TÍTULO: AVALIAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS PORTADORES DO HIV ASSINTOMÁTICOS

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Transcrição:

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS PORTADORES DO HIV ASSINTOMÁTICOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: NUTRIÇÃO INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA AUTOR(ES): IZABELA SPERETA MOSCARDINI ORIENTADOR(ES): HELENA SIQUEIRA VASSIMON

1 Avaliação da ingestão alimentar de indivíduos portadores do HIV assintomáticos 1. RESUMO Introdução: Indivíduos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) assintomáticos e em uso de terapia antirretroviral de alta potência (HAART) têm apresentado alterações metabólicas e de composição corporal denominado de Síndrome da Lipodistrofia ou Síndrome Metabólica do HIV. Estudos indicam que este grupo tem apresentado padrão alimentar insatisfatório, sendo mais um fator para piora da qualidade de vida e aumento do risco de doenças cardiovasculares. Objetivo: Avaliar consumo alimentar de portadores do HIV em uso de HAART. Metodologia: Estudo transversal quantitativo, realizado com 17 adultos portadores do HIV assintomáticos, de ambos os sexos e em uso de HAART. A ingestão alimentar foi avaliada pelo método do recordatório de 24h e posteriormente foi calculada a composição nutricional da dieta em programa de nutrição e comparado com valores de Ingestão Dietética de Referência (DRIs). Dados antropométricos de peso, altura, e o estado nutricional classificado segundo índice de massa corporal foram obtidos. Resultados: Dos 17 portadores do HIV assintomáticos, a maioria eram sedentários 11/17 (64%) e apresentavam excesso de peso, sendo 4/16 (25%) eram sobrepeso, 4/16 (25%) eram obesos. Em relação ao consumo alimentar, observou-se que 11/17 (64%) apresentavam ingestão superior ao recomendado de lipídeos e de sódio. Outro resultado foi o baixo consumo de cálcio pela maioria (13/17, 76%), atingindo menos que a metade dos valores propostos pelas DRIs. Considerações Finais: Indivíduos portadores do HIV assintomáticos tem apresentado excesso de peso associado a sedentarismo e consumo excessivo de lipídeos e sódio, podendo ser considerados fatores para aumento do risco cardiovascular neste grupo.

2 2. INTRODUÇÃO A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é a manifestação grave causada pela infecção crônica do organismo humano provocada pela infecção do vírus da imunodeficiência humana (HIV). (1) As consequências clínicas da infecção pelo HIV são devidas à habilidade deste retrovírus em infectar células cruciais do sistema imunológico. Essas infecções ocorrem, pois o alvo primário destes vírus são os linfócitos que expressam o marcador celular de superfície CD4, que atua como receptores que se ligam as proteínas do envelope viral. (1) Esses linfócitos, também denominados linfócitos auxiliadores, atuam como maestros de uma infinidade de funções imunológicas. A infecção pelo HIV pode ser considerada uma doença do sistema imune, caracterizada pela perda progressiva de linfócitos CD4. A imunodeficiência resulta não apenas da falta de imunidade efetiva contra o próprio HIV, mas também pelos danos causados pelo vírus a funções das células CD4, que são cruciais para a contenção de outros patógenos. (1) Para o controle desta infecção várias ações foram implementadas dentre elas, a terapia antirretroviral de alta atividade (HAART). Esta terapia foi introduzida no sistema de saúde brasileiro em novembro de 1996 como parte da política nacional de livre acesso aos serviços de saúde e medicamentos e é oferecida para toda a população com indicação de tratamento. Isso possibilitou uma diminuição da mortalidade após a introdução da HAART. (6) Diante desse novo cenário mundial, com maior expectativa de vida deste grupo, que tem sido considerado hoje como doença crônica, é relevante entender as correlações existentes entre a qualidade de vida desses pacientes e a adesão à HAART. Sabe-se que a adesão melhora os resultados clínicos, controla o avanço da doença e diminui a taxa de mortalidade, o que, supostamente, deveria resultar em uma melhoria da qualidade de vida dos pacientes. (5) Entretanto tem sido observado na literatura que com o uso da HAART houve aumento da expectativa de vida, mas em paralelo têm surgido alterações metabólicas e de composição corporal, que não seriam esperadas, podendo afetar a qualidade de vida deste grupo. Estas alterações são denominadas de Síndrome da Lipodistrofia ou Síndrome Metabólica do HIV. As alterações de composição corporal são hipertrofia do tecido adiposo visceral em alguns locais como região central, peitoral, dorso cervical e vísceras e/ou lipoatrofia do tecido subcutâneo em locais como face,

3 nádegas e membros inferiores e superiores. As alterações do metabolismo incluem dislipidemia e/ou resistência a insulina e diabetes mellitus.(6) Algumas dessas alterações estão relacionadas a um maior risco de doenças cardiovasculares (DCV), que também podem ser afetadas por estilo de vida inadequado, como tabagismo e sedentarismo. Estudos apontam que portadores do HIV/AIDS em tratamento têm maior propensão para desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes do tipo 2. Nestes indivíduos é possível detectar aumento desse risco pela presença de colesterol alto, baixas taxas de HDL e hipertensão arterial seguidos de consumo de tabaco e glicemia elevada. (7) Neste contexto, o estilo de vida saudável pode contribuir para evitar e/ou retardar o aparecimento de fatores de risco para DCV. Alimentação saudável faz parte de um estilo de vida saudável e quando adequada, pode contribuir para melhora na composição corporal e redução de comorbidades e risco de DVC (8) A Síndrome da Lipodistrofia é um acontecimento relativamente recente, não existe até o presente momento um manejo clínico nutricional padronizado, mas sabese que as recomendações como alimentação saudável e aderência do paciente ao tratamento são muito importantes para melhorar a qualidade de vida deste grupo. Estudos indicam que este grupo tem apresentado padrão alimentar insatisfatório, sendo mais um fator para piora da qualidade de vida e aumento do risco de doenças cardiovasculares.(8) Métodos de avaliação de padrão de ingestão alimentar em grupos populacionais são, atualmente, muito utilizados para estimar risco de doenças crônicas, permitindo uma análise qualitativa e abrangente sobre o potencial da dieta nestas situações. O método de avaliação da frequência de ingestão alimentar, por meio de escores, foi utilizado como um instrumento útil na verificação do potencial aterogênico de dietas, uma vez considerando a correlação de doenças cardiovasculares com o tipo de gordura da dieta.(9) Com o intuito de conhecer os hábitos alimentares americanos e a adequação do mesmo em diretrizes dietéticas estabelecidas, elaborou-se um índice para avaliar a qualidade global da dieta, que foi denominado Índice de Alimentação Saudável (Healthy Eating Index) (10). O objetivo é estimar a qualidade da dieta e também se propõe a avaliar o impacto de ações para intervenção nutricional. No Brasil foi feito estudo para adaptação à população brasileira deste índice, utilizando a pirâmide alimentar própria da população (11). O índice de alimentação saudável considera os

4 grupos alimentares e tamanho de porções estipulados para população brasileira. A criação do Índice de Alimentação Saudável adaptado (IASad) pode auxiliar na avaliação qualitativa e quantitativa da dieta habitual e é interessante para propor intervenções dietéticas mais eficazes. (11) Atualmente, a abordagem nutricional desempenha papel essencial no tratamento de pessoas que vivem com HIV, particularmente no caso de alterações metabólicas pelo uso da terapia antirretroviral (HAART). (2) Existe necessidade de direcionamento das intervenções nutricionais para o controle destas possíveis alterações deste grupo específico, para melhorar o estado nutricional e qualidade de vida. Torna-se fundamental conhecer o consumo alimentar para realizar futuras intervenções. Um estudo comparou a ingestão alimentar de dois grupos soro positivos para HIV em uso de HAART, um grupo com sinais de lipodistrofia (n = 30) e outro sem sinais de lipodistrofia (n = 13). Foi utilizado para este fim, o registro de três dias da alimentação e analisado por software NUTRICA. A ingestão energética média do grupo HIV+LIPO+ foi de 2294 kcal/dia (DP = 86), enquanto do grupo HIV+LIPO- foi de 1864 kcal/dia (DP = 150). (12) Outro estudo utilizou o registro de quatro dias analisado no software Minnesota Nutrition Data System, e que comparava 356 indivíduos soro positivos para HIV (72% apresentava sinais de lipodistrofia) com 162 indivíduos saudáveis (JOY et al., 2008). Estes autores observaram no grupo soro positivo para HIV uma média de ingestão energética de 2235 kcal/dia (DP = 798) e no controle saudável de 2065 kcal/dia (DP = 725). (13) Sutinen et al. (12) verificaram que o grupo HIV+LIPO+ ingeriu uma média de 99,6 g/dia ( DP = 6), 39% do VCT, enquanto o HIV+LIPO-, 67 g/dia (DP = 7) g/dia referente a 32% do VCT. No estudo de Joy et al. (13), o grupo soro positivos para HIV (72% apresentavam sinais de lipodistrofia) apresentou uma média de ingestão de gordura de 87 g/dia (DP = 37), enquanto o controle de 162 indivíduos saudáveis foi de 79 g/dia (DP = 37). No estudo de Joy et al. (13), a quantidade de fibras, quando ajustada para idade, etnia, sexo, índice de massa corporal, seguro de saúde, uso de agentes hipolipemiantes, foi significativamente menor no grupo soro positivo para HIV (17 ± 9 g/dia) que no grupo Controle (18 ± 9 g/dia). Portadores do HIV vivenciam um aumento na expectativa de vida, entretanto, acompanhado de um aumento do risco para DVC. Torna-se importante conhecer os hábitos alimentares deste grupo, tanto quantitativamente quanto qualitativamente,

5 para que posteriormente as ações de educação nutricional sejam mais efetivas e garantam a qualidade de vida. 3. OBJETIVOS O objetivo foi avaliar o consumo alimentar e antropometria de portadores do HIV em uso de terapia antirretroviral de alta potência. 4. METODOLOGIA Delineamento de população estudada A pesquisa trata de estudo transversal quantitativo realizado no Serviço de Atendimento Especializada DST/aids (SAE), vinculado à Secretária da Saúde do Município de Franca, entre fevereiro até abril de 2015. Os critérios de inclusão foram: indivíduos portadores do HIV assintomáticos, ambos os sexos, idade entre 19 a 59 anos, em uso de HAART e com contagem de CD4+ maior que 200 células /mm. Os critérios de exclusão foram: indivíduos com presença de doenças oportunistas, mulheres gestantes ou indivíduos que recusaram a participar. Os levantamentos de dados foram feitos por espontaneidade. Para participação no projeto, todos os indivíduos assinaram o termo de consentimento livre esclarecido, após aprovação do Comitê de Ética local. A coleta de dados foi realizada por aluno de graduação que foi treinado pelo orientador. Foram investigadas características gerais como sócio-demográficas (sexo, idade, escolaridade e renda), dados sobre estilo de vida (etilismo, tabagismo e atividade física) e presença de lipodistrofia. Avaliação da Ingestão Alimentar O método utilizado para estimar a ingestão alimentar foi realizado através de recordatório 24 horas, aplicado pela nutricionista. Os dados foram coletados por contato telefônico. Este método consiste em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas ingeridos no período anterior à entrevista. Trata-se de uma entrevista pessoal conduzida por um nutricionista. A qualidade da informação coletada dependerá da memória e cooperação do paciente. Além de informar o alimento consumido é

6 necessário conhecimento detalhado sobre o tamanho e o volume da porção consumida. Os resultados foram analisados no Programa Diet Pro e quantificados em termos de energia, macronutrientes (carboidrato, lipídeos e proteínas) e micronutrientes (ferro, fibra, zinco, sódio, colesterol, cálcio, niacina e vitamina C). Os resultados da ingestão alimentar foram comparados com valores de referências propostos pela Ingestão Dietética de Referência (DRIS), 2001. Os valores utilizados para comparação foram a porcentagem de adequação da necessidade média estimada (EAR) para micronutrientes e valores de Alcance de Distribuição de Macronutrientes Aceitável (AMDR) para macronutrientes. Avaliação antropométrica A avaliação antropométrica será feita através de aferição do peso, altura, circunferências do braço, cintura e da panturrilha. Para aferição do peso corporal (kg) será utilizada balança eletrônica portátil com precisão de 100g. Para a classificação do estado nutricional será utilizado Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo peso pela altura ao quadrado, segundo critérios da Organização Mundial da Saúde. Análise Estatística Os resultados para variáveis continuas foram apresentados em média e desvio padrão entretanto considerando que algumas variáveis apresentaram ampla distribuição, nestes casos foi necessário usar valores de mediana e mínimo e máximo. Para as variáveis categóricas utilizou-se valores de frequência e porcentagem. 5. RESULTADOS Foram avaliados 17 indivíduos portadores do HIV assintomáticos atendidos no SAE de Franca, com idade média de 46 ± 7 anos, sendo 11 (64,7%) do sexo masculino. Todos indivíduos estudaram no máximo até o ensino médio (56% apresentavam escolaridade até o ensino fundamental completo ou incompleto). Em relação ao estilo de vida, foi observado que: 41% (7/17) eram tabagistas, 29% eram etilistas e 64% (11/17) não praticavam nenhuma atividade física, sendo considerados sedentários. Sobre os aspectos relacionados ao HIV, todos indivíduos estavam estáveis, sem doenças oportunistas presentes, em uso de antirretrovirais por mais de 6 meses e diagnóstico da infecção pelo HIV há mais de 1 ano.

7 Foi possível observar pelo exame físico do pesquisador, que 3/17 (17%) apresentavam lipoatrofia, mesma proporção para presença de lipohipertrofia. A avaliação antropométrica resultou em peso médio de 72,3 ± 13 kg/m 2, altura de 171 ± 10 cm, consequentemente índice de massa corporal médio de 24,8 ± 5 kg/m 2. A classificação do estado nutricional destacou que metade (8/16) apresentavam excesso de peso, que é definido pelo somatório de sobrepeso e obesidade. Especificamente, 7/16 (43%) foram classificados como eutróficos, 4/16 (25%) eram sobrepeso, 4/16 (25%) eram obesos e 1 (6%) era subnutrido. Pela avaliação da ingestão alimentar foi possível observar que houve grande variação do valor calórico das dietas, com mediana de 2030kcal e mínimo de 1250kcal e máximo de 5950kcal. Os macronutrientes estiveram dentro do preconizado pelo Alcance de Distribuição de Macronutrientes Aceitável (AMDR) para proteína (entre 10-35% do valor calórico total VCT), entretanto 8/17 (47%) consumiam menos carboidrato que o recomendado (entre 45-65% do VCT) e 11/17 (64%) apresentaram consumo de lipídeos superior ao ideal, que seria entre 20 a 35% do VCT. Tabela 1 Avaliação da ingestão de energia e macronutrientes de 17 portadores do HIV assintomáticos. Energia e Macronutrientes Média ± Desvio-padrão Energia (Kcal) 2400 ± 1219 Carboidrato (g) 271,5 ± 134,8 Carboidrato (%) 45,5 ± 8 Proteína (g) 97,8 ± 62,3 Proteína (%) 16,6 ± 3,2 Lipídio (g) 102,8 ± 56,5 Lipídio (%) 38,4 ± 7,3 Colesterol (g) 370,4 ± 203,6 A Tabela 2 apresentou dados referentes à ingestão de micronutrientes e sua relação a porcentagem de adequação proposto pelas DRIs. Destacou-se que houve extensa variação de consumo entre os 17 indivíduos portadores do HIV para todos os micronutrientes. A maioria dos participantes da pesquisa não conseguiram atingir o consumo adequado para cálcio e quase todos atingiram as necessidades de zinco

8 propostas pelas DRIs. Vale salientar que o consumo de sódio foi superior ao proposto pela EAR para a maioria do grupo. Tabela 2 - Avaliação da ingestão de micronutirentes de 17 portadores do HIV assintomáticos e comparação com porcentagem de adequação das DRIs. Micronutrientes Mediana (mínimo, máximo) % de adequação da EAR <50% 51-75% >76% Sódio 1255mg/d (660-4453mg/d) 2 4 11 Ferro 8,57mg/d (3,5-15mg/d) 0 3 14 Cálcio 291mg/d (147 1640 mg/d) 13 2 2 Zinco 9,5mg/d (6 52 mg/d) 0 1 16 Vitamina C 53mg/d (20 206 mg/d) 8 2 7 Niacina 10mg/d (6 62 mg/d) 2 4 11 Fibras 25 g/d (6 46 mg/d) 3 5 9 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo destaca que o consumo alimentar de portadores do HIV é variável, valendo destacar que a maioria apresentou dieta consumo superior de lipídios associado ao sedentarismo e excesso de peso, o que seria fator de risco para doenças cardiovasculares. 7. FONTES CONSULTADAS 1. Dutra CDT, Salla LCN, Marquês MCM, Libonati RMF. Avaliação do consumo alimentar em pacientes HIV positivo com lipodistrofia. Rev. Ciência e Saúde, 2011, 4(2) 59-65. 2. Silva EFR, Lewi DL, Vedovato GM, Garcia VRS, Tenore SB, Bassichetto KC. Estado nutricional clinica e padrão alimentar de pessoas vivendo com HIV/AIDS em assistência ambulatorial no município de São Paulo. Rev. Bras Epidemiol, 2010, 13(4) 677-88.

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