exportação Exportação de macro e micronutrientes nos tubérculos de cultivares de macro e micronutrientes nos tubérculos de cultivares 2010. Horticultura Brasileira 28: S3629-S3636. Exportação de macro e micronutrientes nos tubérculos de cultivares de batata em função de doses de nitrogênio. Heder Braun 1, Paulo Cezar Rezende Fontes 1, Camilo Busato 2, Marcelo Cleón de Castro Silva 1, Fabrício Silva Coelho 1, Paulo Roberto Cecon 3, Armindo Bezerra Leão 1, Adalvan Daniel Martins 1,4 1 UFV, Departamento de Fitotecnia, Cep: 36570-000, Viçosa MG; 2 Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo, Cep: 29700-011, Colatina ES; 3 UFV, Departamento de Informática, Cep: 36570-000, Viçosa MG; 4 Bolsita PIBIC/CNPq. E-mail: hederbraun@hotmail.com, pacerefo@ufv.br. Apoio CNPq e FAPEMIG. RESUMO Objetivou-se avaliar o efeito de doses de nitrogênio (N) sobre as exportações de macro e micronutrientes nos tubérculos de cultivares de batata. Os experimentos foram conduzidos na época de outono/inverno, em solo Podzólico Vermelho-Amarelo Câmbico, de textura argilosa, na Universidade Federal de Viçosa. Foram instalados quatro experimentos, simultaneamente, no campo. Cada experimento consistiu de uma cultivar (Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa) e cinco doses de N (0, 50, 100, 200 e 300 kg ha -1 de N), aplicadas no sulco em pré-plantio. A fonte de N foi o sulfato de amônio (20% de N). Cada experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. Nas cultivares de batata Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa há efeito das doses de N sobre a exportação de N, P e Mn pelos tubérculos, embora com padrões diferenciados. O oposto ocorreu para a exportação de Zn em todas as cultivares. Dependendo da cultivar, as doses de N influenciam positivamente ou não influenciam a exportação de K, Ca, Mg, S, Cu e Fe nos tubérculos. Palavras-chave: Solanum tuberosum L., adubação nitrogenada, acúmulo ABSTRACT Macro and micronutrient accumulation in tuber of potato cultivars as affected by nitrogen rates The objective of the paper was to evaluate the effect of nitrogen (N) rates on macro and micronutrients accumulation in tuber of the most widely planted potato cultivars in Brazil. The experiments were conducted during fall/winter period, in a typic Hapludult soil, at Federal University of Viçosa. Four experiments were simultaneously set in the field. In each experiment one potato cultivar, Ágata, Asterix, Atlantic and Monalisa, and five N rates (0, 50, 100, 200, and 300 kg ha -1 of N), as ammonium sulphate were evaluated. Each experiment was set in randomized complete block and four repetitions. In potato cultivars Ágata, Asterix, Atlantic and Monalisa there was no effect of N rate on total N, P and Mn accumulation in the tubers, unlike, there were effect of N rate applied for all the cultivars, although with different patterns. The opposite occurred for Zn accumulation for all potato cultivars. Depending upon the cultivar, N rates presented positive effects or did not affect K, Ca, Mg, S, Cu and Fe accumulation in potato tubers. Keywords: Solanum tuberosum L, nitrogen fertilization, accumulation Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3629

A resposta fisiológica da planta está diretamente relacionada à radiação solar e, fundamentalmente, à intensidade luminosa, ambos estão ligados aos processos fotossintéticos. O processo fotossintético é o principal, senão o único, processo de fornecimento de carbono para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Os fotoassimilados produzidos pela atividade fotossintética são direcionados para o crescimento, sendo a partição para os tubérculos um dos fatores determinante da produtividade da cultura da batata. A produção de matéria seca pela planta e a partição para os tubérculos sofrem influência de diversos fatores, tais como: interceptação luminosa (HARRIS, 1992); alta temperatura, por aumentar a senescência foliar e reduzir a capacidade fotossintética (Timlin et al., 2006); fotoperíodo (Haverkort e Verhagen, 2008); cultivar (Mesquita et al., 2008); época de cultivo (Yorinori, 2003); manejo da cultura (Geremew et al., 2007) e fertilização nitrogenada (Zebarth e Rosen, 2007). Na batata, há produção de matéria seca tanto na parte aérea quanto nos tubérculos. Os tubérculos acumulam a maior quantidade de matéria seca, atingindo cerca de 68 a 84% da biomassa total produzida pela planta (Nunes et al., 2006). Nunes et al. (2006) mostraram que a produção de matéria seca dos tubérculos apresenta relação direta com a área foliar da planta. Em qualquer cultura, há forte associação entre a quantidade de matéria seca e acúmulo de nutrientes na planta (Fontes, 2001). Na batata, há variações na quantidade de nutrientes acumulados pelos tubérculos, influenciadas, principalmente, por fatores ligados à produção e partição de matéria seca para os tubérculos. Normalmente, os nutrientes mais exportados pelos tubérculos são N e K (Nunes et al., 2006). Existem variações nas quantidades de nutrientes exportadas pelos tubérculos de batata e o seu conhecimento auxilia na determinação da eficiência do programa de adubação. A necessidade nutricional de qualquer cultura é determinada pela quantidade de nutriente exportada durante o ciclo. Esta exportação dependerá, portanto, da produtividade obtida e do teor de nutrientes. No entanto, o fornecimento de N deve ser o mais próximo possível da quantidade exportada pela cultura, considerando-se a eficiência de utilização, evitando-se perdas por volatilização e lixiviação de N-NO para as águas subterrâneas. Na 3 literatura são escassos trabalhos de pesquisa que relacionam doses de N com a exportação de macro e micronutrientes em tubérculos de cultivares de batata. Diante disso, objetivou-se avaliar o efeito das doses de N sobre a exportação de macro e micronutrientes nos tubérculos das cultivares Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa. MATERIAL E MÉTODOS Foram instalados quatro experimentos, simultaneamente, no campo, na época de outono/inverno (abril-julho de 2006). Os experimentos foram conduzidos na Horta Nova de Pesquisas do Departamento de Fitotecnia, pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Cada um correspondeu a uma cultivar de batata (Solanum tuberosum L.): Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa e cinco doses de N (0, 50, 100, 200 e 300 kg ha -1 de N), aplicadas no sulco, em pré-plantio, utilizando-se o sulfato de amônio (20% de N). Cada experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. Cada parcela experimental foi constituída por 28 plantas, em quatro linhas, espaçadas de 0,75 m entre linhas e 0,25 m entre plantas. As duas linhas laterais e as duas plantas das extremidades das linhas centrais serviram como bordadura. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3630

O plantio dos tubérculos das quatro cultivares foi realizado em sulcos, no dia 03 de abril de 2006. Foram utilizadas batatas-semente certificadas, com peso médio de 70 g, previamente brotadas. Aos 22 dias após a emergência (DAE) efetuou-se a amontoa. A colheita dos tubérculos ocorreu quando as hastes estavam completamente secas, aos 88, 92, 91 e 84 DAE para as cultivares Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa, respectivamente. Amostras de tubérculos classificadas como comerciais foram picadas e submetidas à secagem em estufa com circulação forçada de ar, a 70 ºC, até atingirem massa constante. Após a pesagem, procedeu-se à moagem das amostras em moinho tipo Wiley. Uma amostra do material moído foi digerida em ácido sulfúrico concentrado. Após a digestão, a amostra foi analisada quanto ao teor de N-NH pelo método de Nessler (Jackson, 1958) e o - 4 N-NO (Cataldo, 1975). Outra sub-amostra da matéria seca de tubérculo foi submetida à 3 digestão nítrico-perclórica para determinação do potássio (K) por espectrofotômetro de chama; o fósforo (P) em espectrofotômetro, a 725 nm (Braga e Defelipo, 1974); o enxofre (S) em espectrofotômetro a 420 nm e cálcio (Ca), magnésio (Mg), cobre (Cu), ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn) em espectrofotômetro de absorção atômica (Blanhar et al., 1965). Com os valores dos teores de nutrientes na matéria seca dos tubérculos e de produtividade (dados não apresentados), foram calculados os valores da exportação dos nutrientes nos tubérculos. Cada experimento foi analisado individualmente. Os dados obtidos nos quatro experimentos foram submetidos às análises de variância e de regressão. Os modelos de regressão foram escolhidos com base na significância dos coeficientes de regressão (utilizando-se o teste t e adotando-se o nível de até 5% de probabilidade), no coeficiente de determinação e de acordo com a ocorrência biológica. A dose de N correspondente à máxima produtividade comercial (DON) foi introduzida nos modelos obtidos para a estimativa da quantidade exportada de macro e micronutrientes em cada cultivar de batata. A DON usada para as cultivar Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa foi 168,18; 212,22; 175,45; e 193,18 kg ha -1 de N, respectivamente (Busato, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todas as quatro cultivares, houve efeito de doses de N sobre a exportação de N, P e Mn pelos tubérculos (Tabelas 1, 2, 3 e 4) e, em pelo menos uma cultivar, houve efeito de doses de N sobre a exportação de K, Ca, Mg, S, Cu e Fe pelos tubérculos (Tabelas 1, 2, 3 e 4). O efeito de doses de N sobre a exportação de P, K, Ca, Mg, S, Fe e Zn foi resultado do efeito do N na produção de matéria seca de tubérculos. As quantidades exportadas de macro e micronutrientes, associadas à dose de N correspondente à máxima produtividade comercial de tubérculo das cultivares Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa, encontram-se na Tabela 5. O tubérculo de batata, em relação ao caule e a folha, é o órgão que apresenta maior acúmulo de nutrientes, com exceção do Ca (Paula et. al., 1986a). Estes autores relataram que cerca de 98% e 88% do N estavam acumulados nos tubérculos na cultivar Achat, enquanto que 86% e 80% na cultivar Mantiqueira sem e com adubação, respectivamente. Paula et. al. (1986) relatam valor de 42,60 kg ha -1 de N exportados pelos tubérculos e Yorinori (2003) encontrou os valores de 122,20 e 114,01 kg ha -1 de N, nas safras das águas e seca, respectivamente. Esse último autor relatou que na safra das águas, a exportação máxima de K e de Mg nos tubérculos foi, respectivamente, 102,44 e 5,04 kg ha -1 e na seca foi 33,43 e 4,86 kg ha -1. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3631

A eficiência de exportação de N, calculada pela relação entre a quantidade de N exportada nos tubérculos e a dose ótima de N foi 51,8; 46,2; 70,0 e 33,2% para Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa, respectivamente. A recuperação do N é normalmente menor quanto maior a dose aplicada (Cantarella, 2007). A eficiência de exportação de N varia em função da produção de matéria seca do tubérculo e do teor de N nesse órgão, os quais dependem de fatores gerenciais, ambientais e genotípicos envolvidos nos diversos processos que ocorrem na planta, como absorção e translocação de N, crescimento, desenvolvimento e partição de assimilados na planta. Condições favoráveis ao crescimento e produção de tubérculos tem efeito positivo na recuperação do N pelos tubérculos de batata e valores de 30 a 60% de recuperação do N adicionado como fertilizante, dependendo do ano e do modo de aplicar o fertilizante, são encontrados na literatura (Maidl et al., 2002). Tem efeito positivo das doses de N sobre a exportação de N, P e Mn pelos tubérculos para as cultivares Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa, embora com padrões diferenciados. O oposto ocorreu para a exportação de Zn em todas as cultivares de batata. Dependendo da cultivar, as doses de N influenciam positivamente ou não influenciam a exportação de K, Ca, Mg, S, Cu e Fe nos tubérculos de batata. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pela bolsa de Doutorado e de Produtividade concedida ao primeiro e segundo autor, respectivamente. Ao CNPq e a FAPEMIG, pelos recursos financeiros para execução do projeto REFERÊNCIAS BLANHAR CM; REHM G; CALDWELL AC. 1965. Súlfurin plant material by digestion with nitric and perchloric acid. Proceedings Soil Science Society of American 29, p.71-72. BRAGA JM; DEFELIPO B. 1974. Determinação espectrofotométrica de Fósforo em extratos de solos e plantas. Revista Ceres 21: 73-85. BUSATO C. 2007. Características da planta, teores de nitrogênio na folha e produtividade de tubérculos de cultivares Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. 129p. (Tese Mestrado). CANTARELLA H. 2007. Fertilidade do solo. In: NOVAIS RF; ALVAREZ VH; BARROS NF; FONTES RLF; CANTARUTTI RB; NEVES JC (Eds). Nitrogênio. 1ª ed. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. p.375-470. CATALDO DA; HAROON M; SCHRADER LE; YOUNES VL. 1975. Rapid colorimetric determination of nitrate in plant tissue by nitration of salicylic acid. Communications in Soil Science and Plant Analysis 6: 71-80. FONTES PCR. Diagnóstico do estado nutricional das plantas. Viçosa: UFV, 2001. 122p. GEREMEW EB; STEYN JM; ANNANDALE JG. 2007. Evaluation of growth performance and dry matter partitioning of four processing potato (Solanum tuberosum) cultivars. New Zealand Journal of Crop and Horticulture Science 35: 385-393. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3632

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Tabela 1. Equações ajustadas para a exportação dos nutrientes na matéria seca dos tubérculos, em função de doses de nitrogênio (N), cultivar Ágata. (Relationships between nitrogen (N) rates and macro and micronutrient accumulation in dry matter of potato tuber, Ágata cultivar). Viçosa-MG, 2006. Nutriente Unidade Equações ajustadas R 2 N total kg ha -1 ^ Y = 69,8520 + 0,211649*N 0,000649625*N 2 0,99 P kg ha -1 ^ Y = 14,1899 + 0,0125084* 0,0658007* N 0,93 K kg ha -1 ^ Y = 142,435 + 0,0677773* 0,329564* N 0,93 Ca kg ha -1 ^ Y = 40,92 - Mg kg ha -1 ^ Y = 5,46 - S kg ha -1 ^ Y = 7,74238 + 0,244125*- 0,0101768* N 0,96 Cu g ha -1 ^ Y = 16 - Mn g ha -1 ^ Y = 71,3848 + 0,298876*N 0,000873395*N 2 0,93 Fe g ha -1 ^ Y = 1386,39 + 24,3410*N 0,0741287*N 2 0,71 Zn g ha -1 ^ Y = 124 - * - Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t. Tabela 2. Equações ajustadas para a exportação dos nutrientes na matéria seca dos tubérculos, em função de doses de nitrogênio (N), cultivar Asterix. (Relationships between nitrogen (N) rates and macro and micronutrient accumulation in dry matter of potato tuber, Asterix cultivar). Viçosa-MG, 2006. Nutriente unidade Equações ajustadas R 2 e r 2 N total kg ha -1 ^ Y = 51,3372 + 0,413615*N 0,000911295*N 2 0,99 P kg ha -1 ^ Y = 13,7873 + 0,0118454*N 0,82 K kg ha -1 ^ Y = 111,610 + 0,100892*N 0,62 Ca kg ha -1 ^ Y = 26,8368 + 0,0799106*N 0,000185362*N 2 0,94 Mg kg ha -1 Y ^ = 2,71789 + 0,0137484*N 0,0000355790*N 2 0,98 S kg ha -1 ^ Y = 5,45546 + 0,196688*- 0,00381336* N 0,99 Cu g ha -1 ^ Y = 13,0372 + 0,0473498*N 0,98 Mn g ha -1 ^ Y = 62,9627 + 0,148958*N 0,76 Fe g ha -1 ^ Y = 2322 - Zn g ha -1 ^ Y = 134 - * - Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3634

Tabela 3. Equações ajustadas para a exportação dos nutrientes na matéria seca dos tubérculos, em função de doses de nitrogênio (N), cultivar Atlantic. (Relationships between nitrogen (N) rates and macro and micronutrient accumulation in dry matter of potato tuber, Atlantic cultivar). Viçosa-MG, 2006. Nutriente unidade Equações ajustadas R 2 e r 2 N total kg ha -1 ^ Y = 73,4088 + 0,442818*N 0,000919229*N 2 0,94 P kg ha -1 ^ Y = 19,9911 + 0,0729280*N 0,000236526*N 2 0,95 K kg ha -1 ^ Y = 199,50 - Ca kg ha -1 ^ Y = 48,7479 + 0,158078*N - 0,000422393*N 2 0,91 Mg kg ha -1 ^ Y = 6,89 - S kg ha -1 ^ Y = 10,6923 + 0,0420304*N 0,000125093*N 2 0,89 Cu g ha -1 ^ Y = 5,29175 +0,0527424*N 0,90 Mn g ha -1 ^ Y = 156,696-0,129796*N 0,87 Fe g ha -1 ^ Y = 3481 - Zn g ha -1 Y ^ = 134 - * - Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t. Tabela 4. Equações ajustadas para a exportação dos nutrientes na matéria seca dos tubérculos, em função de doses de nitrogênio (N), cultivar Monalisa. (Relationships between nitrogen (N) rates and macro and micronutrient accumulation in dry matter of potato tuber, Ágata cultivar). Viçosa-MG, 2006. Nutriente Unidade Equações ajustadas R 2 e r 2 N total kg ha -1 ^ Y = 49,4620 + 0,0758855*N 0,90 P kg ha -1 ^ Y = 10,4993 + 0,0100966*N 0,73 K kg ha -1 ^ Y = 110,62 - Ca kg ha -1 ^ Y = 29,18 - Mg kg ha -1 ^ Y = 3,38 - S kg ha -1 ^ Y = 5,92 - * - Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3635

Tabela 5. Exportação de macro ^e de micronutrientes associadas à dose de nitrogênio (N) proporcionou a máxima produtividade comercial de tubérculos (DON) 1 das cultivares de batata Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa. (Macro and micronutrient accumulation associated with the N fertilization rates which led to the maximum marketable tuber yield for Ágata, Asterix, Atlantic, and Monalisa). Viçosa-MG, 2006. Exportação Cultivares Ágata Asterix Atlantic Monalisa N total (kg ha -1 ) 87,07 98,07 122,80 64,12 P (kg ha -1 ) 19,34 16,30 25,50 12,45 K (kg ha -1 ) 87,88 133,02 199,50 110,62 Ca (kg ha -1 ) 40,92 35,44 63,48 29,18 Mg (kg ha -1 ) 5,46 4,03 6,89 3,38 S (kg ha -1 ) 9,19 7,51 14,21 5,92 Cu (g ha -1 ) 16,0 23,1 14,5 12,9 Mn (g ha -1 ) 96,9 94,6 179,5 64,6 Fe (g ha -1 ) 3383 2322 3481 2143 Zn (g ha -1 ) 124 134 134 106 1 - A DON para as cultivares Ágata, Asterix, Atlantic e Monalisa foram 168,18; 212,22; 175,45 e 193,18 kg ha 1 de N, respectivamente. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3636