EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR - PRESIDENTE DA SEÇÃO CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR - PRESIDENTE DA SEÇÃO CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO O 13º PROMOTOR DE JUSTIÇA DO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 192 a 196, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e na Lei Federal nº 8.038/90, ajuizar a presente RECLAMAÇÃO, com pedido de LIMINAR, contra a r. decisão do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do I Tribunal do Júri da Capital, proferida nos Autos nº0004015-51.2003.8.26.0052, em que é réu Raphael Cordeiro de Farias Wright, por claramente violar R. decisão desta Augusta Corte, pelos motivos que passa a expor e ao final requerer: DOS FATOS Réu que responde por homicídio doloso praticado no trânsito, qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, tudo graças a este Egrégio Sodalício, que deu provimento ao recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público, para o fim de cassar a r. sentença desclassificatória proferida pelo mesmo Magistrado prolator da decisão ora reclamada.

Em lapidar Acórdão, por unanimidade, esta A. Corte submeteu o réu a julgamento pelo I Tribunal do Júri da Capital (fls.757-767 dos autos originais Doc. 01). Inconformada, a Defesa interpôs recurso especial, com o objetivo de afastar a qualificadora do inciso IV, do 2º, do artigo 121, do Código Penal. Contrariado o reclamo pela I. Procuradoria- Geral de Justiça, em sede preliminar (fls. 835-837 Doc. 02), esta requereu a extração e remessa de cópias do feito à origem, para prosseguimento, na medida em que o recurso especial somente é recebido no efeito devolutivo. O intuito do Ministério Público foi o de evitar medidas procrastinatórias que levassem à prescrição. O Exmo. Sr. Desembargador Ciro Campos, então Presidente da I. Seção Criminal deste E. Tribunal, assim decidiu, verbis:...após o encaminhamento dos autos de forma eletrônica ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, atenda-se o pedido formulado pela Procuradoria Geral de Justiça às fls. 835-837, remetendo-se o presente feito à Vara de origem para cumprimento do acórdão de fls. 757-767.... (fls. 862 Doc. 03) Descontente, a Defesa (fls. 868-869 Doc. 04) pediu a reconsideração da ordem, aduzindo que a pronúncia não estava preclusa, porquanto pendente de apreciação superior seu reclamo contra a manutenção da qualificadora pelo V. Acórdão. RECLAMAÇÃO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO FL. 2

De forma bastante enfática e esclarecedora, o Exmo. Sr. Desembargador Ciro Campos, então Presidente da I. Seção Criminal deste E. Tribunal, pontificou (fls. 871 Doc. 05):...mantém-se a determinação de fls. 862, uma vez que os recursos especial e extraordinário não possuem efeito suspensivo, a teor do que dispõe o artigo 27, 2º, da Lei nº8038/90: os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo. Ademais, os autos se encontram em fase de remessa ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, a quem compete rever tal decisão. Tal decisão datava de 16 de novembro de 2010. No entanto, já no longínquo 07 de fevereiro de 2013 p.p., este subscritor, percebendo que o processo dormitava, para dizer o menos, indevidamente, em primeiro grau, aguardando o julgamento do recurso especial, em flagrante descumprimento da ordem deste Tribunal, postulou (fls. 910-927 Doc. 06) a imediata retomada da tramitação do feito, sem mais delongas, tendo sido o pleito, naquela ocasião, deferido (fls. 911), razão pela qual foi ofertada (fls. 912-914) manifestação ministerial, na fase do artigo 422, do Código de Processo Penal. Assim também fizeram os familiares da vítima fatal (fls. 917), assistentes de acusação. RECLAMAÇÃO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO FL. 3

Entrementes, por mais um turno, a Defesa, que já não conseguira a suspensão do feito junto a esta A. Corte, voltou a requerê-la ao Juízo de primeiro grau, sob os mesmos ultrapassados argumentos, em petição que não foi sequer assinada pelos patronos (fls. 919-923). E, de forma absolutamente inusitada, geradora de profunda perplexidade, o mesmo Magistrado, que antes atendera ao pleito ministerial de fazer cumprir a ordem desta Corte, acabou por reconsiderar sua decisão e suspendeu o processamento do feito, determinando que se aguardasse a preclusão da decisão de pronúncia com o julgamento dos recursos interpostos perante a Superior Instância,... para somente então proceder na forma do artigo 422, do Código de Processo Penal. (fls. 927). Sábios Desembargadores, é chegado o momento de fazer valer a autoridade da ordem deste Egrégio Tribunal, da lavra do então Presidente da Seção Criminal, Exmo. Sr. Desembargador Ciro Campos!!!!! DO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO O Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (fonte www.tjsp.jus.br), em seu artigo 192 dispõe: A reclamação contra autoridade judiciária, para preservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade de suas decisões, será processada na forma da legislação vigente (Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990). RECLAMAÇÃO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO FL. 4

Nota-se, pois, que a utilização do instituto processual da Reclamação se amolda perfeitamente à hipótese acima narrada, na medida em que este Tribunal de Justiça já havia determinado o prosseguimento do feito, indeferindo o pleito defensório de suspensão, outrora formulado pela Defesa. No entanto, a despeito da clareza da ordem, o pedido foi renovado e acatado em primeira instância. A única possibilidade de o feito permanecer suspenso, diante da clara ordem do Exmo. Desembargador, ora desrespeitada, seria a partir de eventual concessão de liminar, em sede de ação cautelar inominada ajuizada pela Defesa junto ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça, para a finalidade de o recurso especial ser recebido também no efeito suspensivo. E isto não ocorreu. Ao invés de a Defesa subir um degrau na hierarquia jurisdicional para conseguir a suspensão do feito, desceu um e, mesmo assim(!!!!), surpreendentemente, foi exitosa em sua pretensão, ao menos até agora. Nada impediria que o feito tramitasse em seus ulteriores termos, com a manifestação das partes na fase do artigo 422, do Código de Processo Penal, sem mais medidas procrastinatórias. Ora, o que se discute é a pertinência ou não de qualificadora objetiva, matéria a ser melhor explorada pelas partes em plenário, nos debates. É dizer: a manifestação da Defesa, na fase do artigo 422, do Código de Processo Penal, independe da permanência ou não da qualificadora, não servindo o argumento da não preclusão da sentença de pronúncia como óbice ao processamento normal da lide. Aliás, argumento este que já havia sido rechaçado pelo Exmo. Presidente da Seção Criminal deste I. Sodalício. RECLAMAÇÃO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO FL. 5

O correto e adequado, Sábios Desembargadores, seria ganhar-se tempo, com a retomada da tramitação do processo, deixando-o, o quanto antes, maduro para julgamento. Repita-se: não se está a discutir mais, perante o Superior Tribunal de Justiça, a hipótese de crime doloso contra a vida e, sim, a pertinência ou não de qualificadora, razão pela qual a retomada da marcha processual, já determinada por este E. Tribunal, não trará qualquer prejuízo à Defesa. Lamentavelmente, o próprio Magistrado de primeiro grau que antes cumprira a ordem do Exmo. Desembargador citado, após ser instado pelo Ministério Público, sem qualquer explicação lógica, voltou atrás, para o fim de atender ao pedido requentado pela Defesa. Trata-se de idas e vindas processuais aptas a deixar perplexo qualquer mediano operador de direito, que sabe ser a segurança jurídica um dos pilares do Estado Democrático de Direito. Há mais. A decisão ora combatida, além de desautorizar esta E. Corte, acabou por desequilibrar o primado da paridade de armas entre as partes, corolário do due process of law. É que, acaso mantida a situação atual, criada pela surpreendente decisão de primeiro grau, quando o Superior Tribunal de Justiça vier finalmente a se pronunciar, a Defesa terá tido, ao cabo, muito mais tempo para manifestar-se nos autos do que o Ministério Público e seus Assistentes, na fase do artigo 422, do Código de Processo Penal. Muito além dos cinco dias legais que já foram respeitados por aqueles que ocupam o pólo ativo da ação penal. RECLAMAÇÃO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO FL. 6

É necessário o restabelecimento da ordem processual nestes autos!!!! DO PEDIDO LIMINAR Prevê o artigo 195, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo que Poderá o relator, se o caso o exigir, suspender liminarmente o ato objeto da reclamação ou determinar outras medidas urgentes. Requer, pois, esta Promotoria de Justiça, à vista da farta documentação anexa, que este Egrégio Tribunal, por meio de seu Relator, casse liminarmente a inusitada decisão monocrática de sobrestamento do feito, determinando ao Magistrado de primeiro grau que, imediatamente, intime a Defesa para apresentar, sem mais delongas, sua manifestação, na fase do artigo 422, do Código de Processo Penal, seguindo-se os demais atos preparatórios para o julgamento em plenário, tudo como única forma de salvaguardar a Autoridade da R. Decisão proferida pelo Des. Ciro Campos, inclusive, mais de uma vez. Requer-se, ainda, ante a urgência da presente, que a concessão da medida liminar seja comunicada ao Juízo reclamado, via fac-simile ou eletronicamente, processando-se, a seguir, esta Reclamação, nos termos regimentais. De valor inestimável, também não são devidas custas, eis que o autor está isento. São Paulo, 15 de abril de 2013. Tomás Busnardo Ramadan 13º Promotor de Justiça do I Tribunal do Júri da Capital RECLAMAÇÃO I TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO PAULO FL. 7