Revisão aprofundada: Modernismo 1ª fase

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Transcrição:

Revisão aprofundada: Modernismo 1ª fase

Revisão aprofundada: Modernismo 1ª fase 1. (UFBA) Poética Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e [manifestações de apreço ao Sr. diretor Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho [vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo. De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar com cem modelos de [cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare (BANDEIRA, M. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 31-32.) O poema é representativo da estética modernista brasileira, produzido numa época em que os poetas procuravam libertar-se das influências de estéticas anteriores. Faça uma análise interpretativa daquilo que o sujeito poético: a) rejeita em sua poesia;

2. (UFSCAR) Não permita Deus que eu morra Sem que ainda vote em você; Sem que, Rosa amigo, toda Quinta-feira que Deus dê, Tome chá na Academia Ao lado de vosmecê, Rosa dos seus e dos outros, Rosa da gente e do mundo, Rosa de intensa poesia De fino olor sem segundo; Rosa do Rio e da Rua, Rosa do sertão profundo (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira.) Nesse poema, Manuel Bandeira cita, direta ou indiretamente, obras de outros autores. a) Identifique o nome de uma dessas obras e o de seu autor. b) O poema de Bandeira está escrito em versos livres? Por quê? 3. (UFF) Quinze de Novembro Deodoro todo nos trinques Bate na porta de Dão Pedro Segundo. - Seu imperadô, dê o fora que nós queremos tomar conta desta bugiganga. O imperador bocejando responde me deixem calçar as chinelas podem entrar à vontade: só peço que não me bulam (Murilo Mendes. Poesia completa e prosa.)

O poeta Murilo Mendes apresenta um fato histórico construído também por discursos diretos que refletem uma visão crítica e irônica da Proclamação da República. Justifique como os diferentes registros de língua, na caracterização da fala dos personagens, constroem a visão crítica e irônica da Proclamação da República. TEXTOS PARA AS QUESTÕES 4 E 5. Texto I A lata de lixo A lata de lixo, outrora sórdido caixote (salvo para os vira-latas), transformou-se hoje num elegante objeto de plástico, em geral azul, perfeita esfera. Embarcaríamos até nessa astronave! Manuel Bandeira viu certa vez um homem fuçando uma lata de lixo num pátio. Com esse material mínimo escreveu uma poesia muito admirada também num determinado setor das universidades de Roma e de Pisa. Roma! Os palácios vermelhos de Roma! Pisa! A lâmpada de Galileu! As romanas! As pisanas! Não é fácil ver-se o lixeiro. Trata-se de um personagem kafkiano, quase marciano. Deixase a lata do lado de fora, e ele, pisando com pés de lã, invisível aos olhos mortais, discreto, obediente, esvazia a esfera azul. Só uma vez tive ocasião de encontrar um lixeiro, aqui em Roma, nas vésperas do Natal. Bateu à minha porta, subvestido (subnutrido?), sorridente, anunciando: Eu sou o lixeiro. Respondo logo, também sorridente: Bom dia. Como se chama o senhor? Não tolero ignorar os nomes daqueles com quem trato. A função adâmica1 do poeta move-o a nomear as coisas e as pessoas. Não só atribuir um nome aos que ainda não o têm, mas informar-se dos que já o têm. De resto um homem, antes de ser lixeiro, garçom ou motorista, é uma pessoa, quero saber seu nome. Eu me chamo, e todos os outros me chamam, Murilo. Dum ponto de vista puramente eufônico2 e visual preferiria chamar-me por exemplo Goya, Velázquez ou Zurbarán. Malandro e hipócrita sou! Bem vejo que não se trata de um ponto de vista puramente eufônico e visual, trata-se de atenção à hierarquia dos valores: mesmo contrariando Ortega y Gasset, mesmo reconhecendo o interesse dum certo lado da obra de Murilo, o lado mais realista, não o situo no plano dos outros três pintores. Vaidade das vaidades: Tudo é vaidade, até mesmo a de querer mudar de nome para se elevar, até mesmo a de embarcar numa astronave, percorrer o cosmo que um dia próximo ou remoto, não sei, será despejado como lixo; e um mundo novo se levantará sobre latas, máquinas de plástico ou não, sobre as ruínas dos textos, as ruínas das ruínas: o novo céu, a nova terra,

previstos e anunciados pelo transformador e reformador de todas as coisas visíveis e invisíveis, o Ser dialético3 por excelência. Murilo Mendes. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Vocabulário: 1. adâmica relativo a Adão, primeiro homem, segundo a Bíblia 2. eufônico de som agradável 3. dialético em que convivem os contrários Texto II O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974 4. (UERJ) Não examinava nem cheirava: (...) O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O conjunto de versos acima remete a dois conteúdos subentendidos, correspondentes a conhecimentos, crenças ou valores do senso comum. Explicite esses dois conteúdos.

5. (UERJ) Os textos I e II tomam como ponto de partida, respectivamente, um objeto e uma cena do cotidiano. Apesar desse ponto de partida semelhante, os dois textos desenvolvem avaliações distintas acerca da condição do homem. Explique essa diversidade de avaliações e transcreva, de cada um dos textos, a passagem que a comprova

Gabarito 1. a) O sujeito poético exclui de sua poesia o comprometimento com o formalismo; procura libertar-se das influências de estéticas anteriores, como o Parnasianismo. O eu - uma métrica rígida e pela obrigatoriedade das rimas. Além disso, condena a poesia d adornos, o lirismo que transgride os padrões estabelecidos pelas estéticas anteriores. Exalta o verso livr sobretudo os barbarismos universais/todas as construções sobretudo as sintaxes de 2. Dias, autor da 1ª geração Romântica. 3. b) Não. Se observarmos a métrica dos versos, todos são heptassílabos, ou também denominados como redondilhas maiores. 4. O personagem Deodoro se utiliza de uma linguagem descontraída pela reprodução estilizada de uma fala coloquial inadequada à situação. O Imperador é apresentado com uma linguagem mais contida, no entanto, sua postura denota um descaso e uma intimidade incompatíveis com o cargo e a situação, provocando o riso e a crítica pelo inusitado relato do fato histórico. (Gabarito Oficial UFF) 5. Certos animais cheiram o alimento antes de ingeri-lo. / O normal é que alimentos jogados no lixo sejam consumidos por cães, gatos e ratos. (Gabarito Oficial UERJ) No texto I, Murilo Mendes procura dar humanidade e individualidade ao homem. No texto II, Manuel Bandeira expõe ou denuncia a condição desumana ou subumana a que o homem pode chegar. Passagem do texto 1: De resto um homem, antes de ser lixeiro, garçom, ou motorista, é uma pessoa, quero saber seu nome. Passagem do texto 2: O bicho, meu Deus, era um homem.