A ADMINISTRAÇÃO SE DESCENTRALIZA, O PODER NEM TANTO! Considerações e percepções sobre experiências de descentralização políticoadministrativa

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Transcrição:

A ADMINISTRAÇÃO SE DESCENTRALIZA, O PODER NEM TANTO! Considerações e percepções sobre experiências de descentralização políticoadministrativa no Brasil 1 (Trabalho aprovado paro o Grupo Temático n. 3) Autor: Valdir Roque Dallabrida - Professor e pesquisador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (Canoinhas-SC-Brasil) Endereço Postal: Rua 258 C, n. 341, Apto 102 Bairro Andorinhas Itapema Santa Catarina Brasil CEP.: 88.220-000 Endereço eletrônico: valdir@unc.br Fone: 47-3622-6696 RESUMO Propõe-se sistematizar avaliações realizadas sobre a situação, os desafios e as potencialidades de experiências brasileiras de descentralização político-administrativa, no âmbito intra-estadual, tomando como campo empírico as experiências dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O foco da análise é a eficácia de tais experiências no atendimento ao propósito maior dos processos descentralizatórios: distribuir, desconcentrar e/ou atribuir poder de decisão, na perspectiva da qualificação da prática democrática cidadã. Como procedimentos metodológicos contempla-se a sistematização de análises realizadas por meio de investigações, além da consulta documental. Sobre as experiências de descentralização gaúcha e catarinense, ambas precisam avançar, no entanto, a primeira apresenta condições potenciais de contemplar a participação plural nos seus fóruns de decisão. A experiência catarinense iniciou na década de 1990, mas o processo inicial sofreu interrupção a partir de 2003, sendo que a partir de então a articulação passou a ser feita diretamente pelo Governo Estadual, restringindo as oportunidades de participação social nos processos de decisão. Palavras-chave: descentralização político-administrativa; Conselhos Regionais de Desenvolvimento (RS); Secretarias de Desenvolvimento Regional (SC); desenvolvimento regional; governança territorial INTRODUÇÃO Em obra recente, ao analisar a experiência histórica de descentralização no Chile, Boisier (2011, p. 519) mencionou uma frase atribuída ao ex-presidente Pinochet: La administración se descentraliza; el poder jamás! Neste artigo, parafraseia-se a frase mencionada, no entanto, com menos radicalidade. Apesar de entender que a frase ainda reproduz a situação majoritária das principais experiências brasileiras e latinoamericanas de descentralização, é necessário reconhecer alguns avanços. Propõe-se sistematizar avaliações realizadas sobre a situação, os desafios e as potencialidades de experiências brasileiras de descentralização político-administrativa, no âmbito intra-estadual, com destaque para a caminhada histórica dos estados de Santa Catarina (SC) e do Rio Grande do Sul (RS). O foco da análise é a eficácia de tais experiências no atendimento ao propósito maior dos processos descentralizatórios: distribuir, desconcentrar e/ou atribuir poder de decisão, na perspectiva da qualificação da prática democrática cidadã. Parte-se do entendimento de que algumas experiências brasileiras de descentralização político-administrativa intra-estadual podem ser concebidas como exemplos de 1 Artigo apresentado no XII Seminário Internacional da Red Iberoamericana de Investigadores sobre Globalización y Territorio RII, realizado em Belo Horizonte, entre os dias 1º à 4 de outubro de 2012, na UFMG.

institucionalização de novas escalas territoriais de governança, com vistas ao desenvolvimento (local, regional, territorial), enquanto outras precisam de avanços significativos para atender à perspectiva da descentralização. Sustenta-se, com isso, que não é possível generalizar as avaliações feitas sobre as experiências de descentralização no Brasil. Tem-se experiências com mais de 20 anos de continuidade, que, apesar de ainda não terem superado alguns desafios, apresentam potencialidades para avançarem; outras, iniciaram com bons propósitos na década de 1990, mas sofreram interrupção a partir dos primeiros anos do século XXI; em algumas delas, há mais autonomia da sociedade em relação ao Estado; outras, foram implantadas sob a articulação direta de governos estaduais, com níveis restritos de participação social; outras ainda, foram implantadas na gestão de um Governo Estadual, não tendo continuidade no período de governo seguinte. Portanto, as experiências têm um desafio em comum: ou avançam rumo à qualificação das formas de participação social na gestão pública, ou o nível de descrédito em relação a tais institucionalidades, em boa parte já presente, tende a aumentar cada vez mais. Como procedimentos metodológicos contemplar-se-á a sistematização de avaliações realizadas sobre experiências brasileiras de descentralização político-administrativa, no âmbito intra-estadual, resumindo resultados de investigações, coordenadas pessoalmente, ou por outros autores brasileiros, resgatando falas dos entrevistados, além de contemplar a percepção dos pesquisadores quando da sua inserção como observadores nos processos de descentralização. Recorre-se também à pesquisa documental. No caso da experiência do estado de SC, os resultados de dois projetos de pesquisa mereceram destaque: o primeiro, Gestão Territorial e Desenvolvimento: descentralização, estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento, capacidades estatais escalas espaciais da ação pública, coordenado pelo Prof. Dr. Valdir Roque Dallabrida; o segundo, Descentralização e reforma da gestão pública em SC, SP, MG, ES, PE e CE, coordenado pelo Prof. Dr. Walter Marcos Knaesel Birkner 2. Além da introdução e das considerações finais, o texto está dividido em três capítulos. O primeiro trata da motivação constitucional sobre descentralização político-administrativa e o reflexo nos Estados do RS e SC. O segundo contempla as principais análises sobre as experiências de descentralização dos Estados do RS e SC. O terceiro refere-se a alguns avanços possíveis e desejáveis na experiência dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento do RS. 1 DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA: MOTIVAÇÃO CONSTITUCIONAL E REFLEXO NOS ESTADOS DO RS E SC O tema da democratização e da participação cidadã, condições para que ocorra o compartilhamento Estado e sociedade na gestão pública, aqui referido como descentralização político-administrativa, é referido no Art. 1 da Constituição Federal. Art. 1.º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em um Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I a soberania; II a cidadania; III a dignidade da pessoa humana; IV os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V o pluralismo político. Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (Brasil, 1988). Ressalte-se a menção à soberania, à cidadania, ao pluralismo político e às formas de exercício da democracia, que, além da representativa, menciona a possibilidade do exercício direto, portanto, destacando a possibilidade de participação cidadã na gestão 2 Ambos os projetos de pesquisa contaram com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC).

pública. Assim, atendendo a esta diretriz, diferentes formas de conselhos gestores são previstos na Constituição Brasileira de 1988. Acompanhando a tendência democratizante, a partir de 1989, as Constituições Estaduais previram formas de descentralização político-administrativa, autorizadas pela Constituição Federal, que em seu Art. 43 permite aos Estados Federados a adoção de políticas voltadas ao desenvolvimento regional e local. Assim, as Constituições Estaduais, por aquilo que se chama de competência subsidiária, também estabeleceram em seus textos constitucionais, possibilidades neste sentido. Com isso, em vários estados brasileiros foram implantadas diferentes formas de descentralização da administração pública. Como exemplos, são bem conhecidas as experiências dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) no Estado do Rio Grande do Sul (RS), dos Fóruns de Desenvolvimento Regional Integrado (FDRIs) de meados da década de 1990 até 2002 e das Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs), com seus respectivos Conselhos de Desenvolvimento Regional (CDRs), a partir de 2003, no Estado de Santa Catarina (SC). Sobre as experiências do RS e SC, ao longo dos últimos anos ocorreu um grande esforço em divulgá-las, seja caracterizando-as quanto à seu histórico, sua estrutura organizacional e de funcionamento, em outros casos, avaliando-as, criticando-as, ou seja, apontando suas potencialidades e desafios. Para mencionar algumas publicações, destacam-se as seguintes: Dallabrida (2003; 2007; 2008; 2009; 2010; ); Frantz (2004); Veiga (2005; 2006); Birkner (2006; 2008); Dallabrida e Büttenbender (2008); Allebrandt (2010); Binotto, Ribeiro, Dallabrida e Siqueira (2010); Rudinick e Mattedi (2010); Filippim e Abrucio (2010); Büttenbender e Birkner (2011a/b); Allebrandt e Siedenberg (2011); Bandeira (2000; 2011); Siedenberg e Allebrandt (2011); Theis et all (2009); Theis (2011); Rover (2011) 3. Os Coredes do RS, trata-se da única experiência de descentralização político-administrativa intra-estadual, pós Constituição de 1988, que não sofreu nenhuma interrupção desde sua criação, tendo passado por seis administrações estaduais, de partidos políticos diferentes 4. Trata-se de uma experiência que já tem mais de 20 anos. Já a criação dos FDRIs em SC, na década de 1990, foi articulada pelas Associações de Municípios, juntamente com universidades e representações empresariais e sociais, tendo inicialmente assumido um formato muito semelhante ao dos Coredes, até pela sua proximidade geográfica. Outro fato a destacar é que, tanto no RS como em SC, as universidades comunitárias regionais tiveram um papel de destaque na articulação e assessoria técnica a estas institucionalidades. Com a implantação das SDRs de SC, via ação exclusiva do Governo Estadual, a partir de 2003, os FDRIs passaram por um processo de esvaziamento, até sua extinção. 2 ANÁLISES SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DE DESCENTRALIZAÇÃO DOS ESTADOS DO RS E SC As experiências de descentralização político-administrativa intra-estaduais do RS e SC, têm aspectos paradigmáticos, no entanto, apresentam desafios significativos que ainda precisam ser superados, conforme já registrado em diferentes investigações, o que já gerou dezenas de publicações. 3 A obra Dallabrida (2011a), além de referir-se às experiências de descentralização políticoadministrativa do Brasil, contempla capítulos com análises sobre a Argentina e o Chile. 4 Não faltaram tentativas de algumas administrações estaduais no sentido de esvaziar o papel dos Coredes. No entanto, o fato de que sua criação passou por processos intensos de debates regionais, houve formas variadas de resistência, desde partidos políticos, até universidades regionais e outras organizações da sociedade.

No Quadro 1 são sistematizadas as principais análises sobre a experiência de descentralização do Estados de SC. Como orientação metodológica, serão destacados os posicionamentos contidos nas obras, sem a preocupação de hierarquizá-los. Quadro 1 Análises sobre a experiência de descentralização do Estado de SC Questão central Análises Referência(s) A criação das SDRs Com a criação das SDRs, em 2003, os FDRIs perderam Birkner, 2008 provocou o esvaziamento dos FDRIs e Associações de Municípios, antes instituídos, considerados mais representativos dos interesses regionais. vitalidade devido ao fato de que acabou retirando destes o papel de protagonistas do processo de gestão do desenvolvimento, diminuindo o espaço de participação da sociedade. Os FDRIs pensavam o futuro; os CDRs não foram constituídos para isso; estão lá para decidir sobre aplicação de recursos do orçamento do Estado; logo não pensam o futuro, não pensam o desenvolvimento como projeto de uma região. Validade da experiência das SDRs como processo de descentralização e/ou desconcentração: sua existência é inquestionável; seu formato organizacional e de funcionamento é questionável (caráter restrito, considerando os princípios da descentralização; favorecimento a um bloco de poder hegemônico atualmente). Criaram-se estruturas de governo para substituir os fóruns, no entanto, o debate sobre o desenvolvimento virou uma questão de governo, não mais da sociedade. As SDRs se tornaram uma extensão do governo na região, não um órgão de articulação regional. Os CDRs não conseguem fazer a articulação regional; antes esta tarefa era feita pelas Associações de Municípios. A atuação governamental revelou que a ação do Governo com a criação das SDRs se sobrepõe às demais iniciativas, quase anulando a contribuição das instituições regionais no planejamento e gestão do desenvolvimento. Constata-se um acirramento da competição e não, como se esperava, um esforço coletivo e articulado visando a superação dos problemas regionais. A criação das SDRs, em vista de outras experiências regionais, é controvertida, gera gastos adicionais, fomenta o clientelismo e acima de tudo sufoca a sociedade civil nas suas manifestações de maior autonomia. As iniciativas são nitidamente de cima para baixo e provavelmente com impactos negativos em termos de efetiva descentralização. Com a criação das SDRs houve perdas profundas no aspecto político e no aspecto da aprendizagem social, porque na medida em que se cria uma estrutura governamental na região com a responsabilidade de articular o processo de gestão do desenvolvimento, há uma tendência à acomodação social. O processo de descentralização político-administrativa do Estado de SC apresenta características tanto de descentralização, como de desconcentração, mas verificase o predomínio do caráter de desconcentração, já que as definições táticas e estratégicas das políticas, bem como a definição da destinação da maioria dos recursos ocorrem no nível central, ou seja, nas Secretarias Estaduais de Governo, em Florianópolis. A existência das SDRs é inquestionável, não há volta. No entanto, sua operacionalização é que deve ser revista; se não ocorrer mudanças, a experiência recairá no descrédito, não só das SDRs, como de outras estruturas de gestão existentes nas regiões. Theis et all, 2009 Butzke, Theis e Goularti, 2009 ; Binotto, Ribeiro, Dallabrida e Siqueira, 2010; 2010 Tanto os FDRIs, como as SDRs e seus respectivos CDRs, Rover, 2011

Há falta de qualificação do quadro funcional das SDRs e predomínio de critérios políticos na sua indicação, fortalecendo relações clientelistas, com pouco profissionalismo. Atores mais prejudicados com a institucionalização das SDRs são os que representam os setores populares (segmentos socioeconômicos fragilizados, vulneráveis). expressam uma governança de perfil mais civil do que cívico. A tendência a um perfil civil gera uma governança oligárquica e/ou tutelada/legitimadora. Estas formas de governança limitam uma adequada institucionalização de tais fóruns e a construção de processos horizontais de negociação de interesses e priorização, afastando-os, por hora, do ideal de uma governança cívica, que permita uma participação das diferentes representações, de forma paritária, sem quaisquer formas de exclusão e/ou restrição. As SDRs não cumpriram com o propósito da descentralização, mas favoreceram a constituição de um forte bloco de poder político-partidário, capaz de reproduzirse em novos mandatos à Governador Estadual, com a participação dos partidos aliados da base de sustentação do Governo que os instituiu em 2003. Uma das críticas recorrentes é o fato das SDRs serem compostas de entre 15 a 20 cargos vinculados aos partidos da base governista, podendo fortalecer relações clientelistas ao invés de atenuá-las. Analisado por este prisma, é possível afirmar que o governo adotou uma estratégia de descentralização concebida de cima para baixo, em vez de valorizar e estimular as iniciativas endógenas de planejamento regional já existentes no Estado, como o exemplo dos FDRIs e Associações de Municípios. Há constantes manifestações sobre a falta de qualificação dos recursos humanos que atuam nas SDRs e o questionamento do critério político para sua indicação. Com isso, impera a ideia de que acaba sendo um cabide de empregos. Há também a manifestação dos entrevistados sobre o excesso de funcionários nas SDRs. A necessidade de melhor qualificação é apresentada como indispensável para qualificar o processo de descentralização, atingindo desde os funcionários até os membros dos CDRs. Os atores mais prejudicados com a institucionalização das SDRs é a sociedade civil e desta os setores mais fragilizados, tais como as representações da agricultura familiar, as ONGs e os setores populares. Enquanto isso, fortaleceram-se os atores políticos. Justifica-se, dentre outros motivos, pelo fato de que até mesmo os representantes da sociedade, sua indicação é feita por critérios de preferência política, pelos prefeitos dos municípios. Alguns entrevistados chegam a afirmar: os conselhos se partidarizaram e a sociedade ficou de fora. É questionável o discurso descentralizador e territorialmente participativo dos enfoques do desenvolvimento regional, como no caso das SDRs, com o que na maioria das vezes ocorrem processos de desconcentração, ao invés de descentralização. Mais: a ampliação da participação tem sido de maneira geral seletiva, especialmente em relação aos segmentos socioeconômicos mais vulneráveis. Organizações que representem ou tenham uma proximidade de interesse com trabalhadores e grupos em condições mais vulneráveis têm uma representatividade muito restrita. Os mais organizados são os que participam e se beneficiam da maioria dos recursos financeiros, apesar do pouco volume. A representação das classes trabalhadoras e dos setores populares nos CDRs é muito frágil e insignificante. Alguns Theis, 2011 Birkner, 2008 ; ; Bütenbender, Rover e Birkner, 2009 Rover, 2007; Ribeiro, 2009 Rover, 2011

O papel atribuído aos Comitês Temáticos é significativo, mas a prática de funcionamento é restrita e viciada. No processo de funcionamento das SDRs e CDRs, o nível de participação social é restrito. Por outro lado, percebese concentração de poder por parte do Governo e setores políticos (Prefeitos, Vereadores, Deputados, Secretários Estaduais, Senadores, Governador), predominando o debate sobre distribuição de recursos entre municípios. representantes de entidades populares entrevistados, relativizam o papel de representação social dos CDRs e dizem mesmo desconhecer o funcionamento das SDRs. Consideram que há falta de debate e discussão dos projetos apresentados. A influência do poder político nas atividades dos comitês e do conselho subverte o processo, com o que os conselheiros acabam votando pela pressão política, por medo de poder receber represálias políticas. Aponta-se nas entrevistas que poucos Comitês Temáticos têm um bom funcionamento, argumentando-se que se justifica pelo pouco tempo que operam. Aponta-se: desmobilização dos mesmos; uma certa antipatia por parte dos conselheiros em relação aos mesmos, em função de seu poder de obstaculizar o encaminhamento de demandas; reclama-se que os mesmos carecem de exercer seu papel técnico, ou por falta do mesmo, ou por omissão, sendo vítimas de manipulação pelos atores com mais poder (os políticos); participação não paritária (participa mais os funcionários públicos); necessidade de rever o horário das reuniões; pouca divulgação de sua função; interferência política nas suas decisões. Com relação à participação social antes e depois da instituição das SDRs, afirma-se: as entidades de classe, associações empresariais, universidades, estavam mais presentes nos FDRIs; nas SDRs, participam as representações que veem alguma possibilidade de se beneficiar financeiramente; nos FDRIs a participação era mais voltada ao debate das questões regionais, que poderiam se transformar em projetos com recursos financeiros, ou não; nas SDRs, pouco se discute questões sobre desenvolvimento regional, se discute distribuição de recursos disponíveis no orçamento do Estado e o desenvolvimento não se faz só com ações do Estado. A atuação do Governo Estadual na experiência catarinense pode ser considerada uma forma de concentração de poder. A partir de 2003, o processo de descentralização, ao contrário do esperado, passa a ser usado como mecanismo de concentração de poder. Isto porque se, por um lado, a atuação do governo catarinense é propagada como maneira de se aproximar do cidadão, por outro se construiu ali uma estratégia político-partidária de consolidação no poder da coalizão política dominante no Estado. A autonomia compartilhada e o acesso ao poder decisório pelas regiões estão ainda longe de se concretizar. O fórum dos FDRIs era apartidário, enquanto as SDRs são uma estrutura de governo; os CDRs não substituem a dimensão de fórum, pois as pessoas que estão lá orientam suas decisões de acordo com a visão do partido do governo, dos políticos que tem mais poder de influência; os CDRs são uma extensão da SDRs e há interferência da dimensão partidária nas decisões. Os mecanismos de participação e de controle por parte da sociedade civil ainda precisam ser reforçados, especialmente na formação, adequação e avanço das atribuições dos CDRs. Não há uma simetria na representação de interesses e na negociação dos processos decisórios, além da falta de autonomia em relação aos governos. ; 2010; ; ; Rover, 2011 Filippim e Abrucio, 2010; Theis, 2011 ; Filippim e Abrucio, 2010 Rover, 2011 A falta de autonomia Critica-se a falta de autonomia financeira das SDRs, pois

financeira e política, compromete as possibilidades de autonomia das SDRs: impera a lei do aprova tudo, sem critérios de priorização das propostas apresentadas. Os CDRs assumem, com isso, um caráter figurativo. Há problemas quanto à escala espacial nos processos de planejamento e gestão do desenvolvimento: recortes territoriais das SDRs desconsideram outros, com maior identidade e abrangência regional; recortes minúsculos restringem a discussão de ações ou programas estruturantes, predominando ações localistas ou municipalizadas. assim não existem critérios de definição de prioridades, predominando a ideia do aprova tudo, ficando o poder de decisão sobre os recursos para o governo e as secretarias centrais. Ou seja, as reuniões dos CDRs passam ter um caráter apenas homologatório. Assim continuando, a relação de dependência para com as Secretarias Setoriais, o que representa centralização, mantém continuidade. Há insistentes reclames sobre a falta de autonomia política, de decisão, por parte dos CDRs. Ocorre que esta parece resultar da falta de autonomia financeira, ou seja, a necessidade da regionalização do orçamento estadual. Ocorre um centralismo orçamentário, operado pelas Secretarias Setoriais do Estado. Sugerem alguns entrevistados que pouca validade tem um processo descentralizador, se não houver desconcentração dos recursos financeiros. Há uma constante reclamação sobre o fato de que as demandas apresentadas pelos conselheiros serem pouco consideradas; como não existe critério de priorização e orçamento para cada SDRs, a decisão sobre o atendimento das demandas fica centralizado nas Secretarias Setoriais do Estado, ou resultam de pressões de políticos ou lideranças. Nos CDRs pouco se discute interesses regionais, sim interesses dos conselheiros, que representam demandas dos municípios. Assim, as SDRs têm dificuldade de fazer um planejamento com escala no mínimo regional. As SDRs foram criadas com recortes territoriais diferentes das Associações de Municípios. Com isso, a regionalização resultante deixou de ser a mais adequada para a orientação das ações de desenvolvimento, além de relativizar ações regionalizadas, deixando de contemplar uma escala adequada para o planejamento. Recortes territoriais minúsculos das SDRs, reduzem a possibilidade de programas regionais, resumindo-se as ações a um somatório de demandas municipais, criando dificuldades de planejar ações intermunicipais. Além disso, algumas ações e projetos, necessariamente, precisariam terem dimensão que vai além do recorte das SDRs. O recorte territorial das SDRs, feito por decreto, não atende às questões de identidade regional, o que ocorria e continua ocorrendo mais, no caso das Associações de Municípios. Na experiência das SDRs se verifica um predomínio do nível setorial diante do nível territorial, na medida em que as demandas dos Conselhos são mais pautados por instituições e problemáticas setoriais, do que por uma estratégia ou dinâmica de planejamento ou organização territorial. Embora a descentralização tenha alcançado parte de seus objetivos, a pesquisa revela que os investimentos, em muitos casos, são repassados a projetos municipais e não regionais, ressentindo-se de investimentos em áreas estratégicas de abrangência regional. Prioriza-se o sistema de projetos de balcão, ou balcão de troca de favores, ao invés de programas integrados de desenvolvimento. Com isso a questão da escala de ação pública fica prejudicada. A visão das SDRs foi deturpada: o objetivo era definir em conjunto os projetos estruturantes de desenvolvimento regional; resumiu-se em distribuição de ; ; Bütenbender, Rover e Birkner, 2009; 2010 Rudinick e Mattedi, 2010

A questão da escala inadequada, agravase pela superposição de regionalizações. Apesar de iniciativas incipientes, há uma insuficiente valorização do papel das Universidades Regionais e até a desconsideração sobre a contribuição que poderiam dar na qualificação do processo. recursos para projetos desintegrados. Não coincidindo as regionalizações, não há uma ação conjunta, se perdendo energias. A redivisão de SDRs, ocorrida nos anos subsequentes a sua criação, enfraqueceu as regiões, pois ocorreram fracionamentos territoriais sem muitos critérios técnicos. Com isso, os debates que ocorrem nos CDRs têm dificuldade de definir projetos regionais. A prática de projetos desintegrados é agravada por uma superposição de regionalizações com políticas diferenciadas. As SDRs foram criadas sem uma compatibilização com a organização já existente nas regiões, tanto associações de municípios quanto aos FDRIs, ou Agências de Desenvolvimento já existentes anteriormente. Apesar de algumas iniciativas recentes, tal como a destinação de recursos de editais da FAPESC, especificamente para as regiões, através dos quais algumas universidades aprovaram projetos regionais, percebe-se uma insuficiente valorização do papel das Universidades Regionais, como colaboradoras, assessorando o processo de descentralização, contribuindo na capacitação dos funcionários das SDRs e dos conselheiros, realizando pesquisas que apontem problemas e potencialidades regionais. Oportunidades e Indicativos Para a maioria dos entrevistados, o processo de descentralização é indiscutível, irreversível, não tem volta. São necessárias reformulações nas SDRs. Da mesma forma, os CDRs são importantes, pois, em parte, impedem o centralismo das Secretarias Setoriais do Estado. Há críticas sobre sua inoperância, desconsideração de seu papel e forma de constituição. Em relação ao debate sobre a necessidade de redução do número de SDRs, existem prós e contras. Um menor número, ao mesmo tempo que dificulta uma maior qualificação do processo, facilita a participação da sociedade. A questão da não fragmentação territorial para o planejamento regional, a questão da identidade territorial, da possibilidades de dinamização de regiões deprimidas, dentre outros, sejam fatores a serem considerados na sua redefinição. A descentralização permitiu a emergência de lideranças políticas inéditas, nas regiões do interior do Estado, fortalecendo, também, o papel dos Prefeitos Municipais, além de valorizar os funcionários mais qualificados das SDRs, funcionários concursados, os quais discordam da prática de indicação política de novos colaboradores. Há pequenos avanços no sentido de iniciar o questionamento das lideranças políticas clientelistas. Reconhece-se, que o Estado, com as SDRs, está mais presente nas regiões. O diálogo da população e administradores municipais com o Governo Estadual é intensificado, por exemplo, por meio de contatos com os Secretários Regionais. Uma maior exposição dos gestores públicos poderá contribuir para que se tornem mais atentos às expectativas da sociedade civil organizada. No processo eleitoral de 2010, nem mesmo os partidos de oposição ao governo que criou as SDRs, rejeitou a experiência. Todos os candidatos defenderam a descentralização, mesmo que o principal motivo que gera o apoio popular pareça ser o fato de acreditarem que em o Estado estando mais perto, resulte numa maior perspectiva de conseguir acessar mais recursos públicos para a região. Para superar as ações desarticuladas, pelas diferentes regionalizações das ações governamentais (União, Estados e Municípios), alguns defendem a institucionalização de um grupo gestor, com o fim de oportunizar uma articulação da gestão das ações de desenvolvimento regional. Outra sugestão é a constituição de Consórcios Intermunicipais de Desenvolvimento. Em geral, há o reconhecimento do caráter de inovação da experiência das SDRs. Rossetto et all, 2008 ; Referência(s) Cogo 2011; Cogo 2011; Cogo 2011; 2011 Cogo 2011 Cogo 2011; 2010b

Apesar dos aspectos questionados, é reconhecida como uma resposta às demandas regionais dos atores políticos, econômicos e culturais. Os processos de descentralização, tal como a experiência das SDRs, multiplicaram o ambiente de diálogo regional, além de representar oportunidade de transparência na gestão pública, tornando públicos os debates sobre projetos regionais. Em relação à autonomia dos municípios e da região, muitos mencionam que com as SDRs estes têm mais oportunidade de buscar alternativas endógenas. Também a regularidade das reuniões, oportuniza um intercâmbio de experiências e informações entre os gestores públicos e representantes da sociedade civil. Apesar dos desafios e deficiências das SDRs, ao estabelecer uma nova instância no processo decisório de formulação das demandas locais e regionais, a descentralização interfere nas tradicionais relações de clientelismo, há muito tempo estabelecidas entre os parlamentares e suas regiões. No caso das SDRs, apesar dos problemas ainda existentes, é razoável o reconhecimento dos entrevistados sobre o papel dos Comitês Temáticos, de filtragem e análise técnica sobre a viabilidade das demandas apresentadas nos CDRs, desempenhando, assim, uma função essencial no processo de descentralização. A melhoria do funcionamento, qualificaria o processo de descentralização. Vários entrevistados sugerem que o processo de descentralização seja aprofundado, radicalizado, valorizando a participação dos atores regionais e da sociedade civil. Uma oportunidade estratégica de avanço sugerida é uma atribuição de maior poder ao Secretário Regional, principalmente, diante dos ocupantes do cargo nas Secretarias Setoriais. Fonte: Elaboração própria, com base em: Büttenbender e Birkner (2011a/b) Cogo 2011; Cogo 2011; Estas são as principais impressões contempladas na produção acadêmica que analisa a experiência de descentralização político-administrativa do Estado de SC. Na sequência, no Quadro 2, resumem-se análises sobre a experiência dos Coredes no RS. Quadro 2 Análises sobre a experiência de descentralização do Estado do RS Questão central Análises Críticas Referência(s) Há necessidade de articulação institucional no processo de Análises realizadas apontam para a precariedade da prática dos Coredes na elaboração dos seus planos estratégicos de desenvolvimento. Esta crítica pode ser relativizada, considerando avanços havidos 5. Veiga, 2006; Dallabrida e 2008 planejamento e gestão do desenvolvimento regional (Coredes, Agências e Consórcios). Necessidade de fortalecimento da articulação dos Coredes com as agências e/ou consórcios regionais e municipais de desenvolvimento existentes ou que venham a ser criados, gerando institucionalidades que contemplem a dimensão tático-operacional, assumindo a gestão das demandas e proposições estratégicas de desenvolvimento das regiões e do próprio Estado, propostas nas instâncias dos Coredes 6. Dallabrida e 2008; Dallabrida e Zimmermann, 2009 Ação dos Coredes está demasiadamente centrada na definição de prioridades para a aplicação de parte do orçamento estadual nas regiões. A estratégia dos governos estaduais das últimas legislaturas, de destinar uma parcela, muito pequena, do orçamento estadual, para ser decidida sua aplicação, a partir de votações regionais, em grande parte contribuiu para desviar a ação anual dos Coredes da sua principal missão, ou seja, elaborar projetos consistentes que pudessem ser objeto de pactuação para a implementação de estratégias de desenvolvimento regional. Assim, envolvem-se em questões de baixa repercussão regional, até porque os valores orçamentários disponibilizados para a decisão regional são insignificantes, abdicando do papel de articulador central. Veiga, 2006; Siedenberg e Allebrandt, 2011 O processo de A eleição para escolha dos representantes dos segmentos Dallabrida e 5 Durante 2009 e 2010, o Fórum dos Coredes coordenou um processo de planejamento estratégico em todas as 28 regiões dos Coredes do RS. Foi um processo acompanhado por equipes técnicas de universidades regionais, tendo resultados satisfatórios na maioria das regiões. 6 Recentemente o tema foi tratado em: Dallabrida e Zimmermann (2009).

decisão nos Coredes ainda sofre interferência governamental e corporativa. A gestão interna nos Coredes é prejudicada pela existência de lideranças centralizadoras e despreparadas. Necessidade de maior inserção dos Coredes nas demais instâncias de decisão. da sociedade que participam dos fóruns decisórios dos Coredes sofre ainda demasiada interferência, tanto governamental como corporativa. Contempla mais uma visão estadocêntrica e não sociocêntrica, dada a ainda pequena participação da sociedade civil. Há ainda uma pratica de lideranças que se perpetuam em cargos de direção. Isso ocorre muitas vezes pelo desinteresse regional em assumir tais cargos, pelo fato de que a função de diretoria é exercida voluntariamente. Necessidade de empreender programas de capacitação das lideranças e agentes envolvidos com as estruturas, mecanismos e movimentos de promoção ao desenvolvimento, além dos membros dos Coredes. Há a necessidade de maior inserção das lideranças nos diferentes espaços de governança, nos diferentes níveis da gestão pública (federal, estadual e municipal) e demais agentes, internos e externos, de promoção do desenvolvimento. A capacitação dos atores sociais envolvidos e de seus dirigentes é essencial. Oportunidades e Indicativos Sobre a estrutura legal que disciplina a organização e a ação dos Coredes, em geral, seu Estatuto e o Regimento Interno, contemplam minimamente a possibilidade de suas instâncias se transformarem em espaços de concertação público-privada 7 capazes de contribuir para a gestão societária do desenvolvimento. Os Coredes são considerados como lugares sociais de educação política. É uma experiência com sentido pedagógico, voltada para a formação democrática dos cidadãos. Os Coredes foram criados com a finalidade de suprir a falta de articulação regional do Estado, constituindo-se, simultaneamente, em instrumentos de mobilização da sociedade, capazes de aprofundar a compreensão dos problemas regionais e em canais de comunicação com a administração pública. Considerando os Coredes como experiência gaúcha de organização da sociedade para a gestão do desenvolvimento, os esforços de articulação e concertação têm mais possibilidades de sucesso quando existem, nas regiões, organizações dotadas de credibilidade que se disponham a proporcionar apoio operacional efetivo e continuado a essas iniciativas. Embora as Associações de Municípios tenham desempenhado um papel significativo em muitos casos, em geral foram as Universidades que serviram como principais mobilizadoras. A experiência dos Coredes, com sua dinâmica organizacional e de funcionamento, tem servido para a qualificação da ação de legisladores e governantes. A eficácia de estruturas de governança territorial como os Coredes, é relativizada por vários fatores, dentre os quais podem ser destacados os seguintes: (1) além dos fóruns constitutivos dos Coredes existem arenas de disputa de poder alternativas, tanto no campo empresarial/corporativo, como no campo popular; (2) a eleição dos representantes sofre demasiada interferência, tanto governamental como corporativa; (3) a relação entre governo e sociedade civil difere regionalmente, segundo fatores como o grau de associativismo e a orientação político-ideológica do Poder Executivo; (4) o contexto interno dos Coredes difere, pela história de sua estruturação e prática de funcionamento e 2008; Siedenberg e Allebrandt, 2011 Allebrandt, 2010 Dallabrida e 2008 Dallabrida e 2008 Dallabrida e 2008; Siedenberg e Allebrandt, 2011 Referência(s) Dallabrida e 2008; Siedenberg e Allebrandt, 2011 Frantz, 2004 Bandeira, 2000; Bandeira, 2000; Veiga, 2005; 2006 Siedenberg e Allebrandt, 2011 2008 7 Concertação público-privada, ou simplesmente, concertação social, é entendida como o processo em que representantes das diferentes redes de poder socioterritorial, através de procedimentos voluntários de conciliação e mediação, assumem a prática da gestão territorial de forma democrática e descentralizada ( 2007).

pela trajetória das forças sociais e institucionais que neles atuam, fazendo com que sua efetividade seja diferenciada regionalmente. Considerando as exigências atuais de novas estruturas de governança territorial que facilitem a gestão dos interesses coletivos, a experiência gaúcha dos Coredes, é inédita. É necessário, no entanto, assumirem efetivamente o papel de espaços de concertação público-privados, espaços de negociação, constituição de consensos, gestão de conflitos, produção de pactos socioterritoriais 8, ou seja, projetos de desenvolvimento produzidos coletivamente pelos representantes das diferentes redes de poder socioterritorial 9. O fato de que os Conselhos Regionais terem sido ao longo do tempo, compostos e liderados por pessoas de diferentes orientações políticas, contribuiu para dar credibilidade ao exercício dessa autonomia. Não obstante as dificuldades, os Coredes têm conseguido alcançar resultados concretos positivos e atuam de forma autônoma em relação às instâncias governamentais. Os Coredes são espaços gerados sob a inspiração de lideranças sociais e políticas, além de intelectuais que defendiam uma maior participação cidadã na gestão pública. Como tal, são espaços que expressam novas relações de poder, ampliando a democracia e a cidadania através do controle social. Coredes devem se constituir em adequado fórum para que gestores e agentes públicos locais, iniciativa privada, organizações sociais e instituições de ensino e pesquisa da região mediassem situações, levantassem oportunidades e vocações e adotassem iniciativas de solução e mudança Num país onde as inovações institucionais deste tipo costumam ser longevas, as razões para a longevidade dos Coredes se devem a atuação autônoma em relação as instâncias governamentais, com coordenação independente e articulada pelo fórum estadual. No interior de cada processo de desenvolvimento a qualidade somente poderá ser revelada e conquistada através da crescente organização, cooperação e participação da população, e de suas instâncias de representação, no processo decisório e nos frutos do desenvolvimento. Fonte: Elaboração própria, adaptada de: Büttenbender e Birkner (2011a/b) 2008 Bandeira, 2000 2008 Coelho, 2010 Bandeira, 2010 2010 É interessante destacar que as análises críticas sobre a experiência dos Coredes são em menor número, considerando as que já foram feitas sobre a experiência de descentralização do Estado de SC. Mesmo não desconsiderando outros motivos, um deles, é o fato de que na experiência catarinense de descentralização, alguns aspectos chamam mais a atenção. Cabe destacar duas questões. A primeira, o fato de que a experiência de SC, iniciada na segunda metade da década de 1990 com os Fóruns Regionais, sofreu um processo de interrupção em 2003, com a criação das SDRs. A maioria das análises acadêmicas consideram a criação das SDRs, não um avanço, ou uma inovação, mas um retrocesso, por vários motivos, dentre os quais, o fato de que foi criada uma nova regionalização por decreto, desrespeitando ou se sobrepondo às regionalizações anteriores, em vários casos, interferindo na identidade territorial historicamente construída regionalmente. Mais: desconsiderou-se tanto os recortes territoriais, como o processo e estrutura organizacional da experiência anterior, dos FDRIs. 8 A expressão pacto socioterritorial é aqui proposta para referir-se aos acordos ou ajustes decorrentes de processos de concertação social, que ocorrem entre os diferentes representantes de uma sociedade organizada territorialmente, relacionados à definição de seu projeto de desenvolvimento futuro. A construção de pactos, considerando a concepção teórica aqui defendida, é indispensável que sejam protagonizados pelos representantes das chamadas redes de poder socioterritorial de um determinado território ou região ( 2007). 9 Redes poder socioterritorial é um termo que se propõe utilizar para referir-se a cada um dos segmentos da sociedade organizada territorialmente, representados pelas suas lideranças, constituindo-se na principal estrutura de poder que, em cada momento da história, assume posição hegemônica, tornando-se capaz de dar a direção político-ideológica ao processo de desenvolvimento ( 2007).

Outro questão, recorrentemente mencionada em várias publicações, é a questão da representatividade social nos fóruns de debate e decisão das SDRs e seu respectivo Conselho. Um estudo feito em 2010, publicado recentemente Cogo (2011) e Cogo e Dallabrida (2012) -, chega a importantes constatações. Uma delas, demonstra que o marco jurídico das 36 SDRs de SC, com seu respectivo Conselho, prevê a seguinte formação: como membros natos, o Secretário de Estado, o Prefeito Municipal e o Presidente da Câmara de Vereadores dos municípios da região; mais dois representantes da sociedade civil, por município da região de abrangência, indicados pelo Prefeito e nomeados pelo Governador do Estado. As normas de funcionamento são definidas por decreto emitido pelo Poder Público Estadual. Já os 28 Coredes do RS estão constituídos como pessoa jurídica de direito privado, com estatuto próprio, sem a interferência explícita do estado na sua organização e funcionamento. A Assembleia Geral é seu órgão máximo de deliberação, com a seguinte formação: os prefeitos municipais, os presidentes das Câmaras de Vereadores da região e os deputados estaduais e federais com domicílio eleitoral na região, como membros natos; um representante de cada instituição de ensino superior da região e um representante, e respectivo suplente, por município da região, de cada segmento organizado da sociedade civil, tais como associações, sindicatos, fundações, clubes de serviço e conselhos setoriais municipais, com mandato de dois anos, com direito a uma reeleição, indicado pelos seus pares. Pela análise, é possível afirmar que o marco jurídico dos Coredes permite uma maior participação social, pois, prevê a participação nos processos decisórios regionais, além do setor público, dos representantes de instituições regionais e de todos os segmentos da sociedade civil organizada. Contrariamente, nas Secretarias e respectivos Conselhos de Desenvolvimento Regional de SC, apesar de estar prevista a participação paritária entre o setor público e a sociedade civil, a indicação e nomeação dos integrantes é atribuição do Governo Municipal e Estadual, com o que entende-se que fica comprometida a representatividade dos membros da sociedade civil nos processos decisórios. Pelo que se observa acerca da representação da sociedade civil nos CDRs, pode-se afirmar ainda: primeiro, que os representes são definidos segundo o crivo pessoal do Poder Executivo Municipal e Estadual; segundo, que contempla, como membros da sociedade civil, majoritariamente, representantes do setor empresarial ou de órgãos públicos, o que restringe a participação social no processo decisório, especialmente, dos segmentos populares (Cogo e 2012). É fundamental registrar que as avaliações críticas aqui referidas, não reduzem a importância e os aspectos positivos das experiências de descentralização dos estados de SC e RS. No caso da experiência catarinense, considerando entrevistas realizadas, grande parte das críticas têm origem no fato de que lideranças sociais e políticas regionais entendem que, com a criação das SDRs, ocorreu uma partidarização do processo de descentralização, além do fato de que o Governo do Estado passou a desempenhar o papel de ator principal, induzindo a dinâmica e reduzindo a influência da sociedade no processo. Além disso, é considerado mais como um processo de desconcentração de estruturas estatais, atingindo muito parcialmente a dimensão da descentralização. Por outro lado, a experiência de descentralização do RS, que iniciou no início da década de 1990, é a única, que mantém continuidade na forma como foi estruturada originalmente. Apesar de momentos de crise, tem sua continuidade, independente da ação do Governo do Estado 10. A deferência ao histórico de descentralização político-administrativa intra-estadual do RS remete a que se mencione algumas perspectivas de avanços na experiência dos Coredes. 3 AVANÇOS POSSÍVEIS OU DESEJÁVEIS NA EXPERIÊNCIA DOS COREDES 11 10 Conf.: Büttenbender e Birkner (2011a/b). 11 Dallabrida (2012) aprofunda este tema. Aqui, a abordagem restringe-se a breves referências.

Apesar das avaliações críticas feitas na seção anterior, é possível afirmar que algumas experiências brasileiras de descentralização, como, por exemplo, os Conselhos Regionais de Desenvolvimento do RS, podem ser consideradas institucionalidades com reais possibilidades de contribuir para avançarmos na prática da democracia, construindo alternativas de desenvolvimento (local, regional, territorial) que tenham como critério de prioridade o atendimento de necessidades e interesses da coletividade atingida. Resta identificar quais as potencialidades atuais e quais mudanças são necessárias para que tais arranjos institucionais de governança territorial venham a prestar-se a uma prática mais avançada de democracia e gestão das coisas públicas, que associem práticas de democracia representativa com democracia deliberativa ( 2012). Reafirma-se, então, que, ao referir-se aos Coredes, se está frente a uma experiência de governança territorial termo mencionado aqui para referir-se às iniciativas ou ações que expressam a capacidade de uma sociedade organizada territorialmente, para gerir os assuntos públicos a partir do envolvimento conjunto e cooperativo dos atores sociais, econômicos e institucionais ( 2007) - que pode avançar para uma prática que combine democracia representativa e deliberativa, ou participativa. Os Coredes seriam, então, considerados uma estrutura de governança territorial. Mas, o termo governança precisa ser qualificado. Segundo Ferrão (2010, p. 130), a emergência do tema governança resulta de debates que têm como pano de fundo (...) a necessidade de transcender as limitações das concepções modernas até então prevalecentes sobre o Estado e, genericamente, sobre o mundo, a humanidade e o futuro. Ressalta o autor que podem ser apontadas quatro frentes de debate: a primeira, como reforma administrativa do Estado, intencionando o aprofundamento da democracia e a melhoria da eficiência da ação pública através de uma maior proximidade com os cidadãos; segundo, como reformulação do papel do Estado, representando a transição de um Estado diretamente interventor e executor, que atua de forma verticalizada e setorializada, uma visão de comando e controle, para outra concepção do papel do Estado centrada em intervenções de natureza, sobretudo reguladora e estratégica, valorizadoras de relações diversificadas com distintos atores e crescentemente organizadas em rede; terceiro, como alternativa de democracia participativa e deliberativa, reforçando a convicção de que o aprofundamento da democracia pressupõe um maior acesso às soluções participativas e deliberativas; quarto, fazendo referência à europeização dos processos de decisão, com destaque para formas de governança territorial multiníveis, o método intergovernamental de cooperação, a convergência voluntária entre políticas nacionais dos Estados-Membros e a coordenação territorial de políticas. Ressalta ainda Ferrão (2010, p. 133) que a emergência do tema governança traduz posições político-ideológicas distintas, embora todas elas afetando a concepção moderna do papel do Estado: visões econômicas neoliberais (governança desregulamentadora), visões civilistas pós-modernas (governança diversificadora) e visões neo-modernas (governança reguladora, estratégica e colaborativa). Reafirma o autor que estas várias visões coexistem em todas as sociedades, às vezes de forma explicitamente conflituosa, outras de um modo aparentemente pacífico, suscitando, não raro, equívocos tanto no âmbito dos projetos nacionais dos diversos Estados, como no contexto do projeto europeu. Referindo-se aos processos em curso na Europa, lembra Ferrão que algumas ideias-chave, recorrentemente, estão associadas aos processos de governança, tais como, descentralização, responsabilização, participação, coordenação, cooperação, parcerias e contratualização. Complementarmente, para Farinós Dasí (2008), a governança territorial pode ser encarada de dois pontos de vista: como mera aplicação dos princípios de boa governança às políticas territoriais e urbanas; ou como um processo de planejamento e gestão de dinâmicas territoriais numa óptica inovadora, partilhada e colaborativa. Reafirma a segunda opção como a mais desejada sob o ponto de vista do avanço da democracia, com o que concordase pessoalmente.