Pesquisa de Staphylococcus coagulase positiva em queijo Minas Frescal artesanal

Documentos relacionados
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

QUANTIFICAÇÃO DE Staphylococcus sp. NO PROCESSAMENTO DO QUEIJO COLONIAL PRODUZIDO EM AGROINDÚSTRIA FAMILIAR DO RIO GRANDE DO SUL - BRASIL.

OCORRÊNCIA DE Staphylococcus coagulase positiva EM QUEIJOS MINAS FRESCAL PRODUZIDOS EM UBERLÂNDIA-MG

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

QUANTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM AMOSTRAS DE QUEIJOS COLONIAIS PRODUZIDOS PELA AGOINDUSTRIA FAMILIAR DA REGIÃO DE TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - BRASIL

ANÁLISE DE PRESENÇA DE Staphylococcus aureus EM QUEIJOS ARTESANAIS, COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE APUCARANA- PR

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA IN NATURA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS-PR

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Quantificação de coliformes totais e termotolerantes em queijo Minas Frescal artesanal

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LINGUIÇAS SUÍNAS DO TIPO FRESCAL COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE PELOTAS-RS

Qualidade microbiológica de queijos coloniais comercializados em Francisco Beltrão, Paraná

Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Pesquisa de enzimas em queijos Minas

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE UMA LANCHONETE UNIVERSITÁRIA NA CIDADE DE PELOTAS, RS.

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE SANDUÍCHES NATURAIS COMERCIALIZADOS EM ARAPONGAS PARANÁ SILVA, M.C; TOLEDO, E

Análises de coliformes em queijo coalho comercializado em Manaus-AM. Resumo

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO COLONIAL PRODUZIDO NA CIDADE DE TRÊS PASSOS, RS

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO TIPO COLONIAL PRODUZIDO A PARTIR DE LEITE CRU E PASTEURIZADO

QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LANCHES COMERCIALIZADOS NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, RS

Ana Paula L. de Souza, Aluna do PPG Doenças Infecciosas e Parasitarias (ULBRA); Gabriela Zimmer (Médica Veterinária);

ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO EM JUIZ

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO COALHO COMERCIALIZADO NA CIDADE LUÍS GOMES/RN.

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

Avaliação da Qualidade Microbiológica de Manteigas Artesanais Comercializadas no Estado de Alagoas

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇA SUINA COMERCIALIZADA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

ADEQUAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL PRODUZIDO NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA-MG

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

ANÁLISE DE BOLORES E LEVEDURAS EM QUEIJOS TIPO MINAS, PRODUZIDOS ARTESANALMENTE E COMERCIALIZADOS EM FEIRAS LIVRES NA CIDADE DE PELOTAS / RS.

Perfil enterotoxigênico de amostras de queijo minas artesanal produzidas na Serra da Canastra-MG

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS UTILIZADAS NA HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE COZINHA DE RESTAURANTES DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

Análise Técnica. Segurança Microbiológica de Molhos Comercializados em Embalagens Tipo Sache: Avaliação de um Abridor de Embalagens

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO DE COALHO

Instrução normativa 62/2003: Contagem de coliformes pela técnica do NMP e em placas

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS TIPO MINAS FRESCAL FISCALIZADOS E COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

Pesquisa de microrganismos indicadores de condições higiênico sanitárias em água de coco

ENUMERAÇÃO DE COLIFORMES A 45 C EM LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM CAXIAS, MA

ENUMERAÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA EM QUEIJO COLONIAL

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE MÃOS DE MANIPULADORES, MÁQUINAS DE MOER CARNE E FACAS DE CORTE, EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE APUCARANA- PR

DETERMINAÇÃO DE COLIFORMES E Staphylococcus COAGULASE POSITIVA EM QUEIJOS MINAS FRESCAL

Incidência de Salmonella sp, em Queijos Tipo Minas Frescal Comercializados em Feiras Livres do DF

TÍTULO: PESQUISA DE MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE QUEIJOS TIPO MINAS FRESCAL

PERFIL DO CONSUMO DE LEITE E DO QUEIJO FRESCAL NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANAS DO LEITE CRU REFRIGERADO CAPTADO EM TRÊS LATICÍNIOS DA REGIÃO DA ZONA DA MATA (MG)

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS SERVIDAS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, CAMPUS CAPÃO DO LEÃO. 1. INTRODUÇÃO

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DA POPULAÇÃO DE STAPHYLOCOCCUS EM PATÊ DE PEITO DE PERU SABOR DEFUMADO DURANTE 45 DIAS DE ARMAZENAMENTO

André Fioravante Guerra Enumeração de Estafilococos Coagulase Positiva e Negativa Valença, 1ª Edição, p. Disponível em:

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel. Ciências Agrárias, Medicina Veterinária

Avaliação da qualidade microbiológica de queijo Minas Padrão produzido no município de Januária - MG

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO CALDO DE CANA EM FEIRAS LIVRES DO ESTADO DE RONDÔNIA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇAS MISTAS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ

INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DO LEITE CRU REFRIGERADO NO RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO DO QUEIJO MINAS FRESCAL¹

DIFERENÇAS NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ SC

[031] AVALIAÇÃO DE MÉTODOS RÁPIDOS PARA A QUANTIFICAÇÃO DE Staphylococcus aureus EM ALIMENTOS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CACHORROS-QUENTES COMERCIALIZADOS POR FOOD TRUCKS

(83)

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS MINAS FRESCAL E QUEIJOS MINAS PADRÃO COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE UBERABA MG

MICROBIOLOGICAL ANALYSIS OF SURFACE OF BEVERAGE CANS SOLD IN COMMERCIAL ESTABLISHMENTS AROUND THE RUA 25 DE MARÇO

CARACTERIZAÇÃO FISÍCO-QUÍMICA E MICROBIOLOGICA DO LEITE CRU COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA MA

Pró-Reitoria de Graduação. Curso de Nutrição CONTAGEM DE COLIFORMES EM QUEIJO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO EM UM HIPERMERCADO TAGUATINGA - DF

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE CACHORROS QUENTE COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE UBERABA, MG.

FACULDADE ASSIS GURGACZ FAG MARIA INEZ LAUTERT

Análise microbiológica de cebolinha (Allium fistolosum) comercializada em supermercado e na feira-livre de Limoeiro do Norte-CE

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE PEIXE TAMBAQUI (Colossoma macropomum) NO ENTREPOSTO DO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

Avaliação microbiológica da qualidade higiênica de queijos tipo Minas, comercializados em Brasília.

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO CALDO DE CANA COMERCIALIZADO NO CENTRO DO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE DOCE DE LEITE COMERCIALIZADO NA CIDADE DE NOVO ITACOLOMI PR. Discentes do Curso de Ciências Biológicas FAP

Vigilância Sanitária Estadual Vigilância Sanitária Municipal Laboratório de Saúde Pública

AVALIAÇÃO BACTERIOLÓGICA EM AMOSTRAS DE AÇAÍ NA TIGELA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE

XI Encontro de Iniciação à Docência

Maturação do queijo Minas artesanal da região de Araxá e contagem de Staphylococcus aureus

ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA EM QUEIJOS MINAS FRESCAL E MINAS PADRÃO COMERCIALIZADOS EM PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO COLONIAL COM E SEM INSPEÇÃO COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ANÁLISES DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM PRODUTOS DERIVADOS LACTEOS E SORVETES

Avaliação microbiológica do queijo coalho produzido pela agricultura familiar. BATISTA, Samara Claudia Picanço¹; COSTA, Sarah Ferreira das Chagas 2

Análise de coliformes totais e termotolerantes em leites in natura do comércio informal no município de Currais Novos.

PESQUISA DE SALMONELLA EM MOLHOS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO NA CIDADE DE MONTES CLAROS MG

CONTAMINAÇÃO POR BACTÉRIAS MESÓFILAS AERÓBIAS NA CARNE MOÍDA COMERCIALIZADA EM CAXIAS MA

UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS. Disciplina de Microbiologia

Cursos de Enfermagem e Obstetrícia, Medicina e Nutrição. Disciplina Mecanismos Básicos de Saúde e Doença MCW 240. Aula Prática 3 Módulo Microbiologia

Avaliação da presença de estafilococos coagulase positiva em queijo minas artesanal comercializados na microrregião de Bom Despacho-MG

QUALIDADE E INOCUIDADE DO QUEIJO ARTESANAL SERRANO EM SANTA CATARINA

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNE BOVINA MOÍDA COMERCIALIZADA EM LIMOEIRO DO NORTE-CE

ANALISE MICROBIOLÓGICA DE DIETAS ENTERAIS NÃO INDUSTRIALIZADAS DE UM HOSPITAL INFANTIL

PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

QUANTIFICAÇÃO DE COLIFORES TOTAIS E TERMOTOLERANTES/Escherichia coli NO LEITE IN NATURA COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE ACARI-RN

ATIVIDADE ANTAGONISTA DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE ph E UMIDADE E CONTAMINAÇÃO DE QUEIJO COLONIAL por Staphylococcus aureus E Staphylococcus sp.

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

Engenharia de Alimentos-01

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Ocorrência de Staphylococcus coagulase positiva em queijos Minas tipos frescal e padrão comercializados nas feiras-livres de Goiânia-GO

Análise de microrganismos do grupo Staphylococcus aureus

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA NA PRODUÇÃO E MANEJO DE UMA AMOSTRA LEITE CRU IN NATURA DO MUNICÍPIO DE PORCIÚNCULA-RJ

Transcrição:

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Pesquisa de Staphylococcus coagulase positiva em queijo Minas Frescal artesanal Renata Marques Ferreira 1 ; Janise De Castro Moraes Spini 1 ; Leonardo Gomes Carrazza 2 ; Driele Schneidereit Sant ana 2 ; Millene Torres de Oliveira 2 ; Luana Ribeiro Alves 2 ; Thaís Gomes Carrazza 3 1 Médica Veterinária. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia UFU. 3 Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia UFU. Resumo A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica do queijo Minas Frescal artesanal, através da análise de Staphylococcus coagulase positiva. Foram analisadas 20 amostras, comercializadas em feiras livres da cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Os resultados obtidos mostraram que 18 (90%) estavam com contagem acima do padrão estabelecido para Staphylococcus coagulase positiva. A partir destes resultados pode-se concluir que a qualidade microbiológica apresentou-se insatisfatória, representando um risco à saúde do consumidor. Palavras-chave: Contagem bacteriana, contaminação, leite cru

Search by coagulase positive Staphylococcus in artisan Minas cheese Abstract This study aimed to evaluate the microbiological quality of artisan Minas cheese, through analysis of coagulase positive Staphylococcus. Were analyzed 20 samples, sold in street markets of the city of Uberlandia, Minas Gerais. The results showed that 18 (90%) had counts above the established standard for coagulase positive Staphylococcus. From these results we can conclude that the microbiological quality was unsatisfactory, representing a risk to consumer health. Keywords: Bacterial count, contamination, raw milk INTRODUÇÃO Entende-se por queijo Minas Frescal, o queijo fresco obtido por coagulação enzimática do leite com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas (BARROS et al., 2004). Este tipo de queijo é caracterizado pelo alto teor de umidade, massa branca, consistência mole, textura fechada com algumas olhaduras irregulares, sabor suave a levemente ácido. Tem elevado valor nutritivo com grande concentração de proteínas, sais minerais e vitaminas além de ser rico em fósforo e cálcio (TRONCO, 1996). Por ter um preço acessível e ser de fácil fabricação, é um produto amplamente consumido em diversas regiões do Brasil. É também conhecido como queijo branco, queijo Minas ou Frescal (SABIONI et al., 1988). A pecuária de leite, associada à fabricação artesanal de queijos com venda direta ao consumidor em feiras livres é comum em diversas regiões do país. Entretanto, na maioria das vezes estes produtos são elaborados a partir de leite sem qualquer tratamento térmico, com condições higiênico-sanitárias duvidosas, o que leva à produção de um derivado de qualidade inferior, senão

potencialmente capaz de comprometer a saúde de seus consumidores (SILVA, 1998). Os possíveis defeitos encontrados nestes produtos estão relacionados diretamente com a qualidade físico-química da matéria prima utilizada, bem como a má higiene do local onde está sendo fabricado o queijo, a manipulação inadequada e a permanência do produto, desde a produção até sua comercialização, em temperaturas que suportam o desenvolvimento de microrganismos prejudiciais à saúde do homem, sendo, portanto um problema de Saúde Pública (BARROS et al., 2004). Dentre os microrganismos mais importantes encontrados em leite e derivados, como os queijos estão os Staphylococcus aureus, que podem ser transmitidos tanto pelo leite contaminado por vacas que apresentem mastite estafilocóccica como pela manipulação e contaminação através do ser humano (GERMANO; GERMANO, 2001). O Staphylococcus aureus é freqüentemente pesquisado em alimentos, sendo o queijo, um dos principais veículos causadores de toxinfecção alimentar, pois sua presença está associada a práticas de higiene e manipulação inadequadas (LOGUERCI; ALEIXO, 2001). Por muitos anos Staphylococcus aureus foi considerado a única espécie do gênero Staphylococcus capaz de produzir enterotoxinas, bem como de produzir coagulase. Posteriormente outras espécies relacionadas a surtos de intoxicação alimentar foram identificadas, em função deste fator houve uma mudança na legislação brasileira que passou a estabelecer a pesquisa e enumeração de estafilococos coagulase positiva ao invés da enumeração Staphylococcus aureus (SILVA; GANDRA, 2004). De acordo com a resolução RDC nº. 12, de 2 de janeiro de 2001 (ANVISA), o padrão microbiológico para Staphylococcus coagulase positiva é de no máximo 5x10 2 UFC/g. A pesquisa teve por objetivo avaliar a qualidade microbiológica do queijo Minas Frescal artesanal, comercializado na cidade de Uberlândia - Minas

Gerais, através da determinação da presença de Staphylococcus coagulase positiva. MATERIAL E MÉTODOS Foram analisadas 20 amostras de queijo Minas Frescal artesanal de 4 diferentes pontos de vendas localizados em feiras livre da cidade de Uberlândia MG, no período de setembro e outubro de 2006. Os pontos de coleta foram denominados A, B, C e D. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos estéreis e identificados, logo após a coleta foram transportadas em caixas isotérmicas com gelo até o Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (LCQSA/FAMEV/UFU). Após chegarem ao laboratório, foram pesadas assepticamente 10 gramas de cada amostra e adicionado 90 ml de solução salina peptonada estéril a 0,1%. As diluições seriadas de 10 1 a 10 3 foram utilizadas para as etapas seguintes. A partir das diluições preparadas (10 1,10 2, 10 3 ) foi inoculado 0,1mL de cada diluição em superfície de placas contendo Ágar BP, (previamente preparadas e secadas) espalhou-se o inóculo com auxílio de uma alça estéril. Feito isso, as placas foram incubadas invertidas a 35º C por 48h. Após este período contaram-se as colônias típicas (máx. 1,5 mm de diâmetro, lisas, convexas, com bordas perfeitas, massa de células esbranquiçadas nas bordas, rodeadas por um halo transparente estendendo para além da zona opaca) e colônias atípicas (colônias cinzentas, sem um ou ambos os halos típicos de Staphylococcus). O resultado foi obtido pelo nº de colônias (UFC/g) contadas e diluição inoculada. Para confirmação de resultados foi feita coloração de Gram. Foram coradas lâminas de cada placa onde houve crescimento de colônias. As colônias foram espalhadas nas lâminas, fazendo esfregaço, acrescentando uma gota de água para uma melhor distribuição. A coloração

obedeceu a seguinte ordem: Cristal violeta; água destilada; iodo; segunda lavagem com água destilada; álcool acetona para descorar ; fucsina; lavagem em água corrente; secagem das lâminas em estufa por 5 minutos; visualização ao microscópio óptico. A partir de cada placa selecionada foram colhidas 5 colônias típicas e atípicas e semeadas em tubos estéreis contendo 0,2mL de caldo cérebro coração ( BHI).Os tubos foram identificados como A, B, C, D, E, sendo que cada letra corresponde a uma colônia. Após a inoculação os tubos foram incubados a 37º C por 24h. Após serem incubados, adicionou-se 0,2mL de plasma oxalato de coelho a cada tubo contendo o BHI, incubando-se novamente por 24h em banho-maria, a uma temperatura de 37º C. Foram considerados positivos os tubos que apresentaram coágulo evidente. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 mostra o resultado da análise microbiológica das amostras de queijo minas frescal artesanal, sendo representados os valores mínimos e máximos (UFC/g) de Staphylococcus coagulase positiva, e a conformidade dos resultados com a resolução RDC nº. 12, de 2 de janeiro de 2001 (ANVISA). Tabela 1: Valores mínimos e máximos de UFC/g, dos queijos minas frescal artesanal, coletados em diferentes pontos de venda. Uberlândia-MG. Setembro e Outubro, 2006. VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS PONTOS DE COLETA Nº DE AMOSTRAS (UFC/g) A 6 2,4x10 3-8x10 4 B 5 1,7x10 4-2,8x10 4 C 5 1,1x10 4-2,6x10 5 D 4 2,4x10 4-2,1x10 5 Total 20 2,4x10 3-2,6x10 5 *Padrão - 5x10 2

Analisando-se os resultados obtidos, na Tabela 2, de acordo com os padrões estabelecidos, 18 (90%) amostras apresentam contagens acima do padrão estabelecido para Staphylococcus coagulase positiva. Tabela 2: Resultado da análise de 20 amostras de queijo minas frescal artesanal, em relação aos padrões estabelecidos para Staphylococcus coagulase positiva UFC/g. Uberlândia-MG. Setembro e Outubro, 2006. DETERMINAÇÕES STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA (UFC/g) Nº AMOSTRAS % DENTRO DOS PADRÕES 2 10 FORA DOS PADRÕES 18 90 TOTAL 20 100 Das 20 amostras analisadas, 9 ( 45%) apresentaram coágulo evidente na prova da coagulase, indicando a presença de Staphylococcus coagulase positiva. Os pontos de coleta A e B não mantinham o produto sob refrigeração adequada mantendo-os dentro de caixas de isopor sem gelo. Nos pontos C e D, os queijos ficavam expostos sobre o balcão durante a manhã toda. Isto pode ter contribuído para as altas contagens de Staphylococcus coagulase positiva. Os valores encontrados nesta pesquisa para Staphylococcus coagulase positiva são superiores aos valores que ALMEIDA FILHO et al. (2000) encontraram, pois de 80 amostras de queijo minas frescal analisadas, 40 (50%) apresentavam contagem acima de 10 3 UFC/g. Já no trabalho realizado por Loguercio e Aleixo (2001), também com queijo minas frescal produzido artesanalmente, 29 amostras (96,67) apresentaram contagens superiores ao padrão legal aceitável para Staphylococcus aureus.

SILVA (1998), em trabalho semelhante, verificou que em 60 amostras de queijo minas frescal examinadas na Cidade do Rio de Janeiro, RJ, 38,4% das amostras apresentaram contagem de Staphylococcus aureus superiores a 10 3 UFC/g, enquanto Mandil et al. (1993) constataram que 67% das amostras do mesmo produto apresentaram contagens do mesmo microrganismo variando de 10 1 a 10 6 UFC/g. De acordo com Salotti et al. (2006) de 30 amostras de queijo minas frescal artesanal analisadas na cidade de Jaboticabal, SP, 6 (20%) apresentaram contagens acima do padrão permitido para Staphylococcus coagulase positiva, variando entre 5x10 3 UFC/g a > 5x10 4 UFC/g. Na análise de 20 amostras de queijos coletados em Blumenau-SC realizada por Reibinitz et al. (1998), verificou-se a presença de Staphylococcus coagulase positiva em 95% das amostras. A presença de Staphylococcus nas amostras representa falta de higiene, principalmente dos manipuladores de alimentos. Estes albergam principalmente o Staphylococcus aureus que é de grande interesse para a Saúde Pública, por estar relacionado a surtos de intoxicação alimentar. A utilização de leites pasteurizados, provenientes de vacas sadias também é de extrema relevância, pois a mastite estafilocócica é uma das causas da presença de Staphylococcus em alimentos derivados de leite. Em pesquisa realizada por Lamaita et al. (2005), em 80 amostras de leite cru coletadas em propriedades produtoras de leite em Belo Horizonte, no período de outubro a dezembro de 2002, foram detectados em 100% das amostras do leite refrigerado contagens que variaram de 1,0 10 5 a 2,5 10 7 UFC/g de Staphylococcus sp. Isso pode ser explicado pela diversificação de sistemas de produção e de manejos utilizados pelos produtores, o que leva à maior ou menor contaminação do leite por Staphylococcus sp. devido à mastite ou por contaminação de retireiros portadores assintomáticos.

CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos com este trabalho, pode-se concluir que a contaminação microbiológica do queijo minas frescal artesanal por Staphylococcus coagulase positiva é alta, e representa um perigo sério para a saúde do consumidor levando também a prejuízos econômicos. Portanto há a necessidade de implantação de programas de boas práticas de fabricação em todos os níveis da produção queijeira e análise de seus pontos críticos, além de um adequado sistema de vigilância nos pontos de venda. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA, Resolução-RDC nº. 12, de 2 de janeiro de 2001, disponível em http://www.anvisa.gov.br/legis/resol. Acesso em: 12, set. 2006. BARROS, P.C.O.G.; NOGUEIRA, L.C.; RODRIGUEZ, E.M.; CHIAPPINI, C.C. Avaliação da qualidade microbiológica do queijo minas frescal comercializado no município do Rio de Janeiro, RJ. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.18, n.122, p.32-37, Julho, 2004. GERMANO, P.M.L.; GERMANO, M.I.S. Higiene na ordenha. Higiene e Vigilância sanitária dos alimentos, São Paulo: Livraria Varela, parte 4, p.80-89, 2001, 655p. LAMAITA, H.C.; CERQUEIRA, M.M.P.; CARMO,L.S.; SANTOS, D.A. ; PENNA, C.F.A. M.; SOUZA, M.R. Contagem de Staphylococcus sp. e detecção de enterotoxinas estafilocócicas e toxina da síndrome do choque tóxico em amostras de leite cru refrigerado. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. vol.57, no.5, Belo Horizonte, Outubro 2005. LOGUERCIO, A.P.; ALEIXO, J.A.G. Microbiologia do queijo tipo minas frescal produzido artesanalmente. Ciência Rural. Santa Maria, v.31, n.6, 2001. Disponível em: http: //www.scielo.br/scielo.php/lng em.acesso em: 18 de set. 2005. MANDIL, A.; MORAIS, V.A.D.; PEREIRA, M.L.; FAGUNDES, J.M.S.; CARMO, L.S.; CORREIA, M.G.; CASTRO, E.P.; GOMES, M.J.V.M. Avaliação da qualidade microbiológica de queijos comercializados em Belo Horizonte, MG, no período de 1984 a 1991. In: Encontro nacional de analistas de alimentos, 8., 1993, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, 1993. REIBNITZ, M.G.R.; TAVARES, L.B.B.; GARCÍA, J.A. Presencia de coliformes fecales, Escherichia coli y Staphylococcus aureus coagulasa y DNAsa positivos em queso. Revista Argentina de microbiologia, Buenos Aires, v.30, n.1, p.8-12, 1998. SABIONI, G.J.; HIROOKA, Y. E.; SOUZA, R.L.M. Intoxicação alimentar por queijo minas contaminado com Staphylococcus aureus. Revista da Saúde Pública, São Paulo, v.22, n.5, outubro 1998.

SALOTTI, B.M.; CARVALHO, C.F.B.; AMARAL, A.;MARTINS,A.M.C.;CORTEZ,A.L. Qualidade microbiológica do queijo minas frescal comercializado no Município de Jaboticabal, SP, no período de julho a dezembro de 2002. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.73, n.2, p.171-175, abr./jun., 2006. SILVA, C.A.M. Avaliação da qualidade microbiológica de queijo minas frescal consumido na cidade do Rio de Janeiro. In: Congreso brasileiro de ciências e tecnologia de alimentos, 17, 1998, Fortaleza. Anais. Fortaleza, 1998, p.134. SILVA, W.P.; GANDRA, E.A. Estafilococos coagulase positiva: patógenos de importância em alimentos. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.18, n.122, p.32-37, Julho 2004. TRONCO, M.V. Aproveitamento do leite: Elaboração de seus derivados na propriedade rural, 1.ed, Guaíba: Agropecuária, 1996. p. 196.