COMO MEDIR A PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL



Documentos relacionados
CALCULANDO O DESENVOLVIMENTO E A PRODUTIVIDADE DA MAO-DE-OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA E MATERIAIS NA EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO EM PASTA DE GESSO APLICADO SOBRE PAREDES INTERNAS DE EDIFICAÇÕES

A PRODUTIVIDADE NA EXECUÇÃO DE ADUTORAS DE ÁGUA

EXERCÍCIO PROJETO DO CANTEIRO DE OBRAS DE EDIFÍCIOS

Relatório de Estágio Curricular. Rafael Menezes Albuquerque

Denominando o preço das caixas tipo 2B de C e as caixas flex por F, pode-se escrever um sistema:

RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA

GASTAR MAIS COM A LOGÍSTICA PODE SIGNIFICAR, TAMBÉM, AUMENTO DE LUCRO

Proposta de melhoria de processo em uma fábrica de blocos de concreto

MEDIÇÃO DE INDICADORES PARA O SERVIÇO DE ALVENARIA

APLICACAÇÃO DE METRICAS E INDICADORES NO MODELO DE REFERENCIA CMMI-Dev NIVEL 2

Entenda o diário de obra

Gerenciamento de projetos.

FATEC Cruzeiro José da Silva. Ferramenta CRM como estratégia de negócios

Analista de Sistemas S. J. Rio Preto

7. Análise e comparação dos programas VMI nas empresas XYZ e DEF

ENTECA 2003 IV ENCONTRO TECNOLÓGICO DA ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA

Eduardo Alves de Oliveira. IME Instituo Militar de Engenharia LES PUC-Rio Laboratório de Engenharia de Software da Puc - Rio

INFORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO

Orientação a Objetos

Introdução. 1. Introdução

¹CPTL/UFMS, Três Lagoas, MS,Brasil, ²CPTL/UFMS, Três Lagoas, MS, Brasil.

APLICAÇÕES DA CURVA s NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Avanços na transparência

Departamento de Engenharia. ENG 1090 Introdução à Engenharia de Produção

TAM: o espírito de servir no SAC 2.0

RELATÓRIO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ARQUIVO GERAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

3 Classificação Resumo do algoritmo proposto

memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal

ENCUNHAMENTO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO ANÁLISE DE SOLUÇÕES PRÁTICAS. Comunidade da Construção Sistemas à base de cimento

Curva ABC. Tecinco Informática Ltda. Av. Brasil, º Andar Centro Cascavel PR

PROCEDIMENTOS PARA SOLICITAÇÃO DE MODIFICAÇÕES EM APTOS

IW10. Rev.: 02. Especificações Técnicas

a) 0:1:3; b) 1:0:4; c) 1:0,5:5; d) 1:1,5:7; e) 1:2:9; f) 1:2,5:10

A NECESSIDADE DE UMA NOVA VISÃO DO PROJETO NOS CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL, FRENTE À NOVA REALIDADE DO SETOR EM BUSCA DA QUALIDADE

MANUAL PAPELETA MOTORISTA Criado em: 15/02/2013 Atualizado em: 12/11/2014

Regulamento de Vigilâncias de Provas Escritas de Avaliação do DEEC

ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA E TÍTULOS NEGOCIÁVEIS

Projeto de Pesquisa Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de obra ANEXO 1A ATIVIDADES REALIZADAS.

Informatização do processo de cálculo e lançamento de adicionais noturnos e adicionais de plantão hospitalar na Universidade Federal de Santa Maria

componente de avaliação de desempenho para sistemas de informação em recursos humanos do SUS

Abordagem de Processo: conceitos e diretrizes para sua implementação

Perguntas mais frequentes

Manual Operacional SIGA

Pag: 1/20. SGI Manual. Controle de Padrões

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

LIDANDO COM SAZONALIDADES NO PROCESSO LOGÍSTICO

FEDERAÇÃO NACIONAL DAS AUTO E MOTOESCOLAS E CFCs DIRETORIA EXECUTIVA DE EDUCAÇÃO EDITAL DE CONCURSO II PRÊMIO FENEAUTO DE EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO

Artigo publicado. na edição Assine a revista através do nosso site. maio e junho de 2013

Notas da Aula 17 - Fundamentos de Sistemas Operacionais

Gestão de Relacionamento com o Cliente CRM

Professor: Eng Civil Diego Medeiros Weber.

Procedimentos - 13º Salário Logix

PAULUZZI BLOCOS CERÂMICOS

4 Segmentação Algoritmo proposto

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Cefaleia Cefaleia tipo tensão tipo tensão

Mídias sociais como apoio aos negócios B2C

INSTITUTO FLORENCE DE ENSINO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM (TÍTULO DO PROJETO) Acadêmico: Orientador:

Normas de regulamentação para a certificação de. atualização profissional de títulos de especialista e certificados de área de atuação.

Visão estratégica para compras

Integrando o Framework I* com a Gerência de Risco

Qual a diferença entre certificação e acreditação? O que precisamos fazer para obter e manter a certificação ou acreditação?

22/02/2009. Supply Chain Management. É a integração dos processos do negócio desde o usuário final até os fornecedores originais que

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 3 Criação, Estruturação, Montagem e Gerenciamento de uma Equipe de Projeto

Custo Total de Exploração para Centro de Dados e Infraestrutura

Gestão de Recursos Humanos e Contratualização. Nelson Marconi

P4-MPS.BR - Prova de Conhecimento do Processo de Aquisição do MPS.BR

Retorno do investimento com aplicativos empresariais em celulares.

CATÁLOGO DE CUSTOMIZAÇÕES Atualização de Preços de Tabela de Venda

Tópico 4. Como Elaborar um Relatório e Apresentar os Resultados Experimentais

Estratégia de Manutenção em Oficinas utilizando Caminho Critico

Funcionamento do Cartão de Identificação do Estudante

Você sabia. As garrafas de PET são 100% recicláveis. Associação Brasileira da Indústria do PET

Mas elas não querem ser felizes nem ter sucesso, mas também nem vão para a atitude de ação.

DCC - RESPONDENDO AS DÚVIDAS 14. MUROS

PROCEDIMENTOS PARA REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO FÍSICO - ESTOQUES

O VALOR DO CONTROLE PARTE 2

TC042 CONSTRUÇÃO CIVIL IV AULA 5

TRABALHO PRÁTICO. Objetivo: acompanhamento da execução de uma obra de um edifício.

Cinco principais qualidades dos melhores professores de Escolas de Negócios

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior

Dicas para o sucesso no Marketing

Modelo Cascata ou Clássico

Mobilidade na FEUP Deslocamento Vertical

AULA 01 Conceitos básicos e Composição de

6 Modelo proposto: projeto de serviços dos sites de compras coletivas

O CÁLCULO CUSTOMIZADO DA TAXA DE ENCARGOS SOCIAIS PARA OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM ORÇAMENTOS E EM AUDITORIAS DE ENGENHARIA.

Tecnologia da Informação. Prof. Odilon Zappe Jr

Manual do Participante do Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica - EaD

ISOLAMENTO ACÚSTICO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS EXTERNAS. Como escolher a esquadria da sua obra e atender a NBR

A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL PARA AS EMPRESAS

Guia Site Empresarial

CAPÍTULO 3 - TIPOS DE DADOS E IDENTIFICADORES

A importância dos projetos no processo (executivo de paredes de concreto)

MANUAL DO USUÁRIO SORE Sistema Online de Reservas de Equipamento. Toledo PR. Versão Atualização 26/01/2009 Depto de TI - FASUL Página 1

PERGUNTAS E RESPOSTAS CRA

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Escolher um programa de cuidados infantis

Transcrição:

COMO MEDIR PRODUTIVIDDE D MÃO-DE-OBR N CONSTRUÇÃO CIVIL SOUZ, Ubiraci Espinelli Lemes de Engenheiro Civil, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. v. Prof. lmeida Prado, Trav. 02, n o 271 São Paulo SP Brasil 05505-900. Fone/Fax: (55) 011 818-5428. E-mail: ubisouza@pcc.usp.br RESUMO Este trabalho demonstra as dificuldades em se comparar valores de produtividade da mão-de-obra obtidos com diferentes regras para quantificação. partir de um estudo de caso hipotético, demonstra que diferentes diretrizes de quantificação podem levar a indicadores que diferem demasiadamente. Indica-se, ao final, algumas breves diretrizes para que os indicadores de produtividade possam ser inteligíveis. BSTRCT This paper shows how difficult is to compare labor productivity indexes coming from different evaluation approaches. Based on a hypothetical case study, it shows these different approaches can produce extremely distinct indexes. It presents, as a bottom line, some ideas about how to calculate labor productivity indexes in an understandable way. 1. INTRODUÇÃO mão-de-obra é o recurso mais precioso participante da execução de obras de construção civil, não somente porque representa alta porcentagem do custo total mas, principalmente, em função de se estar lidando com seres humanos, que têm uma série de necessidades que deveriam ser supridas. medição da produtividade pode ser um instrumento importante para a gestão da mão-de-obra (THOMS & YKOUMIS, 1987; SNDERS & THOMS, 1991; SOUZ & THOMS, 1996), podendo subsidiar políticas para redução de custos e aumento da motivação no trabalho. No entanto, quando se discute a produtividade, tanto em debates entre profissionais de campo ou especialistas quanto em artigos técnicos sobre o assunto, paira sempre uma grande dúvida sobre como foram calculados os indicadores que estão sendo utilizados. Este autor acredita que a mensuração da produtividade da mão-de-obra seja uma tarefa de extrema relevância, servindo de base para todas as discussões sobre a melhoria da construção. credita, ainda, que tais indicadores possam suprir um problema bastante significativo nos atuais sistemas de certificação de empresas, qual seja a falta de

avaliação do desempenho das mesmas. Mas, para que isto possa acontecer sobre base sólida, há que se ter uma definição clara de como se padronizar a mensuração da produtividade da mão-de-obra. Dentro deste contexto, este trabalho ilustra as dificuldades que se pode encontrar ao comparar resultados de produtividade, citados por diferentes estudiosos do assunto, gerando-se, ao final, uma proposição geral preliminar sobre como mensurar tal indicador. 2. DEFININDO PRODUTIVIDDE Considera-se que produtividade seja a eficiência em se transformar entradas em saídas num processo produtivo (SOUZ, 1998). Dentro desta definição, conforme ilustrado pela Figura 1, o estudo da produtividade, no processo de produção de obras de construção civil, poderia ser feito sob diferentes abordagens. ssim é que, em função do tipo de entrada (recurso) a ser transformada, poder-se-ia ter o estudo da produtividade com pontos de vista: físico, no caso de se estar estudando a produtividade no uso dos materiais, equipamentos ou mão-de obra; financeiro, quando a análise recai sobre a quantidade de dinheiro demandada; ou social, quando o esforço da sociedade como um todo é encarado como recurso incial do processo. O estudo da produtividade da mão-de-obra é, portanto, uma análise de produtividade física de um dos recursos utilizados no processo produtivo, qual seja, a mão-de-obra. ENTRDS SÍDS Esforços da sociedade R$ M.O. MT. EQUIP. Serviços/ Obra R$ Bem estar da sociedade FÍSIC FINNCEIR SOCIL Figura 1- Diferentes abrangências do estudo da produtividade. 3. MENSURNDO PRODUTIVIDDE ceita a definição proposta no item 2, a forma mais direta de se medir a produtividade diz respeito à quantificação da mão-de-obra necessária (expressa em homens-hora demandados) para se produzir uma unidade da saída em estudo (por exemplo, 1 metro quadrado de revestimento de argamassa de fachada). O indicador utilizado, denominado razão unitária de produção (RUP) por este autor, é, pois, calculado através da seguinte expressão:

RUP = Entradas/Saídas Para que se consiga uma uniformização no cálculo da RUP há que se definir, portanto, as regras para mensuração tanto de entradas quanto de saídas. Mais que isto, há que definir o período de tempo a que se refere o levantamento feito. No que se refere às entradas, o cálculo do número de homens-hora demandados é, genericamente, fruto da multiplicação do número de homens envolvidos pelo período de tempo de dedicação ao serviço. s saídas podem ser consideradas de maneira bruta ou líquida. No que diz respeito ao período de estudo, pode-se estar lidando com a produtividade detectada para um determinado dia, assim como seu valor pode representar um estudo de longa duração. Faz-se, a seguir, uma exemplificação de diferentes posturas que podem ser adotadas quanto a estes 4 aspectos (equipe considerada; tempo de dedicação ao serviço; mensuração das saídas; e período de estudo da produtividade) e que podem levar ao cálculo de valores completamente diferentes de produtividade para uma mesma situação. 4. DIFERENTES POSTURS PR SE MEDIR PRODUTIVIDDE 4.1. Estudo de caso proposto Figura 2 ilustra um caso genérico, relativo à produção de alvenaria de vedação, onde tem-se, em dois diferentes andares de um edifício, dois pedreiros e um servente atuando diretamente no assentamento da alvenaria, apoiados por uma equipe, locada no andar térreo, que produz argamassa centralizadamente (dois ajudantes) e envia blocos do estoque para os andares em execução (1 ajudante). Há que se indicar a presença de dois outros ajudantes da construtora, que possuem funções gerais de apoio, e que, particularmente quanto ao serviço de alvenaria, se responsabilizam pelo descarregamento e transporte até o estoque da obra, de blocos e de sacos de cimento e cal, quando do seu recebimento. Há, ainda, um encarregado do serviço, responsável pela orientação dos operários e controle das atividades. P P P P E Figura 2- Estudo de caso de produção de alvenaria de vedação.

Como regra geral da obra, tem-se uma jornada diária de 9 horas de trabalho. E, como base para as avaliações que se faz a seguir, considera-se que, no dia em estudo, se tenha produzido 50 metros quadrados de alvenaria líquida. produtividade será estimada através do cálculo da RUP ocorrida num certo dia de trabalho, mostrando-se os diferentes números a que se pode chegar fazendo-se diferentes considerações quanto a: equipe considerada; número de horas; forma de avaliar a quantidade de serviço; e duração da mensuração. 4.2. Diferentes abordagens quanto à equipe de trabalho Tabela 1 ilustra, considerando-se que todos os operários trabalharam durante as 9 horas registradas em seus cartões de ponto, os diferentes valores de RUP que se pode calcular em função de diferentes considerações sobre qual seria a equipe estudada. s possibilidades são: a) somente os pedreiros que assentam tijolos; b) a mão-de-obra direta no local de assentamento, acrescentando-se os serventes dos andares; c) adicionar-se a mão-de-obra de apoio, onde se incluiriam os ajudantes que estão fora dos andares mas que têm funções complementares (produzindo e enviando argamassa, enviando blocos e, mesmo, descarregando insumos); d) equipe global, onde se incluiria o próprio encarregado. Tabela 1- Valores de RUP em função da equipe considerada. equipe RUP diária (Hh/m2) 4 pedreiros 0.72 4 pedreiros + 2 ajudantes 1.08 4 pedreiros + 7 ajudantes 1.98 4 pedreiros + 7 ajudantes + encarregado 2.16 Nota-se que, em função de se considerar ou não determinado tipo de mão-de-obra direta ou indiretamente envolvida no serviço, o valor máximo da RUP (2.16 Hh/m2) pode ser 200% maior que o mínimo (0.72 Hh/m2). 4.3. Consideração do tempo trabalhado obra em estudo, conforme já citado, tem por política trabalhar 9 horas a cada dia. No entanto, há que se fazer algumas considerações quanto a este número: algumas vezes, os operários recebem prêmios por produção, o que os faz trabalhar mais do que a jornada normal sem, no entanto, se computar isto no cartão normal de horas trabalhadas, já que os benefícios viriam em função da tarefa feita e não das eventuais horas-extras cumpridas; em certos dias, embora o trabalhador esteja disponível para o trabalho, ocorre algum problema, alheio à sua vontade, que o impede de trabalhar durante uma parte da jornada como, por exemplo, a quebra do equipamento de transporte de blocos e argamassa, uma chuva torrencial ou a falta de material;

alguns pesquisadores têm a política de quantificar o tempo útil da mão-de-obra, descontando eventuais ociosidades ocorridas ao longo da jornada de trabalho. Tabela 2 traz os valores da RUP, para cada equipe considerada na Tabela 1, porém com a consideração dos seguintes tempos trabalhados: a) as 9 horas da jornada normal; b) 12 horas, em função de os operários terem ficado, por decisão própria, além da hora prevista para término da jornada normal; c) 4 horas, em função de, no período da tarde, o trabalhador estar impedido de produzir por falta de material ou em função de, mesmo tendo estado disponível o dia inteiro e de não terem ocorrido anormalidades, tenha sido este o tempo considerado produtivo pelo pesquisador que os avalia. Tabela 2- Valores de RUP (em Hh/m2) para diferentes jornadas diárias. equipe Jornada=9h Jornada=12h Jornada=4h 4 pedreiros 0.72 0.96 0.32 4 pedreiros + 2 ajudantes 1.08 1.44 0.48 4 pedreiros + 7 ajudantes 1.98 2.64 0.88 4 pedreiros + 7 ajudantes + encarregado 2.16 2.88 0.96 Note-se que, agora, a diferença entre os valores máximo (2.88 Hh/m2) e mínimo (0.32 Hh/m2) da RUP fica ainda mais distante: o máximo representa um acréscimo de 800% em relação ao mínimo. 4.4. lternativas relativas à quantificação do serviço feito o se quantificar as saídas, como, por exemplo, no caso do serviço em avaliação neste artigo, o número de metros quadrados de alvenaria produzida pode ser estimado através de diferentes posturas: a) pode-se mensurar a alvenaria líquida executada, isto é, contemplar-se a área fisicamente gerada; b) pode-se adicionar, à área líquida, uma outra quantidade, que diz respeito à dificuldade em se produzir a alvenaria (por exemplo, as quantidades mensuradas para fins de pagamento de subempreiteiros, para pequenos vão existentes em uma parede, pode contemplar a área fechada da mesma, isto é, sem se descontar o vão presente), chegando-se à área bruta de alvenaria. Supondo-se que a área bruta seja 20% superior à líquida, e que se tivesse considerado a área bruta em lugar da líquida no cálculo da RUP, seu valor mínimo deixaria de ser 0.32 Hh/m2, baixando para 0.27 Hh/m2. Com isto, o valor máximo (2.88 Hh/m2) para a ser 967% superior ao mínimo (0.27 Hh/m2) da RUP. 4.5. Período de tempo ao qual a RUP se refere o se falar em determinado valor de produtividade, pode-se estar analisando, entre outras hipóteses, um determinado dia de trabalho, como pode-se estar citando um desempenho verificado para toda a duração do serviço.

Note-se que a RUP diária pode variar bastante (SOUZ & CRRRO, 1999), de um dia para outro, podendo-se, ao se tomar o valor de um certo dia de trabalho, estar-se citando o valor mínimo (representante do melhor desempenho), o máximo (representante do pior desempenho), ou o potencial (diz respeito à produtividade que se pode conseguir corriqueiramente com a tecnologia e a forma de gestão disponíveis na obra em avaliação). Mais que isto, os dias com melhor desempenho apresentam RUPs menores que a RUP cumulativa (que avalia o conjunto de dias estudados), enquanto os dias piores apresentam RUPs maiores que a RUP cumulativa. título de exemplo, a Tabela 3 mostra os valores de RUPs obtidos em um estudo, sobre o assentamento de alvenaria, feito recentemente em uma obra na região da Grande São Paulo (CRRRO, 1998). Tais valores são correspondentes à equipe total (incluindo mão-de-obra direta, de apoio e encarregado), bem como à mensuração de áreas líquidas de alvenaria. Tabela 3- RUPs da equipe total, obtidos para estudo de execução de alvenaria, e seu afastamento em relação à RUP potencial. Tipo de RUP Valor da RUP % em relação à RUP potencial Diária - mínimo 0.82-25% Diária - potencial 1.12 0% Diária - máximo 20.4 + 1720% Cumulativa 1.32 + 17,9% Supondo-se que os valores anteriormente citados, para a RUP diária, tivessem sido medidos em um dia normal de produção sem anormalidades, imagina-se que tal valor seria algo próximo da RUP potencial. Dentro deste contexto, se a mensuração se desse no pior dia do serviço, o valor da RUP diária obtido seria 1720% maior que o citado; se tal dia representasse o pico de boa produtividade, no entanto, o valor da RUP diária seria 25% menor. Se a mensuração dissesse respeito à duração total do serviço, o valor da RUP seria 17,9% maior que a RUP obtida para um dia de desempenho potencial. medição da RUP, no dia de melhor desempenho dos operários, contemplando-se somente os dois pedreiros como equipe, levaria a 0.20 Hh/m2. Já no dia de pior desempenho, considerando-se a equipe total, 12 horas de jornada e alvenaria líquida, se alcançaria uma RUP de 52.4 Hh/m2. O valor máximo seria, neste caso, 26100% superior ao mínimo. 5. CONCLUSÕES Percebe-se que, embora se tenha feito uma definição bastante clara sobre o indicador de produtividade adotado (a RUP é dada pela divisão entre os homens-hora demandados e a área de alvenaria produzida), a não padronização sobre como se mensurar as entradas e saídas e sobre o período ao qual se refere a RUP pode gerar números extremamente diferentes ao se avaliar a mesma situação. ssim é que, falando-se da mesma obra e

serviço, a RUP encontrada no estudo de caso, variou de 0.20 Hh/m2 a 52.4 Hh/m2, em função da postura adotada. Embora tal grau de divergência (26100%) seja raramente encontrado nos resultados apresentados por diferentes pesquisadores quando estão falando de uma mesma obra, diferenças situadas, percentualmente, na casa das centenas não são nada difíceis de serem encontradas, na opinião deste autor. E é importante observar que, com tal grau de variação quanto aos dados, torna-se completamente impossível tecer-se avaliações quanto às causas que levam a um melhor ou pior desempenho de uma obra em relação a outra. Dentro deste contexto, ressalta-se a importância de se ter uniformização quanto à quantificação da RUP para que se possa progredir no entendimento da variação da produtividade nos serviços de construção civil. Propõe-se, a seguir, algumas diretrizes para que isto aconteça: embora cada uma delas possa ser útil para um diferente fim, é necessário se distinguir se está-se lidando com a produtividade da equipe direta, da equipe direta mais a de apoio ou a global (incluindo o encarregado); preconiza-se, para o cálculo dos homens-hora, a adoção das horas disponíveis para o trabalho, que incluem todo o tempo onde os operários estariam à disposição para exercer suas atividades; acredita-se que a quantidade líquida de serviço seja o melhor estimador das saídas do processo produtivo (no caso da alvenaria, por exemplo, uma maior ou menor presença de vãos seria um fator, a explicar ou não, uma maior ou menor produtividade calculada com base na área líquida); é necessário, também, citar se os valores de produtividade apresentados dizem respeito a RUPs diárias (potencial, mínima ou máxima) ou cumulativas. Finalmente, ainda que não se queira seguir o proposto nesta rápidas diretrizes, é importante se conscientizar de que as diretrizes para a quantificação dos indicadores de produtividade devem ser sempre explicitadas, sob a pena, caso isto não aconteça, de se ter números que não permitem saber se o desempenho avaliado era ótimo ou extremamente indesejável. 6. REFERÊNCIS BIBLIOGRÁFICS CRRRO, F. Produtividade da mão-de-obra no serviço de alvenaria. São Paulo, dissertação de mestrado - Universidade de São Paulo, 1998. 226p. SNDERS, S.R., THOMS, H.R. (1991) Factors affecting masonry-labor productivity. Journal of Construction Engineering and Management, SCE, Vol.117, No.4. pp.626-44. SOUZ, U.E.L.(1998) Produtividade e custos dos sistemas de vedação vertical. Tecnologia e gestão na produção de edifícios: vedações verticais. PCC-EPUSP, São Paulo, pp. 237-48. SOUZ, U.E.L., THOMS, H.R. (1996) The use of conversion factors for the analysis of concrete formwork labor productivity. Managing the construction project and managing risk CIB W-65 The organization and management of construction:

shaping theory and practice 8th International Symposium, E. & F.N. Spon, London, pp.14-26. SOUZ, U.E.L., CRRRO, F. (1999) Understanding blockwork labor productivity: the factor model approach. Managing the construction project and managing risk CIB W-65 The organization and management of construction: shaping theory and practice 8th International Symposium, E. & F.N. Spon, London, pp.14-26. THOMS, H.R., YKOUMIS, I. (1987) Factor model of construction productivity. Journal of Construction Engineering and Management, SCE, Vol.113, No.4. pp.623-39.