PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TURISMO O PROGRAMA DE REGIONALIZAÇAO DO TURISMO NO ESTADO DO PIAUÍ

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Transcrição:

PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TURISMO O PROGRAMA DE REGIONALIZAÇAO DO TURISMO NO ESTADO DO PIAUÍ Andréia Magalhães da Rocha Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Turismo da UFRN, Natal-RN. andreiamdr@hotmail.com Resumo: Atualmente pouco se sabe sobre Teresina, Parnaíba e São Raimundo Nonato, fato que justifica a importância de desenvolver a presente pesquisa. Por se tratar de destinos que fazem parte dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico regional, é essencial que sejam analisados e acompanhados sistematicamente. Dentre os vários programas criados pelo Ministério do Turismo, o Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros do Brasil é um modelo de gestão descentralizada, coordenada e integrada com base nos princípios de flexibilidade, articulação, mobilização, cooperação intersetorial e interinstitucional onde a ação centrada na unidade municipal se transforma em uma política pública mobilizadora de planejamento e coordenação para o desenvolvimento turístico local, regional, estadual e nacional. O objetivo geral da presente pesquisa é observar a necessidade de analisar o desempenho do Programa de Regionalização do Turismo nos três destinos indutores do desenvolvimento turístico regional do Piauí: Teresina, Parnaíba e São Raimundo Nonato. Os objetivos específicos são: Conhecer a trajetória e os objetivos do Programa de Regionalização do Turismo; Identificar a situação dos três destinos indutores do desenvolvimento turístico regional Teresina, Parnaíba e São Raimundo Nonato através do Índice de Competitividade do Turismo Nacional - 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico e Apresentar sugestões de melhorias continuadas através do Programa de Regionalização do Turismo para os destinos analisados. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de observar a necessidade de analisar o desempenho do PRT no Estado do Piauí. Deste modo, entende-se que o posicionamento turístico do Estado deve ser diretamente proporcional à potencialidade e diversidade turística que o mesmo possui. Palavras-Chave: Turismo. Desenvolvimento Regional. Planejamento Turístico.

1. INTRODUÇÃO Segundo a Secretaria de Turismo do Estado do Piauí- SETUR, na reunião de Implantação do Programa de Regionalização do Turismo no Estado do Piauí em 2005, foram identificadas 05(cinco) Regiões Turísticas, em um segundo momento no ano de 2007, foram analisadas e reordenadas, sendo necessária a inserção de mais 02 (duas) Regiões. Hoje, o Estado está dividido em sete regiões turísticas assim denominadas: Região Turística Pólo Costa do Delta, Pólo das Águas, Pólo Aventura e Mistério, Pólo Teresina, Pólo Histórico Cultural, Pólo das Origens e Pólo das Nascentes. Ainda de acordo com a SETUR (2014), dentre as sete regiões turísticas elencadas a que recebe ações mais efetivas é a Região Turística Pólo Costa do Delta, por ser alvo do Programa de Desenvolvimento do Turismo - PRODETUR e por fazer parte do Roteiro Integrado Jeri/Delta/Lençóis Rota das Emoções. De acordo com o Índice de Competitividade do Turismo Nacional - 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico (2010) Teresina, Parnaíba e São Raimundo Nonato no Estado do Piauí, não acompanham de forma contínua os objetivos da política em turismo, não monitoram os impactos econômicos, sociais e ambientais, não há pesquisa de oferta atualizada, instância de governança, plano de desenvolvimento turístico integrado e plano de marketing. É importante destacar que a não realização destes fatores inviabiliza a tomada de decisões na esfera pública e privada para o setor e desconsidera a vocação turística de cada destino. Diante do exposto, diz-se que a persistência da problemática resulta na impossibilidade de desenvolvimento turístico nos destinos analisados. Segundo o Serviço Nacional de Apoio à Pequena e Micro Empresa - SEBRAE/PI (2012, p. 13) o Estado do Piauí não possui um posicionamento turístico bem definido, sendo praticamente desconhecido. Entende-se que essa situação é uma consequência do planejamento da atividade turística no Estado não ter atingido o desenvolvimento desejável. A problemática central desta pesquisa é saber qual a necessidade de observar o desempenho do PRT nos destinos indutores do desenvolvimento turístico regional Teresina, Parnaíba e São Raimundo Nonato? Para responder o questionamento central desta pesquisa serão observados outros secundários como: o que é o Programa de Regionalização do Turismo; como se estrutura; quando surgiu e quais seus objetivos?

2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO- PRT Em nível de Brasil o turismo teve surgimento em meados da década de 60, diz-se em relação a uma organização da atividade na esfera pública, época em que foi criada a Empresa Brasileira de Turismo- EMBRATUR, passando a ser denominado em 2003 como Institutos Brasileiro de Turismo. Esse órgão passou a ser o responsável pelo desenvolvimento da atividade no país e pela imagem do Brasil no exterior. De acordo com a EMBRATUR (2006) na década de 1960, o turismo torna-se uma realidade no Brasil. Na década de 70 cresce o número de turistas internacionais. Segundo a EMBRATUR (2006) o número de turistas estrangeiros aumentou de 140 mil em 1972 para 450 mil em 1976. Na década de 80 há o reconhecimento internacional das riquezas históricas do país. Ainda de acordo com a EMBRATUR (2006) na década de 90 há um crescimento sem precedentes do setor turístico, nessa época o órgão responsável pela gestão da atividade no país era o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Atualmente a vocação turística do Brasil se consolida tanto no país quanto no exterior, em 2003, a atividade passa a ter um órgão específico o Ministério do Turismo- MTUR. De acordo com Brasil (2013, p. 13) Os últimos dez anos foram fecundos para o ordenamento das atividades turísticas no Brasil: mudanças efetuadas a partir dos debates provocados; prioridades e medidas negociadas, ajustadas, desregulamentadas, normatizadas; avanços e revisões nas relações entre governo e sociedade; técnicas de gestão e a ética no trato das políticas públicas qualificadas, deixando evidentes as intenções, prioridades, medidas e instrumentos que serão usados para a permanência, crescimento e avanços nos programas e ações do Ministério do Turismo. A partir da criação do MTUR, a gestão do turismo no Brasil passou por uma série de transformações ao longo dos anos, priorizando a descentralização e diversificação da oferta turística do país. Esse formato pode ser entendido como uma necessidade de posicionamento estratégico, bem como, uma forma de considerar a dimensão territorial. O Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil constitui-se em uma política pública, em âmbito territorial, a partir do Plano Nacional do Turismo 2003-2007, que determinou como macroprograma estruturante a estruturação e

diversificação da oferta turística. Para Beni (2006, p. 123) o programa promove a cooperação e interação com os órgãos de administração federal, estadual e municipal. O Programa de Regionalização do Turismo foi lançado em 2004 pelo MTUR, neste mesmo ano foram identificadas as regiões turísticas. De acordo com Brasil (2013) para a sua implantação foram 219 regiões turísticas, que agregavam no seu conjunto 3.319 municípios, em 2009 passou a ser 276 regiões e 3.635 municípios e em 2013, 303 regiões turísticas envolvendo 3.345 Municípios. Este programa é derivado do Programa de Municipalização do Turismo- PNMT de 1994, onde o foco era o município de forma isolada. Segundo Brasil (2013) o PNMT estava sob a coordenação do então Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo e foi concebido para dinamizar o desenvolvimento da atividade turística em âmbito municipal. Ainda de acordo com Brasil (2013) o PNMT foi além de um programa de governo, transformou-se em um movimento nacional capaz de mobilizar agentes e produzir resultados para o fomento das atividades do turismo no País. O programa resume-se em conscientização e sensibilização da comunidade quanto à importância da atividade turística como fator econômico-social. De acordo com Brasil (2004, p. 07) o PRT é baseado nos seguintes fatores: Parceria e gestão descentralizada; desconcentração de renda por meio da regionalização, interiorização e segmentação da atividade turística; diversificação dos mercados, produtos e destinos, dentre outros. Na sua primeira versão, buscou desenvolver 7 (sete) objetivos que vão desde a qualidade do produto turístico até o gasto médio do turista. Atualmente o mesmo busca um maior aproveitamento dos recursos financeiros, técnicos e humanos com o propósito de criar condições e oportunidades para estruturar e qualificar novos destinos turísticos tornando-os competitivos através da região. De acordo com Beni (2006) a participação representativa dos municípios e das regiões é determinante para o desenvolvimento do turismo, por se tratar de uma tarefa coletiva de interesses comuns. Neste contexto, o estudo de um destino turístico se torna um aspecto relevante para a compreensão da atividade turística em uma região, pois ele é a base onde a demanda encontra elementos motivacionais para o seu deslocamento e usufruto de um atrativo turístico.

3. DESTINOS INDUTORES: TERESINA, PARNAÍBA E SÃO RAIMUNDO NONATO O destino pode ser caracterizado por apresentar uma infraestrutura adequada, bem como equipamentos e serviços específicos, profissionais capacitados e recursos naturais e culturais com atratividade suficiente para captar uma demanda significativa. A demanda, por sua vez, tem características singulares e se constitui em uma força impulsionadora para o desenvolvimento do turismo em uma localidade. De acordo com Valls (2006, p. 17) Os destinos configuram estruturas urbanísticas, sociais, culturais em forma de rede, a fim de alcançar a melhor qualidade de vida dos consumidores internos, dos cidadãos do território, a fim de competir em escala internacional em todos os aspectos possíveis e atrair os melhores turistas capazes de desfrutar de toda a oferta estruturada, ou parte dela. Os destinos precisam estar preparados para receber a demanda, fator determinante para a existência do mercado turístico que disponibiliza produtos/serviços, contudo a constituição dos mesmos deve primeiramente considerar os aspectos sociais e culturais internos, o que consequentemente influenciará a geração de fluxo turístico, tornando-o apto a competir em escala internacional. É importante ressaltar que para que haja desenvolvimento no destino é necessário elaborar e executar o planejamento turístico. Segundo Ruschmann (1997, p.100) o planejamento turístico, visando à integração de seus fatores de desenvolvimento, surgiu como consequência e reação aos planos excessivamente voltados para aspectos específicos como o econômico e o físico. Deste modo assume o caráter interdisciplinar e convergente da atividade, tornando-o imprescindível nas localidades receptoras. Ainda de acordo com Ruschmann (1997, p. 85) o planejamento tem objetivos que conduzem a mudanças estruturais. Para Beni (2006, p. 112) o planejamento é um processo contínuo, permanente e dinâmico, ou seja, é visível a interdependência e a interação entre os elementos que participam desse processo necessário. Entende-se que essa ferramenta tende não somente a agregar valor ao destino, mas conhecer e identificar os recursos potenciais existentes.

Sendo o planejamento turístico essencial na estruturação de um destino, Boullón (2002, p. 72), diz que sua finalidade é o ordenamento das ações do homem sobre o território, e ocupa-se em resolver harmonicamente a construção de todo tipo de coisas, bem como em antecipar o efeito da exploração dos recursos naturais. Segundo Dias (2005, p. 75) uma destinação turística pode ser considerada uma localidade, uma região ou um país que recebe visitantes que para lá se dirigem para passar um período relativamente curto. De acordo com Beni (2006, p. 44) o turismo é um meio de desenvolvimento suscetível de fazer progredir os povos e as nações. Segundo Ignarra (2003, p. 78) é uma atividade que tem enorme importância no desenvolvimento socioeconômico e grande poder de redistribuição espacial de renda, por esse motivo julga-se importante a inserção dessa atividade a partir do planejamento para dimensionar sua atuação em termos de desenvolvimento e minimizar os impactos negativos no Estado do Piauí. De acordo com a SETUR (2014) entre 2007 e 2009 foram desenvolvidas diversas atividades para a implantação do PRT no Estado, ações que buscaram nivelar cada região turística do Estado do Paiuí, com visitas técnicas onde foram realizadas palestras que priorizaram a ação municipal para o desenvolvimento do turismo, o CADASTUR, a elaboração e implantação do planejamento estratégico, a segmentação do turismo e o Inventário da Oferta Turística- INVTUR; observou-se também a necessidade de criar as instâncias de governança a fim de que houvesse uma maior integração entre as regiões turísticas. É importante frisar que a criação de instâncias de governança é um requisito estabelecido pelo programa na sua metodologia operacional. No total, foram realizados vinte e nove seminários de sensibilização e mobilização. Segundo o Índice de Competitividade do Turismo Nacional - 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico (2014) é possível concluir que, em 2014, houve estabilidade do indicador de competitividade dos destinos: São Raimundo Nonato com destaque para os atrativos turísticos e infraestrutura geral e Parnaíba em relação aos aspectos ambientais e Infraestrutura geral em comparação com o ano anterior da pesquisa. Ao que se refere ao destino Teresina, houve evolução do indicador de competitividade do destino em comparação com o ano anterior da pesquisa nos seguintes aspectos: Capacidade empresarial, Economia local, Acesso, Aspectos

ambientais, Infraestrutura geral e Aspectos culturais. Fato que evidencia um aspecto positivo para a presente pesquisa, no entanto, ainda de acordo com o referido documento, observa-se a inexistência de alguns fatores que poderiam incentivar o desenvolvimento do setor sendo: ausência de órgão gestor de turismo para incentivar o desenvolvimento do setor e carência de planejamento formal para o setor de turismo do destino, que defina diretrizes e metas do setor para os próximos anos. A partir da análise do documento, é possível perceber que existem muitas carências em relação ao desenvolvimento do turismo no Estado do Piauí nos três destinos analisados, uma característica que está presente nos três destinos é a deficiência no monitoramento, aspecto que limita a expansão ordenada do fenômeno turístico. 4. ASPECTOS METODOLÓGICOS A metodologia utilizada nesta pesquisa foi fundamentada em pesquisa bibliográfica em livros, documentos, artigos, consulta a sites da internet que abordam o assunto. De acordo com Rodrigues (p. 01, 2007) a metodologia científica é um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objetiva do conhecimento, de uma maneira sistemática. Observa-se que a necessidade de sistematizar o corpo teórico de uma pesquisa se justifica na existência do paradigma, ou seja, é um padrão aceito pela ciência normal, para que os trabalhos sejam meticulosamente delineados. Para Pádua (2004, p. 55) a pesquisa bibliográfica é fundamentada nos conhecimentos de biblioteconomia, documentação e pesquisa; sua finalidade é colocar o pesquisador em contato com o que já produziu e registrou a respeito do seu tema de pesquisa. Percebe-se que a pesquisa surge da necessidade de melhorar o que se sabe ou se descobriu, a partir dos registros anteriormente realizados. A pesquisa bibliográfica pode ser usada para diferentes fins: a) ampliar o conhecimento do pesquisador em relação ao problema estudado; b) dominar o

conhecimento, auxiliando na construção e fundamentação das hipóteses; c) descrever e ordenar os elementos da pesquisa (Koche, 1997). É relevante considerar que a mesma agrega valor à sistematização do conhecimento científico. A natureza deste estudo é qualitativa, não excluindo, a possibilidade de trabalhar com o método quantitativo, relevante na análise da problemática em questão. Segundo Soares (2003), a abordagem qualitativa permite que o pesquisador interprete os fatos, buscando uma solução para o problema proposto. Entende-se, portanto que essa ferramenta é indispensável para o desenvolvimento da pesquisa, pois se apresenta como um recurso que organiza categoricamente todo o embasamento crítico de um trabalho científico, a partir dos elementos que facilitam o entendimento do fato estudado. Assim sendo, buscou-se analisar as fontes secundárias de forma qualitativa, observando atentamente a proposta apresentada para que de fato houvesse compreensão a respeito do objeto de estudo delimitado. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No ano de 2014, foi disponibilizada no site do Ministério do Turismo- MTUR a Avaliação do Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil (2014), os dados apresentados não consideraram a individualidade dos destinos indutores de desenvolvimento turístico, as informações disponibilizadas foram apresentadas de forma generalizada, fato que releva a necessidade de desenvolver a presente pesquisa no Estado do Piauí nos três destinos indutores de desenvolvimento turístico. Segundo a Avaliação do Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil (2014), a ausência de efetividade no monitoramento e avaliação sistemáticos do Programa, interfere na elaboração de pesquisas e estudos que possam subsidiar o desenvolvimento da atividade turística de forma permanente, revelando deste modo, a carência de informações que possam enriquecer a análise dos indicadores de desenvolvimento. Deste modo, se faz necessário realizar uma análise do desempenho do Programa de Regionalização do Turismo no Estado do Piauí, uma vez que compete

ao PRT possibilitar de forma coordenada e articulada o desenvolvimento turístico local, através da estruturação dos destinos ao longo do território brasileiro. A sugestão aqui apresentada a partir da pesquisa bibliográfica desenvolvida é o monitoramento do Programa de Regionalização do Turismo nos três destinos indutores de desenvolvimento analisados, como forma de melhor direcionar as ações planejadas e de conter os possíveis impactos negativos da atividade turística. REFERÊNCIAS BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 11. ed. São Paulo: ed. Senac, 2006. BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do espaço turístico. Bauru, SP: EDUSC, 2002. BRASIL. Ministério do Turismo.Avaliação do Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil. Brasília, 2014. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo: Diretrizes. Brasília, 2013. BRASIL. Ministério do Turismo. Índice de competitividade do turismo nacional: destinos indutores do desenvolvimento turístico regional: relatório Brasil 2010. Brasília, 2014. BRASIL. Ministério do Turismo. Índice de competitividade do turismo nacional: destinos indutores do desenvolvimento turístico regional: relatório Brasil 2010. Brasília, 2010. BRASIL. Instituto Brasileiro de Turismo. EMBRATUR 40 Anos. Brasilia, 2006. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo- Roteiros do Brasil. Brasília, 2004. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo: Roteiros do Brasil: Diretrizes Operacionais. Brasília, 2004. DIAS, Reinaldo. Introdução ao Turismo.São Paulo: Atlas, 2005. GAPI. Metodologia de Análise de Políticas Públicas. UNICAMP, 2002. IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

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