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Transcrição

1 1 TRIBUNAL PLENO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL Processo n. 412/2017 REQUERENTE: PARNAHYBA SPORT CLUB-PI REQUERIDO: FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DO ESTADO DO PIAUÍ RELATOR: AUDITOR PAULO CESAR SALOMÃO FILHO EMENTA: MEDIDA INOMINADA COM PEDIDO LIMINAR CONTRA ATO DE OFÍCIO ADOTADO PELO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO APÓS CONDENAÇÃO POR INFRAÇÃO AO ART. 214 IMPOSTA PELA COMISSÃO DISCIPLINAR DO TRIBUNAL ESTADUAL AO CLUBE REQUERENTE E APRESENTAÇÃO DE RECURSO SEM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO MEDIDA INOMINADA QUE NÃO SE PRESTA A SUBSTITUIR O MANEJO DO INSTRUMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO - PREVISTO NA LEGISLAÇÃO DESPORTIVA - AUSÊNCIA DE FUMUS BONIS IURIS MEDIDA INOMINADA CONHECIDA E NÃO PROVIDA. VISTOS, relatados e discutidos o Processo nº 412/2017, em que figura como Impetrante o Parnahyba Sport Club (PI) e Impetrada a Federação de Futebol do Estado do Piauí, Acórdão os Auditores que compõem o Pleno do STJD do Futebol, por unanimidade de votos, de se conhecer da Medida Inominada, para no mérito, julgar improcedente o pedido nos termos do voto do Auditor Relator.

2 2 RELATÓRIO Trata-se de Medida Inominada onde pretende o clube impetrante seja suspensa a disputa das partidas finais da Copa Piauí Sub-21 do ano de 2017, sob o fundamento de que o requente se classificou no campo de jogo para as partidas finais da competição, contudo, foi punido pelo Tribunal Estadual por infração ao art. 214, sendo desclassificado do campeonato. Aduz ter interposto recurso ao Pleno do STJD contra a referida decisão (ainda pendente de julgamento), razão pela qual, em respeito ao princípio do duplo grau de jurisdição, pretende a suspensão imediata da competição ou a não homologação de seu resultado. O pedido liminar foi negado em fundamentada decisão da lavra do Exmo. Sr. Presidente deste Eg. STJD do Futebol - Auditor Dr. Ronaldo Botelho Piacente - que nos termos da r. decisão de fls.29/30, recebeu a Medida Inominada, porém, indeferiu a liminar pleiteada porque ausente o requisito do fumus bonis iuris. Irresignado, o requerente apresentou pedido de reconsideração às fls. 34/37, onde basicamente reitera os argumentos anteriormente apresentados, sendo mantida a decisão pelo Presidente do STJD em despacho que consta às fls. 39. Nos termos do 2º do art. 119 do CBJD, os autos foram encaminhados para que a Procuradoria da Justiça Desportiva oferecesse a

3 3 manifestação, de certo que o parquet desportivo em seu parecer opina pelo não conhecimento da medida inominada. É o relatório do essencial, passo a decidir. VOTO Não merece prosperar a irresignação do requerente. Inicialmente, nos exatos termos da dicção do art. 119 do CBJD, somente se admite a interposição de Medida Cautelar Inominada em casos excepcionais, quando não houver remédio processual próprio previsto no ordenamento jurídico desportivo pátrio. Todavia, no contexto do caso em análise, verifica-se que o clube impetrante apresenta requerimento para que as finais da Copa Piauí Sub-21 fossem suspensas e/ou os resultados das partidas não fossem homologados, ao argumento de ter interposto recurso contra a decisão proferida em seu desfavor, que em procedimento sumário regulamente processado, impôs a aplicação da penalidade prevista no art. 214 do CBJD por escalação de atleta em desacordo com as regras previstas no Regulamento Específico da Competição. Na esteira das regras contidas no art. 147-A e 147-B do codex desportivo 1, é facultado à parte pleitear efeito suspensivo ao recurso interposto, cabendo ao Relator designado apreciar tal pedido. 1 Art. 147-A. Poderá o relator conceder efeito suspensivo ao recurso voluntário, em decisão fundamentada, desde que se convença da verossimilhança das alegações do recorrente, quando a simples devolução da matéria puder causar prejuízo irreparável ou de difícil reparação. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 1º Não se concederá o efeito suspensivo a que se refere este artigo quando de sua concessão decorrer

4 4 Portanto, pelo princípio da especificidade, verifica-se a impropriedade da via eleita pelo ora requerente, que deveria apresentar juntamente com suas razões recursais eventual pedido de efeito suspensivo, de certo que o Relator designado para apreciação de seu recurso seria a autoridade competente para avaliar também este pedido. Conforme expressamente contido no comando normativo, o procedimento previsto no art. 119 do CBJD não pode ser utilizado como substituto de medida processual prevista no Código, razão pela qual a Medida Inominada ora pleiteada não merece guarida. Por todo o exposto, conheço da Medida Inominada posto que cumprido os requisitos legais para seu processamento e análise, mas no mérito julgo improcedente o pedido. grave perigo de irreversibilidade. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 2º A decisão que conceder ou deixar de conceder o efeito suspensivo a que se refere este artigo será irrecorrível, mas poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, pelo relator, em decisão fundamentada. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). Art. 147-B. O recurso voluntário será recebido no efeito suspensivo nos seguintes casos: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). I quando a penalidade imposta pela decisão recorrida exceder o número de partidas ou o prazo definidos em lei, e desde que requerido pelo punido; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). II quando houver cominação de pena de multa. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 1º O efeito suspensivo a que se refere o inciso I apenas suspende a eficácia da penalidade naquilo que exceder o número de partidas ou o prazo mencionados no inciso I. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 2º O efeito suspensivo a que se refere o inciso II apenas suspende a exigibilidade da multa, até o trânsito em julgado da decisão condenatória. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 3º O efeito suspensivo a que se refere este artigo aplica-se a qualquer recurso voluntário interposto perante qualquer órgão judicante da Justiça Desportiva, independentemente da origem da decisão recorrida. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009)

5 5 Rio de Janeiro 23 de novembro Paulo César Salomão Filho Auditor do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol