A INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA NA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES NO CLIMATÉRIO Bruna de Moraes Perseguim - bruna_kimi@yahoo.com.br Fernanda Aline de Alencar - fernandinha24_aline@hotmail.com Ana Cláudia de Souza Costa - anaclaudia@unisalesiano.edu.br RESUMO O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o período não reprodutivo da mulher. Geralmente ocorre em mulheres na faixa etária de 45 a 65 anos. É caracterizada pela queda progressiva dos níveis de estrogênio e interrupção dos ciclos menstruais (menopausa), causando diversas alterações físicas e psíquicas que interferem na qualidade de vida da mulher. A atuação da fisioterapia irá proporcionar a estas mulheres, através de exercícios fisioterapeuticos, melhora do seu condicionamento físico, ajudando a prevenir quaisquer complicações, e trará também benefícios psicológicos, que as reintegrarão ao meio social, melhorando sua qualidade e estilo de vida. Palavras-chave: climatério; saúde da mulher; qualidade de vida; fisioterapia. INTRODUÇÃO No decorrer de sua vida, a mulher passa por um período de transição significativo em relação a sua fertilidade, ocorrendo intensas modificações no organismo feminino, tanto em nível físico quanto psíquico, sendo um período de grande importância clínica. (BARACHO; ALMEIDA; GUIMARÃES, 2007). O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o nãoreprodutivo da vida da mulher, estendendo-se até os 65 anos de idade. A menopausa é o marco dessa fase, correspondendo ao último período menstrual, somente reconhecida após passados 12 meses da sua ocorrência. (WENDER, et al, 2006). Entre 40 e 50 anos de idade, a mulher apresenta irregularidades do ciclo sexual, muitas vezes não ocorrendo a ovulação. Após alguns meses ou anos, esse ciclo cessa totalmente, fazendo com que a taxa de hormônios femininos se reduzam a zero. Este evento é denominado menopausa. (GUYTON; HALL, 2006). Guyton e Hall (2006) também descrevem que nesta nova fase da mulher, ela precisa reajustar sua vida, pois a queda de estrogênios geralmente causam mudanças fisiológicas marcantes como fogachos, sensações psíquicas de dispnéia, irritabilidade, fadiga, ansiedade, ocasionalmente estados psicóticos diversos e diminuição da resistência e calcificação dos ossos no corpo inteiro, 1/5
atingindo de forma considerável 15% das mulheres, necessitando de tratamento específico. De acordo com Baracho, Almeida e Guimarães (2007), estima-se que 755 das mulheres apresentarão sintomas variados no climatério. Dentre eles, destacam-se irregularidade menstrual, aparecimento ou agravamento de quadro de tensão prémenstrual e cólica menstrual, palpitações, tonteiras, cansaço, memória fraca, cefaléia, dores articulares, ansiedade, irritabilidade, insônia, depressão, dispareunia, prurido vulvar, pele ressecada, síndrome uretral urgência miccional, cistite -, osteoporose a aterosclerose. A onda de calor ou fogachos é também um sintoma comum sendo definido como uma alteração neurovegetativa no tronco superior, pescoço e face, que eleva a temperatura da pele em até 5ºC e dura de dois a cinco minutos. Segundo Filho e Costa (2008), a relação entre esses sintomas e qualidade de vida relacionada à saúde ainda é assunto bastante controverso e pouco discutido entre profissionais da área da saúde. O número de mulheres que se preocupam em ter uma vida saudável vem aumentando a cada dia, principalmente no que se refere a estar livre de problemas de saúde que venham a prejudicar o seu dia a dia, seus relacionamentos interpessoais e o trabalho. As características de uma vida longa são fator primordial de se ter uma qualidade de vida relacionada à saúde. De acordo com Góis e Roveratti (2007), todas as alterações durante o climatério ou quase todas poderiam ser amenizadas, pois há vários recursos dentro da medicina (reposição hormonal) e dentro da fisioterapia que poderiam ser usadas a fim de aliviar esses sintomas e fazer com que a mulher transcorra essa fase de uma maneira menos sofrida. Baracho, Almeida e Guimarães (2007) citam que o objetivo da fisioterapia é promover a melhora da qualidade de vida na fase do climatério, atuando na prevenção e tratamento da incontinência urinária, da osteoporose, das doenças cardiovasculares e na atenuação dos sintomas vasomotores e transtornos emocionais. A atividade física produz um considerável consumo de energia que conduz a liberação de endorfinas no sistema nervoso central e periférico, ajudando essas mulheres no controle de seu peso corporal e trazendo maior bem estar e relaxamento. A atuação preventiva consiste em orientar e esclarecer frente à mulher no período do climatério sobre as modificações no organismo; promover a promoção da saúde, estimulando bons hábitos alimentares, manutenção do peso ideal, prática de atividade física, e alertar contra hábitos como o consumo excessivo de álcool e fumo; prevenir doenças como osteoporose e cardiopatias e rastrear neoplasias como câncer de mama e câncer de colo uretral. (WENDER, et al., 2006). METODOLOGIA A realização deste estudo tem como bases de pesquisa: livros, artigos científicos e trabalhos de conclusão de curso. Fisioterapia no Climatério A fisioterapia tem um amplo campo de trabalho dentro da área de ginecologia e obstetrícia, onde podem tratar de pacientes com distúrbios ginecológicos, antes e após cirurgias ginecológicas e de mamas; realizar avaliações musculoesqueléticas e 2/5
tratamento de pacientes de obstetrícia; atuar como pessoas de apoio ao trabalho de parto; e ensinar exercícios terapêuticos para pacientes em fase pré natal, pós parto, pacientes de alto risco e após cesariana. (STHEPHENSON; O CONNOR, 2004). Lopes e Radaic (2000) descrevem a menopausa como um fator fisiológico ligada a um conjunto de sinais e sintomas. Portanto, é de extrema importância proporcionar um bem estar físico e psíquico para as mulheres na fase do climatério. Com a identificação do quadro clínico, são estabelecidos os meios de prevenção e tratamento com o objetivo de propiciar uma melhor qualidade de vida, para os anos que se seguem após a menopausa. Segundo Baracho, Almeida e Guimarães (2007), os exercícios físicos promovem redução da frequência cardíaca, aumento do volume sistólico, diminuição da resistência vascular, redução da pressão arterial, aumento da capacidade ventilatória e maior extração periférica de oxigênio. A prática regular de exercícios físicos não é importante apenas na melhora da capacidade cardiorrespiratória, mas também no controle dos fatores de risco de várias doenças. O papel do fisioterapeuta é elaborar um programa de atividades terapêuticas que promovam um condicionamento cardiovascular, exercício de alongamento e correção postural, além do reforço muscular específico, enfatizando também os músculos do assoalho pélvico e relaxamento. (BARACHO; ALMEIDA; GUIMARÃES, 2007). DISCUSSÃO Do ponto de vista clínico, o climatério é uma etapa marcante do envelhecimento feminino caracterizada pelo estabelecimento de estado fisiológico de hipoestrogenismo progressivo e culminando com a interrupção definitiva dos ciclos menstruais (menopausa). Inicia-se normalmente entre 35 e 40 anos, estendendo-se até os 65 anos, sendo frequentemente acompanhado por sintomas característicos e dificuldades na esfera emocional e social. (LORENZI, et al., 2006). De acordo com Wender, et al. (2006), o climatério abrange uma série de intensas modificações físicas e psíquicas no organismo da mulher. Essas modificações variam para cada mulher de acordo com suas condições de saúde e bem estar individuais. A atuação da fisioterapia irá proporcionar a estas mulheres, através de exercícios fisioterapeuticos, melhora do seu condicionamento físico, ajudando a prevenir quaisquer complicações e trará também benefícios psicológicos, que as reintegrarão ao meio social, melhorando sua qualidade e estilo de vida. (GONÇALVES; MOREIRA; NORMANDO, 2003). Lorenzi et al. (2005) descrevem que a atividade física regular, por sua vez, associou-se à sintomatologia climatérica, onde estudos indicam que as mulheres climatéricas que praticam regularmente exercícios físicos tendem a ter melhor humor, menos déficit de memória e menos sintomas somáticos. A atividade física regular contribui para a preservação da massa muscular e da flexibilidade articular, reduzindo a intensidade dos sintomas somáticos e levando a uma sensação de maior bem estar no climatério. O exercício físico não somente aumenta a secreção de b-endorfinas hipotalâmicas, aliviando as ondas de calor e melhorando o humor, como aumenta a densidade mineral óssea, diminui a freqüência cardíaca de repouso, melhora o perfil lipídico, normaliza a pressão arterial 3/5
e, por fim, melhora a imagem corporal, aumentando a auto estima feminina. (LORENZI, et al., 2006). REFERENCIAS BARACHO, E.; ALMEIDA, M. B. A.; GUIMARÃES, T. A. A importância da Fisioterapia durante o climatério e terceira idade. In: BARACHO, E. (org.). Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. p. 465-472. FILHO, E. A. S.; COSTA, A. M. Avaliação da qualidade de vida de mulheres no climatério atendidas em hospital-escola na cidade do Recife, Brasil. Instituto Materno-Infantil Professor Fernando Figueira IMIP Recife, 2008. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0100-7203200800030000 3& lng=pt&nrm=iso> Acesso em 08 ago.2011. GÓIS, R. B.; ROVERATTI, M. C. O climatério e a qualidade de vida das mulheres. Instituto de Ensino Superior de Londrina. Paraná, 2007. Disponível em: <http://www.inesul.com.br> Acesso em 23 fev. 2011. GONÇALVES, G. C.; MOREIRA, M. A.; NORMANDO, V. M. Atuação fisioterapeutica à mulher no climatério. Unama Universidade da Amazônia. Amazônia, 2003. Disponível em: <http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/108. pdf> Acesso em 05 mai. 2011. GUYTON; A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. Tradução Bárbara Alencar Martins et al. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. LOPES, C. M. C.; RADAIC, M. F. Epidemiologia do Climatério: Intervenções Preventivas. In: HALBE, H. W. (org.). Tratado de Ginecologia. 3. ed. São Paulo: Roca, 2000. p. 125-128. LORENZI, D. R. S. et al. Fatores associados à qualidade de vida após menopausa. Universidade de Caxias do Sul. Rio Grande do Sul, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0d/ramb/v52n5/a17v52n5.pdf> Acesso em 23 fev. 2011. LORENZI, D. R. S. et al. Fatores indicadores da sintomatologia climatérica. Universidade de Caxias do Sul. Rio Grande do Sul, 2005. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0100-72032005000100004&lng= pt&nrm=iso> Acesso em 08 ago. 2011. 4/5
STEPHENSON, R. G.; O CONNOR, L. J. Fisioterapia Aplicada em Ginecologia e Obstetrícia. Tradução Ângela Cristina Horokosky. 2. ed. São Paulo: Manole, 2004. WENDER, M. C. et al. Climatério. In: FREITAS, F. et al. (org.). Rotinas em Ginecologia. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 542-560. 5/5