Situação de Biossegurança encontrada nos laboratórios de biologia do Campus Henrique Santillo/UEG. Diego Holanda dos Santos. Bolsista PBIC/UEG. E-mail: diegohsbio@gmail.com Msc. Andreia Juliana Leite Rodrigues. Orientadora PBIC/UEG. E-mail: andreiajuliana@ueg.com.br Introdução Conceitua-se Biossegurança como o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando a saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados (Teixeira & Valle, 1996 apud Garcia & Zanetti, 2004). No Brasil o órgão responsável pelas normas e diretrizes a cerca de Biossegurança é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) que tem como dentre suas funções acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico na biossegurança e em áreas afins, objetivando a segurança dos consumidores e da população em geral, com permanente cuidado à proteção do meio ambiente (Valle,1996). O trabalho em ambiente laboratorial inadequadamente planejado oferece aos usuários o contato com riscos biológicos decorrentes da exposição a agentes do reino animal, vegetal e de microrganismos ou de seus subprodutos. Entre os agentes de risco biológico podemos citar como mais importantes: bactérias, fungos, ricktésias, vírus, protozoários, metazoários. Tais agentes podem estar presentes veiculados sob diversas formas que oferecem risco biológico, como aerossóis, poeira, alimentos, instrumentos de laboratório, água, cultura, amostras biológicas, entre outros ( Hirata & Filho, 2002). Tais grupos são divididos conforme seus graus de risco ao homem, animais e meio ambiente: Grupo 1 é constituído de microorganismos que provavelmente não provocam doenças no homem ou nos animais. Grupo 2 inclui germes patogênicos capazes de causar doenças em seres humanos ou animais. Para esse grupo o risco individual é moderado, e baixo para a comunidade. Grupo 3 é constituído de germes patogênicos que costumam provocar doença grave em seres humanos ou animais, propagada de um hospedeiro infectado ao outro. É considerado de alto risco individual e de baixo risco para a comunidade. Grupo 4 inclui agentes infecciosos patogênicos que geralmente causam doenças graves ao ser humano ou animais, podendo ser facilmente transmitidas entre os indivíduos, de forma direta ou indireta(hirata & Filho, 2002). A avaliação cuidadosa dos possíveis agentes infecciosos presentes nos laboratórios, se mostra como uma questão norteadora afim da adequação dos laboratórios para oferecer um ambiente saudável para os trabalhos acadêmicos realizados e preservação do meio ambiente. Todavia, os estudos para a classificação dos laboratórios quanto ao risco biológico estão andamento, não sendo possível apresentar resultados concretos. Este trabalho visa o estudo e avaliação das condições dos laboratórios de Biologia (microbiologia, microscopia, biodiversidade, anatomia, herbário e o museu de biologia) afim de propor um plano de melhorias que são necessárias para à minimização das deficiências encontrados nestes laboratórios e implementar um programa de biossegurança, principalmente de conscientização e educação dos freqüentadores destes ambientes. 1
Materiais e Métodos Foram feitas entrevistas com os técnicos responsáveis pelos laboratórios, buscando conhecer as rotinas destes ambientes e problemas decorrentes entre os períodos de observação, visitas com o intuito de catalogar os equipamentos encontrados no interior dos mesmos, verificar a integridade e conservação do espaço físico, acompanhamento dos trabalhos realizados (projetos de pesquisa, monitoria, aulas), equipamentos de segurança, kits de primeiros socorros, avaliação da temperatura. Utilizou-se termômetros eletrónicos para coletar dados referentes a temperatura interna e externa do laboratório de microscopia e microbiologia, afim de constatar-se a real necessidade de providenciar aparelhos de controle de temperatura, procedeu-se instalando os termômetros no interior dos referidos laboratórios e fixando seus sensores de temperatura na face externa da parede sem expo-los diretamente a luz solar, a partir das 08:0hs até as 17:0hs em intervalos de uma hora coletou-se a temperatura máxima, mínima e montou-se gráfico com a média das temperaturas obtidas nos dias observados colocando em comparação as diferenças entre o ambiente externo e interno, as amostragens ocorreram entre 29 de setembro e 01 de outubro de 2004. Resultados e Discussão A avaliação geral demostrou a ocorrência de atos inseguros caracterizados por atitudes assumidas, voluntárias ou não, que venham a proporcionar a ocorrência de acidentes, como o comportamento imprudente e negligente, como euforia e brincadeiras indevidas (Cienfuegos, 2001).Foi observado praticas de atos inseguros por todos os utilizadores dos laboratórios, professores, técnicos e alunos na tolerância da não utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI s), promoção de higiene pessoal (escovar os dentes), esguichar liquido em outros alunos, correria, falta de atenção aos procedimentos experimentais. Erros de planejamento estrutural foram observados em todos os laboratórios, sendo que a inclusão de saídas de emergência em um projeto de laboratório é fator imprescindível à segurança pessoal (Cienfuegos, 2001), entretanto observou-se a existência de apenas uma porta em todos os laboratórios, estas apresentando sentido de abertura contrario ao ideal, que dever ser sempre do lado de maior para o de menor periculosidade (Cienfuegos, 2001), e as redistribuições indevidas do espaço dos laboratórios prejudicaram o funcionamento destes. A sinalização dos materiais de combate a incêndio (extintores e hidrantes), das saídas de emergência devem ser indicada nos ambientes laboratoriais e nos corredores de acesso (Hirata & Filho, 2002). Entretanto nenhuma sinalização foi observada, ao ponto que os extintores não apresentavam rótulos impossibilitando o reconhecimento de seu conteúdo e dificultado o controle quanto a sua validade podendo causar mais acidentes pelo seu uso indevido. Os aspectos ergonômicos são poucos considerados no planejamento dos laboratórios (Hirata & Filho, 2002). De acordo com a Norma Regulamentadora 17 (Atlas, 2004), os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender a um entre vários pré-requisito, altura ajustáveis à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida, os assentos encontrados no interior dos laboratórios não atendem tal exigência causando desconforto para os usuários, podendo ocasionar o surgimento de lesões decorrentes do trabalho por tempo prolongado utilizando estes assentos. Observou-se a interferência de outras dependências da instituição na estrutura dos laboratórios de Biologia, devido o inadequado manejo de substancias neste ambientes. 2
Um descarte descontrolado pode ser danoso e prejudicial ao meio ambiente (Cienfuegos, 2001). Porem não observou-se planejamento quanto ao descarte dos dejetos laboratoriais, demostrando a necessidade da implementação de um plano de procedimentos visando a separação de resíduos, tratamento adequado quando estes oferecerem risco ao meio ambiente e ao homem, sinalização dos devidos lugares de descarte, etiquetamento conforme a periculosidade, e posterior neutralização. A ausência de uma enfermaria e uma deficiência que abrange a toda comunidade universitária, sendo de imprescindível urgência a implantação de tal serviço a comunidade universitária. Tendo por finalidade a Norma Regulamentadora 26 (NR26) fixar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes (Atlas,2004), foi observado a inexistência de sinalização em todos os ambientes estudados, assim demonstra-se de extrema urgência a adequação dos ambientes as normas determinadas pela NR 26. No Lab.de Biodiversidade observou-se: a necessidade de adequação da altura das bancadas, armários, prateleiras, principalmente para os equipamentos altos, pois o uso envolve situações de risco (Cienfuegos, 2001). O furto de materiais demonstrou-se um problema bem maior no inicio deste projeto, houve progresso na redução destes fatos no decorrer deste projeto. No Lab. de Microscopia observou-se: no inicio deste estudo necessidade da disponibilização de sistema de climatização para este ambiente uma vez que a media da temperatura observada foi de 29,23ºC (Figura 1), ultrapassando o índice estipulado pela NR17 de temperatura efetiva no interior de um laboratório que deve estar entre 20ºC e 23ºC (Atlas, 2004), sendo que foi disponibilizado tal sistema no decorrer deste estudo. Sendo que os laboratórios de microbiologia são, com freqüência, ambientes singulares de trabalho que podem expor as pessoas próximas a ele ou que neles trabalham a riscos de doenças infecciosas identificáveis.as infecções contraídas em um laboratório têm sido descritas por meio da historia da microbiologia (Richmond & Mckinney, 2000). Foi observado no lab. de Microbiologia caso em que material biológico sem rotulo foi abandonado, possibilitando a contaminação dos usuários deste ambiente já que não se conhece seu nível de patogenicidade. Se mostra essencial um maior controle dos estudos feitos em seu interior, ainda mais quanto ao destino final do material estudado. Necessita-se da implementação de um sistema de controle de temperatura, uma vez constatado um alto índice de temperatura no decorrer do dia, estando numa média de 29.9ºC (Figura. 2) ultrapassando os determinados como aceitáveis pela NR 17. No Lab. de Anatomia foi observado: inadequado manejo com as peças glicerinadas, a possibilidade da falta de material para a preservação continua das peças pode se mostrar um problema, pois pode ocorrer proliferação de microorganismo, estes podendo ser nocivos a saúde do homem, assim a garantia de material para a conservação das peças é de imprescindível necessidade para este ambiente. No Museu de Biologia foi observado: no principio deste estudo estava estabelecido em uma pequena área disponibilizada do laboratório de Anatomia, não havendo ventilação, sistema de iluminação era compartilhado, estava sujeito a interferência de pessoas que necessitavam utilizar o já dito Lab. de Anatomia, todavia no decorrer deste estudo o Museu foi transferido para área conjunta com o Herbário. No Herbário observou-se: a instalação de um sistema de controle de temperatura levaria a diminuição na utilização de naftalina, esta que por sua vez provoca desconforto pois apresenta um forte e desagradável cheiro, seu espaço foi redistribuído para a inclusão do Museu de Biologia. 3
Como ultimas considerações, faz-se necessário a implementação de um programa de ensino continuo em biossegurança, esclarecendo aos novos integrantes da comunidade universitária, que entram a cada semestre e os ditos veteranos sobre os modos adequados a um ambiente laboratorial e que estudos como este ocorressem outras vezes afim de manter sobre controle e conhecimento da situação dos nossos laboratórios. No decorrer do estudo foi instituído uma Coordenação dos Laboratórios, com função de supervisionar e regulamentar a situação dos mesmos, desenvolveu-se normas de segurança gerais a todos os laboratórios do Campus Henrique Santilo e um termo de compromisso dos alunos referente a ciência de tais normas que deverá ser implementado no 1º semestre de 200 para todos os alunos e para os novos integrantes desta comunidade universitária. Figura 1. Variação da Temperatura interna/externa do Lab. de Microscopia Temperatura(ºC) 40 3 30 2 20 1 10 0 Temperatura interna Temperatura externa Figura.2 Variação da temperatura interna/externa do Lab. de Microbiologia 40 3 30 2 20 1 10 0 08:0 09:0 10:0 11:0 12:0 13:0 14:0 1:0 16:0 17:0 08:0 09:0 10;0 11:0 12:0 13:0 14:0 1:0 16:0 17:0 Horarios(Hs) Temperatura (ºC) temperatura interna temperatura externa Horarios (Hs) 4
Referência Bibliográfica 1. Hirata,M.H.; Filho,J.M. Manual de Biossegurança. São Paulo. Editora Manole, 2002 2. Cienfuegos,F. Segurança no laboratório. Rio de Janeiro. Editora Interciência, 2001. 3. Valle, S (org.). Regulamentação da biossegurança em biotecnologia : legislação brasileira. Rio de Janeiro. FIOCRUZ, 1996. 4. Atlas (equipe organizadora). Segurança e Medicina do Trabalho 4 ed. Editora Atlas S. A. 2004.. Richmond, J.Y.; Mckinney, R.W. Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia. Organizados por Ana Rosa dos Santos, Maria Adelaide Millington, Mário Cesar Altoff. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde. 2000. 6. GARCIA, Leila Posenato e ZANETTI-RAMOS, Betina Giehl. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde: uma questão de biossegurança. Cad. Saúde Pública, maio/jun. 2004, vol.20, no.3, p.744-72.