Impactos sobre a Concorrência e a Regulação da Indústria do Gás Natural do Processo de Desinvestimento da Petrobras Superintendência de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural - SCM 28 de novembro de 2016
Regulação da Indústria do Gás Natural Papel da ANP na consolidação do Marco Regulatório vigente 2009 Lei n 11.909/2009 Lei do Gás 2010 Decreto n 7.382/2010 Regulamentação da Lei do Gás (criação da Troca Operacional de gás natural) 2011 RANP n 41/11 Decreto de Utilidade Pública RANP n 50/11 - Terminais de GNL (instr. contratual de uso do terminal de GNL) RANP nº 51/11 - Autoprodutor e Autoimportador RANP nº 52/11 Comercialização de GN (transparência na formação dos preços) 2012 RANP nº 42/12 - Compartilhamento de Servidões Administrativas 2013 RANP nº 37/13 - Ampliação de Capacidade; RANP nº 51/13 - Carregamento de Gás Natural (restrição à participação cruzada) 2014 RANP nº 15/14 - Critérios Tarifários para o Transporte de Gás Natural em Gasodutos Autorizados (sinalização nas tarifas de transporte dos determinantes de custo) Edital de Chamada Pública e Edital de Licitação de Gasodutos Concedidos 2015 RANP n 52/15 Construção e Operação de Instalações de Movimentação (dutos não integrantes); Consulta e audiência pública sobre a Resolução de Acesso aos Gasodutos de Transporte 2016 RANP nº 11/16 Acesso aos Gasodutos de Transporte (Chamada Pública, Cessão de Capacidade e Troca Operacional) -> plataforma eletrônica RANP nº 40/16 - Regulamento Técnico de Envio de Dados e Informações de Transporte de Gás Natural
Estrutura da IGN antes do Plano de Desinvestimento da PETROBRAS Controle da infraestrutura de transporte Monopólio no carregamento e na comercialização de gás às distribuidoras Participação societária em 19 das 25 distribuidoras Monopólio de facto na oferta de gás Petrobras: coordenadora e supridora de última instância do mercado de gás 100% Importação da Bolívia Petrobras assume 100% do risco Barreiras à entrada reduzem interesse de outros agentes em contratar capacidade de transporte
Visão da IGN concorrencial Transportador independente Aumento do nº de Agentes (compradores e vendedores) Isonomia de Tratamento acesso não discriminatório Alocação do risco entre agentes do mercado Desverticalização e vedação ao self dealing Aplicação de EFD Terminais GNL, Escoamento e Processamento Flexibilidade por meio de incentivos à atividade de estocagem subterrânea Transparência da formação do preço e maior facilidade para a comercialização de gás natural HUBs de negociação
Desinvestimentos da Petrobras Devido a necessidade de caixa, a empresa decidiu se reposicionar na indústria de gás natural tomada de decisão coorporativa, sem influência da ANP. Venda anunciada para Mitsui por R$ 1,3 bilhão de 49% da Gaspetro, que detém participação em 19 distribuidoras estaduais de gás natural. Em 08/09, a Petrobras anunciou a negociação para venda da rede de gasodutos de transporte no sudeste (NTS) para consórcio liderado pela Brookfield. Processo competitivo anunciado para venda dos Terminais de Regaseificação (RJ e Ceará) com Usinas Termelétricas associadas. A BR Distribuidora, que também está à venda, é controladora da distribuidora de gás do Estado do Espírito Santo.
Monopólio Natural: Transporte e Distribuição A falta de independência dos transportadores se traduz em práticas oportunistas e configura barreira adicional à entrada de novos agentes. Assimetria de informação exacerbada devido à dependência técnica em relação à Petrobras Petrobras indica os diretores comerciais responsáveis pela compra do gás das distribuidoras nas quais tem participação. Regulação do preço do gás na maioria dos estados é por Custo de Serviço (pass-through do custo de aquisição do energético + margem). Não há incentivo para a busca do menor preço do gás. Pelo contrário, há um incentivo perverso, dada a inelasticidade preço do gás, exacerbado quando comercializador e distribuidora pertencem a um mesmo grupo econômico.
Medidas pró-concorrência (I) Exploração e Produção Aumento da frequência de rodadas de licitação com foco em gás natural, com objetivo de aumentar produção de gás não associado em terra Estímulos à iniciativa privada para realizar investimentos em infraestruturas a montante e a jusante do transporte Escoamento da Produção Obrigatoriedade de acesso de terceiros a gasodutos de escoamento de gás natural Regulação das tarifas e oferta de serviços de escoamento Processamento, Liquefação, Regaseificação Obrigatoriedade de acesso de terceiros às UPGNs e Terminais GNL, com possibilidade de exceções (seguindo o modelo das exemptions da 3ª Diretiva Européia) Regulação das tarifas e da oferta de serviços
Medidas pró-concorrência (II) Transporte Separação total (unbundling) dos gasodutos de transporte autorizados não pode ser casuístico: deve abranger todas autorizações, inclusive TBG e TSB Garantir que a empresa transportadora possua equipe técnica própria e departamento comercial efetivamente atuante Vedação ao fluxo de informações e compartilhamento de funcionários entre grupos associados Distribuição Vedação ao self-dealing entre os supridores de gás natural e as distribuidoras. Desinvestimento da Petrobras nas distribuidoras com cessação da indicação de diretores comerciais, de modo que os agentes do mercado efetivamente negociem contratos bilateralmente Leilões de compra de gás transparentes e com antecedência a ser definida, supervisionados ou promovidos pelos reguladores estaduais
Medidas pró-concorrência (III) Comercialização Criação de hubs (físicos ou virtuais) de negociação para facilitar a coordenação dos novos carregadores e comercializadores Programa de Gas Release (imposto pelo Sistema Brasileiro da Defesa da Concorrência) em hubs de negociação, para diversificar os agentes ofertantes às distribuidoras Contratação do serviço de transporte pelos agentes ofertantes ou distribuidoras (aumento do número de carregadores) Vedação de cláusulas de exclusividade na compra de gás natural na boca do poço cláusula considerada abusiva Oferta do gás natural em bases contratuais de menor prazo (ou spot)
Considerações Finais A não obrigatoriedade de acesso nos Gasodutos de Escoamento, UPGNs e Terminais de GNL, além do controle comercial das Distribuidoras Locais, são barreiras à entrada de novos agentes; O momento é propício para mudanças no marco legal a fim de promover concorrência e reduzir barreiras à entrada na Indústria do Gás Natural Projetos de mudança de Lei; A partir da experiência internacional, sugere-se a ênfase na adoção das seguintes medidas concorrenciais: Gas Release (obrigação de venda ou limitação de participação do agente dominante da indústria); Vedação ao self-dealing; Unbundling total dos gasodutos de transporte. Tais mudanças são na direção de um mercado com maior participação privada, competição, liquidez, acesso à informação e boas práticas, viabilizando investimentos e o desenvolvimento da indústria.
Obrigado! Superintendência de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural SCM