A FORMAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA NO CURSO DE PEDAGOGIA DO PARFOR/ UFMA: ENTRE PROBLEMÁTICAS E PROPOSTAS DE AÇÃO

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Transcrição:

00422 A FORMAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA NO CURSO DE PEDAGOGIA DO PARFOR/ UFMA: ENTRE PROBLEMÁTICAS E PROPOSTAS DE AÇÃO Késsia Mileny de Paulo Moura/UFMA RESUMO Este trabalho apresenta o contexto de inserção de alunos indígenas no Curso de Pedagogia do Programa de Formação de Professores para Educação básica do Plano de Ações Articuladas na Universidade Federal do Maranhão- Campus de Imperatriz e a problematização feita pelos professores e alunos do curso no atendimento as peculiaridades que esses alunos requerem em seus processos formativos. Tivemos como objetivo situar a sistemática de ações que o curso tomou em busca de garantir aprendizagem significativa aos alunos índios, partindo de um mapeamento feito com os alunos e de grupo de estudos realizados pelos professores no ano de 2013. Como resultados apresentamos preliminarmente falas dos professores quando refletem acerca da proposta curricular do curso e suas metodologias. Palavras-Chave: Formação de professores. Alunos. Indígenas. A formação específica dos povos indígenas tem conquistado avanços no quesito legal. A exemplo das legislações brasileiras, destacamos a Constituição de 1988 quando traz o asseguramento de uma formação específica para as comunidades indígenas, considerando suas línguas maternas; a LDB 9394/96 que reforça esse preceito constitucional e acrescenta a autonomia às escolas indígenas em suas definições de práticas instituicionais; ainda o Plano Nacional de Educação - PNE 2001-2010 que insere nas metas a serem conquistadas a categoria escola indígena e a necessidade de reconhecimento público do professor indígena. Neste ultimo lei n. 10.172/2001 em seu item 9, meta 17, que trata da modalidade da educação indígena encontramos: Formular, em dois anos, um plano para implementação de programas especiais para formação de professores indígenas em nível superior, através da colaboração da universidade e de instituições de nível equivalente. Diante desse aparato legal vimos nas últimas décadas diferentes propostas serem implementadas sob a égide da educação indígena no Brasil. Ainda que

00423 insuficientes essas propostas buscam construir uma nova realidade na questão indígena, quando promovem a garantia do que pede a legislação brasileira e atendem em certa medida as reivindicações dos movimentos indígenas. Formar o quadro de professores para atuarem nas escolas indígenas passou a ser condição de qualidade educacional num contexto amplo, bem como consideração às particularidades que as comunidades indígenas apresentam. Nesse processo, a diferenciação no modelo de formação está no patamar da inclusão e respeito a diversidade. É defendido pelos movimentos indígenas que a formação de seus professores venha ao encontro dos novos parâmetros da educação escolar indígena, que destaca a necessidade desta formação ser específica em termos da interculturalidade e da língua. "A escola indígena tem que estar referenciada no território, na língua, na cultura, se não ela não tem sentido,não nos ajuda em nada. A ideia de fundo da educação escolar indígena é a da construção da autonomia". Professor Euclides Pereira, Macuxi/RR (PARAMETROS EM AÇÃO- EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA, 2002, p. 10) Com o lançamento pelo Ministério da Educação do Plano de Ações Articuladas de Formação de Professores, no ano de 2009, a Universidade Federal do Maranhão tem uma ampliação no quantitativo de alunos, visto que se insere no oferecimento de cursos presenciais de primeira e segunda licenciatura, em regime especial. Através do Programa de Formação de Professores Para a Educação Básica do Plano de Ações Articuladas, essa instituição recebeu no ano de 2011, dentre suas demandas de matrículas para o Curso de Pedagogia vinte alunos indígenas nas turmas situadas na cidade de Grajaú-MA, coordenada pelo Campus de Imperatriz. Nesse recebimento a UFMA promove em certa medida a inclusão desses alunos na formação superior, mesmo não sendo o modelo ideal buscado por esses povos, que lutam pela promoção de uma educação específica e diferenciada. Esse fato apresenta-se para o curso de formação de professores em pedagogia como um desafio no garantimento do direito a educação superior, sobretudo, com qualidade, no direcionamento mínimo para atender as especificidades que os alunos indígenas exigem. O plano nacional de educação assegurou reivindicações importantes para a educação escolar: trata-se da formação do professor indígena não apenas em nível médio Magistério, mas sua formação em nível superior e estabeleceu

00424 que cada Estado Brasileiro deverá criar programas especiais para esse atendimento. (ANGELO, 2002, p. 212) Nesse contexto, preocupados com a melhoria da formação dos alunos indígenas em processo, buscamos desde o ano de 2013 refletir sobre a proposta curricular do curso e instaurar grupo de estudos de professores formadores que fazem parte do programa, tendo como objetivo principal verificar a aprendizagem dos alunos indígenas numa perspectiva de inclusão. Iniciamos na problematização da diversidade que caracteriza nossas salas de aula, quando da matrícula de índios e não índios. Nesse contexto era percebido e relatado pelos professores que ministravam aulas nas turmas, que as metodologias tinham que ser diversas para atingir os objetivos das aulas e fazer com que todos participassem e aprendessem. Diante desses relatos dos professores buscamos ouvir também os alunos indígenas nesse processo formativo. Para tanto fizemos um mapeamento com esses alunos. Destacaram que em sua trajetória de formação algumas dificuldades fazem-se presentes. A principal delas, conforme destacaram 18 dos entrevistados refere-se a falta de entendimento e comunicação com os professores no desenvolvimento das aulas, implicando no dizer de alguns, nas metodologias adotadas pelos professores. Esse mapeamento serviu de instrumento para pensar a próxima ação, que foi a promoção de grupo de discussão com os professores sobre a problemática levantada, de forma que estes pudessem identificar em suas abordagens metodológicas as mais apropriadas para a melhor condução do processo de aprendizagem desses alunos. Como destacado nos Referenciais Para Formação de Professores Indígenas (2002) as instituições que oferecem formação indígena devem pautar suas propostas na realidade das comunidades. Aos sistemas de ensino, responsáveis pela oferta de programas de formação, cabem o respeito e o incentivo às novas práticas de atuação profissional, que permitam ao professor indígena responder aos anseios das comunidades indígenas dentro dos novos parâmetros e consensos da educação escolar indígena no Brasil. (BRASIL/SEF/REFERENCIAIS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDIGENAS, 2002, p. 10) Estudos e discussões sobre as dificuldades e peculiaridades desses alunos no processo de formação foram travados. Como resultado desses encontros a necessidade de adaptar o currículo já em andamento inserindo disciplinas voltadas para a educação

00425 indígena fizeram-se necessárias. Para além desses direcionamentos, professores que participaram dos encontros colocavam: Parabéns pela iniciativa, isso vai ser muito bom para os alunos indígenas. (Professora I.M.S da turma 2010.1) Depois daquela primeira discussão passei a ver minha turma diferente, passei a ver os índios de minha turma de forma diferente. (Professor M.R. da turma 2011.2) Esses encontros ajudam a conhecer mais sobre nossos alunos índios. (Professora M.Z.B, turma 2011.2) Teremos mais informações para atuar em sala de aula, definir métodos. Professora I.M.A da turma 2010.2) Dentre outras declarações, para estes professores esta proposta de formação foi válida para o andamento do curso de pedagogia, quando faz com que professores formadores reconheçam-se como participes de um projeto contínuo de inclusão e adaptação às conjunturas que envolvem seus alunos. Essas reelaborações são pontos necessários tanto para execução como para avaliação do programa Ambos os sujeitos, professores e alunos do programa, perceberam entraves no processo ensino-aprendizagem a partir da proposta metodológica, como situamos acima. Refletir sobre as concepções e propostas metodológicas são requisitos para aprimoramento de qualquer sistemática de curso. Não defendemos nessa sistemática de ação uma exclusividade na formação dos indígenas inseridos no curso. Buscamos, pois problematizar e reconhecer que o professor encontra em sua sala de uma diversidade de sujeitos com histórias de vida e objetivos diferentes, como tal, deve tentar promover ao máximo uma aprendizagem significativa. As turmas do Curso de Pedagogia em Grajaú trazem as nuances de uma diversidade cultural que deve ser aliada nas práticas dos professores e na formação dos alunos quando trabalha o respeito e a tolerância cultural de distintos povos. Quando refletida, essa diversidade que constitui as turmas de pedagogia pode favorecer o enriquecimento da formação superior, e, principalmente mostrar que embora

00426 não seja a proposta ideal de formação para os índios, este curso pode contribuir nas formulações que façamos sobre modelos e metodologias na formação ao reunir e interpretar conhecimentos oriundos das sociedades indígenas e não indígenas. REFERENCIAS ANGELO, Francisca Novantino P. de. A educação e a diversidade cultural. In: Cadernos de Educação Escolar Indígena 3o. Grau Indígena. N. 01, Vol.01. Barra do Bugres: Unemat, 2002. BRASIL. Constituição Brasileira de 1988: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/principal.htm. Acesso 15 de agosto de 2013.. Lei n 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília: Diário Oficial da União, 1996. BRASIL/MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para formação de professores indígenas. Brasília:MEC/SEF, 2002.. Secretaria de Educação Fundamental. Programa parâmetros em ação educação escolar indígena. Brasília: MEC/SEF, 2002.. Plano Nacional de Educação. Brasília/DF, 2001. In: VALENTE, Ivan. Plano Nacional de Educação. São Paulo, DP&A, 2001.. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. Brasília: MEC/SEF, 1998.. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO. Diretrizes para a política de Educação Escolar Indígena. Série Institucional, Vol. 2, 2ª Ed, Brasília, 1994. MELIÀ, Bartomeu. Educação indígena e alfabetização. São Paulo: Loyola, 1979. PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13583 &Itemid=970. Acesso em 12 de maio/2013. SEVERINO, A. J. O ensino superior brasileiro: novas configurações e velhos desafios. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-40602008000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 19 de dez/2013.