Viva Rio Pérolas Negras. Procuradoria da Justiça Desportiva. Mesquita Futebol Clube. GIG 7 de Abril

Transcrição

1 Processo nº 358/2018 Recurso voluntário Recorrentes: Maricá Futebol Clube Ltda. Viva Rio Pérolas Negras Recorridos: Pleno do TJD/RJ Procuradoria da Justiça Desportiva Terceiros Interessados: Esporte Clube Rio São Paulo Mesquita Futebol Clube GIG 7 de Abril EMENTA: Atleta não profissional que completa 20 (vinte) anos de idade. Condição de jogo para participar de competição profissional até a véspera de completar 21 (vinte e um) anos, respeitada a previsão no regulamento da competição. Vistos e relatados, os auditores do Pleno do STJD, por unanimidade de votos conheceu do recurso voluntário e, no mérito, lhe deu provimento para absolver o Recorrente da pena de perda de 06 (seis) pontos mais multa no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), por infração ao artigo 214, do CBJD, nos termos do voto do relator. I - RELATÓRIO Trata-se de recurso voluntário interposto pelo Maricá Futebol Clube Ltda. contra decisão do Pleno do TJD/RJ, pelo qual requer a reforma da v. decisão recorrida para absolve-lo da pena de perda de 06 (seis) pontos mais multa no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

2 No presente feito, a douta Procuradoria da Justiça Desportiva do Futebol do Estado do Rio de Janeiro, após receber notícia de infração disciplinar levada a efeito pelo Esporte Clube Rio São Paulo, ofereceu denúncia em face de Maricá Futebol Clube por infração ao artigo 44, do Regulamento Geral das Competições da FERJ, pela utilização irregular do atleta Felipe Felix Ferreira em partida válida pelo Campeonato Estadual de Futebol Profissional, Série B-2, edição De acordo com a denúncia, a inscrição do atleta Felipe Felix Ferreira, nascido no dia , consta como amador no Boletim Informativo de Registro de Atletas (BIRA), portanto com idade superior a 20 (vinte) anos, em ofensa aos artigos 44, do RGC e 43, da Lei nº 9.615/98. Em sede de julgamento pela 8ª Comissão Disciplinar do TJD/RJ, a denúncia foi rejeitada, com a consequente absolvição do Recorrente. Contra a r. decisão a douta Procuradoria interpôs recurso voluntário para o Pleno do Egrégio TJD/RJ. Em sessão de julgamento realizada no dia , o Pleno do TJD/RJ deu provimento ao recurso voluntário interposto pela douta Procuradoria da Justiça Desportiva do Futebol para reformar a r. decisão de Primeira Instância e, por consequência, aplicar a pena de perda de 06 (seis) pontos mais multa no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), ao Maricá Futebol Clube, por infração ao artigo 214, do CBJD. No presente feito foram admitidos Esporte Clube Rio São Paulo, Mesquita Futebol Clube, Vivo Rio/Pérolas Negras e GIG 7 de Abril, como terceiros interessados. O Recorrente Maricá Futebol Clube Ltda. pleiteou o recebimento do seu recurso voluntário com o efeito suspensivo, cujo pedido sequer foi apreciado por este relator, vez que o Recorrente propôs a medida inominada nº 355/2018, a qual tinha por objeto a concessão de liminar para manter a paralisação do Campeonato Estadual de Profissionais, Série B-2, edição 2018, mas o pedido já havia sido indeferido pelo Presidente deste C. STJD. O Viva Rio/Pérolas Negras também interpôs recurso voluntário contra a v. decisão do Pleno do Egrégio TJD/RJ, no qual sustenta a injustiça praticada pelo Pleno do TJD/RJ, pois a mesma teve por base a denúncia da Procuradoria, a qual se limitou a oferecer denúncia contra o Maricá Futebol Clube Ltda. por infração ao artigo 214, do CBJD,

3 pela utilização atleta Felipe Felix Ferreira em apenas uma partida, sendo que o mesmo participou de forma irregular em várias partidas da competição. Posteriormente o Viva Rio/Pérolas Negras requereu a desistência do recurso voluntário interposto. É, em síntese, o relatório. II - VOTO No presente feito, o que se discute é a condição de jogo de atleta não profissional que completa 20 (vinte) anos de idade para participar do Campeonato Estadual de Futebol Profissional, Série B-2, edição Para tanto, faz-se necessário analisar as normas legal e regulamentares vigentes. Prescreve o artigo 44, do Regulamento Geral das Competições da FERJ que, in verbis: É vedada, nas partidas das competições da categoria de profissionais, a participação de atletas não profissionais com idade inferior a 16 anos ou superior a 20 anos, considerando o ano de nascimento. Por outro lado, o artigo 43, da Lei nº 9.615/98, determina que, in verbis: É vedada a participação em competições desportivas profissionais de atletas não profissionais com idade superior a vinte anos. No caso em tela, resta incontroverso que o atleta Felipe Felix Ferreira nasceu no dia , tendo, portanto, completado 20 (vinte) anos no dia Pergunta-se, este atleta tem condição de jogo? Para a Federação Estadual do Rio de Janeiro o referido atleta não possui condição de jogo. Tanto é assim que editou a RDI nº 075/18, a qual resolve, in verbis: Esclarecer que quando o artigo 44 do RGC indica que apenas atletas com idade não superior a 20 anos, considerado o ano do nascimento, poderão participar de competições profissionais que dizer que para as competições realizadas durante a temporada de 2018 poderão participar

4 os atletas não profissionais nascidos em qualquer época ao longo de todo o ano de 1998, observado, obviamente, o limite de atletas permitidos em cada partida estabelecido pelo artigo 35, 6º do RGC. Todavia, se a própria Federação Estadual do Rio de Janeiro teve que editar uma resolução para esclarecer o dispositivo previsto no artigo 44, do seu Regulamento Geral de Competições é porque entendeu que a sua redação era passível de interpretação dúbia. Diante das referidas disposições legal e regulamentares, cumpre discutir o significado do adjetivo SUPERIOR, pois tanto a Lei 9.615/98, quanto os RGC s, da FERJ e da CBF, vedam a participação de atletas não profissionais com idade superior a 20 anos em competições profissionais. Assim, deve-se, num primeiro plano, buscar o significado do adjetivo superior, o qual é usado quando se quer referir a algo situado mais alto ou acima de outro. Portanto, se o adjetivo SUPERIOR é usado para se referir a algo que está acima de outro, os dispositivos legal e regulamentares que se referem a vedação quanto a participação de atletas não profissionais com idade superior a 20 (vinte) anos em uma competição de profissionais, permite que atletas com até 20 (vinte) anos completos pode participar da competição. Neste caso, para concluirmos a nossa análise, faz-se necessário buscarmos mais informações em dispositivos regulamentares similares. Assim, fomos ao Regulamento Geral das Competições da Confederação Brasileira de Futebol, o qual é aplicado em todas as competições daquela confederação. O Regulamento Geral das Competições da Confederação Brasileira de Futebol dispõe em seu artigo 41, que, in verbis: É vedada nas partidas das competições de profissionais a participação de atletas não profissionais com idade superior a 20 anos, habilitando os atletas não profissionais a participar de partidas profissionais até a véspera da data de seu aniversário de vinte e um anos.

5 Assim, não restam dúvidas que os atletas não profissionais com idade de até 20 (vinte) anos completos têm condição de jogo para participar do Campeonato Estadual de Futebol Profissional, Série B-2, edição Diante do exposto, conheço de ambos os recursos, por serem próprios, tempestivos e estarem devidamente preparados e, no mérito, dou provimento ao recurso voluntário interposto por Maricá Futebol Clube Ltda., para absolve-lo das penas de perda de 06 (seis) pontos mais multa no R$ 1.000,00 (um mil reais) por infração ao artigo 214, do CBJD. Homologo o pedido de desistência do recurso voluntário interposto por Viva Rio/Pérolas Negras, para que surta os jurídicos e legais efeitos. É como eu voto. Rio de Janeiro, 25 de outubro de Auditor Relator