CRESCIMENTO VEGETATIVO INICIAL DE ABACAXIZEIRO EM FUNÇÃO DA CULTURA DE COBERTURA E APLICAÇÃO DE GESSO

Documentos relacionados
DOSES DE FERTILIZANTES PARA O ABACAXIZEIRO PÉROLA NA MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

MANEJO DAS PLANTAS INFESTANTES EM PLANTIOS DE ABACAXI EM PRESIDENTE TANCREDO NEVES, MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

IRRIGAÇÃO BRANCA NA FORMAÇÃO DO CAFEEIRO

Avaliação do uso de diferentes fontes de estercos e palhadas na produção de húmus de minhoca e produtividade de alface orgânica.

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Produtividade de Genótipos de Feijão do Grupo Comercial Preto, Cultivados na Safra da Seca de 2015, no Norte de Minas Gerais.

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) EM CRUZ DAS ALMAS, BAHIA

EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES- MG.

Palavras-Chave: Adubação mineral. Adubação orgânica. Cama de Peru. Glycine max.

AVALIAÇÃO DO USO DO PÓ DE ROCHA NO DESEMPENHO DE DUAS VARIEDADES DE MANDIOCA DE MESA

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

INFLUÊNCIA DA COBERTURA MORTA NA PRODUÇÃO DA ALFACE VERÔNICA RESUMO

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

CARACTERÍSTICAS FITOTÉCNICAS DO FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) EM FUNÇÃO DE DOSES DE GESSO E FORMAS DE APLICAÇÃO DE GESSO E CALCÁRIO

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DO CAFEEIRO RECEPADO, SUBMETIDO A DIFERENTES CULTIVOS INTERCALARES. RESUMO

TEORES FOLIARES DE MACRONUTRIENTES PARA O ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE ESPAÇAMENTOS E REGULADOR DE CRESCIMENTO

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHETO NA INTERFACE CHUVA/SECA

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE LARANJA SANGUÍNEA

XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la Ciencia del Suelo

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE ph, K, Ca e Mg EM ÁREAS DE CULTIVO DE BATATA EM BUENO BRANDÃO, MINAS GERAIS

Crescimento vegetativo e incidência de cercosporiose em cafeeiros sob diferentes sistemas de manejo

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Curva de crescimento de infrutescências de abacaxizeiro Vitória no estado da Paraíba

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Piracicaba SP / 09 de Junho de 2016

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

Resposta das bananeiras BRS Platina e PA 9401 à irrigação no segundo ciclo nas condições do Norte de Minas

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO MAIS FÓSFORO APLICADOS NO PLANTIO

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E PRODUTIVIDADE DE MANDIOCA EM FUNÇÃO DA CALAGEM, ADUBAÇÃO ORGÂNICA E POTÁSSICA 1

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO MAMOEIRO SUNRISE SOLO SOB IRRIGAÇÃO LOCALIZADA

MODELO LOGÍSTICO DE CRESCIMENTO EM MILHO CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

COMPARAÇÃO BIOMÉTRICA EM CANA-DE-AÇÚCAR, SAFRA 2012/2013. SUGARCANE BIOMETRIC COMPARISON, CROP SEASON 2012/2013.

Avaliação de Doses e Fontes de Nitrogênio e Enxofre em Cobertura na Cultura do Milho em Plantio Direto

ADUBAÇÃO NITROGENADA DE COBERTURA E FOLIAR ASSOCIADAS A DOIS TIPOS DE COBRETURA MORTA NA PRODUTIVIDADE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris)

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem em Patrocínio, MG

EFEITO DA ADUBAÇÃO BORATADA NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE GIRASSOL

PRODUTIVIDADE DE SOJA EM RESPOSTA AO ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS E À ADUBAÇÃO NITROGENADA ASSOCIADA A FERTILIZAÇÃO FOLIAR

DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR (Saccharum spp.) SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRÁFEGO CONTROLADO

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTE A FERRUGEM SOB USO DE IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO-MG

EFEITO DE DIFERENTES LÂMINAS E ÉPOCA DE SUSPENSÃO DA IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DO ALHO (Allium sativum L.)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 616

Atributos químicos do solo com o uso de gesso e milheto de cobertura em cultivares de abacaxizeiro

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

VII Semana de Ciência Tecnologia IFMG campus

Características Fitotécnicas do Feijoeiro cv. Pérola Intercalado com Cafeeiro cv. Catuaí Amarelo em Formação

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM AQUIDAUANA, MS.

A cultura da soja. Recomendação de correção e adubação

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO APLICADAS EM COBERTURA E SEUS REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO HÍBRIDO TRANSGÊNICO 2B587PW SEMEADO NA 2ª SAFRA

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE PLANTIO NA PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO/MG

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO CULTIVO DO TOMATEIRO IRRIGADO *

NUTRIÇÃO DA MAMONEIRA CONSORCIADA COM FEIJÃO COMUM EM FUNÇÃO DO PARCELAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA

XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

CRESCIMENTO VEGETAL E DE PRODUÇÃO DE MELANCIA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

Vanderson Modolon DUART 1, Adriana Modolon DUART 2, Mário Felipe MEZZARI 2, Fernando José GARBUIO 3

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA SOB DIFERENTES DENSIDADE DE PLANTAS NO TOCANTINS UNITINS-AGRO

ÍNDICE DE ESPIGAS DE DOIS HÍBRIDOS DE MILHO EM QUATRO POPULAÇÕES DE PLANTAS E TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA NA SAFRINHA

Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho na Região Norte Fluminense

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO E TRÊS IDADES DE INDUÇÃO FLORAL EM ABACAXI CULTIVAR PRIMAVERA NO MUNICÍPIO DE IPAMERI-GO

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

PRODUTIVIDADES DE MILHO EM SUCESSIVOS ANOS E DIFERENTES SISTEMAS DE PREPARO DE SOLO (1).

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

Protocolo. Boro. Cultivo de soja sobre doses de boro em solo de textura média

BIOMETRIA DO COQUEIRO ANÃO SUMETIDO À UTILIZAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE LÍQUIDO COM E SEM COBERTURA DO SOLO

RESULTADOS DO ENSAIO NACIONAL DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL, 2008

Iniciação Científica (PIBIC) - IFMG 2 Professora Orientadora IFMG. 3 Estudante de Agronomia.

Influência de doses de fósforo e de nitrogênio na produção de abobóra híbrida, tipo tetsukabuto, na região norte de Minas Gerais

PRODUTIVIDADE DE 2ª SAFRA DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTES A FERRUGEM SOB IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Transcrição:

CRESCIMENTO VEGETATIVO INICIAL DE ABACAXIZEIRO EM FUNÇÃO DA CULTURA DE COBERTURA E APLICAÇÃO DE GESSO Wanderson Mendes Martins 1, Leonarda Grillo Neves 1, Milson Evaldo Serafim 2, Kelly Lana Araújo 1, Walmes Marques Zeviani 3, Nadsley Seraglio Souza 1 1 Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Departamento de Agronomia, Campus Cáceres, E-mail: wandersonc3_hand@hotmail.com, leonardaneves@unemat.br, kellylana_araujo@yahoo.com.br, nadsley_seraglio@hotmail.com 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Campus Cáceres, E-mail: milson.serafim@cas.ifmt.edu.br 3 Universidade Federal do Paraná - UFPR, E-mail: walmes@ufpr.br RESUMO 106 O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento vegetativo inicial de quatro cultivares de abacaxizeiro ( Smooth Cayenne, Imperial, IAC Fantástico e Pérola ) em resposta à cultura de cobertura e à aplicação de gesso agrícola no solo. Nas condições edafoclimáticas da região de Cáceres - MT a cultivar Pérola apresentou maior crescimento vegetativo inicial, se destacando em relação às cultivares Smooth Cayenne, Imperial e IAC- Fantástico. O emprego da cultura de cobertura favoreceu o crescimento vegetativo inicial das cultivares de abacaxizeiro, porém não foi observado efeito significativo da aplicação de gesso nas taxas de crescimento em altura das plantas, crescimento em diâmetro da roseta e crescimento em diâmetro do caule. Palavras-chave: Ananas comosus, gesso, sistemas de manejo INITIAL VEGETATIVE GROWTH OF PINEAPPLE IN FUNCTION OF CROP COVER AND GYPSUM APPLICATION ABSTRACT The objective of this study was to evaluate the initial vegetative growth of four pineapple cultivars ('Smooth Cayenne', 'Imperial', 'IAC Fantastic' and 'Pearl') in response to cover crop and application of agricultural gypsum to the soil. In the environmental conditions of the region of Cáceres MT, State of Mato Grosso, Brazil, the cultivar 'Pearl' showed initial vegetative growth higher, than that of the cultivars 'Smooth Cayenne', 'Imperial' and 'Fantastic IAC-'. The cover crops favored the initial vegetative growth of the pineapple cultivars, however one observed no significant effect of gypsum application in the growth rates in height of the plants, rosette diameter and stem diameter. Keywords: Ananas comosus, gypsum, management systems

CRESCIMENTO VEGETATIVO INICIAL DE ABACAXIZEIRO EM FUNÇÃO DA CULTURA DE COBERTURA E APLICAÇÃO DE GESSO INTRODUÇÃO O Brasil se destaca no cenário mundial como um dos principais produtores de abacaxi [Ananas comosus L. Merril] (FAO, 2014). Na safra de 2011, a produção brasileira de abacaxi foi de aproximadamente 2,3 milhões de toneladas, representando cerca de 11% da produção mundial. No Estado de Mato Grosso a produtividade média é de 21,87 frutos por hectare, estando abaixo da média nacional (25,24 frutos.ha -1 ). O estado do Pará, com 30,17 frutos.ha -1, possui a melhor produtividade brasileira de abacaxi (IBGE, 2014). No Brasil, o abacaxizeiro é explorado há muitas décadas, de forma predominante, em pequenas propriedades, com áreas médias inferiores a cinco hectares, onde se emprega na maioria das vezes a mão de obra familiar, com recursos próprios para implantação e manutenção da lavoura. Nos últimos anos, o agronegócio do abacaxi tem crescido muito, transformando-se no principal sustentáculo econômico de várias regiões em que a espécie é cultivada (CUNHA, 2007). A cultura de cobertura é uma técnica que consiste no cultivo de uma cultura intercalar à cultura principal com o objetivo de dar cobertura ao solo, seja pela sua massa verde, seja pelos resíduos produzidos após cada corte. O resíduo depositado no solo é capaz de trazer benefícios aos atributos físicos, químicos e biológicos do solo (SANTOS et al., 2011), além de reduzir a infestação de plantas daninhas (OLIVEIRA et al., 2008; SEDIYAMA et al., 2010) e a necessidade de irrigação (LIMA et al., 2009; CARVALHO et al., 2011). O gesso agrícola por sua vez, possibilita melhores condições químicas no perfil (CAIRES et al., 2004; RAIJ, 2008), diminuindo a saturação por alumínio e aumentando os teores de cálcio e enxofre (VITTI et al., 2008). O estudo de adaptação regional de novas cultivares de abacaxi e de sistemas de manejo são fundamentais para impulsionar a cultura do abacaxi, tornando-se mais uma opção de renda para as pequenas propriedades. Neste sentido, objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito da cultura de cobertura e do gesso agrícola no crescimento vegetativo inicial de quatro cultivares de abacaxizeiro no Município de Cáceres, MT. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Mato 107

Grosso (IFMT), Campus Cáceres, localizada no Município de Cáceres-MT, cujas coordenadas médias são 16º7 50 S e 57º41 41 O, e altitude de 120 m. O clima de Cáceres é tropical, tipo Aw segundo a classificação de Köppen, terceiro megatérmico, estação seca de maio a outubro e chuvas de novembro a abril, (NEVES et al., 2011). O solo da área experimental, segundo metodologia do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006) é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico (LVA) e textura média. O experimento foi conduzido em delineamento em blocos ao acaso, arranjados no esquema fatorial 4x2x2, sendo quatro cultivares, dois níveis de cultura de cobertura e dois níveis de gesso agrícola, com quatro repetições. A unidade experimental foi formada por 20 plantas, totalizando 1.280 plantas no experimento. As cultivares avaliadas foram: Smooth Cayenne, Imperial, IAC Fantástico e Pérola. O plantio foi realizado no espaçamento de 0,90 x 0,40 x 0,40 m. As mudas utilizadas no plantio foram do tipo filhotes com 20 a 40 cm, de acordo com o padrão de cada cultivar. Os dois níveis de gesso agrícola no sulco de plantio foram: sem gesso e com aplicação de gesso agrícola na dose 4 t.ha -1, conforme Ribeiro et al. (1999), para uma correção esperada até 0,6 metros. Os níveis de cultura de cobertura foram com ou sem milheto (Pennisetum glaucum), plantado entre as fileiras duplas. As plantas de milheto foram manejadas (corte) sempre que atingiam 0,60 m de altura, sendo o material deixado sobre o solo. Na análise do crescimento das plantas foram utilizadas as variáveis de altura da planta (AP), diâmetro da roseta (DR) e diâmetro do caule (DC). Essas medições foram realizadas aos 60 e 90 dias após o plantio das cultivares, em cinco plantas selecionadas ao acaso de cada parcela. A AP foi considerada como distância compreendida entre o colo da planta até o ápice foliar, sendo mensurada com auxílio de fita métrica. O DR foi considerado a maior distância linear entre o ápice de folhas opostas. Medidas do DC foram realizadas com auxílio de um paquímetro digital. Com base nos dados obtidos nas três avaliações de AP, DR e DC calcularam-se, respectivamente, a taxa de crescimento em altura das plantas (TCA, cm dia -1 ), a taxa de crescimento em diâmetro da roseta (TCR, mm.dia -1 ) e a taxa de crescimento em diâmetro do caule (TCC, mm.dia -1 ). 108

CRESCIMENTO VEGETATIVO INICIAL DE ABACAXIZEIRO EM FUNÇÃO DA CULTURA DE COBERTURA E APLICAÇÃO DE GESSO O cálculo da taxa de crescimento (TC) foi realizado de acordo com a equação: TC = L2-L1 t2-t1 Sendo L2-L1 a diferença entre os valores reais mensurados em duas avaliações consecutivas e t2-t1 o intervalo de tempo entre as duas avaliações consecutivas. Os dados foram analisados conforme modelo estatístico para experimento fatorial, 4x2x2 com quatro repetições, em blocos ao acaso. O modelo foi ajustado e, em seguida, a análise dos resíduos foi feita para verificar o atendimento dos pressupostos. Em caso de fuga sistemática dos pressupostos, aplicou-se transformação de Box-Cox na variável resposta. A partir daí toda inferência se deu sobre a variável transformada. As médias foram representadas em gráficos com intervalo de confiança (95%) associado para acessar a diferença entre tratamentos bem como a precisão das estimativas (CUMMING et al., 2007). Em todas as etapas da análise estatística adotou-se o nível nominal de significância de 5%. Essas análises foram realizadas utilizando-se o aplicativo estatístico R DEVELOPMENT CORE TEAM (RDCT, 2012). RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo da análise de variância para a variável resposta taxa de crescimento em altura apresentou efeito significativo dos fatores cultivar e cultura de cobertura. Ocorreu também interação significativa para cultivar x cultura de cobertura, e gesso x cultura de cobertura. Para a variável diâmetro do caule foi observado efeito significativo para cultivar e para interação cultivar x gesso. O diâmetro da roseta apresentou efeito significativo somente para o fator cultivar (Tabela 1). Na comparação entre cultivares, a maior taxa de crescimento em altura foi para a cultivar Pérola (Figura 1). Nesta cultivar, os tratamentos com cultura de cobertura apresentaram taxa de crescimento significativamente maior que os tratamentos sem cobertura. Na cultivar Smooth Cayenne, IAC-Fantástico e Pérola foi observado efeito significativo da cultura de cobertura, sem gesso, em relação ao tratamento convencional (sem cobertura), demonstrando uma resposta destas cultivares a cobertura do solo. Para a cultivar Imperial não foi observado efeito significativo dos tratamentos (Figura 1). 109

Tabela 1. Resumo da análise de variância para plantas de abacaxizeiro sob os fatores de estudo cultivar, gesso e cobertura do solo, Cáceres, MT, 2011. Fontes de Variação G.L. Quadrado Médio TCA TCC TCR Bloco 3 0,010468 ns 0,002634 ns 169,08 ns Cultivar 3 0,063076* 0,152900* 1434,93* Gesso 1 0,002287 ns 0,001221 ns 169,65 ns Cobertura 1 0,051005* 0,008735 ns 141,78 ns Cultivar: Gesso 3 0,022835 ns 0,021028* 400,04 ns Cultivar: Cobertura 3 0,031102* 0,014907 ns 100,96 ns Gesso: Cobertura 1 0,042936* 0,013426 ns 306,15 ns Cultivar: Gesso: Cobertura 3 0,007303 ns 0,002108 ns 93,89 ns Resíduos 301 0,009417 0,005868 154,54 TCA = taxa de crescimento em altura (cmdia -1 ); TCC = taxa de crescimento em diâmetro do caule (mmdia -1 ); TCR = taxa de crescimento do diâmetro da roseta (mm.dia -1 ); ns - não significativo e * significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. Figura 1. Estimativa intervalar para a taxa de crescimento em altura para as cultivares IAC- Fantástico, Imperial, Pérola e Smooth Cayenne em função da cobertura do solo e da aplicação de gesso. Milheto: 0 = Cobertura com milheto e sem aplicação de gesso; Milheto: 4 = Cobertura com milheto e com aplicação de gesso (4 t ha -1 ); Convencional: 0 = Sem cobertura com milheto e sem aplicação de gesso; Convencional: 4 = Sem cobertura com milheto e com aplicação de gesso (4 t ha -1 ), Cáceres, MT, 2011. 110

CRESCIMENTO VEGETATIVO INICIAL DE ABACAXIZEIRO EM FUNÇÃO DA CULTURA DE COBERTURA E APLICAÇÃO DE GESSO Na comparação entre cultivares, a menor taxa de crescimento foi para a cultivar Smooth Cayenne na condição convencional sem gesso. Esse tratamento foi significativamente menor em relação às demais cultivares na condição de cobertura sem gesso (Figura 1). Para as quatro cultivares, na comparação dos tratamentos convencional com e sem gesso observa-se uma tendência numérica dos tratamentos com gesso superarem os tratamentos sem aplicação de gesso, indicando a capacidade do gesso em amenizar a ausência de cobertura do solo (Figura 2). Efeito contrário foi observado nos tratamentos com milheto, onde a presença do gesso reduziu a taxa de crescimento (Figura 2). Resultado de maior taxa de crescimento da cultivar Pérola também foi observado em estudo com abacaxizeiro nas condições da Região da Mata Paraibana (RODRIGUÊS et al., 2010). O maior crescimento da cultivar Pérola está de acordo com as proposições de Reinhardt et al. (2000), de que as plantas da cultivar Smooth Cayenne são, em geral, de menor porte, podendo este raciocínio ser também aplicado às cultivares IAC Fantástico e Imperial. Este porte reduzido constitui em vantagem comparativa quando se refere às práticas de manejo. O mercado interno de abacaxi no Brasil dá preferência para frutos graúdos e, nesse sentido, os aspectos que interferem no crescimento vegetativo das plantas no campo são determinantes para o sucesso econômico da atividade, pois há uma correlação positiva entre o tamanho da planta (peso de folha D ) e o peso dos frutos (PY et al., 1984). Assim, o aumento significativo da taxa de crescimento das plantas, proporcionado pela cobertura do solo, é relevante na obtenção de frutos de maior tamanho. Para a taxa de crescimento em diâmetro do caule não houve efeito significativo da cobertura. A cultivar Pérola se destacou com uma taxa de crescimento em diâmetro do caule significativamente maior nos tratamentos sem gesso, quando comparada à condição com gesso na mesma cultivar, e às condições com e sem gesso das demais cultivares (Figura 2). O menor crescimento em diâmetro do caule foi para a cultivar IAC- Fantástico, em que as condições com e sem gesso foram significativamente menores que as demais cultivares. Ainda na cultivar IAC-Fantástico foi observada uma resposta positiva do DC a gesso (Figura 2). Para a taxa de crescimento em diâmetro da roseta não se observou efeito significativo dos fatores cultura de cobertura 111

e gesso. A cultivar Smooth Cayenne apresentou uma taxa de crescimento em diâmetro da roseta significativamente maior que as demais cultivares. As cultivares IAC-Fantástico e Pérola foram significativamente maiores que a cultivar Imperial (Figura 3). Figura 2. Estimativa intervalar para a taxa de crescimento em diâmetro para as cultivares IAC Fantástico, Imperial, Pérola e Smooth Cayenne em função da aplicação de gesso. 0 = sem aplicação de gesso; 4 = com aplicação de gesso (4 t ha -1 ), Cáceres, MT, 2011. Figura 3. Estimativa intervalar para a taxa de crescimento em diâmetro da roseta para as cultivares IAC-Fantástico, Imperial, Pérola e Smooth Cayenne, Cáceres, MT, 2011. 112

CRESCIMENTO VEGETATIVO INICIAL DE ABACAXIZEIRO EM FUNÇÃO DA CULTURA DE COBERTURA E APLICAÇÃO DE GESSO CONCLUSÕES A cultivar Pérola apresenta maior taxa crescimento em altura, diâmetro e de caule quando comparada às cultivares Smooth Cayenne, Imperial e IAC- Fantástico. Para taxa de crescimento em altura as cultivares Smooth Cayenne, IAC- Fantástico e Pérola respondem positivamente à cultura de cobertura, sem gesso. Nos tratamentos sem cobertura todas as cultivares apresentam resposta positiva de crescimento em altura com gesso. Nos tratamentos com cobertura não é observada resposta positiva ao gesso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAIRES, E.F.; KUSMAN, M.T.; BARTH, G.; GARBUIO F. J.; PADILHA, J.M. 2004. Alterações químicas do solo e resposta do milho à calagem e aplicação de gesso. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 28, n. 1, p. 125-136. CARVALHO, J.F.; MONTENEGRO, A. A.A.; SOARES, T.M.; SILVA, E.F.F.; MONTENEGRO, S.M.G.L. 2011. Produtividade do repolho utilizando cobertura morta e diferentes intervalos de irrigação com água moderadamente salina. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 15, n. 3, p. 256-263. CUMMING, G.; FIDLER, F.; VAUX, D.L. 2007.Error bars in experimental biology. The Journal of Cell Biology, New York, v.177, n. 1, p.7-11. CUNHA, G.A.P. 2007. Equipe técnica do abacaxi comemora 30 anos de atividades e realizações. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. 19 p. (Documentos, 170). Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/publicac oes/documentos/documentos_170.pdf> Acesso em: 03 Jan. 2014. EMBRAPA. 2006. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. Ed. Brasília: Embrapa. 306p. FAO. 2014. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Disponível em: <http://www.fao.org> Acesso em: 03 de Jan. 2014. IBGE. 2014. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 14 Fev. 2014. LIMA, M.E.; CARVALHO, D.F.; SOUZA, A.P.; GUERRA, J.G.M.; RIBEIRO, R.L.D. 2009. Desempenho da alface em cultivo orgânico com e sem cobertura morta e diferentes lâminas d água. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.33, n. 6. p.1503-1510. NEVES, S.M.S.; NUNES, M.C.M.; NEVES, R.J. 2011. Caracterização das condições climáticas de Cáceres/MT Brasil, no período de 1971 a 2009: subsídio às atividades agropecuárias e turísticas municipais. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 31, n. 2, p. 55-68. OLIVEIRA, F.F.; GUERRA, J.G.M.; ALMEIDA, D.L.; RIBEIRO, R.L.D.; ESPINDOLA, J.A.A.; RICCI, M.S.F.; CEDDIA, M.B. 2008. Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 26, n. 2, p. 216-220. PY, C.; LACOEUILHE, J.J.; TEISON, C. 1984. L'ananas, sa culture, ses produits. Paris: G.P. Maisonneuve & Larose. 562p. RAIJ, B.V. 2008. Gesso na agricultura. Campinas, Instituto Agronômico. 233 p. 113

RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ, V.H. 1999. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 359 p. RDCT. R. 2009. Development Core Team. R: a language and environment Statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing.409 p. REINHARDT, D.H.R.C.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S. 2000.Abacaxi. Produção: aspectos técnicos. Brasília: Embrapa Mandioca e Fruticultura. 77 p. (Frutas do Brasil, 7). RODRIGUÊS, A.A.; MENDONÇA, R.M. N., SILVA, A.P.; SILVA, S.M.; PEREIRA, W.E. 2010. Desenvolvimento vegetativo de abacaxizeiros 'Pérola' e 'Smooth Cayenne' no Estado da Paraíba. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, vol. 32, n. 1, p. 126-134. SANTOS, C.A. ZANDONÁ, S.R.; ESPINDOLA, J.A.A.; GUERRA, J.G. M.; RIBEIRO, R.L. D. 2011. Efeito de coberturas mortas vegetais sobre o desempenho da cenoura em cultivo orgânico. Horticultura Brasileira, Brasília, v.29, n. 1, p. 103-107. SEDIYAMA, M.A.N.; SANTOS, M.R.; VIDIGAL, S.M.; SANTOS, I.C.; SALGADO, L.T. 2010. Ocorrência de plantas daninhas no cultivo de beterraba com cobertura morta e adubação orgânica. Planta Daninha, Viçosa, v. 28, n. 4, p. 717-725. VITTI, G.C.; LUZ, P.H. C.; MALAVOLTA, E.; DIAS, A.S.; SERRANO, C.G. E. 2008. Uso do gesso em sistemas de produção agrícola. Piracicaba: GAPE. 104 p. Recebido em: 21/3/2014 Aceito para publicação em: 14/9/2015 114