OBJETIVO TRABALHAR NUM NAVIO Álvaro Máximo Sardinha TransporteMarítimoGlobal Lisboa, Portugal
DEDICADO.. a todos quantos se interrogam, se o Mar é bom caminho e ainda maior destino.
Se queres estar bem a bordo de um navio, não deixes o tempo passar apressado para outros destinos. Segue orientações mas não esperes por vozes de comando ou manual de instruções. Descobre e renova-te em cada dia. E falando de investimentos, seguros e certos de elevados ganhos de curto a longo prazo, considera as opções por conhecimento, aprendizagem, desafio e obra feita. Com evidências declaradas.
CONTEÚDOS Um festival de oportunidades 1 1. Há lugar para mim? 3 2. Onde está a oportunidade? 12 3. O essencial das profissões e carreiras 40 4. Requisitos de acesso 52 5. Quem recruta marítimos? 74 6. Apresentar candidatura 99 7. Sou percebido, logo existo 126 8. Quem é quem? 135 9. Direito do Mar e regulamentação marítima 159 10. Segurança marítima (safety) 210 11. Proteção (security) 240 12. Dimensões de navios 261 13. História da indústria dos cruzeiros 270 14. O maldito inglês 284 15. Plano trabalhar num navio 299 16. As emoções 306 Agradecimentos 315 Acerca do autor 316 Centro do Mar 317 Ligações 323
UM FESTIVAL DE OPORTUNIDADES Este livro foi escrito por quem trabalha num navio, para quem quer trabalhar em navios. Não é uma biografia nem sequer um diário de bordo. Não fala de outros, é dedicado a si. Não fala de passado, antes de futuro. Das oportunidades únicas que o autor, com experiência de trabalho em navios de cruzeiros, encontra todos os dias e perante as quais se questiona: Porque não estão aqui mais portugueses? A principal razão para este facto, consiste na falta de informação e na ausência de respostas corretas e comprovadas, para as seguintes questões: O que significa trabalhar num navio? O que ganho com isso? Possuo informação suficiente para querer realmente perseguir este objetivo? Que competências me faltam? Que certificados preciso? Quero trabalhar num navio. Por onde começo? Como diferencio e valorizo a minha candidatura para entrar num navio? O livro Objetivo Trabalhar num Navio, transmite os conhecimentos essenciais sobre a indústria do transporte marítimo e revela os segredos das profissões, certificação, acesso a emprego e condições reais de vida e trabalho em navios de carga e de cruzeiros. Apesar de todo o vasto conhecimento que partilha, não é
2 ÁLVARO MÁXIMO SARDINHA um compêndio nem um dicionário do mar e do transporte marítimo. É, isso sim, um mapa para um tesouro, um guia que revela segredos e que ensina a contornar obstáculos, um plano de pensamento e de ação, para alcançar um promissor e valioso objetivo Trabalhar num Navio! Convido-o a ler este argumento e a adaptá-lo ao seu tempo, história e vontade. Absorva as ideias, as provas e os atalhos. Depois, suba ao palco e desempenhe o seu papel com atitude. Decida, seguro e confiante, os seus próprios caminhos, prepare a viagem e acerte o seu destino. O livro Objetivo Trabalhar num Navio, convida-o para um festival de oportunidades profissionais, o local onde pode escolher e preparar uma carreira internacional gratificante. Construa o seu futuro com sucesso venha Trabalhar num Navio!
1 HÁ LUGAR PARA MIM? Perco a conta ao número de pessoas que me têm colocado esta questão. Respondo sempre da mesma forma: Trabalhar num navio inclui um vasto universo de atividades profissionais, algumas das quais mais exigentes em termos de qualificação, outras nem por isso. Por esta razão, trabalhar num navio depende apenas de cada um, do seu objetivo, do seu nível de informação acerca da carreira, da sua vontade, da sua disponibilidade para desenvolver competências, da sua perseverança, disciplina e método. Porém, as questões que se deveriam colocar em primeiro lugar seriam: O que significa trabalhar num navio? Possuo informação suficiente para querer realmente perseguir este objetivo? Possuo as características certas para aproveitar esta oportunidade? O livro Objetivo Trabalhar num Navio responde a estas questões, de forma clara, completa e detalhada. Este é o livro que deve ler
4 ÁLVARO MÁXIMO SARDINHA para obter informação real e atualizada, para alargar a sua visão, planear e completar as suas competências. Depois, entrar num navio e seguir à descoberta do mundo e de diferentes civilizações, de uma forma única e exclusiva dos marítimos (homens e mulheres que trabalham em navios). Trabalhar num Navio é para si. Mas tem de o querer. O transporte marítimo é a espinha dorsal do comércio internacional e um motor da globalização, constituindo um pilar fundamental da civilização que conhecemos. Mais de 90.000 navios transportam atualmente 90% do comércio mundial e empregam 1,5 milhões de marítimos. O mundo do transporte marítimo é crucial para a nossa existência quotidiana, mas poucas pessoas têm ideia do que acontece em alto-mar. Uma oportunidade a considerar Trabalhar num navio constitui uma carreira internacional. Não só porque Portugal tem um número insignificante de navios, face ao mercado global, mas porque os conteúdos de ensino e os processos de certificação são normalizados a nível global. Quer isto dizer, que a formação especializada realizada em Portugal, é certificada e reconhecida em todo o mundo, podendo assim trabalhar em qualquer navio, de qualquer nacionalidade. O que significa que o investimento na formação, na área do transporte marítimo, tem um elevado retorno o mercado de trabalho é global, praticamente sem fronteiras ou barreiras. Trabalhar num navio é para todos. Mas nem todos são (aptos) para trabalhar num navio. Trata-se de uma carreira que requer suficiente robustez física e psíquica, estabilidade emocional, vontade de viajar, facilidade de integração em ambiente multiculturais, conhecimentos básicos ou avançados de inglês consoante a área de atividade, alguma capacidade financeira para um investimento inicial em formação de qualificação, e atitude (muito) positiva.
OBJETIVO TRABALHAR NUM NAVIO 5 E a idade? É um fator eliminatório? Grande e comum questão para a qual existe uma única e simples resposta: A idade não é, regra geral, fator eliminatório na entrada num navio. As lacunas de competências sim. A falta de informação e a deficiente pré integração na comunidade marítima também. A ausência de um plano e de determinação para o executar, constituem igualmente importantes obstáculos. As maiores limitações são, porém, as que criar na sua cabeça, a falta de confiança, as respostas negativas que der a si próprio. A saúde é o verdadeiro fator eliminatório. Não só porque os testes médicos, necessários e exigidos pelas companhias, são cada vez mais exigentes. Também porque não vai querer estar a bordo de um navio, se não estiver 100% capaz, física e intelectualmente. O que ganho com isso? Parece uma questão egocêntrica mas sustenta-se de sentido. Faz parte do processo de integração de informação, para avaliação e suporte a importantes decisões. Afinal, falamos de opções profissionais, de seleção de caminhos que podem fazer toda a diferença no futuro. Trabalhar num navio tem aspetos positivos e negativos. Nos primeiros, destaco o facto de poder ganhar (poupar) dinheiro, muitas vezes livre de impostos, viajando e conhecendo outras culturas, algumas com as quais não iria decerto ter contato ao longo da sua vida. Acrescento ainda o convívio com naturezas gigantes, secretas, inspiradoras e com pessoas únicas. E, finalmente, o enriquecimento único do currículo, com uma experiência reconhecida e valorizada em qualquer área. Particularmente nos serviços em terra, das companhias que operam navios e nas indústrias similares às dos navios ou tecnologias utilizadas. Nos aspetos menos positivos, a saudade da família, dos amigos, da alegria e diversidade da nossa gastronomia. Também o afasta-
6 ÁLVARO MÁXIMO SARDINHA mento da atualidade e da cultura geral. As notícias ficam distantes, os cinemas e teatros mais ainda, as comunicações sofrem e a internet, a maior parte das vezes e quando disponível, paga-se. O mercado do turismo em navios de cruzeiros encontra-se em franca expansão, com resultados de exploração milionários, estando prevista a construção e lançamento de mais de 40 novos navios de grande porte até 2022. Este crescimento é acompanhado da necessidade de contratação de tripulações, com ou sem especialização, tendo os portugueses uma excelente imagem profissional neste setor. 24/7 Trabalhar num navio significa estar disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana. Significa trabalhar cerca de 11 horas por dia. Além do desempenho das suas funções profissionais regulares, deve estar preparado para exercer funções no domínio da segurança, nomeadamente na salvaguarda de vidas, da carga e do navio. Significa também, conviver praticamente sempre com as mesmas pessoas, integrado na equipa de trabalho ou em espaços limitados. Adicionalmente, nos navios de cruzeiros, partilhar cabinas
OBJETIVO TRABALHAR NUM NAVIO 7 com uma ou mais pessoas, suportar a quase total ausência de privacidade, ter acesso a internet a velocidade reduzida e a preços elevados. E, ainda assim, desfrutar e sorrir, voluntariamente. De facto, embora esta informação pareça assustadora, na realidade, o ritmo de vida num navio conduz-nos de forma natural e saudável, a trabalhar e a conviver mais, e a dormir menos. Há sempre muito para fazer, para aprender e para crescer. Posso realmente visitar as cidades por onde o navio passa? Depende de muitos fatores. Principalmente do tipo de navio e das rotas em que opera. Em alguns navios de transporte de carga, é comum passar muito tempo no mar e pouco tempo em terra. E quando em porto, devido ao reduzido número de tripulantes e às operações de carga e descarga, visitas e inspeções, pode tornar-se difícil a saída. Em navios de passageiros, nomeadamente de cruzeiros, quase todos os dias se visita um local diferente. A navegação é realizada durante a noite e os percursos mais longos são ocasionais. Normalmente, a tripulação tem tempo para sair e visitar as cidades, exceto quando se situam distantes dos portos. As equipas organizam-se e, sem prejuízo dos serviços do navio, encontram
OBJETIVO TRABALHAR NUM NAVIO 11 um pouco de sal na sua apresentação, ingrediente absolutamente necessário. Depois poderá apresentar-se ao mercado preparado e vencedor. Existem muitas empresas, às quais se pode candidatar para trabalhar num navio, direta ou indiretamente. Existem mais profissões em navios, dos que as que consegue imaginar. Existem empresas que o podem recrutar, que nem sequer imagina neste momento. Existem, inclusive, alguns tipos de navios e de atividades marítimas que desconhece. Pode encontrar ou ser encontrado. Depende da sua visibilidade, da sua reputação e das suas ligações sociais. E da sua capacidade de promover e vender o seu proviço (o seu mix produto/serviço), o valor que as empresas realmente procuram e compram. Fundamental, se não tem uma comunicação vencedora, pondere nem sequer a apresentar. Será perda de tempo. E de estima. Não é o que não sabe que traz problemas. É quando o que pensa que sabe não corresponde à verdade. Mark Twain