Dra. Deborah de Rosso TCBC

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Transcrição:

Dra. Deborah de Rosso TCBC

Correção de Hérnia com tela O termo hérnia significa em latim : ruptura O risco de aparecimento de herniações na região ínguinofemoral é de 25% em homens e menor que 5% em mulheres. Aproximadamente 96% dessas hérnias são inguinais e apenas 4% são femorais. As hérnias inguinais são mais freqüentes em homens (razão de 12 para 1) e as femorais são mais freqüentes em mulheres ( razão de 4 para 1). Impacto social: 800 mil cirurgias (EUA), 80.000 (Inglaterrra) e 180.000 no Brasil (SAI/SUS)

Tratamento - Método Ideal!! Objetivo: Desconforto minimo, ser de facil execução, de fácil aprendizado e reprodutivel, ter uma baixa taxa de complicação e recidiva, com um curto periodo de convalescença Cirurgias clássicas sem prótese Bassini 1884 Shouldice 1950 Mc Vay - 1942

Autor Técnica N Seguimento Recidiva Welsh, 1993 Shouldice 2748 35 a 1,46% Bocchi, 1995 Shouldice 1708 7 a 1,16% Wantz 1989 Shouldice 3454 20 a 1,0% Grabenhorst 1993 Bassini 105 1 a 3,8% Kapra 1993 Basssini 197 6,3 a 3,2% Amendolara 1995 Bassini 104 2 a 2,8% Rutledge, 1988 Mc Vay 1142 9 a 1,9% Halverson e McVay,1970 Mc Vay 1211 22 a 3,5% Barbier 1989 Mc Vay 1140 17 a 4,7%

Índices de recidiva para as técnicas de Bassini e Shouldice, segundo estudo randomizado realizado por Kux e col.,1994 Técnica N Recidivas % Bassini 184 16 8,7* Shouldice (4 linhas de sutura) Shouldice (2 linhas de sutura) 194 7 3,6* 172 4 2,3* *p= 0,012 O tratamento das hérnias femorais pela técnica de McVay apresenta índices de recidiva entre 3,1 e 7,6%. Quando utilizado o acesso femoral, pela técnica de Kirschner, a recorrência ocorreu entre 3 e 6,5%.

Tratamento das Recidivas Antes do fim do século XIX, afecção sem tratamento eficaz, agora cura em mais de 95% dos pacientes. O grande desafio - apresentavam recidivas. tratar aqueles pacientes que Sendo que as reoperações apresentavam índices maiores de novas recidivas As reoperações que se seguiam após novas recidivas tinham resultados progressivamente piores, chegando a 20% para hérnias inguinais e até 75% para hérnias femorais.

O uso de próteses Necessidade de encontrar o melhor substituto para a fáscia transversal danificada - enxertos homólogos, heterólogos e materiais sintéticos. Enxertos ósseos, de aponeuroses e de pele e até próteses metálicas -início do século Os enxertos autólogos- fáscia lata: resistentes e poucas complicações, mas procedimentos cirúrgicos para sua retirada. Os homólogos, por sua vez, dependiam da disponibilidade de doadores e bancos de órgãos.

Essas dificuldades - próteses sintéticas. Três tipos de materiais foram mais amplamente utilizados: polipropileno, o poliéster e o politetrafluoretileno. Francis C. Usher - precursor de todas as técnicas operatórias que iriam ser desenvolvidas para a utilização de próteses na correção de hérnias. Ele publicou em 1959, seu primeiro trabalho em que era realizada, para reforço de suturas, a aplicação de prótese de polipropileno na região inguinal Como veremos, autores seguidamente propuseram o uso de próteses não mais como reforço de suturas, mas como tratamento primário para as hérnias ínguino-femorais.

A posição, o tamanho, os tipos de fixação das próteses variaram muito. Desde grandes próteses pré-peritoneais, fixas no ligamento pectíneo, até pequenos retalhos de tela associados a plastias dos orifícios herniários, aplicados sobre as áreas de fraqueza, sem nenhuma fixação às estruturas anatômicas adjacentes. As operações que utilizam prótese de polipropileno para a correção primária das hérnias hernioplastias. Esse termo é usado para diferenciar das técnicas sem utilização de telas herniorrafias. Como conceito comum a todas as hernioplastias menor tensão possível. Sendo que o ideal seria sem tensão alguma.

A escolha da prótese : porosidade e tamanho dos poros Podem ser divididas em : absorvíveis e não absorvíveis Absorvivíveis Sintéticas : poliglactina ( Vicryl ); ac. Poliglicólico (Dexon ) Inabsorvíveis : Tipo I : Próteses totalmente macroporosas Poros de 75 micra ou mais. Permitem a passagem de fibroblastos, fibras de colágeno, vasos sanguíneos, e macrófagos. Essenciais para cicatrização e com mínimas complicações ( Marlex, Prolene e Atrium )

Tipo II: próteses totalmente microporosas Poros menores que 10 micra, permitem a passagem de bactérias,mas não a de macrófagos, favorecendo infecções ( Dual Mesh, Goro-tex ) Tipo III : prótese macroporosa com componente microporoso Boa fibroplastia e angiogênese, mas podem facilitar infecção ( Dacron, Mersiline e Surgipro ) Tipo IV : Biomateriais com poros submicromicos Não são utilizados para correção de hérnias, mas associadas ao tipo I podem ser implantadas intra-peritonialmente, sem promover aderências (silastic, filme de propileno, membrana pericardica, Preclude )

Caracerísticas da Tela Ideal: - Boa porosidade, permitindo a migração dos elementos celulares envolvidos na cicatrização - Estimular uma resposta inflamatória eficiente, com migração de grande número de fibroblastos - Ser inerte o suficiente para reduzir ao máximo as reações de rejeição, de corpo estranho, alérgicas e de infecção - Ser resistente para prevenir recidivas precoces - Ser flexível para neutralizar as forças que agem na região inguinal durante as atividades físicas, evitando fragmentação

Correção de Hérnia pela técnica anterior (aplicação da prótese sobre a Fáscia Transversal) : Lichtenstein(1986), Gilbert (1992), Rutcow e Robbins (1993), Trabucco ( 1993) Correção de Hérnia pela técnica posterior ( aplicação da prótese pré-peritoneal): Rives (1967) e Stoppa (1972), Videolaparoscópica

Maior parte das recidivas são no pubis e no anel profundo, locais anatômicos que dificultam a reconstrução sem prótese devido a posição do funículo espermático e da friabilidade da porção carnosa dos mm. Obliquo externo e transverso Observando que seria necessária uma ponte entre o ligamento inguinal e a bainha do músculo reto abdominal, Irving L. Lichtenstein, em 1986, publicou uma série inicial de uma técnica simples e eficiente, através de uma inguinotomia (via anterior) com prótese 1987 Lichtenstein, publicou no American Journal of Surgery uma série com 6.321 casos, com 0,7 % de recidiva

A prótese era aplicada sobre a fáscia transversal, ultrapassando o tubérculo púbico, sendo fixada no ligamento inguinal com quatro ou cinco passadas de sutura contínua de fio inabsorvível e, na bainha do músculo reto abdominal, com pontos separados. A porção lateral da prótese era seccionada para a passagem do funículo espermático e as porções da secção eram entrecruzadas para que fosse formado um novo ânulo interno, bem protegido. A prótese utilizada era de polipropileno monofilamentar, com dimensões de 16 x 8 cm, recortada no intra-operatório.

Na década de 90, outros autores também desenvolveram técnicas próprias para colocação de próteses de polipropileno. Todos consideravam fundamentais os mesmos princípios: - colocação da prótese sobre a fáscia transversal sem tensão, respeito à inervação, utilização de fios sintéticos monofilamentares para fixação da prótese e, por fim, proteção do ânulo profundo.

Autor Dimensões da Prótese Posição da Prótese Proteção do anel profundo Posição do funículo Lichtenstein, 1986 16 x 8 cm, recortada no intraoperatório. Sobre a fáscia transversal,fixa nas estruturas adjacentes. Cruzamento da prótese ao redor do funículo Abaixo da aponeurose do M.O.E. Gilbert, 1992 8 x 4 cm, recortada no intraoperatório. Sobre a fáscia transversal,sem fixação nas estruturas Guarda-chuva no E.P.P. Abaixo da aponeurose do M.O.E. Rutcow e Robbins,1993 8 x 4 cm, précortada. Sobre a fáscia transversal,sem fixação Cone no E.P.P Abaixo da aponeurose do M.O.E. Trabucco, 1993 8 x 4 cm, précortada Sobre a fáscia transversal,sem fixação Cone no E.P.P Acima da aponeurose do M.O.E.

Autor Técnica N % de recidivas Amid e col., 1998 Lichtenstein, 1986 3250 0,1 Gilbert, 1995 Gilbert,1992 1245 0,2 Rutcow e Robins, 1993 Campanelli e col., 1995 Rutcow,1993 2333 0,25 Trabucco, 1993 535 0 Em um estudo multicêntrico, do qual participaram 72 cirurgiões americanos e europeus, com uma casuística de 16.068 operações, Shulmann, Amid e Lichtenstein, em 1995, relataram uma taxa de infecções de 0.6% e de rejeições de 0,01%.

A Aplicação Pré-Peritoneal de Próteses A abordagem pré-peritoneal da região ínguino-femoral permite que se explore todo o orifício miopectíneo de Fruchaud. Dissecção no plano entre a fáscia transversal e a gordura pré-peritoneal, com exposicão dos vasos femorais, ligamento pectíneo, músculo iliopsoas e do trígono inguinal. Quando o acesso pré-peritoneal é realizado por meio de qualquer incisão que não seccione diretamente a região do trígono, dizemos que se trata de um acesso posterior ou, simplesmente, via posterior Essa via de acesso posterior já havia sido utilizada para rafias desde 1920 e foi difundida por Nyhus, em 1959, como opção para a abordagem concomitante da região inguinal e femoral. O uso de próteses aplicadas no espaço pré-peritoneal, no entanto, foi difundido por autores franceses no início dos anos 70.

Em 1967, Jean Rives Forma diferente de tratamento de hérnias recidivadas ou muito volumosas. Por inguinotomia, após a abertura da fáscia transversal, dissecava-se o espaço pré-peritoneal, isolando-se o funículo espermático. Uma prótese de poliéster era colocada sob a fáscia transversal, cobrindo toda a parede posterior do trígono inguinal, com uma secção para passagem do funículo, sendo fixada no ligamento pectíneo, sob o músculo reto abdominal e sob o músculo transverso. Após a fixação, se possível, a fáscia transversal e a aponeurose do músculo oblíquo externo eram fechadas sobre a tela

Em 1972, por incisão mediana, Rene Stoppa usou a via posterior para colocação de uma prótese de dimensões muito maiores que as das áreas de fraqueza da parede abdominal. Utilizada para correção de hérnias bilaterais Tela de poliéster retangular com altura igual à distância do púbis ao umbigo e largura 2 cm menor que a distância entre as cristas ilíacas do paciente. A partir deste retângulo, a tela era recortada de maneira a acompanhar a linha semilunar ou de Douglas em sua porção superior e de forma a permanecer caudalmente ao estreito superior da bacia. Essa grande prótese envolvia o saco peritoneal e praticamente era mantida em posição pela pressão intra-abdominal. A passagem do funículo poderia ser por secção da prótese, ou lateralização das estruturas

O Tratamento das Hérnias Femorais com Prótese As hérnias femorais são tratadas com próteses por duas vias distintas, tal qual acontece nas hérnias inguinais: por acesso anterior, com incisão baixa, sobre a região crural Mesh Plug. Ou semelhante a técnica de Mc Vay, porém com o uso de prótese. E por acesso posterior ou pré peritoneal ( Rives, Stoppa ou VDL )

Mesh Plug Diferentemente das cirurgias na região inguinal, em que as estruturas que circundam o ânulo inguinal profundo são bem dissecadas e expostas para que a prótese seja devidamente fixada, na região femoral devemos preservar a bainha dos vasos femorais e limitar a dissecção ao suficiente para adequada identificação e redução do saco herniário. A obliteração do anel herniário pode ser obtida com a introdução de um cone ou cilindro de polipropileno. Uma vez colocado no orifício, o cone ou cilindro é suturado ao trato iliopúbico, à bainha dos vasos femorais e ao ligamento pectíneo, o que impede sua migração

Ultrapro plug- Tela parcialmente absorvivel Sistema de hernia de prolene UltraPro- Tela parcialmente absorvivel

Complicações Edema Hematoma Infecção Hidrocele Atrofia testicular Parestesia Dor cronica Infecção crônica ( sinus ) Metanálise recente com 7000 casos, somente 2 casos

O uso de Tela em Urgência Sem contra-indicação nos casos de hérnias encarceradas e estranguladas, mesmo que haja ressecção de alça intestinal

Escolha da Técnica cirúrgica???? - Experiência do cirurgião com a técnica empregada - Particularidades do paciente

Como tratar as recidivas - Procurar utilizar a via diferente do que foi utilizada anteriormente

Obrigada!