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Transcrição:

Programa Nacional de Saúde Ocupacional Assunto: Saúde do Trabalho/ Saúde Ocupacional nas Unidades de Saúde Pública DATA: Dezembro 2012 Contacto: Coordenador do Programa Nacional de Saúde Ocupacional 1. Introdução As Unidade de Saúde Pública (USP) têm por missão contribuir para a melhoria do estado de saúde das populações da sua área geográfica de intervenção, visando a obtenção de ganhos em saúde. A área da saúde dos trabalhadores é uma das mais relevantes não só porque tem uma população alvo numerosa constituída pela população ativa com emprego, mas também porque se dirige a todas as empresas, estabelecimentos e locais de trabalho da área das USP. O fardo da doença ocupacional inclui, para além das doenças profissionais e dos acidentes de trabalho, um vasto conjunto de doenças ou danos ligados ou relacionados com o trabalho, isto é, desencadeadas ou agravadas pelas condições de trabalho. 2. Competências da Unidade de Saúde Pública em Saúde Ocupacional 2.1. Cabe às USP desenvolver um programa local de Saúde Ocupacional (SO), onde devem estar previstos os seguintes objetivos: 2.1.1. Diagnóstico da estrutura empresarial, demografia laboral e patologia do trabalho; 2.1.2. Vigilância da organização e funcionamento dos serviços de saúde do trabalho nas empresas; 2.1.3. Vigilância epidemiológica das doenças profissionais; 2.1.4. Avaliação das reclamações ou denúncias dos trabalhadores ou seus representantes e de outros; 2.1.5. Verificação das boas práticas de saúde ocupacional nas empresas através de auditorias e visitas; Alameda D. Afonso Henriques, 45-1049-005 Lisboa - Portugal Tel:218 430 500 Fax: 218 430 530 - Email: saudetrabalho@dgs.pt 1

2.2. Colaborar com as entidades patronais e com os trabalhadores ou seus representantes na prevenção dos riscos profissionais e na promoção da saúde nos locais de trabalho. 2.3. Cooperar com as equipas regionais de SO, nas vistorias para licenciamento/autorização e para dispensa de serviços internos e nas auditorias às empresas prestadoras de serviços externos de saúde do trabalho. 2.4. Cooperar em vistorias conjuntas com outros organismos fiscalizadores ou licenciadores de empresas, nomeadamente industriais. 3. Ação direta nos locais de trabalho O desempenho no terreno da atividade da SO inclui uma relação direta entre USP e as empresas, relação esta que poderá desenvolver-se de uma forma planificada, por sector ou área, com contacto direto através de visita, ou indireto, por via documental ou de forma casuística respondendo a solicitações externas. As visitas devem seguir o guião anexo conforme as particularidades de cada uma e os resultados devem ser comunicados aos interessados, além de serem sujeitos a registo e análise da atividade. 3.1. Visitas programadas a empresas ou estabelecimentos A visita às empresas deve ser marcada com antecedência, com dia e hora a combinar com a empresa; É obrigatório solicitar a presença do representante da empresa para a área da saúde e segurança do trabalho, do representante dos trabalhadores para a segurança e saúde do trabalho e do médico do trabalho responsável; Devem ser solicitados, para consulta no momento da visita, os seguintes documentos do serviço de saúde do trabalho (SST) da empresa: relatório de atividades do ano anterior; plano de atividades do ano em curso; mapa dos recursos humanos disponíveis; anexo D do relatório único; relatórios da avaliação de riscos profissionais. 2

3.2. Visitas extraordinárias ou casuísticas a empresas Na atual fase de desenvolvimento da atividade de SO, de acordo com os objetivos do programa local, poderá ser dada prioridade a visitas extraordinárias ou casuísticas às empresas da área de abrangência, nomeadamente pelas seguintes razões: 3.2.1. Doença profissional confirmada e comunicada ao Departamento de Proteção Contra os Riscos Profissionais do Instituto Nacional de Segurança Social, I.P., (ex. Centro Nacional de Prevenção contra os Riscos Profissionais) ou suspeita de doença profissional notificada pelo médico assistente do trabalhador. Indagar junto da empresa através do modelo de inquérito epidemiológico: se em relação ao fator causal existe resultado da avaliação do risco profissional; se foram tomadas eventuais medidas corretivas; se existem outras doenças profissionais participadas no(s) ano(s) transato(s). 3.2.2. Reclamações, denúncias de trabalhadores ou seus representantes, outras entidades, ou por solicitação da Autoridade para as Condições de Trabalho. Como fazer: Deve ser feito modelo de ofício a notificar a empresa com o motivo / causa da reclamação (salvaguardando a confidencialidade do reclamante caso exista) e solicitar resposta com a documentação comprovativa de boa prática ou da resolução do problema; Caso se justifique, organizar visita com base na análise da situação informando da hora, local e das presenças mandatárias, em particular dos representantes dos trabalhadores; No relatório de visita deve ser mencionado se a reclamação tem fundamento e se é identificada a razão causal no contexto das condições 3

gerais de trabalho da empresa (ambientais e organizacionais). Esta ação não invalida a visita do ponto 3.1, eventualmente, em conjunto com a Autoridade para as Condições do trabalho (ACT). Devem ser notificados dos resultados o reclamante (caso seja conhecido), o representante dos trabalhadores para SO da empresa, a entidade patronal e o seu serviço de saúde do trabalho, com indicação das inconformidades e do prazo da sua correção. No caso de incumprimento ou de situação muito grave a Autoridade de Saúde deve desencadear as medidas consideradas necessárias, designadamente solicitar a intervenção dos serviços inspetivos (locais) da ACT nas empresas ou da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) quando se tratar de estabelecimentos de saúde. Nota: Segundo a Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, a função inspetiva dos serviços de saúde do trabalho compete à ACT. A Autoridade de Saúde pode remeter para tribunal as situação de incumprimento da notificação, caso haja grave risco para a saúde pública. 4. Bibliografia Decreto-Lei n.º 28/2008, de 22 de Fevereiro Caracterização geral e criação dos agrupamentos de centros de saúde. Lei n.º 82/2009, de 2 de Abril, Competências e funcionamento das entidades que exercem o poder de autoridades de saúde; Lei n.º 81/2009, de 21 de Agosto, Sistema de vigilância em saúde pública; Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro, Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho; Direção Geral da Saúde. Programa Nacional de Saúde Ocupacional. Lisboa: Carlos Silva Santos, 2009; Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Orientação Técnica n.º 2 Intervenção das Autoridades de Saúde na Saúde Ocupacional. Lisboa: Departamento de Saúde Pública da, 2010; 4

5. Anexos: 1. Modelo de guião de visita. 2. Modelo de inquérito epidemiológico. Coordenador do Programa de Saúde Ocupacional Carlos Silva Santos (Prof. Doutor) CSS//EMR 5