Revoluções, Exceções e Vantagens Brasileiras Primavera Árabe Para iniciar nossa discussão devemos compreender superficialmente as causas, a evolução e as consequencias das revoltas populares, em maior ou menor escala, nos países do norte da África e do Oriente Médio que fazem parte do chamado Mundo Árabe. O primeiro país a realizar um levante popular contra seu governo, marcado pela corrupção e centralização, foi a Tunísia, um país com uma população de 11 milhões de habitantes e 3 milhões de desempregados, sendo que 40% da população tem menos de 25 anos e 75% dos desempregados menos de 30 anos. A partir dos dados podemos observar que a conjuntura sócio-economica do país estava demasiadamente enfraquecida ao mesmo tempo em que a centralização política parecia consolidada. Para este texto não é importante analisar o estopim da revolução na Tunisia, bem como o aprofundamento psicológico do indivíduo que ateou fogo em seu próprio corpo após a polícia confiscar seu ponto de venda em face da negativa em pagar mais propina para funcionamento do ponto. O aspecto de suma importância é averiguar que a revolta foi causada por se tratar de um governo corrupto e centralizado em tempos de globalização da informação. O pensamento liberal foi vastamente difundido no país devido ao alto indice de turismo da região e ao acesso à informação através da internet, logo a população se articulou por intermédio de redes sociais com a meta de iniciar um levante visando estabelecer um governo democrático que assegurasse as liberdades individuais dos cidadãos. Também através das redes sociais (leia-se Facebook) a mobilização tomou proporções internacionais atingindo países como Libia, Síria, Iemem entre outros tendo como consequencia principal a queda de vários ditadores e a recente morte de Muammar Khadaf, o que gerou uma onda de otimismo nos países envolvidos. Arábia Saudita como exceção
A Arábia Saudita é o maior produtor petrolífero da OPEP e tem como maior aliado comercial os Estados Unidos da America. Com uma população de pouco menos de 30 milhoes de habitantes, o país vive sob o regimento de uma monarquia absoluta, ou seja, não há divisão de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário. O poder é centralizado na figura do rei, e em 1992 institucionalizou-se o poder hierárquico. Apesar da receita perfeita para uma revolução, esta não ocorreu de forma tão evidente nem tão divulgada. Exceto algumas pequenas articulações de pequenos grupos sociais distintos não vimos até o presente momento uma grande mobilização das massas contra o poder absoluto do rei Abd Al Aziz Al Saud e isso nos força a uma reflexão. Como já foi dito a Arábia Saudita mantém estreitas relações comerciais com os EUA, coincidentemente maior fornecedor de armas aos rebeldes dos países envolvidos nas revoluções populares, mas visando expansão de novos mercados e novos centros de produção. Entretanto não é saudável para o comércio mundial ocorrer uma revolta das massas em um país cuja economia depende 90% da extração de petróleo, logo as massas sauditas não tem como ganhar forças bélicas para articular uma rebelião sistêmica e coesa. Outro importante ponto é saber é que grande parte da mao de obra trabalhadora da Arábia é oriunda de outros países, logo não há uma clara integração nacional a partir da identidade cultural dos habitantes, o que dificulta o diálogo e a compreensão dos interesses coletivos. Esses conflitos internos são aliados à forte restrição da informação disseminada dentro do país. Se a Arábia Saudita é a maior produtora de petróleo, por que investir no pré-sal? Para nossa análise é necessário que façamos um recorte de objeto de estudo, isto é, utilizaremos apenas os exemplos da Arábia e do Brasil, portanto desprezaremos todos os outros países produtores.
Podemos interpretar a Arábia Saudita como a terra mais fértil para a produção de petróleo e o Brasil como a segunda terra mais fértil (claro que não estamos comparando os demais produtores, apenas Arábia e Brasil). Essa afirmação se mostra coerente pois o custo de produção do petróleo na Arábia Saudita é de US$2,00 por barril, e o custo de produção do pré-sal está sendo avaliado em torno de US$35,00, portanto os dados mostram não ser o pré-sal uma alternativa econômica competitiva. Contudo devemos lembrar que o o preço do barril de petróleo ( barril ~159 litros) está variando em torno de US$85,00. Entretanto devemos compreender que o lucro está embutido nos custos de produção, portanto o lucro do pré-sal é exatamente na mesma proporção do pretróleo árabe. A diferença está no super lucro, também chamado de lucro extra e até mesmo de renda do petróleo. Como vemos no gráfico abaixo o lucro extra da Arábia Saudita é de US$83,00 por barril, enquanto o do Brasil está em US$50,00 por barril, isso somado aos lucros embutidos nos custos de produção. 90 Renda Diferencial do Petróleo 80 70 60 Preço do Barril (US$) 50 40 30 Lucro extra Custo de Produção 20 10 0 Arábia Saudita Brasil
Conforme o gráfico acima demonstra,us$35,00 de custo de produção por barril ainda é um negócio vantajoso para o Brasil, se exceder esse valor a exploração do présal se torna uma alternativa não rentável, logo não será feita, mas enquanto os estudos apontam um preço até US$35,00 podemos comemorar pois estamos ricos. Para melhor compreensão sobre lucro embutido nos custos, segue o gráfico percentual de custos e lucros. Por se tratar de uma mercadoria sob monopólio ou oligopólio, a empresa, ou no caso, os países que compõem a OPEP determinam os preços dos barris sem que esses sigam as regras de livre mercado. Logo, o gráfico a seguir é uma abstração sobre lucro real e lucro extra sobre os custos de produção não envolvendo valores reais de lucro real e custo de produção real, é apenas um artefato para melhor entendimento do assunto, ou seja, as porcentagens de custos reais e lucros reais podem obedecer outra lógica, mas sempre irão compor o custo de produção de US$2,00 na Arábia e de US$35,00 no Brasil. Distribuição percentual (custos e lucros) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% lucro extra lucro custo de produçao 0% Brasil Arabia