POR QUE A VISÃO CIENTÍFICA DA MICROBIOLOGIA NÃO TEM O MESMO FOCO NA PERCEPÇÃO DA MICROBIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO? Carlos Henrique Antunes carloshenrique.1991@hotmail.com Universidade Estadual de Ponta Grossa/ Licenciatura em Ciências Biológicas Porto Amazonas Pr Marcos Pileggi mpileggi@onda.br Universidade Estadual de Ponta Grossa/ Setor de Ciências Biológicas e da Saúde Ponta Grossa - Paraná Ana Karla Pazda karlinhapazda@hotmail.com Secretaria de Estado de Educação do Paraná/ Universidade Federal de Tocantins Palmeira Paraná Resumo: O ensino da Microbiologia nas escolas em face da visão abstrata que os alunos têm dos seres em estudo os microrganismos torna-se um grande desafio para os professores de Ciências e Biologia. Esse trabalho tem como objetivo principal avaliar a percepção que alunos do ensino médio têm de conceitos microbiológicos e se existe um papel modificador do ensino formal neste aspecto. A metodologia empregada foi a pesquisa tipo pesquisa-ação, na qual foram usados dados quali-quantitativos, baseados na percepções dos alunos a respeito da Microbiologia após a aplicação do projeto. A percepção que a maioria dos alunos apresentou é a de que os microrganismos são seres patogênicos e maléficos ao seres humanos. E é partindo da percepção que eles têm que se devem ser trabalhados certos temas de relevância em seu cotidiano, como a prevenção de doenças e hábitos de higiene. Acreditamos que a formação dos professores deva ser mais científica e contextualizada para permitir que os mesmos superem as dificuldades que encontrarão na sala de aula diante dos questionamentos dos alunos, desafiados a pensar a Microbiologia em seu próprio ambiente: o do cotidiano. Palavras-chave: Microrganismos patogênicos, Ensino-aprendizado, Cotidiano.
1 INTRODUÇÃO O ensino da Microbiologia nas escolas em face da visão abstrata que os alunos têm dos seres em estudo os microrganismos torna-se um grande desafio para os professores de Ciências e Biologia. Na maior parte das vezes, os microrganismos surgem no currículo do ensino fundamental e médio apenas como agentes causadores de doenças (CARVALHAL, 1997). E essa é a visão que os alunos tem sobre os microrganismos: de que são causadores de doenças. Isso é evidenciado por (PESSOA, 2012) que relata que embora somente 2% das bactérias sejam patogênicas, uma parte significativa dos alunos ainda acredita que todas causam doenças. Alcamo & Elson (2004) dizem que devido ao fato desses organismos serem invisíveis a olho nu, o desenvolvimento da Microbiologia acabou sendo sempre dependente do desenvolvimento do microscópio e da ciência da microscopia. Contudo, em muitas escolas públicas, a carência de materiais e equipamentos, como microscópios, dificultam a realização de aulas práticas para a visualização dos microrganismos. Dessa forma, o ensino de Microbiologia nas escolas acontece de maneira apenas conceitual, e muitas idéias e dúvidas surgem na mente dos alunos, acabando por várias vezes sendo mal interpretadas ou se tornando abstratas para eles. Umas das maneiras de se ensinar Microbiologia é realizar atividades experimentais investigativas, pois assim como relata Campos & Nigro (2009) nesta metodologia didática o aluno é induzido a criar uma situação problema e levantar questões sobre temas específicos, planejar e realizar as observações, anotar e avaliar os resultados, desenvolver sua teoria e compará-la com outras já existentes, relacionando o conteúdo com aspectos práticos do seu cotidiano. De acordo com Krasilchik (2000) no ensino de Ciências e Biologia é importante e essencial o uso de aulas práticas, pois possibilitam o envolvimento dos alunos em investigações científicas para a resolução de problemas; despertando o interesse dos alunos para o desenvolvimento das atividades e proporcionando a apreensão de conceitos básicos. Além disso, possibilita um contato direto entre os alunos e os fenômenos da natureza. Segundo Brasil (1998) não obstante o conhecimento científico seja basal ele é satisfatório, pois também é essencial considerar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes, relacionando a suas experiências, sua idade, ou seja, ao seu cotidiano, para que a aprendizagem se torne efetiva para eles. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Na realidade atual em que se encontra o ensino nas escolas brasileiras, nota-se a grande a necessidade de ensinar Ciências de forma a trazer a realidade dos alunos para dentro da sala de aula e ao mesmo tempo fazer com que haja um retorno para a sociedade desse aprendizado. Segundo Krasilchik (2004, p 197): No estágio atual do ensino brasileiro, a formação biológica deve contribuir para que cada indivíduo seja capaz de compreender os processos e conceitos biológicos e a importância da ciência e da tecnologia na vida moderna, utilizando o que aprendeu ao tomar decisões de interesse individual e coletivo, tendo em vista a responsabilidade e respeito do papel do ser humano na biosfera. Tendo em vista isso, dentre as áreas temáticas da Biologia, surge a Microbiologia, que traz aspectos relevantes e importantes para esse processo de formação de cada indivíduo. A Microbiologia têm se mostrado cada vez mais relacionada com questões de saúde, higiene, meio ambiente, entre outras, ultrapassando os limites do ensino superior e dos
laboratórios. Além disso, outros aspectos importantes da Microbiologia devem ser abordados no ensino de Ciências, como nos diz Carvalhal (1997): Alguns aspectos não menos importantes devem ser considerados no ensino da microbiologia como o uso indiscriminado de antibióticos no tratamento de doenças, em rações animais e na agricultura ocasionando um aumento assustador no número de linhagens resistentes a estas drogas. Este fato, aliado aos avanços tecnológicos responsáveis pela facilidade de transporte de um microrganismo de um extremo a outro do planeta, são circunstâncias que obrigam o professor a uma nova postura perante as questões inerentes ao mundo microbiano. De acordo com Brasil (1998) na Educação Básica, a Microbiologia faz parte do conteúdo de Ciências Naturais em todos os níveis de ensino, estando presente em vários conteúdos programáticos de séries diferentes e muitas vezes acabam causando dificuldades de entendimento aos estudantes em sala de aula, destacando-se a abordagem dos temas Vida e Ambiente e Ser humano e Saúde. Além disso, observa-se que o ensino da Biologia, em muitos casos, permanece restrito às aulas tradicionais, onde somente o professor fala e os alunos permanecem sem participação ativa. Segundo Krasilchik (2004): a biologia pode ser uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de como isso for feito. E, para promover efetivamente um aprendizado que, especialmente em Microbiologia, supere as memorizações de nomes, conceitos e processos, se torna necessário o professor problematizar os conteúdos com os alunos, mostrando as verdadeiras interações do conteúdo com o seu cotidiano, que é o que dizem os PCNs (1998,p. 19): Mais do que fornecer informações, é fundamental que o ensino de Biologia se volte ao desenvolvimento de competências que permitam ao aluno lidar com as informações, compreendê-las, elaborá-las, refutá-las, quando for o caso, enfim compreender o mundo e nele agir com autonomia, fazendo uso dos conhecimentos adquiridos da Biologia e da tecnologia. (PCNS) Ovigli (2009, p.401) fala sobre a importância de desenvolver técnicas para ensinar Microbiologia de modo a situar o aluno em sua realidade: O desenvolvimento de uma determinada área científica ou tecnológica, como é o caso da Microbiologia, requer a elaboração de um conjunto de estratégias em educação e disseminação do conhecimento produzido para aproximar e informar a sociedade sobre os avanços na área, abrindo espaço para uma análise crítica das contribuições dessas inovações. Umas das estratégias didáticas para se ensinar Microbiologia é a realização de atividades experimentais investigativas, pois assim como relata (CAMPOS & NIGRO, 2009). Deste modo, o aluno é induzido a criar uma situação problema e levantar questões sobre temas específicos, planejar e realizar as observações, anotar e avaliar os resultados, desenvolver sua teoria e compará-la com outras já existentes, relacionando o conteúdo com aspectos práticos do seu cotidiano. Dentro da perspectiva de ensino por meio do método de investigação, Limberger (2009) defende a importância de ensinar para alunos um conhecimento mais aprofundado a respeito dos microrganismos, entendendo qual o papel que esses seres realizam na vida dos seres humanos.
Cassanti (2006) diz que os professores deixam de dar importância à Microbiologia, e que isso é reflexo das dificuldades de desenvolvimento de estratégias que a torne mais próxima da realidade dos alunos, pois se trata de um mundo abstrato para eles. Essa aparente falta de conexão entre a disciplina de microbiologia e o cotidiano dos alunos pode dificultar o aprendizado desse tema. Desta forma, essa pesquisa tem por objetivos avaliar a percepção que alunos do ensino médio têm de conceitos microbiológicos e se existe um papel modificador do ensino formal neste aspecto. 3 MATERIAIS E MÉTODOS O projeto foi aplicado em uma escola pública localizada no município de Porto Amazonas, no estado do Paraná, com um grupo de 25 alunos do 2º ano do Ensino Médio. O projeto foi aplicado em cinco encontros semanais durante as aulas de Biologia. O conteúdo do projeto coincidiu com o conteúdo que deveria ser ministrado pela professora durante as aulas de Biologia. 1º encontro Abordou-se, por meio de uma aula com vídeos e imagens, os tema vírus e bactérias, demonstrando desde a sua estrutura e reprodução até as suas estratégias para invadir uma célula hospedeira. 2º encontro A temática abordada foi sobre fungos e protozoários e utilizou-se a mesma metodologia de aula do primeiro encontro. 3º encontro Realizou-se uma prática com os alunos, no intuito de demonstrar a presença dos microrganismos no ambiente e no seu próprio corpo. Para isso, dividiu-se a turma em 5 equipes de 6 alunos e determinou-se previamente como seriam as coletas de material para cada grupo. De acordo com a divisão baseada em um levantamento feito com os alunos sobre os prováveis locais da escola e do seu corpo que eles julgavam apresentar microorganismos, chegou-se a uma relação: Quadro 1 Locais de coleta de material para a prática investigativa Equipe Ambiente Corpo Escola 1 Mão Maçaneta da porta da sala de aula 2 Pé Torneira do banheiro 3 Boca Assento do vaso sanitário 4 Orelha Mesa do refeitório 5 Braço Chão da sala de aula Realizou-se as coletas e para isso foram utilizados alguns materiais, entre os quais: Cotonetes, para a coleta dos materiais; placa de petri e meio nutritivo (preparado com gelatina incolor + caldo de carne) no qual o material foi coletado. Após a coleta, as amostras foram identificadas com os locais de onde foram coletadas e data, e em seguida foram incubadas à 30ºC. 4º encontro Observou-se com os alunos, os resultados das coletas, os quais foram discutidos e elaboradas as conclusões de cada trabalho. Foram levantadas as patogenias mais comuns, causadas por vírus e bactérias, que acometiam a comunidade onde está localizado o colégio.
5º encontro Realizou-se um seminário temático no qual abordou-se as patogenias mais comuns do cotidiano dos alunos. Também foi abordado o tema bioterrorismo e sua implicação na vida das pessoas. Após a apresentação do seminário, realizou-se uma nova discussão com os alunos acerca dos temas vistos durante o projeto, aplicando-se um questionário qualiquantitativo. O questionário foi composto por perguntas objetivas (com o intuito de se avaliar a qualidade do projeto) e subjetivas (para avaliar a percepção que os alunos têm a respeito da microbiologia). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A realização da prática de coleta de materiais fez-se com a intenção de se observar a presença de microrganismo em seus próprios corpos e no ambiente escolar Após uma semana, observou-se com os alunos os resultados de crescimento em placas de Petri contendo suas amostras. Com base nas anotações dos alunos e nos conhecimentos aprendidos durante as aulas do projeto, os grupos desenvolveram as seguintes conclusões sobre os resultados obtidos na prática (Quadro 2): Quadro 2 Conclusões sobre os resultados obtidos na coleta dos microorganismos Equipe Ambiente Corpo Escola Maçaneta 1 Mão da porta da sala de aula 2 Pé 3 Boca 4 Orelha 5 Braço Torneira do banheiro Assento do vaso sanitário Mesa do refeitório Chão da sala de aula O que observou? Crescimento de colônias bacterianas e fungos Crescimento de colônias bacterianas Crescimento de colônias bacterianas Crescimento de colônias bacterianas e fungos Crescimento de colônias bacterianas Discussão Temos bactérias nas mãos porque não as lavamos.os fungos podem estar presentes no ar. A maçaneta apresenta bactérias pois é um lugar onde todos pegam com as mãos sujas. Encontramos bactérias nos pés pois ele tem contato direto com o chão onde há várias bactérias e também por ficar a maior parte do dia dentro do tênis, que proporciona um ambiente favorável para as bactérias. Na torneira do banheiro existem bactérias pois é um lugar onde todos pegam após usar o banheiro. Na boca encontramos bactérias que fazem parte dela por natureza própria e também por causa dos restos de alimentos que elas podem decompor. O assento do vaso sanitário apresenta várias bactérias que estão relacionadas com o ambiente que é favorável ao crescimento de várias bactérias Encontramos bactérias nas orelhas pois é um lugar onde se acumula sujeira fácil, proporcionando o crescimento delas. Os fungos assim como as bactérias podem estar presentes no ambiente. Na mesa do refeitório encontramos bactérias, pois é um lugar onde todo mundo tem contato na hora do lanche e também pela exposição ao ambiente externo que proporciona a presença delas. O braço é um lugar do corpo que libera bastante suor que ajuda no crescimento das bactérias. O chão por ser um lugar sujo, contém muitas bactérias.
Os alunos ainda salientaram que nos locais de coletas poderiam também haver vírus, mas como são seres que não formam colônias visíveis a olho nu não poderiam ser vistos. Com base em suas discussões, os alunos chegaram a conclusão de que as bactérias, os fungos e os vírus podem estar presente em vários lugares, e por que apresentam essa característica de estar em todos os lugares pesquisados juntamente com a falta de hábitos de higiene, esses poderiam causar doenças. Com base nas discussões feitas pelos alunos, realizou-se o seminário temático com o objetivo de abordar aquilo constatado pelos mesmos na prática: os microorganismos patogênicos. O levantamento das patogenias se deu por meio de uma conversa com os alunos, na qual observou-se as doenças mais comuns do seu cotidiano: gripe, rotavirose, sarampo, caxumba, além de infecções alimentares. Após o levantamento das patogenias, as mesmas foram abordadas no seminário temático realizado em um encontro posterior. Juntamente com as patogenias, falou-se também sobre o bioterrorismo, que era um assunto de pouco conhecimento para os alunos e que remete alguns aspectos do dia a dia deles. Nota-se, dessa forma a importância de trazer a realidade dos alunos para ser trabalhada dentro da sala de aula, pois de acordo com os PCNs (1998) o professor deve problematizar os conteúdos com os alunos, mostrando as verdadeiras interações do que é ensinado com o seu cotidiano. Após isso, aplicou-se o questionário, onde obteve-se os seguintes resultados: Gráfico 1 Importância de aprender sobre os microorganismos 12% 88% Prevenção de doenças Utilidade ao ser humano A fim de analisar a importância de ensinar Microbiologia, foi levantado o questionamento: Qual a importância de aprender sobre os microrganismos? Nesse contexto, a maioria dos alunos, 88%, respondeu que eles precisam aprender sobre os microrganismos para evitarem a contaminação e também na prevenção de doenças, e os restantes 12% disseram que os microrganismos trazem benefícios aos seres humanos. Isso demonstra que a visão que os alunos têm sobre os microrganismos é a de que eles são causadores de doenças, e é essa visão que prevalece, corroborando com o que diz Pessoa (2011): embora somente 2% das bactérias sejam patogênicas, uma parte significativa dos alunos ainda acredita que todas causam doenças. Por isso eles vêem a necessidade de aprender mais sobre eles para saber como se prevenir e o que fazer em casos de contaminação. Para avaliar a percepção dos alunos frente a sua relação com os microrganismos no seu cotidiano pediu-se para que eles associassem um conhecimento aprendido no projeto com um aspecto prático do seu cotidiano. O gráfico 2 traz as respostas dos alunos.
Gráfico 2 Conhecimento aprendido no projeto com um aspecto prático do seu cotidiano Hábitos de Higiene 16% 4% 12% 32% Antibióticos Vacinação Contaminação 20% 16% Decomposição da matéria orgânica Fabricação de alimentos De um total de 25 alunos, 32% das respostas remetiam aos hábitos de higiene, 16% deram respostas que se relacionavam com contaminação. Essas categorias remetem à percepção dos alunos sobre os microrganismos, visto que a visão que a grande parte têm é a de que eles são seres causadores de doenças. Dessa forma, eles fazem essa relação da importância de ter hábitos de higiene adequados como uma forma de prevenção contra doenças e contaminação por micro-organismos. Outra parte que perfaz 16% deu respostas que se encaixaram na categoria Antibióticos. Essa porcentagem relacionou os microrganismos, em específico as bactérias, à utilização incorreta dos antibióticos, que podem levar à resistência das bactérias, podendo agravar o estado de algumas doenças. A questão dos antibióticos era de pouco conhecimento entre os alunos e veio a ser esclarecida durante o projeto, vindo de encontro com o que diz Carvalhal (1997): Alguns aspectos não menos importantes devem ser considerados no ensino da microbiologia como o uso indiscriminado de antibióticos no tratamento de doenças, em rações animais e na agricultura ocasionando um aumento assustador no número de linhagens resistentes a estas drogas. Outra parte dos alunos que compôs 20% das respostas encaixaram-se na categoria vacinação, onde demonstraram diversos aspectos das vacinas. Como últimas categorias, aparecem com 4% Decomposição da matéria orgânica e 12% Fabricação de alimentos, que traduzem os benefícios que os microrganismos trazem para o ser humano e para o meio ambiente, no entanto, perfazendo uma menor porcentagem em relação às outras categorias. Isso nos deixa claro que a visão mais próxima que os alunos têm sobre a microbiologia é a de que os microrganismos são seres maléficos, capazes de contaminar e causarem doenças, e que poucos conseguem entender que eles podem ter uma relação benéfica para o homem e para o meio ambiente.
Gráfico 3 Assunto mais interessante aprendido nos dias de projeto Bioterrorismo 28% 12% 16% 20% 24% Doenças causadas por vírus Doenças causadas por bactérias Vacinas Fungos Em relação à qual foi o assunto de mais interesse aprendido durante o projeto, de 25 alunos, 20%se encontram na categoria Bioterrorismo, 24% Doenças causadas por vírus, 16% Doenças causadas por bactérias, 28% Vacinas e 12% fungos. As categorias Bioterrorismo, Doenças causadas por bactérias e Doenças causadas por vírus traduzem a visão de vilões dos micro-organismos. Vacinas aparecem com 28%, o que nos mostra a importância que os alunos dão às vacinas, desde ao conhecimento do seu funcionamento até à sua função, Fungos aparecem com uma pequena porcentagem o que traduz que vírus e bactérias são os microrganismos mais marcantes para os alunos. Isso traduz o fato dos fungos não serem concebidos como seres maléficos, não mostrando tanta importância como os vírus e as bactérias apresentam para os alunos Em relação à metodologia e a participação dos alunos durante o projeto, perguntou-se no questionário, por meio de perguntas objetivas, como eles avaliariam a apresentação do conteúdo durante o projeto e como foi a sua participação. Desse modo, obteve-se os seguintes resultados: com relação a pergunta Como você avalia a apresentação do conteúdo nesses dias de projeto?, 100% dos alunos responderam boa. Tal resultado se deu pois o projeto tratou-se de uma aula interativa, onde todos participaram por meio da prática e das discussões a respeito do tema da aula; buscando informações para serem debatidas na sala e participando das atividades, em oposição à aula tradicional a qual eles vivenciam todos os dias. Por isso, o fato de ter sido uma aula diferente da aula tradicional vivenciada por eles todos os dias, proporcionou o resultado positivo do projeto. E, como diz Krasilchik (2004): a biologia pode ser uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de como isso for feito. Na pergunta: Como você avalia a sua participação no projeto? 100% dos alunos respondeu boa. Esse resultado provém da forma como o projeto foi aplicado, de maneira a fazer os alunos interagirem durante as aulas, tanto na prática, através das coletas de material, anotações sobre os acontecimentos da experiência e posteriores discussões; como durante a apresentação do conteúdo nas aulas teóricas e no seminário temático, através das dúvidas e das vivências pessoais compartilhadas com todos os colegas. E isso é evidenciado por Krasilchik (2000) que relata a importância das aulas práticas para possibilitar o envolvimento dos alunos em investigações científicas para a resolução dos problemas, de forma a despertar seu interesse e promover o aprendizado. Outro fator que pode ter ocasionado o resultado 100% positivo remete à falta de criticidade de alguns alunos frente à sua participação no projeto, não tendo parâmetros para avaliar precisamente sua participação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O assunto Microbiologia está inserido no currículo do ensino fundamental e médio apenas como agentes causadores de doenças (Carvalhal, 1997). No entanto é essa a percepção que prevalece a respeito da Microbiologia. O ensino desta disciplina nas escolas deve refletir o modo como os alunos a percebem em seu cotidiano. Não obstante, ela é fragmentada de forma a ensinar apenas alguns de seus aspectos, tornando-a incipiente. Achamos que o professor deva buscar, por meio das preocupações e vivências dos alunos, os temas de maior importância para serem trabalhados na sala de aula. Os alunos conseguirão relacionar os temas aprendidos na sala de aula se estes tiverem relação com sua vida e com seu cotidiano. Portanto, caberia ao professor de Ciências e Biologia tornar relevantes os aspectos mais científicos e aplicados da Microbiologia para os alunos. Acreditamos que a formação dos professores deva ser mais científica e contextualizada para permitir que os mesmos superem as dificuldades que encontrarão na sala de aula diante dos questionamentos dos alunos, desafiados a pensar a Microbiologia em seu próprio ambiente: o do cotidiano. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCAMO, E.; ELSON, L. M. Microbiologia: um livro para colorir. 1. ed. São Paulo: Roca, 2004. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998. CAMPOS, M.C.D; NIGRO,R.G. Teoria e prática em ciências na escola: o ensinoaprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 2009. CARVALHAL, M.L.C. Projeto Microbiologia para todos. Disponível em: http://icb.usp.br/%7ebmm/jogos/geral.html. Acesso em 25.set.2011. CASSANTI, A.C. et al. Microbiologia democrática: estratégias de ensino aprendizagem e formação de professores. Disponível em: <http://www.conhecer.org.br/enciclop/2008/microbiologia1.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. KRASILCHIK, M. Reformas e Realidade: o caso do ensino de Ciências. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 1, 2000, p. 85-93. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Edusp 2008. Prática de ensino de biologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. LIMBERGER, K.M. Investigando a contribuição de atividades experimentais nas concepções sobre microbiologia de alunos do ensino fundamental. Anais da XII Reunião Bienal da Rede Pop. Campinas, 2011. Disponível em: <http://www.mc.unicamp.br/redpop2011/trabalhos/106.pdf> acesso em 02/05/2012 OVIGLI, D. F. B; SILVA, E. B. Microrganismos? Sim, na saúde e na doença! Aproximando universidade e escola pública. Anais do I Simpósio de Nacional de Ensino de Ciência e
Tecnologia. Ponta Grossa/ Pr, 2009. Disponível em: <http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais/artigos/4%20ensinodebiologia/ensinodebiologia_ar tigo5.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2012. PESSOA, T. M. S. C. et al. Percepção dos alunos do ensino fundamental da rede pública de Aracaju sobre a relação da Microbiologia no cotidiano. Rev. Scientia Plena, v.8, n.4, Aracaju, 2012. Disponível em: <http://www.scientiaplena.org.br/ojs/index.php/sp/article/viewfile/496/440>. Acesso em: 05 abr. 2012 WHY THE SCIENTIFIC VISION OF MICROBIOLOGY NOT HAVE THE SAME FOCUS ON PERCEPTION OF MICROBIOLOGY IN TEACHING MIDDLE? ABSTRACT: The teaching of microbiology in schools in the face of the abstract view that students have about the creatures in study - the microorganisms - becomes a challenge for teachers of science and biology. This study has as main objective assessing the perception that high school students have about concepts of microbiology and if there is a changing in formal education in this aspect. The research methodology was action research, in which were used qualitative and quantitative data based on students' perceptions about microbiology after application of the project. The perception that most students had is that pathogenic microorganisms are beings and harmful to humans. It is based on the perception that they have to be worked out certain themes that are relevant to their daily lives, such as disease prevention and hygiene. We believe that teacher training should be more scientific context and to enable them to overcome the difficulties they will find in the classroom face of the students' questions, challenged to think of Microbiology in their own environment: the daily Key-words: Pathogenic microorganisms, teaching- learning, daily.