Transtornos Alimentares na Gestação

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Transcrição:

Transtornos Alimentares na Gestação Comportamentos Alimentares Inadequados Durante a Gestação: prevalência e fatores associados em amostra de serviços públicos de saúde no sul do Brasil. Nutr. Rafael Marques Soares GEATA - CEAPIA Porto Alegre -RS www.geata.med.br Estudo do consumo e comportamento alimentar em gestantes - UFRGS INTRODUÇÃO TRANSTORNOS ALIMENTARES (TA) Transtornos psiquiátricos crônicos, que se manifestam por alterações graves do comportamento alimentar Anorexia Nervosa Bulimia Nervosa Transtorno Alimentar Não Especificado (TANE) Transtorno da compulsão alimentar periódica Predomínio em adolescentes e mulheres jovens Cursam com complicações clínicas e costumam estar associados a outros transtornos psiquiátricos Prevalência esperada de 1% em gestantes 1

TRANSTORNOS ALIMENTARES ANOREXIA NERVOSA BULIMIA NERVOSA TRANSTORNO ALIMENTAR NÃO ESPECIFICADO TANE Anorexia nervosa Bulimia nervosa TCAP Spitzer et al. International Journal of Eating Disorder, Sept. 1994. 2

COMPORTAMENTOS ALIMENTARES INADEQUADOS Prevalência Dieta restritiva 7,8% Jejum 3,1% Compulsão alimentar 25% a 44% Métodos compensatórios Vomito auto-induzido 1,4% Uso de laxantes 8,5% Uso de diuréticos 2,8% Uso de inibidores do apetite 5,1% Exercícios extenuantes 16,4% - Prevalência em mulheres jovens - 10% CRENÇAS DISFUNCIONAIS Preocupação exagerada com o peso Preocupação exagerada com a aparência Medo mórbido de engordar 3

COMPORTAMENTOS ALIMENTARES INADEQUADOS E GRAVIDEZ A gravidez costuma ser o momento que as mulheres experimentam as mais importantes mudanças corporais desde a puberdade Inevitável impacto nas atitudes com relação ao peso e aparência e nos comportamentos alimentares Algumas podem expressar sentimentos negativos acerca do peso ganho e mudanças na aparência corporal Intrinsecamente associada com a pré-obesidade Redução dos sintomas no primeiro trimestre Particularmente na BN Mas não mudam de forma significativa JUSTIFICATIVA Poucos estudos brasileiros O estado psicológico e nutricional materno influencia diretamente tanto a saúde da mãe, quanto do feto A presença de comportamentos alimentares inadequados está associada à complicações maternas e fetais Existência de instrumentos para aferição Elaboração de condutas e diretrizes que levem em consideração a necessidade de abordá-los e tratá-los 4

POPULAÇÃO DE PESQUISA Gestantes atendidas nas cidades de Porto Alegre e Bento Gonçalves - maio a dezembro de 2006 Porto Alegre 7 UBS do Centro Saúde-Escola Murialdo e 3 UBS Secretaria Municipal de Saúde Bento Gonçalves 9 UBS e Centro de Referência Materno Infantil. POPULAÇÃO DE PESQUISA Arrolamento consecutivo em sala de espera das UBS CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Idade gestacional < 16 semanas ou > 36 semanas Deficiência mental n = 712 gestantes 5

VARIÁVEIS DE INTERESSE Comportamentos alimentares inadequados medidos através do instrumento EDE-Q Compulsão alimentar Comer grande quantidade de comida com sensação de perda de controle Vomito auto-induzido Uso de laxantes Uso de diuréticos Exercício excessivo CRENÇAS DISFUNCIONAIS Preocupação com o corpo Subescala do EDE-Q: 8 questões: freqüência e intensidade Média 4 positivo Preocupação com o peso Subescala do EDE-Q 4 questões: freqüência e intensidade Média 4 positivo 6

SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS Medidos através do PRIME-MD (Avaliação de Transtornos Mentais para Atenção Primária) DSM IV Transtorno Depressivo 9 itens diagnósticos 5 positivo Transtorno Ansiedade 6 itens diagnósticos 3 positivo RESULTADOS Amostra Idade média - 24,6 anos (6,42) Escolaridade - 7,6 anos (2,73) Peso médio pré-gestacional - 60,8 kg (12,35) Estatura média - 1,58m (0,63) Média do consumo alimentar - 3.255 (2020) kcal/dia Média do número de gestações anteriores-2 (1,3) 7

Tabela 1 Características de 712* gestantes atendidas em serviços públicos em duas cidades do sul do Brasil, 2006. Total Características n % Idade (anos) <20 181 25,4 20 a 30 364 51,1 >30 167 23,5 Escolaridade (anos) 0-4 98 13,8 5-8 352 49,4 9-11 247 34,7 + de 12 15 2,1 Ocupação Não estuda nem trabalha 420 59,0 Trabalha e/ou estuda 292 41,0 Renda em salários mínimos Menos de 1 102 14,3 De 1,01 a 3,00 370 52,0 Acima de 3,01 215 30,2 Fumo Nunca f umou 372 52,2 Fumou antes da gravidez 191 26,8 Fumou durante a gravidez 149 20,9 *exceto Renda em salários mínimos (n=687); IMC Pré-gestacional (n=707) Características Total n % IMC Pré Gestacional (kg/m²)** <19,8 91 12,8 19,8-26,0 432 60,7 26,1 29,0 84 11,8 >29,0 100 14,4 Idade gestacional por trimestre 2º 516 72,5 3º 195 27,4 Gestação anteriores Não 282 39,6 Sim 430 60,4 Sintomas depressivos Não 453 63,6 Sim 259 36,4 Transtorno de ansiedade Não 488 80,3 Sim 224 19,8 **classificado de acordo com IOM, 1992; *exceto Renda em salários mínimos (n=687); IMC Pré-gestacional (n=707) 8

Prevalência de Comportamentos Alimentares Inadequados 30,0% 26,7% 25,0% 20,0% 17,3% 15,0% Pré-gestacional 10,0% 5,0% 6,7% 1,8% 5,2% 0,1% 3,1% 0,0% 1,3% Gestacional 0,0% Compulsão alimentar Vomito Laxante Diurérico Exercício excessivo Prevalência de Crenças Disfuncionais 12,0% 10,0% 11,0% 9,8% 8,0% 6,0% 5,6% 5,5% Pré-gestacional Gestacional 4,0% 2,0% 0,0% Preocupação com o corpo Preocupação com o peso 9

Tabela 2 Fatores associados à compulsão alimentar durante a gestação em 712 gestantes atendidas em serviços públicos em duas cidades do sul do Brasil, 2006. Característica IMC Pré Gestacional (kg/m²)* # Transtorno de ansiedade Total n (712) Compulsão durante a gestação n ( 123 ) n(%) n(%) Bruta Ajustada RP IC95% p RP IC95% p < 19,8 91(12,9) 22(24,2) 1,53 1,00-2,34 0,04 1,63 1,07-2,50 0,02 19,8 26,0 432(61,1) 68(15,7) 1 1 26,1 29,0 84(11,9) 21(25,0) 1,58 1,03-2,44 0,03 1,41 0,93-2,13 0,09 > 29,0 100(14,1) 11(11,0) 0,69 0,38-1,27 0,24 0.65 0,36-1,17 0,15 Não 488(68,5) 64(13,1) 1 Sim 224(31,5) 59(26,3) 2,00 1,46-2,75 0,00 1,79 1,30-2,45 0,00 Com pulsão alimentar antes da gestação Não 522(73,3) 56(10,7) 1 Sim 190(26,7) 67(35,3) 3,28 2,40-4,50 0,00 3,10 2,24-4,28 0,00 * *m=707 RP = Razão de prevalências; IC95% = Intervalo de confiança de 95%; categoria de referência RP=1 DISCUSSÃO Ação positiva sobre o comportamento alimentar Relaxamento temporário com a preocupação com peso, forma e ingestão calórica Diminuição nas freqüências dos comportamentos inadequados e diminuição na intensidade dos sintomas Pode ser momento promissor para a abordagem dos comportamentos alimentares inadequados 10

Ação negativa sobre o comportamento alimentar Manutenção da compulsão alimentar Influenciar negativamente a percepção do peso e imagem corporal seguido da preocupação exagerada com o peso e corpo CONCLUSÕES Houve uma diminuição na freqüência dos comportamentos alimentares inadequados na gestação Entre os comportamentos inadequados, a compulsão alimentar manteve alta prevalência Somente casos novos de crenças disfuncionais 11

CONCLUSÕES Importância de se avaliar a compulsão alimentar, em estudos sobre o ganho de peso excessivo e retenção de peso pós-parto O conhecimento de que na gestação ocorre: Compulsão alimentar Houve casos incidentes de crenças disfuncionais (preocupação exagerada com peso e corpo) Pode favorecer medidas preventivas na atenção primária para evitar principalmente os desfechos relacionados ao ganho excessivo de peso DESFECHOS PERINATAIS EM GESTANTES COM COMPORTAMENTOS ALIMENTARES INADEQUADOS Estudo de coorte de gestantes seguidas até o parto com aferições prospectivas e históricas. Contato por telefone para dados pós-prto imediato Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) revisão de prontuário data do parto local (hospital) - nome completo do RN - sexo - peso e comprimento do RN - tipo de parto - duração da hospitalização - aleitamento materno - intercorrências durante o parto, pré-natal e com o RN 12

Ganho de peso gestacional Insuficiente- 29,7% Adequado- 28,9% Excessivo 41,4% Prematuridade 40 35 36,8 30 25 % 20 15 10 22,1 22,9 23,7 23,1 22,1 Não Sim 5 0 Preocupação exagerada com o corpo Preocupação exagerada com o peso Compulsão alimentar p=0,036 p=0,910 p=0,816 13

Peso do RN maior ou igual a 3800g 20 18 18,3 % 16 14 12 10 8 6 12,6 10,3 12,4 12,8 11,2 Não Sim 4 2 0 Preocupação com o corpo Preocupação com o peso Compulsão alimentar p=0,670 p=0,942 p=0,032 Parto Normal 70 60 63,4 62,9 59,0 63,9 56,8 50 50,0 40 % 30 20 Não Sim 10 0 Preocupação com o corpo Preocupação com o peso Compulsão alimentar p=0,097 p=0,624 p=0,146 14

gramas meses 11/09/2009 Peso do RN 3600 3400 LS 3200 Média LI 3000 2800 Não Sim Não Sim Não Sim Preocupação com o corpo p=0,539 Preocupação com o peso p=0,378 Compulsão alimentar p=0,044 Tempo de gestação 3500 3400 3300 3200 3100 LS Média LI 3000 2900 2800 Não Sim Não Sim Não Sim Preocupação com o corpo p=0,225 Preocupação com o peso p=0,992 Compulsão alimentar p=0,951 15

CONCLUSÕES Compulsão alimentar mostrou associação Prematuridade Peso do RN maior ou igual a 3800g VIII Congresso Brasileiro de Transtornos Alimentares e Obesidade ATITUDES E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES NO PERÍODO PÓS- PARTO: COORTE DE GESTANTES ATENDIDAS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE NO SUL DO BRASIL. Nutr. Rafael MarquesSoares GEATA - CEAPIA Porto Alegre -RS www.geata.med.br Estudo do consumo e comportamento alimentar em gestantes - UFRGS 16

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Mais de 40% das novas mães, independentemente de terem ou não um diagnóstico de um transtorno alimentar, relatam estar insatisfeitas com o seu peso no puerpério. (ASTRACHAN-FLETCHER ET AL, 2008). Aproximadamente 50% das novas mães com diagnóstico de BN relatam um aumento no transtorno alimentar no pós-parto. (FAIRBURN ET AL, 1999) DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 57% das bulímicas experimentaram um aumento nos sintomas no pós-parto. (FAIRBURN ET AL, 1999) 80% das mulheres com transtornos alimentares atribuíram suas recaídas no pós-parto a sensação de estar mais gorda e querer perder o peso ganho durante a gestação. (FAIRBURN ET AL, 1999; ASTRACHAN- FLETCHER ET AL, 2008 ) 17

COMPORTAMENTOS ALIMENTARES INADEQUADOS E O PÓS- PARTO O pós-parto é um momento onde o peso adquirido durante a gestação, somado à preocupação em retornar ao peso inicial ou ideal podem influenciar de forma negativa os comportamentos alimentares, a percepção corporal das mulheres e o humor no pós-parto, mesmo em mulheres sem um transtorno alimentar. JUSTIFICATIVA Poucos estudos brasileiros Estudo demonstram que mulheres com histórico de transtornos alimentares tendem a minimizar os sintomas durante a gravidez sendo que ressurgem no pós-parto. Depois de garantida a saúde do filho elas sentem maior necessidade de perder o peso adquirido e podem utilizar métodos não adequados. Existência de instrumentos para aferição Possibilidade de utilizar instrumentos para o diagnóstico e elaborar condutas de tratamento 18

POPULAÇÃO DE PESQUISA Gestantes atendidas na cidade de Porto Alegre - maio a dezembro de 2006 Porto Alegre 7 UBS do Centro Saúde-Escola Murialdo e 3 UBS Secretaria Municipal de Saúde n = 370 (366 4 exclusões gêmeos) OBJETIVO E MÉTODO Objetivo: Examinar as mudanças em atitudes e comportamentos alimentares em mulheres pós-parto. Método: Coorte prospectiva de 366 mulheres que foram acompanhadas desde a gravidez até o quarto mês pósparto. Foram utilizados os instrumentos, Eating Disorder Examination Questionnaire (EDE-Q), e o Primary Care Evaluation of Mental Disorders (PRIME-MD). 19

VARIÁVEIS DE INTERESSE Comportamentos alimentares inadequados medidos através do instrumento EDE-Q Compulsão alimentar Comer grande quantidade de comida com sensação de perda de controle Vomito auto-induzido Uso de laxantes Uso de diuréticos Exercício excessivo CRENÇAS DISFUNCIONAIS Preocupação com o corpo Subescala do EDE-Q: 8 questões: freqüência e intensidade Média 4 positivo Preocupação com o peso Subescala do EDE-Q 4 questões: freqüência e intensidade Média 4 positivo 20

SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS Medidos através do PRIME-MD (Avaliação de Transtornos Mentais para Atenção Primária) DSM IV Transtorno Depressivo 9 itens diagnósticos 5 positivo Transtorno Ansiedade 6 itens diagnósticos 3 positivo COLETA DE DADOS Instrumento EDE-Q - Transtornos do Comportamento Alimentar Instrumento PRIME MD Avaliação de Transtornos Mentais Medidas de peso e altura 21

RESULTADOS Amostra Idade média - 25 anos (6,16) Peso médio pós-parto - 65kg (14,0) Estatura média 1,57m (5,0) Média do número de gestações anteriores-3 (1,4) Tabela 1 Características de 366 mulheres 4 meses pós-parto atendidas em serviços públicos em uma cidade do sul do Brasil, 2007. Características Idade (anos) Total n % <20 77 21,0 20 a 30 197 53,8 >30 92 25,1 Escolaridade (anos) 0-4 50 13,7 5-8 179 48,9 9-11 137 37,4 Ocupação Não estuda nem trabalha 228 62,3 Trabalha e/ou estuda 138 37,7 Renda em salários mínimos Menos de 1 78 21,3 De 1,01 a 3,00 200 54,6 Acima de 3,01 88 24,0 22

Características IMC pós-parto (kg/m²)** Total n % <18,5 16 4,4 18,5-24,9 161 44,1 25 29,9 106 29,0 >30 82 22,5 Transtorno depressivo Não 254 69,4 Sim 112 30,6 Transtorno de ansiedade Não 281 76,8 Sim 85 23,2 **classificado de acordo com WHO 2004, IMC Pré-gestacional (n=366) Prevalência de Transtorno Alimentar (EDE-Q) 3,0% 2,5% 2,5% 2,0% 1,5% 1,0% 0,6% 0,5% 0,0% Gestação Pós-Parto 23

Prevalência de Comportamentos Alimentares Indadequados Pré-gestacional Gestacional Pós-parto 30,0% 25,0% 20,0% 25,4% 18,3% 17,8% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Compulsão alimentar 7,7% 2,5% 4,6% 1,9% 2,7% 1,6% 0,8% 0,3% 0,0% 1,4% 1,6% Vomito Laxante Diurérico Exercício excessivo Prevalência de Crenças Disfuncionais Pré-gestacional Gestacional Pós-parto 20,0% 18,0% 16,0% 14,0% 12,0% 10,0% 8,0% 6,0% 4,0% 2,0% 0,0% 19,1% 10,1% 4,9% Preocupação com o corpo 16,9% 9,3% 6,0% Preocupação com o peso 24

Tabela 2 Fatores associados à compulsão alimentar 4 meses pós-parto em 366 mulheres atendidas em serviços públicos em uma cidade do sul do Brasil, 2007. Fatores Compulsão alimentar Ajustada por Idade RR (IC95%) IMC pós-parto* <18,5 1,5 (0,97;2,27) 18,5-24,9 1 25 29,9 1,6 (1,07;2,55) >30 0,7 (0,41;1,37) Compulsão Alimentar (pós-parto) Não 1 Sim 1,8 (1,1;2,8) Preocupação com o corpo (pós-parto) Não 1 Sim 2,2 (1,1;4,6) Transtorno depressivo Não 1 Sim 1,9 (1,40;2,60) * Teste de chi-quadrado p < 0,05; RR = Risco Relativo; IC95% = Intervalo de confiança de 95%; categoria de referência RR=1 DISCUSSÃO Os sintomas do transtorno alimentar ressurgem durante o puerpério. Insatisfação com aparência e corpo se intensificam Durante a gestação há a necessidade de manter a própria saúde para não comprometer a do bebê. Após a gestação ressurgem as insatisfações com peso e forma corporal Manutenção da compulsão alimentar Preocupar-se exageradamente com a aparência e com peso associou-se com maior prevalência de compulsão alimentar O ganho de peso e as mudanças corporais parecem Influenciar negativamente a percepção do peso e imagem corporal seguido da preocupação exagerada com o peso e corpo 25

CONCLUSÕES Resultados demonstram que os transtornos alimentares tendem a agravar-se durante o período pós-parto. Educar e aconselhar as gestantes durante o prénatal sobre como lidar com as mudanças na alimentação, peso e forma corporal poderá diminuir o risco das mulheres posteriormente desenvolverem ou mesmo aumentar a gravidade dos comportamento alimentares inadequados OBRIGADO! Nutr. Rafael Marques Soares GEATA - CEAPIA Porto Alegre -RS www.geata.med.br 26