O REFORÇO COMO DIREITO DE APRENDER OU COMO AÇÃO PALIATIVA DA ESCOLA FRENTE À SUA DIFICULDADE EM LIDAR COM AS DIFERENÇAS DE APRENDIZAGEM

Documentos relacionados
PIBID UMA BREVE REFLEXÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA DOCENTE

A ARTE TRANSVERSAL ATRAVÉS DA MATEMÁTICA. CAMARGO, Fernanda 1 SOUZA, Michele²

O PIBID COMO DIVISOR DE ÁGUAS PARA UMA PEDAGOGIA LIVRE E CRIATIVA

TRABALHANDO COM RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CLUBE DE MATEMÁTICA DO PIBID: O CASO DO PROBLEMA DO SALÁRIO

Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Ensino e Aprendizagem em Matemática.

Universidade Federal de Roraima-UFRR,

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO II: O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E DO MATERIAL DOURADO NAS AULAS DE MATEMÁTICA.

EXPERIMENTANDO A PRÁTICA E A APLICAÇÃO DE JOGOS NO UNIVERSO INFANTIL NO MÊS DA CRIANÇA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

EDUCAÇÃO INFANTIL: EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS POR MEIO DO PIBID

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

ENSINO DE EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU ATRAVÉS DE JOGOS

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS A ENFRENTAR NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA 1

VII CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA

Aparecida Guedes dos Santos Autora Graduanda em Pedagogia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA

ENCONTRO FAMÍLIA x ESCOLA ENSINO FUNDAMENTAL

PROJETO PROLICEN: VIVÊNCIAS, OPORTUNIDADE E CONTRIBUIÇÕES A FORMAÇÃO ACADÊMICA.

Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.

SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO: O USO DE ATIVIDADES LÚDICAS COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

LUDICIDADE COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DEPOIMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A AÇÃO DOCENTE REALIZADA NOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA PUCPR

RELATÓRIO ANUAL. Atividades desenvolvidas no ensino da matemática. Bolsistas

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

CARTOGRAFIA E ENSINO: PERSPECTIVAS DA REALIDADE

Introdução. 1 Licenciada em Matemática e Mestranda em Educação pela Universidade de Passo Fundo bolsista CAPES.

Anais da Semana de Integração Acadêmica 02 a 06 de setembro de 2013

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

JOGOS COMPUTACIONAIS E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS PARA ENSINAR MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

APRENDENDO A ENSINAR MATEMÁTICA POR MEIO DOS RECURSOS DIDÁTICOS: MONITORIA, JOGOS, LEITURAS E ESCRITAS E LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA.

EXPERIMENTOS E EXERCÍCIOS DE MECÂNICA NO ENSINO MÉDIO

PROJETO DE EXTENSÃO ALFABETIZAÇÃO EM FOCO NO PERCURSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA

O USO DE JOGOS NAS AULAS DE MATEMÁTICA: TRABALHANDO COM AS OPERAÇÕES COM NÚMEROS NATURAIS E INTEIROS

A CONSTRUÇÃO DA RETA REAL POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO CONSIDERANDO A METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA: ALGUMAS REFLEXÕES1 1

IV SEMINÁRIO INSTITUCIONAL DO PIBID

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

O REFORÇO NAS AULAS DE LÍNGUA ESPANHOLA

A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE DO ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO: O Processo de Alfabetização de um Aluno Surdo

HIDROTABULEIRO: UMA PROPOSTA LÚDICA PARA TRABALHAR A HIDROSTÁTICA

O USO DE KITS EXPERIMENTAIS COMO FORMA DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID. Detalhamento de SUBPROJETO (Licenciatura)

TABULEIRO DA FATORAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA UTILIZANDO MATERIAL CONCRETO

Reunião de Trabalho Professores Coordenadores. Diretoria de Ensino da Região de Carapicuíba Dirigente Regional de Ensino Junho/2017

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O JOGO CUBRA 12 A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO PIBID/IFES

O PROCESSO DA GESTÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO PIBID NA ESCOLA

Implantação Anos iniciais do fundamental

ISSN do Livro de Resumos:

ESTÁGIO CURRICULAR E FORMAÇÃO DOCENTE: A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA PRODUÇÃO DE SENTIDOS SOBRE A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA

Oficina Material Dourado. Grupo 4 Componentes: Fernanda Onofre, Taís Brito e Edvânia Menezes.

A DIVERSIDADE DE UMA SALA MULTISSERIADA E MULTIDISCIPLINAR NO CONTEXTO ESCOLAR.

O PLANEJAMENTO NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO. Resumo: UNIDADE 2. Abril de 2013

O DESPERTAR DO ENSINO APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA LITERATURA

ARTE: ESPAÇO DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SANTOS, Scheila Pires 1 TOSTES, Jessica Caroline Do Couto 2 NAIMAIER, Juliana Alegre Fortes 3

CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 18 A 20 DE SETEMBRO 2014 CAMPINA GRANDE - PB

Jogando com a tabuada

JOGOS PEDAGÓGICOS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

PEREIRA, Ana Célia da R. Autora Professora da Escola Municipal Prof. Anísio Teixeira

ABORDAGENS INOVADORAS PARA O ENSINO DE FÍSICA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOBRE ENERGIA

PIBID PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS E EXPECTATIVAS

O MEIO LÚDICO COMO ESTRATÉGIA EM SALA DE AULA: JOGO EDUCATIVO SOBRE FONTES DE ENERGIA NO COTIDIANO

PROJETO DE EXTENSÃO BIT DE INSERÇÃO SOCIAL

ESCOLA ESTADUAL SENADOR FILINTO MULLER. Projeto Khan Academy: plataforma educacional na construção da aprendizagem da Matemática

BAÚ DA MATEMÁTICA UMA DAS METODOLOGIAS UTIIZADAS NOS GRUPOS DE ESTUDOS DO PIBID EM JÚLIO DE CASTILHOS

TIA, VOU ESCREVER O QUE EU SEI : UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO TEXTUAL NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I E A PRÁTICA DOCENTE.

TRABALHANDO AS QUATRO OPERAÇÕES E A GEOMETRIA ATRAVÉS DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Lucinalva Andrade Ataíde de Almeida-UFPE/CAA i Maria Geiziane Bezerra Souza-UFPE/CAA ii Iara Emanuele de Melo Gomes -UFPE-CAA iii

INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: AÇÕES DO SUBPROJETO/PIBID/MATEMÁTICA/CPPP/UFMS

Perspectiva metodológica da resolução de problemas: porque ela pode mudar sua sala de aula. Profa Dra Katia Stocco Smole mathema.com.

PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES DESENCADEADORAS DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA: UM DESAFIO PARA BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA DO PIBID 1

AS OBSERVAÇÕES EM SALA DE AULA E O ENSINO DAS QUATRO OPERAÇÕES COMO FORMA DE MINIMIZAR OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA

OPEN: ABRINDO PORTAS PARA O ENSINO SUPERIOR.

A contribuição do movimento humano para a ampliação das linguagens

OS DIFERENTES SIGNIFICADOS DE NÚMEROS RACIONAIS: um estudo das dificuldades apresentadas por alunos de 6º ano do Ensino Fundamental

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA SUBPROJETO MATEMÁTICA UNIPAMPA BAGÉ 2017 PORTFÓLIO. Danver de Oliveira Vernetti

UTILIZANDO O JOGO AVANÇANDO COM O RESTO PARA IDENTIFICAR AS DIFICULDADES COM A DIVISÃO. Educação Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ESCOLA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PROBLEMATIZAÇÃO E INVESTIGAÇÃO SOBRE O TRABALHO DOCENTE NO PIBID

PIBID: Química no ensino médio- a realidade do ensino de química na escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, na cidade de Mossoró-RN.

PLANO DE ENSINO 1º TRIMESTRE 2018

MATEMÁTICA, SOCIEDADE E ESCOLA: DESENVOLVIMENTO DE UMA ATIVIDADE VISANDO A MELHORIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA.

O OLHAR DOS FUTUROS PROFESSORES DE FÍSICA SOBRE O PAPEL DO PIBID EM SUA FORMAÇÃO

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM DE ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NO DESEMPENHO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA PUBLICA EM AVALIAÇÕES EXTERNAS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS

PERFIL DOS ALUNOS COM DEFICIENCIA INTELECTUAL DO PIBID/ UNICRUZ/ EDUCAÇÃO FÍSICA 1

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE BRAGANÇA PAULISTA

MATEMÁTICA ATRAENTE: A APLICAÇÃO DE JOGOS COMO INSTRUMENTO DO PIBID NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

O TEXTO JORNALÍSTICO NA SALA DE AULA TEMA: MUNDO DO TRABALHO

EXPERIÊNCIA TEATRAL NAS ATIVIDADES DO PIBID: A VIDA DE MALBA TAHAN E O HOMEM QUE CALCULAVA

COLÉGIO SANTA TERESINHA R. Madre Beatriz 135 centro Tel. (33)

ENSINO DE ZOOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO: AULA DE CONTRATURNO COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM

1. VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA CIRANDA INFANTIL SEMENTE DA ESPERANÇA

TRAJETÓRIA DO SUBPROJETO DE MATEMÁTICA: ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PIBID POR ALUNOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DA UESB-JQ

INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

TRABALHANDO A MULTIPLICAÇÃO

CONSTRUÇÃO/DESCONSTRUÇÃO: REELABORANDO NOÇÕES CARTOGRÁFICAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO NÍVEL MÉDIO.

DIAGNÓSTICO ESCOLAR: O OLHAR DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA

A APLICAÇÃO DO JOGO LÚDICO COMO FACILITADOR DO ENSINO DE TERMOQUÍMICA

O PROEXT A SERVIÇO DA EJA

PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA AÇÃO DO PIBID/MATEMÁTICA/CCT/UFCC

O USO DE JOGOS COMO PRÁTICA EDUCATIVA

Transcrição:

O REFORÇO COMO DIREITO DE APRENDER OU COMO AÇÃO PALIATIVA DA ESCOLA FRENTE À SUA DIFICULDADE EM LIDAR COM AS DIFERENÇAS DE APRENDIZAGEM Lethicia Ormedo Leite Canhete1; Liliane Thomaz dos Santos2; Almerinda Maria dos Reis Vieira Rodrigues3. UEMS/UMA- Caixa Postal 79150-000-Maracaju-MS, E-mail: lethicia_c_@hotmail.com 1 Bolsista de Iniciação a Docência. 2 Bolsista de Iniciação a Docência. 3 Co autora, Professora UEMS/UMA. RESUMO Este trabalho tem o objetivo de discutir sobre as experiências vivenciadas durante as atividades práticas realizadas na Escola Estadual Manoel Ferreira de Lima durante o ano de 2013, a partir do ingresso no PIBID. Essas atividades aconteciam no contra turno, como forma de reforço escolar. Seguíamos orientações e o acompanhamento de uma coordenadora da área de matemática e outra da área de português. O reforço tem por objetivo ajudar as crianças que não conseguem desenvolver suas habilidades dentro da sala de aula, seja porque tem dificuldade, pela super lotação das salas, pela má qualificação dos professores, entre outros e dessa forma a escola viu uma oportunidade de proporcionar às mesmas algo diferenciado, a partir da ludicidade. Pudemos acompanhar o desabrochar de muitas crianças, o que nos levou a analisar da necessidade e perpetuação do reforço escolar em uma época em que se fala em ritmos, interesses e capacidades diferenciados. A questão, somada às discussões nos permitiu chegar à conclusão de que apesar das mudanças ocorridas na escola, esta ainda não sabe lidar com as diferenças de aprendizagem e apostam no reforço escolar como uma medida paliativa. PALAVRAS-CHAVE: PIBID. Reforço Escolar. Aprendizagem. INTRODUÇÃO

De acordo com as discussões promovidas pelo Curso de Pedagogia, se o aluno tiver uma boa formação dentro da sala de aula, não ira precisar de reforço, mas o que seria uma boa qualificação? Os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil afirmam que: Um dos fatores que mais influem na qualidade da educação é a qualificação dos profissionais que trabalham com as crianças. Professoras bem formadas, com salários dignos, que contam como apoio da direção, da coordenação pedagógica e dos demais profissionais trabalhando em equipe, refletindo e procurando aprimorar constantemente suas práticas são fundamentais na construção de instituições de educação infantil de qualidade. (BRASIL, 2009, p.54) As qualidades apontadas pelo documento vão além das questões voltadas aos conteúdos e métodos estudados na graduação. Como garantir que professores busquem aprimorar constantemente suas práticas? Essa é uma questão muito subjetiva que envolve concepções e comprometimento. A primeira, sabemos, é resultante de um processo longo de vivencias e reflexões que permeiam a vida dos profissionais e a segunda, é resultante de que? Não basta conhecimento, recursos pedagógicos ou diploma, o comprometimento é algo individual! Pensemos, então, pelo lado do aluno: porque eles não aprendem tudo?. Assim como na história dos Métodos de Alfabetização, estamos à busca do culpado: o problema é do método ou das crianças que não demonstram interesse, ou ainda dos pais que não ajudam, porque a educação é escassa, porque há super lotação nas salas de aula e, voltando à questão original sem nenhuma resposta além das hipóteses iniciais, porque os professores não estão sendo qualificados adequadamente. Considerando que o curso de graduação não possui receitas diferentes para os diferentes problemas da escola, começamos a refletir à luz das teorias estudadas, o que fazer. Lembramo-nos de que é necessário conhecer a realidade para depois pensarmos um planejamento mais aproximado. Nos primeiros dias observamos que realmente as crianças tinham bastante dificuldades com matemática. Não sabiam direito como armar continhas, como interpretar problemas; tinham problemas com a tabuada e com a unidade, dezena e centena, enfim, conheciam os números, sabiam distinguir uma conta da outra, mas não sabiam quando utilizar um ou outro tipo de cálculo. De posse desse conhecimento, seguimos para o próximo passo: o que fazer? Segundo os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil:

As professoras devem planejar atividades variadas, disponibilizando os espaços e os materiais necessários, de forma a sugerir diferentes possibilidades de expressão, de brincadeiras, de aprendizagens, de explorações, de conhecimentos, de interações. A observação e a escuta são importantes para sugerir novas atividades a serem propostas, assim como ajustes no planejamento e troca de experiências na equipe. (BRASIL, 2009, p.40) Para o planejamento, lembramo-nos de Amaral que apoiada em Vygotski diz que a forma pela qual as crianças aprendem melhor é a partir da brincadeira. Dessa forma, sem brincadeira o aprendizado se torna mais difícil e sem significado. Com isso decidimos que deveríamos planejar uma aula com jogos, colocando pequenas situações do cotidiano para que começassem a tomar gosto e a perceber que matemática está em nossas ações diárias e que as contas são apenas uma das formas de registro da matemática. As crianças adoraram! Questionamos porque os professores não levam os jogos para a sala e obtivemos como resposta:... porque são muitos os alunos em sala de aula, acaba virando bagunça, tem muito conteúdo e não dá pra ficar brincando [...]. Como o número de crianças no reforço era reduzido, realizamos nosso planejamento de acordo com as orientações e discussões realizadas na Universidade e com a coordenadora do PIBID. Nosso desafio era trabalhar com atividades diferenciadas. Começamos pela adição e subtração, utilizando recursos diferenciados que lhes permitissem compreender o processo e o resultado foi satisfatório porque as crianças ainda tinham dúvidas, no que tinha sido trabalhado pelo professor regente e com a nossa ajuda e o apoio do material dourado, palitos e tampas, aprenderam. Depois de explorar bem a adição e subtração começamos a trabalhar com a multiplicação da mesma forma, com jogos, como por exemplo, o jogo da velha com multiplicação que trabalha o raciocínio lógico, o debate com a tabuada, entre outros. Com esses jogos os alunos conseguiram compreender com facilidade. Com a compreensão da tabuada as crianças entenderam o raciocínio lógico e com isso começaram a desenvolver suas habilidades em matemática. A freqüência no reforço é fraca só vêm às crianças que querem, algumas vieram só um dia, mas também tem aqueles que não faltavam nenhum dia. Os planejamentos foram feitos com antecedência e foram pensados com carinho, pensando nas dificuldades apresentadas por cada aluno. As atividades aplicadas foram

diferenciadas para cada ano (2, 3 e 4 ) e as crianças demonstraram bastante interesse e progresso. Dessa forma, ficou-nos a impressão de que, tal como a alfabetização, a aprendizagem da matemática necessita de um ambiente organizado pela intencionalidade pedagógica, que possibilite a interação entre os alunos e os remeta para a função social da matemática. Para isso deve estar organizada de forma que considere que a brincadeira, a imaginação, a expressão a partir de múltiplas linguagens são direitos que contribuem para a aprendizagem e o desenvolvimento. É necessário que haja recurso suficiente e, acima de tudo, a mediação do professor, pois os recursos não têm um fim em si mesmo, exigindo dessa forma o conhecimento das funções e das regras e o movimento de problematização, discussão e sistematização dos conhecimentos matemáticos. É fundamental que as crianças conheçam a proposta de trabalho que deve possibilitar o registro enquanto comunicação de ideias, organização de dados e de leitura do mundo. É necessário que a matemática seja muito mais do que números e sinais, pois ela é a resolução de pequenos e grandes problemas vivenciados por todas as pessoas em seu dia a dia. É necessário romper com as regras e reconhecer as diferentes possibilidades de fazer e viver a matemática. CONCLUSÃO Com isso queremos dizer que não seria necessária a existência das aulas de reforço se as crianças estivessem no centro das preocupações do processo pedagógico. E podemos dizer também que a questão não é tão simples e vai muito além da boa formação do professor. Se as crianças estivessem no centro de todo o processo pedagógico, não haveria salas superlotadas, professores sem auxiliares, salas sem materiais pedagógicos, a ordem do silêncio enquanto o objetivo é o desenvolvimento de diferentes linguagens. Dessa forma, enquanto isso não acontecer, a aula de reforço é um direito das crianças frente à incapacidade da escola ou do nosso sistema de educação em lidar com a questão. As aulas de reforço se constituem apenas em uma ação paliativa da escola. REFERÊNCIAS

BRASIL. Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2009. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: matemática. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. MELLO, Suely Amaral. O processo de aquisição da escrita na educação infantil: contribuições de Vigotsky. IN: FARIA, Ana Lúcia Goulart e MELLO, Suely Amaral (orgs.). Linguagens infantis: outras formas de leitura. Campinas: Autores Associados, 2005, p.23-40.