TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO COM LICENCIANDOS E PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA A PARTIR DO PIBID Nataélia Alves da Silva (1) * ; Creuza Souza Silva (1); Lecy das Neves Gonzaga (1); Michelle Santos Lisboa (1). 1. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, natyalves@hotmail.com* RESUMO As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são ferramentas de grande importância para a educação, pois permite auxiliar o professor no ensino e na aprendizagem de seus educandos. O proveniente estudo tem por objetivo analisar se os discentes universitários e docentes da Educação Básica sabem usar de maneira correta as TICs, para elaboração de atividades escolares e/ou acadêmicas. Como metodologia utilizou-se a abordagem de cunho qualitativo e quantitativo. A referida pesquisa permitiu identificar que a maioria dos supervisores (professores) e discentes (Licenciandos em Química) participantes do PIBID não tem domínio e/ou não possui conhecimento em relação ao uso das TICs, como recurso didático para desenvolvimento de atividades acadêmicas e/ou como ferramentas que media a aprendizagem de alunos. Palavras-chave: Tecnologias, Educação, Ensino e aprendizagem. INTRODUÇÃO O presente trabalho é um estudo preliminar que teve por objetivo analisar se os discentes universitários e docentes da Educação Básica sabem usar de maneira correta as Tecnologias de Informação e Comunicação, para elaboração de atividades escolares e/ou acadêmicas. Esta pesquisa se justifica, pela importância do uso das TICs no cotidiano de discentes em formação inicial docente e professores da Educação Básica. O uso das TICs é indispensável no mundo em que vivemos principalmente nos espaços acadêmicos. As pessoas estão sempre em busca de recursos que permitam agilidade e poupar tempo na realização dos trabalhos, enquanto na educação busca-se meios de qualidade que facilite a aprendizagem dos alunos. Há muitos anos a educação têm sofrido influência das tecnologias, isso através da incorporação do jornal, da televisão, do rádio, do cinema entre outros, no cotidiano da sala de aula e em outros espaços. O surgimento das TICs se deu a partir do surgimento da Internet, esta começou ser usada na educação brasileira na década de 1990 (SILVA; CLARO, 2007).
Este acontecimento levou naturalmente, a formular questões relacionadas com as novas oportunidades que elas podem oferecer para o trabalho educativo (PONTE, 2000). Sendo ferramentas de grande importância para diversos setores públicos e privados da sociedade, as TICs são de suma importância para discentes de graduação, especialmente se tratando de Licenciandos. Estes terão que lidar frequentemente com instrumentos que auxiliem na abordagem de conteúdos, contribuindo dessa forma para uma aprendizagem expressiva de seus futuros alunos ou até mesmo para quem já está inserido na educação, ou seja, os professores. A educação e a tecnologia têm uma peculiaridade, pois estão sempre em desenvolvimento. No sentido de auxiliar o ensino, as TICs podem mediar a aprendizagem de alunos, possibilitando assim, uma interação de modo a contribuir com o processo de domínio das informações disponíveis e na construção do conhecimento. Segundo Nau et al. (2011), No que diz respeito à capacitação de recursos humanos, considera-se essencial que professores sejam capazes de apropriar-se das tecnologias educacionais, como também estejam alinhados a uma nova cultura que se impõe através da globalização e do uso cada vez maior das tecnologias. O domínio das TIC, portanto, é tomado como elemento essencial e principal de democratização. E o sistema educacional é o centro desse processo. De tal modo, os educadores são apresentados como os construtores dessa nova realidade, o que explica a ênfase que os projetos direcionados à formação inicial e continuada de professores recebem nos últimos anos (p. 108). O recurso de tecnologias hoje é considerado como essencial no processo ensino e aprendizagem na Educação Básica, neste sentido, é importante que os professores dessa rede saibam lidar com ferramentas que venham lhes auxiliar neste processo. Sendo assim, é pertinente a formação continuada desses profissionais uma vez que o uso pedagógico das TICs na sala de aula coopera para os discentes manusear computadores/internet. Por conseguinte haverá um preparo dos alunos para lidar com esses meios após concluírem a educação básica, possibilitando a progressão dos estudos e/ou até mesmo no mercado de trabalho, visto que exige cada vez mais qualificação e atualização diante do uso das tecnologias.
As TICs também têm papel fundamental na formação inicial docente, uma vez que, na educação superior o uso das mesmas vai além da realização de trabalhos acadêmicos. Estas propiciam desenvolver novas competências para lidar com possíveis obstáculos tais como a adaptabilidade, flexibilidade e consequentemente a autoaprendizagem. Além disso, contribui para que este futuro educador adquira experiências no uso de tecnologias que irão auxiliá-lo na abordagem de conteúdos, por conseguinte no desenvolvimento intelectual e o acirramento do espírito crítico de seus alunos. METODOLOGIA O estudo pautou-se na abordagem quantitativa e qualitativa, buscando identificar se os participantes da pesquisa sabem utilizar as TICs para o desenvolvimento das atividades acadêmicas. A pesquisa quantitativa se classifica por quantificar os resultados obtidos através dos dados analisados, utilizando-se técnicas estatísticas, objetivando resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, possibilitando uma maior margem de segurança (DIEHL, 2004 apud DALFOVO; LANA e SILVEIRA, 2008, p. 6). A abordagem qualitativa pode ser realizada em um ambiente natural, possibilitando que o pesquisador obtenha os dados a partir do contato direto com a fonte. Proporciona ao pesquisador o contato por mais tempo com o ambiente observado, com isso, uma investigação mais detalhada do seu objeto de pesquisa, por meio de um trabalho intensivo de campo (LÜDKE e ANDRÉ, 1986). A pesquisa foi realizada a partir de uma reunião online em uma rede social, com alunos e com supervisores participantes do PIBID do curso de Licenciatura em Química. As informações foram obtidas através de uma entrevista semiestruturada online. A entrevista semiestruturada está focalizada em certos questionamentos básicos, que tem como apoio teorias e hipóteses, o qual possibilita através das respostas dos entrevistados o surgimento de muitas interrogativas. Este tipo de entrevista viabiliza aos entrevistados seguir [...] espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador (NOGUEIRA-MARTINS e BÓGUS, 2004, p. 50). Dessa forma, a entrevista semiestruturada oportuniza o surgimento de informações e respostas sem nenhum tipo de alternativa padronizada.
A reunião para entrevista ocorreu no turno noturno. Foram realizadas 20 perguntas para 19 participantes, destes, 15 são do sexo feminino e 4 do sexo masculino. As perguntas eram lançadas na rede social e os participantes respondiam no momento que eram entrevistados e/ou depois do fim da entrevista. As perguntas permaneceram na página da rede social por um período a fim de que todos pudessem responder e/ou complementar a resposta. Após entrevista, as respostas foram tabuladas e analisadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após início da reunião online com conversa explicativa sobre o objetivo da entrevista, iniciou-se as perguntas. Como já foi mencionado, as respostas foram analisadas quanti e qualitativamente. Para uma melhor compreensão sobre o uso das TICs, foi perguntado aos integrantes do PIBID se eles já haviam feito cursos de informática, verificou-se que 83,33% fizeram o curso básico e apenas 16,67% aprendeu a manusear o computador e ferramentas sozinhos. Ao serem perguntados se sabiam utilizar o programa Microsoft Office Excel para realização de atividades acadêmicas (planilhas, gráficos, tabelas, etc.), verificou-se que mais da metade dos integrantes do projeto não sabe manusear uma ferramenta de suma importância para uso em suas tarefas acadêmicas (Figura 01) logo, se percebe que há uma controvérsia em relação à resposta sobre cursos de informática já realizado pela maioria deles. Figura 01 - Gráfico da produção de atividades acadêmicas através do Microsoft Office Excel.
Ao serem perguntados sobre a utilização das TICs para a elaboração de trabalhos acadêmicos, verificou-se que quase 100% dos entrevistados não sabem elaborar vídeos e que o Microsorft Office Word é a ferramenta que mais eles sabem manusear (Figura 02). Figura 02 Gráfico da utilização das TICs. Ao perguntar se os entrevistados se sentem excluídos no meio acadêmico por não saberem utilizar algumas ferramentas básicas das TICs para a realização dos trabalhos acadêmicos, constatou-se que a maioria dos entrevistados se sentem excluídos (Figura 03). Assim, percebeu-se que pode estar havendo exclusão dos alunos, não apenas na Educação Básica, mas também no ensino superior.
Figura 03 - Gráfico da exclusão por não saber utilizar as ferramentas das TICs. A partir da análise das respostas obtidas na entrevista com os integrantes do PIBID, pode-se destacar que estes não têm muito domínio na utilização de ferramentas tecnológicas que hoje são consideradas essenciais para a realização de trabalhos em escolas, universidades, empresas e em tantos outros setores. Dessa forma, os entrevistados podem estar sofrendo alguma consequência em seu ambiente de formação acadêmica. O não saber utilizar os recursos tecnológicos de maneira correta, torna os equipamentos inúteis e/ou não são usados de forma correta, tornando os futuros educadores exclusos do meio em que está inserido (universidade). Com base nisto, estes podem ter dificuldades de desenvolver a criatividade para resolver problemas, de ter os conhecimentos ampliados e de despertar o raciocínio na aprendizagem, em consequência disso, a falta de interesse pelas disciplinas ou até pelo curso (CORDENONSI; BERNARDI; SCOLARI, 2007). Quanto aos
professores da Educação Básica, estes poderão estar sendo inibidos de desenvolver a capacidade crítica, reflexiva e criativa (SOLTOSKI e SOUZA, 2011). É importante se pensar e/ou repensar que as TICs contribuem nas práticas pedagógicas, sendo assim, deve-se buscar a inserção de pessoas que tem dificuldades com o manuseio destas ferramentas no contexto atual (ROSA e GROTTO, 2008), pois as tecnologias permitem facilitar a realização dos trabalhos nas disciplinas do curso superior, bem como, na elaboração de atividades a serem aplicadas na sala de aula enquanto futuro educador. Diante disso, segundo Rosa e Grotto (2008, p.1), [...] para que se obtenham resultados significativos no processo ensinoaprendizagem é necessário que o professor tenha acesso a conhecimentos tecnológicos e pedagógicos ainda durante sua formação inicial, bem como vivencie esta prática enquanto acadêmico. É pertinente que o professor que atua ou que ainda irá atuar na sala de aula tenha domínio de instrumentos que permitam mediar o processo de aquisição de conhecimentos (GROTTO, 2004). A utilização de recursos tecnológicos no processo de ensino pode tornar a aula mais atrativa, proporcionando aos alunos uma forma diferenciada de ensino e de aprendizagem. CONCLUSÃO Esta pesquisa permitiu identificar a falta de conhecimento e domínio da maioria dos integrantes do PIBID do curso de Licenciatura em Química do CFP quanto ao uso das TICs, como recurso didático na escola e até mesmo em meio acadêmico. Mediante o resultado obtido é de suma importância que os profissionais da educação tenham uma formação inicial e continuada para o uso das TICs, por conseguinte terá a possibilidade de facilitar o processo de ensino e aprendizagem dos conceitos científicos considerados difíceis por parte dos alunos, promovendo desta forma, uma possível transformação na educação. Assim como, é significante que os alunos de graduação principalmente os Licenciandos, saibam lidar com ferramentas que possibilitem a realização de atividades acadêmicas, do mesmo modo que, adquiram experiências para ministrar conteúdos de forma eficiente para seus futuros alunos.
O próximo passo deste trabalho será ofertar oficinas para ensinar aos colaboradores da pesquisa como manusear as ferramentas das TICs na elaboração de trabalhos acadêmicos, bem como facilitar o processo de ensino e aprendizagem por meio destas. REFERÊNCIAS Cordenonsi, A. Z. ; bbernardi, G. ; Scolari, A. T. O desenvolvimento do raciocínio lógico através de objetos de aprendizagem. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na Educação. V. 5.2007, p. 1-8. Dalfovo, M. S.; Lana, R. A.; Silveira, A. Métodos quantitativos e qualitativos: um resgate teórico. Blumenau: Revista Interdisciplinar Científica Aplicada,, V.2. N.4. 2008, p.01-13. Grotto, E. M. B. Práticas docentes com o uso de ambientes baseados em websites: uma possibilidade de ensino. 2004, 137f. Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós- Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2004. Lüdke, M.; André, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, 1986. Ponte, J. P. Tecnologias de informação e comunicação na formação de professores: que desafios? Revista Ibero Americana de Educação. N. 24. 2000, p. 63-90. Nau, B.; Silva, J. V.; Quartiero, E. M.; Correia, J. A. Perspectivas de inserção profissional a partir do uso pedagógico das TIC. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. V. 7. N.12. Goiânia, 2011. Nogueira-Martins, M. C. F.; Bógus, C. M. Considerações sobre a metodologia qualitativa como recurso para o estudo das ações de humanização em saúde. Saúde e Sociedade. V.13. N.3. 2004, p.44-57. Rosa, M. P. A; Grotto, B. E. M. Ensino de química: uma proposta metodológica mediada pela TICs. Revista de Ciências Humanas (Frederico Westphalen. Impresso). V. 9. N. 13. 2008, p. 1-13. Silva, M.; Claro, T. A. Docência Online E A Pedagogia Da Transmissão. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof. Rio de Janeiro, V. 33, N.2. 2007. Soltoski, R. C.; Souza, M. P. A influência do uso das novas tecnologias na educação. VI Encontro de Produção Científica e Tecnológica. 2011.