Proposta Técnica Final da Alteração do PROT-AML Contributo da C. M. de Sintra para o Parecer da CC (Proposta) Deliberou a última reunião da Comissão Consultiva do PROT-AML que os seus membros podem enviar contributos para a proposta de parecer, de acordo com a estrutura preliminar aprovada. É nesse âmbito que a Câmara Municipal de Sintra vem pronunciar-se sobre dois aspectos particulares da Proposta Técnica Final da Alteração do PROT-AML, reservando-se para uma avaliação global do documento em momento posterior, mais oportuno e mais eficaz, após melhor apreciação/ponderação pelos órgãos próprios do município. Neste momento importa apenas sugerir que a proposta de parecer integre, no ponto 4.2. Sobre a adequação e conveniência das soluções propostas pela CCDR, mais concretamente no Modelo Territorial, as seguintes duas recomendações: 1. Admitir a utilização mista da infra-estrutura aeroportuária de Sintra. Na documentação técnica divulgada na reunião de 16 de Abril, verificámos com agrado a uniformização da representação simbólica de todas as infra-estruturas aeroportuárias, sob a designação de Aeroportos, no mapa do Modelo Territorial. Por sua vez, na identificação dos Aspectos Relevantes, Problemáticas e Questões-chave da Unidade Territorial 3 (Espaço Urbano Norte e Poente), refere-se a existência de espaços com valor estratégico no âmbito da logística e DPDM - DIVISÃO DO PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE SINTRA
alternativas de transporte aéreo e de um sistema de transportes marcado por diversas fragilidades. A superação das fragilidades do sistema de transportes, à escala global, deve passar também por uma melhor utilização das infra-estruturas aeroportuárias existentes, como alternativa de transporte aéreo, em particular na promoção das áreas de actividades económicas estruturantes e com potencial de exportação, como sugere uma das orientações principais, para esta Unidade Territorial, em particular no cenário futuro de deslocalização do Aeroporto de Lisboa para Alcochete. Contudo, a expectativa criada não se materializou na letra do texto da última proposta técnica do PROT-AML. No concelho de Sintra, uma das áreas de actividades económicas estruturantes com maior potencial de desenvolvimento e consolidação é constituída pela Grande Concentração de Actividades Económicas (Indústria), localizada no polígono Sintra / Terrugem / Pêro Pinheiro / Sabugo, que o Modelo Territorial do PROT- AML identifica como subunidade territorial UT3A, e para a qual as normas orientadoras recomendam a elaboração de PMOT destinado a promover o ordenamento integrado e a estruturação urbanística, numa perspectiva multifuncional incluindo, para além das actividades industriais existentes, o património, a cultura e por essa via também o turismo. Esta orientação está em linha com os objectivos estratégicos de Sintra de afirmar o concelho com dimensão exportadora no cluster habitat e no cluster saúde/ciências da saúde, para além do turismo. Nesta estratégia não se entende que a Proposta Técnica Final não admita a possibilidade da utilização mista da infra-estrutura aeroportuária de Sintra, como aeroporto militar e civil, fundamental para a estratégia municipal de afirmação de 2 de 5
Sintra nos mercados globais, ainda mais potenciada pela franca melhoria das acessibilidades à Grande Lisboa com a abertura da A16 e a previsão de prolongamento do troço do IC30 para norte, com ligação à A21, no concelho de Mafra Assim, deve o Parecer da Comissão Consultiva recomendar à CCDR que a versão final do PROT-AML admita expressamente a possibilidade da utilização mista do Aeroporto de Sintra, nas condições que vierem a ser melhor definidas e concertadas no PMOT a elaborar para a UT3A. 2. Classificar Sintra como Pólo de Desenvolvimento Turístico de Nível 1. No Modelo Territorial divulgado na reunião de 16 de Abril, a rede de Pólos de Desenvolvimento Turístico parecia reconhecer a importância estratégica de Sintra para a actividade turística regional e nacional, elevando-a ao Nível 1, à semelhança da cidade de Lisboa, opção que foi por nós recebida com natural agrado. Contudo, a Proposta Técnica Final voltou a colocar Sintra como Pólo de Desenvolvimento Turístico de Nível 2, sem apresentar qualquer justificação para tão repentina desclassificação, para mais quando os dados conhecidos relativos ao ano de 2009 colocam Sintra como o único destino turístico da AML que aumentou o número de visitantes. A classificação de Sintra no Nível 2 não traduz a realidade nem as potencialidades de desenvolvimento turístico de Sintra. E se no ano de 2009, mesmo em plena crise nacional e internacional, aumentou o número de visitas em 5%, atingindo os 2 milhões, e o número de dormidas em 42%, atingindo as 200 mil, o mercado da industria do silêncio continua a reconhecer Sintra, Capital do Romantismo e Património da Humanidade, como destino de investimentos 3 de 5
na área do turismo que resultam nos 15 pedidos de licenciamento de novas unidades hoteleiras, de pequena e média dimensão, actualmente em apreciação. Não é nova a descoberta da vocação turística de Sintra. A Vila de Sintra é um destino turismo secular, um dos mais antigos da AML e de Portugal. A descoberta da sua vocação turística pode, simbolicamente, situar-se no concelho no ano de 1890, quando foi inaugurada uma unidade hoteleira de referência, o Hotel Central, na Vila de Sintra, e fundamenta-se na existência de únicos e importantes recursos naturais e histórico-culturais, conhecidos e reconhecidos em todo o pais e que, nas duas últimas décadas, tem vindo a consolidar um vasto reconhecimento internacional, impulsionado pela classificação de Sintra como a primeira Paisagem Cultural da Humanidade pela UNESCO, no ano de 1995, e pela afirmação da marca Sintra, Capital do Romantismo. Dos recursos naturais refira-se a riqueza e diversidade da paisagem, destacando-se como principais unidades paisagísticas a Serra de Sintra, o litoral das arribas altas e as áreas de paisagem agrícola. A Serra de Sintra, de elevação vigorosa, em contacto directo com o Oceano Atlântico, de coberto vegetal exuberante, abriga parques com grande interesse paisagístico e científico, é um dos elementos ambientais estruturantes mais significativos da AML. A faixa litoral, de escarpas e falésias altas, de extremo recorte interrompido por praias seja junto a vertentes com grandes desníveis seja no encontro dos vales fluviais com o Oceano Atlântico. A paisagem agrícola, característica da terra saloia onde se encontra ainda hoje o ambiente rural em vastas áreas de várzea, a norte, entre a Serra e o Mar. 4 de 5
Dos recursos histórico-culturais refiram-se a riqueza tão diversa como a arquitectura, a arqueologia, a gastronomia, o património artístico móvel e outras expressões culturais que fazem de Sintra um destino de privilégio. A arquitectura erudita ou popular, civil, militar ou religiosa, os parques, as quintas e chalés, as fortificações e monumentos arqueológicos, os repuxos, aquedutos, pelourinhos, fontes, as ladeias, casais, moinhos e azenhas ou os museus, traduzem uma malha rica, diversa e sustentadora da actividade turística singular de Sintra. A todas estas vocações seculares do turismo de Sintra, acrescentaram-se depois outras mais recentes ou com potencial de afirmação futura, como sejam os desportos náuticos, o turismo da natureza no Parque Natural de Sintra - Cascais, o golfe, o turismo equestre, o turismo em espaço rural, o turismo de saúde e bem-estar, o lazer urbano ou o enoturismo, na Região Demarcada dos Vinhos de Colares, uma das mais antigas do país. No conjunto rico e diversificado dos seus recursos turísticos, das infra-estruturas existentes e previstas e das ofertas naturais e culturais, Sintra é um caso singular no contexto da AML, distinguindo-se e superando claramente o perfil de outros destinos turísticos de Nível 2, consolidados ou emergentes. Assim, deve o Parecer da Comissão Consultiva recomendar à CCDR que a versão final do PROT-AML classifique Sintra como Pólo de Desenvolvimento Turístico de Nível 1 (Emergente). Sintra, 19 de Julho de 2010 5 de 5