DA COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

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DA COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Francisco Simões Pacheco Savoia 1 2 Professor do Curso de Direito da UNAERP UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá f.savoia@hotmail.com Resumo: O presente trabalho visa abordar os temas controvertidos da temática competência por prerrogativa de função no processo penal, tendo em vista a complexidade do tema e das conseqüências inexoráveis de sua aplicação. A aplicação equivocada do instituto pode causar diversos prejuízos à Administração Público, tais como gastos, perda de tempo, etc., e, perante a sociedade há a sensação de impunidade com a demora de se refazer um processo com vícios decorrentes de regras de competência e, na pior das hipóteses o reconhecimento de eventuais prescrições de crimes impedindo o Estado de punir os infratores das normas. Pela complexidade e atualidade do tema é que se faz necessário revisitar e explorar o presente tema buscando reunir e refletir sobre suas questões controversas. Palavras-Chave: Código de Processo Penal; competência; prerrogativa de foro; 1. INTRODUÇÃO. O presente artigo visa aprofundar o estudo das regras acerca da jurisdição e da competência no âmbito do processo penal. No entanto, para o presente artigo, faremos mais um recorte dentro da matéria competência no processo penal para focarmos, tão-somente, nas regras da competência por prerrogativa de foro. O tema competência é dos temas mais áridos, dentro do processo penal, tendo em vista as diversas peculiaridades existentes. Assim, o presente artigo procura analisar os temas de relevo dentro deste assunto, enfrentando-os com apoio na mais abalizada e atualizada doutrina, estabelecendo um paralelo com as decisões e orientações dos Tribunais Superiores e, quando pertinente, dos Tribunais Estaduais. 1 Advogado militante na área criminal, atua no escritório Mendes e Savoia Advogados. Mestrando em Direito - área de concentração Direito Processual Penal - pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Especialista em Direito Penal, Processual Penal e Legislação Penal Especial pela Escola Paulista de Direito - EPD. Professor de Direito Penal e Direito Constitucional da Universidade de Ribeirão Preto - Unaerp. Professor Assistente da Pós Graduação Lato Sensu (Especialização) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Professor Assistente da Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes - LFG - 2ª Fase de Direito Penal para OAB. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos (2010). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal e Processual Penal. 2 Este trabalho é fruto de pesquisa gerada pelo Grupo de Pesquisa Regimes e Modelos Jurídicos, Econômicos, Ambientais e Internacionais nas Pessoas Jurídicas de Direito Privado do curso de Direito na UNAERP Campus Guarujá. 1

Portanto, o presente artigo não visa esgotar e exaurir a matéria mas, pretende enfrentar o assunto sem se omitir quanto aos temas espinhos da matéria. Assim o presente estudo é um convite para a reflexão sobre os temas atinentes à competência por prerrogativa de função. 2. Metodologia e objetivos Será trabalhado por uma perspectiva doutrinária-legal, portanto de natureza bibliográfica, com nuances empíricos extraídos a partir de análise de casos particulares noticiados em meios de comunicação. O método será o dedutivosubjetivo, já que se passa por uma abordagem inicialmente conceitual para constatação de problemáticas particulares. O objetivo deste estudo analisar o instituto do foro por prerrogativa de função e suas implicações no ordenamento jurídico e análise de casos. 3. DA JURISDIÇÃO E DA COMPETÊNCIA 3.1. Da jurisdição penal Jurisdição, palavra oriunda do latim, jurisdictìo ónis, que significa a ação de administrar a justiça. Assim, jurisdição é o poder do Estado de fazer incidir no caso concreto o direito. É correto afirmar que todos os juízes têm este poder jurisdicional. Rogério Lauria Tucci, citado por Nucci, define a jurisdição da seguinte forma: É uma função estatal inerente ao poder-dever de realização de justiça, mediante atividade substitutiva de agentes do Poder Judiciário juízes e tribunais -, concretizada na aplicação do direito objetivo a uma relação jurídica, com a respectiva declaração, e o consequente reconhecimento, satisfação ou assecuração do direito subjetivo material de um dos titulares das situações (ativa e passiva) que a compõem (NUCCI, 2010, p. 189). Para Hélio Tornaghi: o conceito de jurisdição é ontológico, diz respeito ao poder em si, ao pode de julgar (...) Jurisdição é forma, é princípio criador, algo positivo. (TORNAGHI, 1977, p. 115). Como o Estado é o detentor do poder de distribuição de justiça, somente ele, através de seus órgãos, é quem pode efetivá-la, criando e aplicando leis. São apontados como princípios/características da jurisdição penal: a investidura, que é o pressuposto fundamental para o exercício da jurisdição. Aquele que irá exercer a jurisdição necessariamente deverá ter se submetido aos concursos públicos, para, caso aprovado, venha a ser investido no cargo. A indeclinabilidade da jurisdição, que é cláusula pétrea em nosso ordenamento jurídico por força do disposto no art. 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, impede que o juiz abstenha-se de seu ministério, não podendo declinar 2

nenhum dos casos que forem de sua competência, ressalvadas algumas hipóteses excepcionais, tais como, suspeição, impedimento, etc. A jurisdição é ainda, segundo Nucci (2010, p. 190) e Marco Antonio (SILVA; FREITAS, 2012, p. 147), indelegável, ou seja, o juiz é impedido de delegar suas funções. Casos, como o de expedição de carta precatória, por exemplo, há, na verdade, delegação de competência e, não, de jurisdição, que é intransmissível. É, também, improrrogável, tirante os casos em que a própria lei prevê situações diferenciadas e, via de consequência, cria regras excepcionais, como nos casos de competência por conexão ou continência, por exemplo. É vedado, segundo ao art. 5º, XXXVII, da Constituição Federal, a criação de juízo ou tribunal de exceção, com poder jurisdicional, após o fato criminoso. Desta determinação constitucional surde o princípio da proibição de criação de juízo ou tribunal de exceção. O princípio do juiz natural que, também, emerge da Constituição Federal, em seu art. 5º, LIII, é mais um princípio que gravita em torno da jurisdição, implicando na necessidade de haver um juiz competente (ou melhor, regras para defini-lo) antes mesmo do fato criminoso. Só há jurisdição mediante iniciativa das partes, através da ação, donde se extrai o princípio da iniciativa das partes ou, inércia da jurisdição. Para garantia da jurisdição, outro princípio que sobressai é a garantia das decisões judiciais, previsto no art. 93, IX da Constituição Federal. Há, também, a garantia da identidade física do juiz, que é a opção do legislador pátrio por manter o juiz que colheu as provas em audiência de instrução, como o juiz que irá proferir a sentença, conforme o disposto no art. 399, 2º do Código de Processo Penal. Estes, portanto, são os princípios norteadores do gênero, jurisdição, do qual, a competência é a espécie. 3.2. Da competência criminal Sendo a jurisdição o poder-dever do Estado de aplicar o direito, e, algo imanente à função dos juízes, torna-se necessário especificar os limites deste poder, que é o que ocorre com a definição da competência. Caso inexistisse a divisão por competência, todos os juízes seriam igualmente competentes para julgar todos os casos, o que, invariavelmente, transformaria o ordenamento jurídico vigente num caos. Para organizar todo o sistema, definindo juízes competentes para cada caso concreto é que surge a competência, que é definida na doutrina, em regra, como a medida da jurisdição. Para o conspícuo professor Hélio Tornaghi, a competência é: 3

a permissão legal para exercer uma fração dele [poder de jurisdição] com exclusão do resto, ou, melhor, a possibilidade (não o poder, não a potencialidade) de exercitá-lo por haver a lei entendido que o exercício limitado do poder quadra em determinado esquema metódico (TORNAGHI, 1977, p. 114). É a competência que define o que são as causas trabalhistas, cíveis, tributárias, criminais, etc.. E, para o estudo proposto, nos apegando ao problema trazido à discussão, é que desceremos às entranhas apenas na seara criminal da competência. Para que se organize todo o sistema jurídico através da competência, foram criadas as regras na própria Constituição Federal, bem como, nas Leis, inclusive de organização judiciária. A forma mais didática para abordar a forma de se alcançar o juízo ou tribunal competente, foi proposta por Espínola Filho, citado por Nucci (NUCCI, 2010, p. 209-210), que sintetizou todas as regras previstas na Constituição Federal, Código de Processo penal e leis de organização judiciária, da seguinte forma: A regra geral para fixação da competência é o lugar da infração penal, conforme previsão do art. 69, inciso I, 70 e 71, todos do Código de Processo Penal. No caso de se desconhecer o lugar da infração, foi eleita uma segunda regra geral, que é o lugar do domicílio ou residência do réu, nos termos do artigo 69, inciso II, 72 e 73, todos, do Código de Processo Penal. Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2010, p. 209) classifica esta regra de competência como sendo supletiva à primeira. São exceções a esta regra geral, a hipótese de se tratar de matéria especial, consoante o disposto no artigo 74 do Código de Processo Penal. Nesta regra, encontram-se as competências da justiça militar ou eleitoral. Ou, a segunda exceção à regra geral, que é a competência por prerrogativa de função, prevista nos artigos 69, inciso VII, 84 à 87 do Código de Processo Penal. Passando-se por esta primeira etapa, necessário selecionar o magistrado competente dentre tantos outros, igualmente competentes, ainda. Este critério de seleção está previsto no artigo 69, inciso IV e 75 do Código de Processo Penal. Quanto a esta seleção do magistrado competente, também existem algumas exceções. A primeira delas repousa na natureza da infração penal, artigo 74 do Código de Processo Penal, como, por exemplo, nas infrações relativas ao Tribunal do Júri, ou, de competência da justiça militar ou eleitoral. A segunda, diz respeito às regras de conexão e continência, previstas nos artigos 69, inciso V, 76 à 82 do Código de Processo Penal, e, a última exceção são as regras da prevenção esculpidas no artigo 69, inciso VI e 83 do Código de Processo Penal. Por derradeiro, a última regra é a prevenção residual, artigo 69, inciso VI e 83 do Código de Processo Penal, que é utilizada quando não há condições de se determinar o lugar da infração ou do domicílio do réu, quer seja porque a infração desenvolveu-se em diversas localidades, quer seja porque há incertezas quanto a 4

divisa das comarcas. Nestes casos, utiliza-se a regra da prevenção residual, ou seja, o juiz que primeiro tiver contato com a matéria irá se tornar o juízo competente. Desta forma é que se determina a competência em matéria criminal. Porém, em razão do escopo do presente estudo, apresentada na introdução, torna-se necessário fazer, neste momento, um corte epistemológico para o aprofundamento do estudo, tão somente, no que diz respeito aos critérios de definição de competência por prerrogativa de função. 4. Da competência por prerrogativa de função A Constituição de 1988, trouxe expressamente alguns casos de competência por prerrogativa da função, como veremos no decorrer deste trabalho. A prerrogativa de foro em razão da função tem como pano de fundo, um julgamento mais justo, alinhavado com os preceitos de justiça. Busca-se, através de critérios definidores de competência, atender aos princípios norteadores da jurisdição e das garantias individuais tão caras ao Estado Democrático de Direito. Ao definir a competência de julgamento em virtude do cargo ou função, buscou o legislador esmorecer a influência que o réu poderia lançar sobre o julgador de sua causa, em virtude do cargo ou função, por ele exercida. Para a melhor justiça do julgamento, buscou-se que, cargos e funções importantes no cenário político brasileiro fossem julgados por, em tese, órgãos superiores, blindados deste influxo, garantindo-se assim, julgamentos ilibados, afastando-se da pressão hierárquica sobre o julgador natural e, consequentemente, balanceando-se os critérios de justiça, garantias individuais e, assegurando-se a eficácia dos princípios norteadores da jurisdição e competência. Segundo Tourinho Filho: A competência por prerrogativa de função consiste no poder que se concede a certos Órgãos Superiores da jurisdição de processarem e julgarem determinadas pessoas. (TOURINHO FILHO,1979, p. 130). A competência em razão da pessoa tem em vista a dignidade do cargo exercido e não do indivíduo que o exerce. Esta competência vem tratada na Constituição Federal, em leis ordinárias e de organização judiciária. Os argumentos em prol deste critério de competência são basicamente, a tentativa de se evitar a inversão de hierarquia e, a possibilidade de influência que o réu possa ter sobre seu julgador em virtude do cargo ou função exercida. Para o eminente professor Aury Lopes Júnior: algumas pessoas por exercerem determinadas funções, têm a prerrogativa (não é um privilégio, mas prerrogativa funcional) de serem julgados originalmente por determinados órgãos. Trata-se de assegurar a independência de quem julga. (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 459). 5

Num primeiro momento poder-se-ia cogitar de uma grave violação ao princípio da igualdade, entretanto, como bem sinaliza Hélio Tornaghi, não se trata de diferenciar pessoas iguais, mas diferenciar cargos e funções: O privilégio refere-se à pessoa; não assim à prerrogativa. Não há foro especial para conde, barão ou duque; não existe acepção de pessoas; a lei não tem preferências nem predileções. Mas leva em conta a dignidade da função, a altitude do cargo, a eminência da posição. Se a pessoa deixa a função, perde a prerrogativa, que não é sua, mas dela, função. (TORNAGUI, 1977 p. 170). Tourinho Filho (TOURINHO FILHO, 1979, p. 131)., também defende a existência da competência por prerrogativa de função. Dentre seus argumentos estão à relevância do cargo ou função no cenário político-jurídico da República Federativa do Brasil; defende que não há ofensa à garantia constitucional da isonomia, pois o tratamento diferenciado não é dado à pessoa, em razão de seus atributos pessoais, mas, sim, para o cargo que esta pessoa exerce, para a sua função. Todavia, é crescente no cenário nacional, a corrente de doutrinadores que alvitram a necessidade de mudança neste paradigma. Inculca essa corrente doutrinária fulminar a competência por prerrogativa de função, extirpando-a de nosso ordenamento legal, encampando a tese de que este instituto processual da competência não estaria em consonância com o ordenamento pátrio vigente. Objetivam ver reconhecida a inconstitucionalidade desta diferenciação e, não aceitam como válidos os argumentos lançados para sustentar este tipo de critério de competência. Guilherme de Souza Nucci, sempre arguto, critica veementemente este critério adotado pelo legislador pátrio, no sentido de que: Não vemos motivo suficiente para que o Prefeito seja julgado na Capital do Estado, nem que o juiz somente possa sê-lo pelo Tribunal de Justiça ou o desembargador pelo Superior Tribunal de Justiça e assim por diante. Se à justiça cível todos prestam contas igualmente, sem qualquer distinção, natural seria que a regra valesse também para a justiça criminal. O fato de se dizer que não teria cabimento um juiz de primeiro grau julgar um Ministro de Estado que cometa um delito, pois seria uma subversão de hierarquia não é convincente, visto que os magistrados são todos independentes e, no exercício de suas funções jurisdicionais, não se submetem a ninguém, nem há hierarquia para controlar o mérito de suas decisões. Logo, julgar um Ministro de Estado ou um médico exige do juiz a mesma imparcialidade e dedicação, devendo-se clamar pelo mesmo foro, levando em conta o lugar do crime e não a função do réu (...) Quanto à subversão de hierarquia já comentamos que ela inexiste, quando o juiz profere, dentro do seu convencimento, fundado em lei, decisões jurisdicionais. Não está submetido a nenhuma autoridade superior. Quanto à pretensa proteção que se busca não vemos base para tanto. O juiz de 2º grau está tão exposto quanto o de 1º grau em julgamentos dominados pela política ou pela mídia. Por outro lado, caso o magistrado de 1º grau, julgando um Governador, por exemplo, sofresse algum tipo de pressão, poderia denunciar o caso, o que seria prejudicial a quem buscou influenciar o julgador. Por outro lado, caso se deixe levar pela pressão e decida erroneamente, existe o 6

recurso para sanar qualquer injustiça. Enfim, a autoridade julgada pelo magistrado de 1º grau sempre pode recorrer, havendo equívoco na decisão, motivo pelo qual é incompreensível que o foro privilegiado mantenha-se no Brasil. Por que não haveria sentido, como muitos afirmam, que um juiz julgasse um Ministro do Supremo Tribunal Federal? Não está julgando o cargo, mas sim a pessoa que comete o delito. Garantir que haja o foro especial é conduzir justamente para o contexto do cargo e não do autor da infração penal. Por acaso teria o judiciário maior zelo para condenar um Presidente da República do que um brasileiro comum? Pensamos que jamais deveria agir com tal postura discriminatória, o que justifica deverem ser todos julgados pelo magistrado do lugar da infração ou do domicílio do réu, excetuados apenas os casos de matérias específicas. (NUCCI, 2010, p. 252-253). Nosso sistema jurídico agasalha esse critério de competência e, nossa Corte Máxima de Justiça, o Supremo Tribunal Federal, mantém o entendimento de se tratar de critério de competência alinhavado com os preceitos e garantias constitucionais. 4.1. Validade da prerrogativa de função Ao tratar da prerrogativa de função o primeiro questionamento que sobrevêm sobre a temática aborda a vigência, ou a validade, da prerrogativa em determinadas situações. Aquele que comete um delito antes de ser investido no cargo e, após isto, é empossado em algum cargo com foro por prerrogativa de função, este crime, deverá ser apreciado pelo órgão competente em razão da competência por prerrogativa de função. A situação mais simplória, mais pedestre, é a do crime praticado durante o exercício do mandato eletivo ou, durante o exercício do cargo para o qual foi investido. Estes crimes serão julgados no respectivo tribunal competente em razão da prerrogativa de foro, em razão da função. Contudo, se ocorrer a perda do cargo ou do mandato antes da sentença recorrível, ocasionará a perda da prerrogativa, tornando, novamente competente, o juiz de primeiro grau de jurisdição, pois, não haverá mais o foro por prerrogativa de função. Isto ocorre, pois, a razão, a essência da competência por prerrogativa de função é o cargo e, não a pessoa. Assim, se a pessoa não está mais investida no cargo ou no mandato, não há razão para que subsista a prerrogativa, caso contrário, aí sim, estaria sendo violado o princípio da isonomia, privilegiando-se a pessoa, o que afronta a natureza do instituto. A última hipótese é a do crime cometido depois de cessado o exercício efetivo do cargo ou do mandato eletivo. Nesta hipótese, a prerrogativa não subsiste, Embora pareça óbvio, muitas discussões se originaram sobre esta última hipótese, a ponto de se tornar necessário a edição de súmula pelo Supremo Tribunal Federal, súmula, nº 451, que dispõe o seguinte: 7

A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional. Importa registrar que, dos questionamentos referentes a esta última hipótese, é que foi declarada a inconstitucionalidade dos 1º e 2º do artigo 84 do Código de Processo Penal, através da ação direta de inconstitucionalidade nº 2797. De se obtemperar que para casos envolvendo a improbidade administrativa não há competência por prerrogativa de função, devendo, em todas as hipóteses o processo ser iniciado perante a jurisdição de primeiro grau. Estes critérios são estabelecidos de acordo com o entendimento que vigora no Supremo Tribunal Federal, que, entende, caso cessada a função, termina, igualmente, a prerrogativa. É o que o festejado autor Aury Lopes Júnior denomina de princípio da atualidade do exercício da função (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 462). Este entendimento restou consolidado através do julgamento do Habeas corpus nº 89677 do Espírito Santo, de relatoria do Ministro Marco Aurélio, onde se assentou que uma vez implementada a aposentadoria do agente público, descabe cogitar de prerrogativa de foro.. No julgamento da Ação Penal Originária nº 333, da Paraíba, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa, um parlamentar federal que estava sendo julgado no Supremo Tribunal Federal, em razão de sua prerrogativa pela função exercida, renunciou ao cargo às vésperas do julgamento, de modo que, cessado seu cargo, estaria cessada a competência do Supremo Tribunal Federal. Ao se deparar com esta situação, o Supremo Tribunal Federal decidiu que, com a renúncia do cargo, estaria cessada a competência por prerrogativa da função exercida. Todavia, no julgamento da Ação Penal Originária nº 396, de relatoria da Ministra Carmem Lúcia, o Supremo Tribunal Federal, em sentido diametralmente oposto àquela decisão, reviu seu posicionamento, para reconhecer que se tratava de uma tentativa de fraude processual, com o único propósito de manipular a competência, o que não poderia ser aceito pelo ordenamento jurídico. A nosso ver, com absoluta razão, pois o sistema jurídico é indivisível. A essência do direito é buscar a justiça por mais abstrato que seja este conceito. Esta, inegavelmente, é a finalidade do direito. Nos dois casos supracitados, há a nítida intenção dos envolvidos de tumultuar o processo para, buscar a ocorrência, talvez, de uma prescrição penal, valendo-se da torpeza. Esta manobra processual é iníqua, é contrária aos postulados gerais do direito. Entretanto, a nosso ver e de Aury Lopes Júnior (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 464)., esta foi uma exceção às regras que vimos no começo deste tópico, porém, não capaz de alterá-las, como vimos no Habeas corpus nº 89677/ES. Estas regras continuam válidas, nada obstante o fato de que o Supremo Tribunal Federal ter se posicionado no sentido de não tolerar abusos de direito, com o fito de manipular os critérios de competência. 8

Ressalte-se que, a modificação de competência em razão da prerrogativa de função não caracteriza a nulidade dos atos até então praticados. Nos casos em que o processo se inicia perante o primeiro grau de jurisdição e, em virtude da investidura em cargo ou mandato eletivo com foro por prerrogativa de função, a competência é alterada, não tornam írritos os atos já praticados em primeiro grau. Nem os atos praticados pelo foro decorrente de prerrogativa de função que, venha a cessar, em virtude do término do mandato eletivo ou da função exercida, pois, em cada momento o juízo era o competente. Neste caso há apenas uma modificação de competência e, não, tramitação de processo por juiz incompetente, o que geraria nulidade absoluta. A nulidade somente deve ser declarada se o processo tramitar perante juízo incompetente. A prerrogativa de função, somente tem a característica de modificar, a competência, porém, os atos anteriormente praticados em virtude desta modificação de competência, são válidos, desde que praticados por juiz competente, à época, leia-se, antes da modificação da competência pela prerrogativa de função. 4.2. Os foros de prerrogativa de função propriamente ditos Feitas as considerações do tópico anterior, iremos adentrar nos foros de prerrogativas de função propriamente dito, que estão previstos em nosso ordenamento jurídico. Consigna-se logo de início que, o Código de Processo Penal, em seus artigos 86 e 87, são anteriores à Constituição Federal de 1988, que, por sua vez, trouxe os casos de prerrogativa de função em seu bojo, de modo que, ao nosso ver e, também de Aury Lopes Júnior (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 465), estão revogados. Neste momento, faremos mais um corte necessário, para o aprofundamento do estudo, tratando tão somente das infrações penais comuns, excluindo-se os crimes de responsabilidade, que são crimes de natureza política. Portanto, o primeiro artigo a ser estudado é o 102, inciso I, alíneas b e c da Constituição Federal que prevê a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar os casos decorrentes da prerrogativa de função: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I processar e julgar, originariamente: b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; A competência do Supremo Tribunal Federal prevalece sobre qualquer outra justiça, seja ela eleitoral ou militar, bem como o grau de jurisdição. 9

A Constituição Federal também previu a competência do Superior Tribunal de Justiça para julgar determinados crimes decorrentes da prerrogativa de função, em seu artigo 105, inciso I, alínea a : Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores, dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. A competência do Superior Tribunal de Justiça prevalece sobre qualquer justiça e qualquer grau de jurisdição, excetuando-se, por razões óbvias, a competência do Supremo Tribunal Federal. No tocante a esta competência destaca-se a observação feita pelo eminente Desembargador Marco Antonio (SILVA; FREITAS, 2012, p. 181), quanto ao conteúdo da expressão crimes comuns, prevista na alínea a, por não estar inserido dentro dela, os crimes militares, uma vez que a Lei 8457/92 prevê a competência do Superior Tribunal Militar para julgar os Governadores. Os Tribunais de Justiça dos Estados, em regra, têm sua competência por prerrogativa de função prevista no artigo 96, inciso III da Constituição Federal: Art. 96. Compete privativamente: III aos Tribunais de justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. A ressalva prevista diz respeito ao crime eleitoral praticado por qualquer dos agentes previstos no inciso III, que, neste caso deverão ser julgados pelo Tribunal Regional Eleitoral. Com efeito, qualquer destas autoridades estaduais que, praticarem crime de competência da justiça federal, previstos no artigo 109 da Constituição Federal, serão julgados pelo Tribunal de Justiça Estadual! Um crime de competência, inicialmente da justiça federal em razão da natureza da infração, pode ser deslocada para a justiça estadual em razão do foro por prerrogativa de função. Essa hipótese foi definida jurisprudencialmente, haja vista, por exemplo, o julgamento do Habeas corpus nº 68846 do Rio de Janeiro, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, onde prevaleceu a competência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro sobre a regra geral da competência da justiça federal em razão da natureza da infração. Outra situação peculiar seria o caso de um juiz estadual e outro juiz federal, que tivessem praticado crime em concurso, qual seria o tribunal competente para 10

julgá-los? De um lado seria o Tribunal de Justiça Estadual, em virtude do artigo 96, inciso III da Constituição Federal e, de outro lado, o Tribunal Regional Eleitoral, em face do disposto no artigo 108, inciso I, alínea a da Constituição Federal. Nesta hipótese, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento através da súmula nº 122, entendendo que prevalece a competência da justiça federal (TRF) face à justiça estadual (TJ), para o julgamento de ambos, em razão do artigo 78, inciso III do Código de Processo Penal. Este, também é o posicionamento de Aury Lopes Júnior (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 466). Caso ainda seja suscitado o conflito de competência, caberia ao Superior Tribunal de Justiça colocar um ponto final nesta controvérsia. No caso de estar de um lado a competência em razão da prerrogativa de função e de outro a competência do Tribunal do Júri, continua prevalecendo a competência por prerrogativa de função, pois, o júri é um órgão de primeiro grau de jurisdição e, caso este prevalecesse, teríamos uma clara subversão hierárquica, pois, um tribunal de primeiro grau iria se sobrepor a um tribunal hierarquicamente superior, que, inclusive, nesta hipótese, seria capaz de julgar eventual recurso, o que seria um absurdo. Portanto, não há o que se discutir quanto à prevalência do Tribunal de Justiça em face do Tribunal de Júri, em casos onde há a incidência do foro por prerrogativa de função, quando, se tratar de hipótese, onde ambas as competências sejam genuínas da Constituição. A competência por prerrogativa de função a ser julgada pelo Tribunal Regional Federal está prevista no artigo 108, inciso I, alínea a da Constituição Federal. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluído os da Justiça Militar e os da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Neste caso as regras são similares às previstas para a competência dos Tribunais de Justiça dos Estados, para a prerrogativa de função, quanto aos crimes eleitorais, militares e tribunal do júri. Compete também ao Tribunal Regional Federal julgar os Prefeitos por crimes federais. Entretanto, se o prefeito perpetrar crime militar federal, será julgado pelo Superior Tribunal Militar, pois, se este julga os Governadores, julgará o menos, que é o Prefeito Municipal (SILVA; FREITAS, 2012, p. 181). Quanto aos Deputados Estaduais, necessário observar que seu foro por prerrogativa de função advém da Constituição Estadual e, não, da Constituição Federal. prevê: Esta questão se enleia com o artigo 27, 1º da Constituição Federal que 11

Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais aplicandosê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidade, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às forças armadas. Claro está que o referido artigo nada menciona sobre a competência para o julgamento por prerrogativa de função. Assim, o foro por prerrogativa de função dos Deputados Estaduais encontra-se previsto nas Constituições Estaduais. No Estado de São Paulo, o foro por prerrogativa de função dos Deputados Estaduais está previsto no artigo 74, inciso I e 14, 1º da Constituição do Estado de São Paulo. Esta temática irá reboar quando da definição da competência para julgar um Deputado Estadual que tenha cometido um crime afeto ao Tribunal do Júri. A exegese equivocada da Constituição Federal, especificamente no artigo 27, 1º, extraindo-se daí o foro por prerrogativa de função, levaria ao equivocado raciocínio de que o julgamento deveria ocorrer perante o Tribunal de Justiça Estadual. Todavia, como o foro por prerrogativa de função dos Deputados Estaduais advém da Constituição Estadual, tratando-se de crime sujeito, também, ao Tribunal do Júri, prevalece este último, pois a previsão de sua competência é Constitucional enquanto que a prerrogativa de foro dos deputados estaduais é matéria pertinente às Constituições Estaduais, hierarquicamente inferiores à Constituição. Este posicionamento foi firmado através da súmula nº 721, do Supremo Tribunal Federal que assegura que: a competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Este posicionamento é corroborado, na doutrina, por Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2010, p. 256-257), Marco Antonio Marques da Silva (SILVA; FREITAS, 2012, p. 182), entre outros, e, com os quais, concordamos integralmente, no presente trabalho. Porém, digno de nota é o posicionamento do professor Aury Lopes Júnior (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 467) que sustenta, neste caso de crime doloso contra a vida praticado por deputado estadual, ser competência do Tribunal de Justiça do Estado e, não, do Tribunal do Júri. Apenas por curiosidade, neste caso, como prevalece a competência do Tribunal do Júri para julgar um Deputado Estadual, e, sendo o Tribunal do Júri um órgão de primeiro grau de jurisdição, quem seria, então, o órgão competente para julgar o recurso em face do julgamento feito pelo tribunal popular? Sabe-se que, nos Tribunais, quando se trata de julgamento por prerrogativa de função, essa matéria é afeta ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal), isto é, pelo plenário e, não, pela câmara ou turma julgadora. 12

No Tribunal de Justiça do estado de São Paulo, a previsão legal está no artigo 177 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que dispõe ser de competência do órgão especial o julgamento de deputado estadual. Infere-se daí que o Deputado Estadual que praticar um crime doloso contra a vida será julgado pelo Tribunal do Júri. E, eventual recurso deste julgamento será apreciado pelo Tribunal de Justiça, através de seu órgão especial. Esta temática já foi enfrentada pela Corte Paulista em rumoroso julgamento, que ficou marcado, como o caso do Coronel Ubiratan, e este foi o procedimento adotado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (Ap. 388.975-3/0, São Paulo, rel. Egydio de Carvalho). Ainda com relação aos Deputados Estaduais estes são julgados, portanto, pelo Tribunal de Justiça do Estado ao qual estejam vinculados, por força da previsão nas Constituições Estaduais. Com efeito, caso cometa um crime de competência da justiça federal, será julgado pelo Tribunal Regional Federal competente. Ademais, tratando-se de crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Quanto aos Prefeitos, seu tratamento é dispensado no artigo 29, inciso X da Constituição Federal: Art. 29. O município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: X julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; Assim, reserva-se a competência por prerrogativa de função dos Prefeitos, para os crimes comuns, ao Tribunal de Justiça do Estado, respectivo. Se o Prefeito cometer um crime de competência da justiça comum estadual será julgado pelo Tribunal de Justiça, ainda que seja um crime que, em tese, seria afeto à competência do Júri, pois, seguindo à regra, tratando-se de choque entre a previsão de competência constitucional do Júri e a previsão, igualmente constitucional, do foro por prerrogativa de função, este último prevalece sobre o primeiro por ser regra mais específica de competência, bem como, por tratar-se de órgão jurisdicional hierarquicamente superior ao tribunal popular. Tratando-se de crime eleitoral será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Caso se trate de crime de competência da justiça federal será julgado pelo Tribunal Regional Federal a que estiver vinculado. Neste sentido é o teor da súmula 702 do Supremo Tribunal federal: A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringese aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos 13

demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. Importante ressaltar ainda as súmulas 208 e 209 do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente: Compete a Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. A questão envolvendo o foro por prerrogativa de função e os vereadores, também se mostra passível de discussão, pois, os vereadores não foram contemplados com nenhuma prerrogativa de foro pela Constituição Federal. Nos termos do artigo 29, inciso VIII da Constituição Federal, possuem os vereadores, apenas a imunidade por palavras, opiniões e votos no exercício do mandato. Porém, em decisão proferida em 2005, o Superior Tribunal de Justiça sinalizou, talvez, uma importante mudança neste tema. Foi decidido que existe sim, o foro por prerrogativa de função para os vereadores, sob o argumento de que: [...] vereadores, senadores, deputados estaduais e federais, por simetria, são representantes do povo, dentro dos limites das respectivas esferas governamentais estabelecidas. No caso, cuida-se de competência originária para processo e julgamento pelo TJ/RJ de vereador por força dos arts. 102, I, b e, 125, 1º, da CF/1988 e 161, IV, d, III, da Constituição Estadual do Rio de Janeiro (HC nº 40.388- RJ, Rel. originário Min. Gilson Dipp, Rel. para acórdão Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 13/09/2005). Analisando esta decisão, Aury Lopes Júnior se posicionou da seguinte forma, de modo que corroboramos o seu pensamento: Essa decisão do STJ é uma inovação no tratamento da matéria, cumpre agora ficar atento à receptividade dessa postura, que somente vingará se houver uma consagração nas Constituições dos Estados. Assim, pensamos que naqueles Estados onde a Constituição não consagra nenhuma prerrogativa (o que é regra), vale o afirmado anteriormente, ou seja, que eles não possuem nenhuma prerrogativa de foro. (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 468). Como visto acima, a maioria das discussões se assentam na colisão que ocorre quando se trata de um crime doloso contra a vida, de competência do tribunal do júri, cometido por pessoa que possua foro por prerrogativa de função. Em suma, se a competência por prerrogativa de função advier da Constituição Federal, em que peso o tribunal do júri, também ser uma garantia constitucional, prevalece aquela. A razão de ser desta resposta é a equivalência de hierarquia das normas, no tocante à competência, e a prevalência de um tribunal de instância superior ao tribunal do júri. Neste caso, um órgão de competência do primeiro grau jamais poderia se sobrepor a um órgão de jurisdição superior, quando a origem das competências parta da mesma fonte, que é a Constituição. 14

Se a prerrogativa de função estiver prevista na Constituição Estadual ou lei ordinária, o cenário muda radicalmente, sobrepondo-se a competência do júri 3, consoante súmula 721 do Supremo Tribunal Federal: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Há também, discussões que envolvem as causas de conexão ou continência. Quando ocorre a junção de processos em decorrência destes institutos e, um dos crimes tenha sua competência definida pela prerrogativa de função, surge dúvida sobre quem julgará todos os agente, o que tem, e o que não tem a prerrogativa de foro. A regra que responde a indagação é a prevista no artigo 78, inciso III do Código de Processo Penal, no sentido de que no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior graduação;. No tocante aos crimes que sejam conexos a outros que tenham a competência definida pela prerrogativa da função, necessário abordar a temática explorada por ocasião da Ação Penal 470, originária do STF, que ficou conhecida como Mensalão. O caso da ação penal 470, vulgo Mensalão, nos interessa no tocante ao argumento sustentado pelo Dr. Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça e Advogado do réu José Roberto Salgado. Sustentou o nobre causídico que o julgamento de seu cliente diretamente pela Suprema Corte ofenderia ao duplo grau de jurisdição uma vez que estaria sendo aplicado o foro por prerrogativa de função aos crimes conexos, e, via de consequência, impedindo o direito de se recorrer à instância superior, com relação àqueles que, inicialmente, não deveriam ser julgados por este órgão. Este requerimento restou indeferido pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, que deu continuidade ao julgamento, condenando, inclusive, o réu que estava sendo defendido pelo ilustre Defensor citado. O julgamento da tese sustentada pelo eminente Advogado Márcio Thomaz Bastos, terminou com o placar de nove votos contrários ao desmembramento do processo contra dois, favoráveis à tese de que haveria violação ao princípio do duplo grau de jurisdição o julgamento dos crimes conexos aos de prerrogativa de função, pelo Supremo tribunal Federal, pois os réus que cometeram os crimes conexos não são titulares da prerrogativa de função. Portanto, para o STF, nesta situação, é possível o reconhecimento da regra de competência dos crimes conexos com os de prerrogativa de função. Outra situação interessante é no caso de ser cometido um crime doloso contra a vida, e, um dos réus tenha foro por prerrogativa de função, já decidiu o 3 RHC 80477/PI 15

Supremo Tribunal Federal no sentido de ser necessário cindir o julgamento. 4 Porém, o próprio Supremo Tribunal Federal já decidiu em sentido oposto, para dar prevalência ao foro por prerrogativa de função, mesmo havendo conexão 5. A matéria é controversa. Ficamos com Aury Lopes Júnior (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 471) e Guilherme de Souza Nucci, que assim sintetizou: é possível que exista um conflito entre órgão de jurisdição superior e órgão de jurisdição inferior, mas ambas as esferas de competência estejam fixadas na Constituição Federal, razão pela qual deve-se respeitar o juiz natural de ambas as pessoas: Exemplo disso é o crime contra a vida, cometido por um Governador de Estado juntamente com outra pessoa qualquer. O Chefe do Executivo de ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, a da CF) enquanto a outra pessoa, embora tenha agido em co-autoria, deve ser julgada pelo Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, d, da CF). Respeitase com isso, o estabelecido pela Carta Magna para os dois acusados. (NUCCI, 2010, p. 239). Como vimos nos casos dos Deputados Estaduais acima, em se tratando de foro por prerrogativa de função atribuída pela Constituição do Estado, e a competência do Tribunal do Júri, fixada na Constituição Federal, prevalece esta última, porém, nos julgamentos dos recursos, o Tribunal de Justiça ou o Tribunal Regional Federal, deverão obedecer às regras impostas pela prerrogativa de função para realizar o julgamento do recurso, como vimos anteriormente. Havendo conexão entre um crime eleitoral e um crime de competência do tribunal do júri, deverá haver a cisão processual, pois, segundo o escólio do professor Aury Lopes Júnior: O crime eleitoral será julgado na Justiça Eleitoral, e o homicídio (ou qualquer outro de competência do Tribunal do Júri), no Tribunal do Júri. Isto porque a competência do Júri é constitucional, prevalecendo sobre o disposto em leis ordinárias (como o código eleitoral e o CPP). (LOPES JÚNIOR, 2011a, p. 471). Para finalizarmos este item do trabalho, necessário abordar ainda, o disposto no artigo 85 do Código de Processo Penal, que, trata da hipótese em que a vítima de passa a ser a autora, que é o caso, especificamente, da oposição da exceção da verdade (artigo 138, 3º e, 139, parágrafo único do Código Penal), nos crimes contra a honra, por exemplo: Um comerciante que calunia um juiz de direito. Este juiz ajuíza uma queixa crime contra o comerciante. O comerciante, por sua vez, alega exceção da verdade. Neste momento processual, o comerciante passa a ser o autor e o juiz, que era vítima do crime de calúnia, passa a ser réu da exceção de verdade. Como o juiz 4 HC69325-3/GO 5 HC 83583/PE 16

passa a ser réu nesta exceção da verdade e, possuindo foro por prerrogativa de função, quem deverá julgar esta exceção da verdade é o Tribunal de Justiça Estadual ao qual o magistrado estiver vinculado. Estes são, portanto, os assuntos relacionados à competência por prerrogativa de função e alguns de seus pontos controversos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Estudo da competência é de suma importância pois, antes de mais nada, é garantia fundamental do acusado, no processo penal, ser julgado por um juiz imparcial e competente para a análise do caso concreto. A garantia fundamental do devido processo legal refletida nas regras processuais, em especial as de competência, são previstas para proteger o acusado, são garantias contra a força do Estado que, por obrigação, deve-se ater a estas regras, sob pena de um processo injusto e ilegal. Diante da complexidade das demandas do cotidiano, como vimos no presente trabalho Prefeitos, crimes conexos aos de prerrogativa de função, Militar, Eleitoral, etc fazem com que o árduo estudo da competência seja de relevância fundamental para o processo pois, além de representar uma ofensa à garantia do devido processo legal, significa ônus excessivo para o Estado o gasto de dinheiro e tempo de seus funcionários, ao atuarem num processo que desrespeita a regra da competência e que, fatalmente, será anulado desde o início para que os atos seja refeitos. Para o sociedade, pode significar a impunidade pois, o trâmite de um processo às margens da regra de competência que, futuramente possa vir a ser anulado, pode levar à prescrição de crimes ou, a mera demora do processo pode surtir um efeito de impunidade, diante da sociedade. Portanto, o presente trabalho agrupou os temas atuais e controvertidos da competência por prerrogativa de foro prevista no Código de Processo Penal, analisando as situações complexas do tema, atingindo seu objetivo ao enfrentá-las sem omissões, aprofundando a reflexão jurídica sobre as mesmas. 6. Bibliografia ARAÚJO, Luiz Alberto David e JÚNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de Direito Constitucional. 11 edição. Editora: Saraiva. São Paulo, 2007. BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. Saraiva. São Paulo, 2012. 7 edição. Editora: Código de Processo Penal Anotado. 4ª edição. Editora: Saraiva. São Paulo, 2011. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 edição. Editora: Saraiva. São Paulo, 2012. 17

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