Processo nº 272/2018. Recurso voluntário

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1 Processo nº 272/2018 Recurso voluntário Recorrente: Recorrido: Sport Club Corinthians TJD/SP EMENTA: Utilização de sinalizadores pela torcia do mandante. Paralisação da partida por (três minutos e trinta segundos), com placar adverso, sem prejuízo da continuidade da partida até o seu final. Aplicação de multa nos termos do artigo 213, Inciso I, do CBJD. Atleta que manifesta de uma forma não recomendável, mas que não pode ser caracterizado como ofensa moral. Absolvição do mesmo. Vistos e relatados, os auditores do Pleno do STJD, por unanimidade de votos conheceu do recurso voluntário e, no mérito, deu-lhe parcial provimento para reduzir a pena de multa aplicada ao Recorrente para o tipo previsto no artigo 213, inciso I, do CBJD, para o valor de R$ ,00 (trinta mil reais), a ser quitada no prazo de 07 (sete) dias, contados da intimação do presente, sob pena do artigo 223, do CBJD, e para absolver o atleta do tipo previsto no artigo 243-F, 1º, do CBJD, nos termos do voto do relator. I - RELATÓRIO Trata-se de recurso voluntário interposto por Sport Club Corinthians, pelo qual busca a reforma da decisão a quo, que lhe aplicou pena de multa no valor de R$ ,00 (sessenta mil reais), mais perda de mando de campo de 01 (uma) partida, em face de desordens praticadas por sua torcida quando era o mandante do jogo.

2 Na mesma peça recursal, o Recorrente insurge conta a pena de suspensão, por 04 (quatro) partidas, aplicada ao seu atleta profissional de futebol Clayson Henrique da Silva Vieira, por infração ao artigo 243-F, do CBJD. De acordo com a denúncia, os torcedores do Recorrente hostilizaram os atletas adversários, chegando a arremessar um copo plástico em direção ao atleta Felipe Melo, da equipe do Palmeiras e, no segundo tempo, o jogo fora paralisado por causa do comportamento de suas torcidas organizadas, que acenderam diversos sinalizadores. o atleta profissional Clayson Henrique da Silva Vieira, da equipe do SC Corinthians, foi expulso com cartão vermelho direto por desferir dois tapas, com uso de força excessiva, em seu adversário de nº 30, Felipe Melo de Carvalho, acertando apenas o primeiro no braço direito do atleta. Tal fato ocorreu igualmente com o jogo paralisado e fora da disputa da bola. Em sede de julgamento pela Egrégia Segunda Comissão Disciplinar do TJD/SP, o SC Corinthians foi punido com multa no valor de R$ ,00 (trinta mil reais), por infração ao artigo 213, inciso I, 2º, do CBJD, por causa dos sinalizadores, enquanto que o atleta Clayson Henrique da Silva Vieira, foi punido com suspensão de 04 (quatro) partidas por infração ao artigo 254-A, do CBJD, mais advertência por infração ao artigo 258, do CBJD. Foram interpostos recursos voluntários contra a r. decisão de Primeira Instância. Em sessão de julgamento realizada no dia , o Pleno do TJD/SP, decidiu, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário interposto pela douta Procuradoria da Justiça Desportiva do Futebol de São Paulo para majorar a pena de multa aplica ao SC Corinthians para R$ ,00 (sessenta mil reais), e aplicar a pena de perda de mando de campo por 01 (uma) partida. Quanto ao atleta Clayson Henrique da Silva Vieira, o Pleno daquele Regional deu provimento ao recurso voluntário interposto pela douta Procuradoria da Justiça Desportiva do Futebol de São Paulo para condená-lo à pena de suspensão por 04 (quatro) partidas, por infração ao artigo 243-F, 1º, do CBJD, por ter afirmado que o árbitro da partida veio mal intencionado, que, somadas as 04 (quatro) jogos por infração ao artigo 254-A, do CBJD, totalizam 08 (oito) partidas de suspensão.

3 Inconformado, o SC Corinthians manejou recurso voluntário à este Colendo Colegiado pleiteando a reforma da r. decisão do TJD/SP, sustentando, em síntese, que: 1. Não houve lançamento de fogos de artifícios por parte da torcida, mas, sim, disparados fora do estádio, conforme devidamente autorizado pelas autoridades públicas para uso de fogos de artifício, na modalidade outdoor, show pirotécnico no lado de fora do estádio, a partir das 16 horas pelo lado da avenida que dá acesso ao Setor Norte do estádio, exatamente o lado de onde a arbitragem acreditou terem sido lançados os fogos de artifício; 2. Quanto ao atleta Clayson Henrique da Silva Vieira, a denúncia por infração ao artigo 243-F teve por base um ofício enviado pelo Sindicato dos Árbitros do Estado de São Paulo, que narrou a entrevista concedida pelo atleta à imprensa, mas, que, em Primeira Instância, ao ouvirem o atleta, os auditores entenderam por bem desclassificar a sua conduta para a norma capitulada no artigo 258, do CBJD, aplicando-lhe a pena de advertência. Por tais argumentos, requer a reforma da r. decisão para reduzir a pena de multa para o valor de R$ ,00 (trinta mil reais), aplicada pela Egrégia Segunda Comissão Disciplinar. Quanto ao atleta, requer a reforma da pena por infração ao artigo 254-A, do CBJD, de 04 (quatro) partidas para 02 (duas) partidas, e a reforma da r. decisão que aplicou a pena de 04 (quatro) partidas por infração ao artigo 243-F, 1º, do CBJD, para manter a pena de advertência aplicada pela Egrégia Segunda Comissão Disciplinar. Foi concedido efeito suspensivo ao presente recurso voluntário. É, em síntese, o relatório. II - VOTO De exórdio, cumpre salientar que a v. decisão do Pleno do TJD/SP merece reforma quanto a imputação do artigo 213, I, 1º, do CBJD, cuja pena aplicada pelo Pleno do

4 TJD/SP foi multa no valor de R$ ,00 (sessenta mil reais), mais perda de mando de campo de 01 (um) jogo. Pelo que se observa dos autos, o que ocorreu foram queimas de fogos de artifício fora do estádio, na Avenida Miguel Inácio Curi, conforme autorização do Poder Público, através da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, para uso de fogos de artifício, conforme documento acostado aos autos. Por outro lado, cumpre salientar que a torcida do Recorrente é contumaz na prática de usar sinalizadores na sua praça desportiva, fato que traz perigo aos demais presentes no recinto. Diante de tal fato, cumpre salientar que a v. decisão do Egrégio Pleno do TJD/SP merece reforma para reduzir a pena de multa ao valor aplicado pela Egrégia Segunda Comissão Disciplinar daquele Regional para R$ ,00 (trinta mil reais), excluindo a pena de perda de mando de campo. Quanto ao atleta Clayson Henrique da Silva Vieira, o SC Corinthians não interpôs recurso contra a r. decisão proferida pela Egrégia Segunda Comissão Disciplinar do TJD/SP. Por outro lado, a d. procuradoria da Justiça Desportiva do Futebol de São Paulo interpôs recurso apenas quanto a decisão da Egrégia Segunda Comissão Disciplinar do TJD/SP que desclassificou a conduta do atleta Clayson Henrique da Silva Vieira do artigo 243-F, 1º, do CBJD, para o artigo 258, 2º, do mesmo diploma legal, aplicando-lhe a pena de advertência. Portanto, não houve recurso contra a r. decisão que aplicou a pena de suspensão por 04 (quatro) partidas ao atleta Clayson Henrique da Silva Vieira, por infração ao artigo 254- A, do CBJD. Neste caso, ocorreu o fenômeno da coisa julgada formal, o que impossibilita a rediscussão da matéria pelo Pleno deste C. STJD. Quanto ao recurso do atleta Clayson Henrique da Silva Vieira em busca da reforma do v. acórdão do Regional que lhe aplicou a pena de suspensão de 04 (quatro) partidas, por infração ao 243-F, 1º, do CBJD, tem-se que a mesma merece reforma. De acordo com o conjunto probatório carreados aos autos, a conduta do referido atleta não merece reprimenda, eis que não se pode afirmar que o mesmo tenha infringido a

5 norma capitulada no artigo 243-F,, do CBJD, o qual trata de ofensa à honra de alguém por fato relacionado ao desporto. O atleta, em entrevista, empregou o termo mal intencionado em relação a conduta do árbitro da partida na condução do jogo. Todavia, não se pode dizer que o termo usado pelo atleta pode ser caracterizado como ofensa moral, embora não seja uma forma recomendável de se referir a alguém. Além do mais, não houve qualquer xingamento ou uso de qualquer outro adjetivo capaz de ofender a mortal do árbitro ou de qualquer membro do corpo de arbitragem. Diante do exposto, dou provimento ao recurso voluntário do SC Corinthians para absolver o atleta Clayson Henrique da Silva Vieira da pena aplicada pelo Pleno do TJD/SP. Diante do exposto, conheço do recurso voluntário interposto pelo SS Corinthians, por próprio, tempestivo e preparado e, no mérito, dou-lhe provimento para reformar a decisão do Pleno do TJD/SP para reduzir a pena de multa aplicada para o valor de R$ ,00 (trinta mil reais), excluindo a pena de perda de mando de campo. E, quanto ao atleta Clayson Henrique da Silva Vieira, nego provimento quanto a pena de suspensão de 04 (quatro) jogos por infração ao artigo 254-A, do CBJD, por ter ocorrido o trânsito em julgado da r. decisão de Primeira Instância, mas dou provimento ao recurso voluntário para afastar a punição de 04 (quatro) jogos por infração ao artigo 243-F, 1º, do CBJD, com a sua consequente absolvição. É como eu voto. Rio de Janeiro, 05 de outubro de Auditor Relator

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