REVISÃO / REVIEW TRAUMA RENAL

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Transcrição:

REVISÃO / REVIEW TRAUMA RENAL 1 1 1 Flávio R. C. Grillo, André R. B. de Oliveira, Marcelo Miranda, 1 Ricardo Colombo, Joseph C. Dib Neto, Saul Gun ANÁLISE RETROSPECTIVA pacientes () foram vítimas de acidente DE 90 PACIENTES - motociclístico, 6 () de queda de altura, 19 EXPERIÊNCIA DO CONJUNTO (1%) de acidente automobilístico, 11 (1%) de HOSPITALAR DE SOROCABA - CHS agressão física e 8 () de queda de bicicleta. O trauma renal penetrante ocorreu em 0% dos casos INTRODUÇÃO (18 pacientes), sendo 1 pacientes (66,6%) vítimas de ferimento por arma de fogo e 6 (,%) O traumatismo renal está presente em, por arma branca. aproximadamente, 10% dos traumas abdominais. Foi diagnosticado hematúria macroscópica A maioria dos traumas renais ocorre no sexo durante o atendimento inicial em 84 pacientes masculino, na faixa etária dos 0 aos 0 anos e está ( dos casos). Nos pacientes vítimas de trauma associada a outras lesões. O trauma renal contuso é renal contuso foram realizados exames de imagem o mais freqüente, ocorrendo em, aproximadamente, para estadiamento da lesão renal (ultra-sonografia 90% dos casos, variando conforme a população e de abdômen, urografia excretora e tomografia de região estudada. Novos estudos e métodos abdômen) em 6 pacientes (87,%), sendo que diagnósticos trouxeram melhores resultados no para os outros 9 pacientes (,%) foi indicada a tratamento e seguimento dos doentes com lesão laparotomia exploradora imediata devido à renal. instabilidade hemodinâmica dos mesmos. Nos pacientes vítimas de traumatismo renal OBJETIVO penetrante, o estadiamento por imagem com tomografia de abdômen foi realizado em 6 casos Análise dos pacientes vítimas de traumatismo (,%), enquanto nos outros 1 pacientes (66,6%) renal que receberam atendimento médico no foi indicada a laparotomia exploradora imediata. Conjunto Hospitalar de Sorocaba - CHS. A classificação das lesões renais, utilizando a Organ Injury Scaling, obtida através do estadiamento PACIENTES E MÉTODO por imagem e pelas descrições cirúrgicas e relato dos anátomo-patológicos, demonstrou que 4 pacientes Este trabalho foi realizado através do (6,7%) apresentavam lesão renal grau I, 7 (0%) estudo retrospectivo do prontuário médico de 90 lesão renal grau II, 4 (6,7%) lesão renal grau III, 6 pacientes com traumatismo renal no período de (6,6%) lesão renal grau IV e 9 pacientes (10%) janeiro de 00 a julho de 004, e que receberam apresentaram lesão renal grau V (Gráfico 1). atendimento no Serviço de Emergência do Conjunto O tratamento conservador foi realizado em Hospitalar de Sorocaba - CHS. 6 pacientes com trauma renal (70%), sendo apenas 1 paciente com trauma abdominal penetrante e 6 RESULTADOS com trauma contuso; 8 pacientes (0%) foram submetidos à laparotomia exploradora. Neste estudo, o trauma renal ocorreu mais Os pacientes com trauma renal contuso que no sexo masculino (7%), com média de idade de apresentavam lesão grau I (4 pacientes) e grau II 8,4 anos + 9, anos, variando de 9 a 6 anos, (4 pacientes) foram tratados de modo conservador; com maior incidência no rim direito (60%). Os índices de trauma desses pacientes foram: ISS 1,4 +,81, RTS 7,47 + 0,1 e Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 6, n., p. 1-16, 004 1- Residente do Depto. de Cirurgia - CCMB/PUC-SP. TRISSCAN médio de. - Médico Urologista. - Professor do Depto. de Cirurgia - CCMB/PUC-SP. O trauma contuso foi responsável por 80% das lesões renais (7 pacientes), sendo que 6 Recebido em 8/10/004. Aceito para publicação em /10/004. 1

Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba dos pacientes com lesão grau III (17 pacientes), 10 III - 7 pacientes, grau IV - pacientes e grau V - 6 () foram tratados de modo conservador, pacientes). enquanto 7 (41%) foram submetidos ao tratamento Nos pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico. Dos pacientes com lesão grau IV, cirúrgico, o acesso utilizado em todos os casos foi a (7%) foram tratados de modo conservador, laparotomia longitudinal mediana transperitoneal, enquanto 1 (%) foi submetido ao tratamento tendo como principais achados cirúrgicos o cirúrgico; os pacientes com lesão renal grau V hematoma retroperitoneal e o sangramento renal foram submetidos ao tratamento cirúrgico. persistente, além das lesões abdominais associadas. Com exceção de um paciente com trauma Como tratamento cirúrgico das lesões renais renal penetrante grau II, que foi submetido ao foram realizadas 16 nefrectomias totais (7%), tratamento conservador, todos os outros pacientes nefrectomias parciais (7%) e 10 renorrafias (6%) vítimas de trauma renal penetrante foram submetidos (Gráfico ). ao tratamento cirúrgico (grau II - pacientes, grau Gráfico 1. Estadiamento das lesões renais Gráfico I Estadiamento das Lesões Renais 6,6% 10% 6,7% 6,7% 0% Grau I Grau II Grau III Grau IV Grau V Gráfico. Tratamento cirúrgico das lesões renais Gráfico II Tratamento Cirúrgico das Lesões Renais 6% Nefrectomia Total Nefrectomia Par cial 7% Renorrafia 7% 1

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 6, n., p. 1-16, 004 Dos pacientes submetidos à laparotomia drenagem em 8 casos, nefrectomia parcial em exploradora, apresentavam lesão renal grau II, casos e nefrectomia total em outros 4 pacientes. sendo tratada com renorrafia e drenagem da loja Nos pacientes que apresentavam lesão renal grau renal. Nos 14 pacientes que apresentavam lesão IV e nos 9 pacientes que apresentavam lesão renal renal grau III, foram realizadas renorrafia e grau V foi realizado nefrectomia total (Tabela 1). Tabela 1. Relação entre o grau da lesão renal e o tratamento instituído Grau I Conservador (n=4) Grau II Grau III Grau IV Conservador (n=) Renorrafia + Drenagem (n=) Conservador (n=10) Renorrafia + Drenagem (n=8) Nefrectomia Parcial (n=) Nefrectomia Total (n=4) Conservador (n=) Nefrectomia Total (n=) Grau V Nefrectomia Total (n=9) A incidência de lesões de outras estruturas Entre as lesões intra-abdominais associadas, abdominais associadas às lesões renais foi de 7% a lesão do intestino delgado foi a mais freqüente, ( doentes), sendo que todos os pacientes com ocorrendo em 7,% dos casos (19 pacientes), trauma renal penetrante apresentavam, pelo menos, seguido por 4% de lesões hepáticas, 9,% de uma lesão intra-abdominal associada, enquanto nos lesões esplênicas, 7% de lesões no cólon, 18% de pacientes com trauma renal contuso, apenas 1 lesões gástricas, de lesões diafragmáticas, de pacientes (1% dos casos) apresentavam lesões lesões pancreáticas e de lesões de grandes vasos intra-abdominais associadas. abdominais (aorta e veia cava inferior) (Tabela ). Tabela. Lesões abdominais associadas ao trauma renal ÓRGÃOS LESADOS NÚMERO DE DOENTES PORCENTAGEM Intestino Delgado Fígado Baço Cólon Estômago Diafragma Pâncreas Grandes Vasos 19 1 1 9 6 7,% 4% 9,% 7% 18% 14

Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba Foi realizado drenagem da loja renal em A taxa de mortalidade foi de 6,% (6 todos os pacientes submetidos ao tratamento pacientes), sendo que os óbitos ocorreram, cirúrgico, sendo que em,% deles foram utilizados principalmente, devido à gravidade das lesões drenos laminares (Penrose) e em 44,% drenos associadas. túbulo-laminares. O tempo médio de internação dos pacientes Como complicações do tratamento que receberam alta hospitalar foi de 6 dias, conservador, um paciente com lesão renal grau I variando de a dias. O seguimento associada a rins policísticos, apresentou ambulatorial médio desses pacientes foi de 9 insuficiência renal crônica agudizada pelo trauma, meses, variando de 0 dias a 18 meses, através de evoluindo com níveis elevados de creatinina e exames laboratoriais e exames de imagem (ultrauréia e infecção urinária de repetição; um paciente sonografia e tomografia abdominal). com lesão renal grau II evoluiu com sangramento renal persistente, sendo realizado embolização CONCLUSÃO renal seletiva após dez dias do trauma; um paciente com lesão renal grau III, em tratamento O trauma renal ocorreu mais no sexo conservador, evoluiu com sangramento renal masculino, na faixa etária média de 8 anos, sendo persistente e formação de abscesso renal, sendo que o rim direito foi o mais acometido e apresentando realizado lombotomia com nefrectomia total e hematúria macroscópica em dos casos. drenagem da loja renal; uma paciente com trauma Na maioria dos casos, a lesão renal ocorreu renal grau IV apresentou pequena fístula artério- por trauma abdominal contuso, tendo como lesão venosa em pólo inferior do rim lesado com mais freqüente a grau II (lesões menores), conforme resolução espontânea após cinco meses de a classificação da Organ Injury Scaling. Em todos acompanhamento clínico. os casos de ferimento abdominal penetrante, a lesão Entre os pacientes submetidos ao tratamento renal esteve associada a, pelo menos, uma lesão de cirúrgico, 6 (7%) apresentaram como complicação, outra estrutura abdominal. a infecção de ferida cirúrgica; um evoluiu com O tratamento conservador foi o mais broncopneumonia e outro apresentou hematúria utilizado nas lesões renais menores (grau I e grau II), persistente associada à fístula urinária, sendo e a nefrectomia total nas lesões maiores (grau IV e submetido à embolização renal seletiva e cistoscopia grau V). com passagem de cateter duplo J. Figura. Classificação do traumatismo renal (Carrol e McAninch, 1989) 1

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 6, n., p. 1-16, 004 Estadiamento do Trauma Renal - Organ Injury Scaling Grau Descrição da lesão Abreviatted Injury Scale (AIS) I Contusão Hematoma Hematúria macro ou microscópica, com estudo radiológico urológico normal Subcapsular; não-expansível, sem laceração do parênquima Hematoma Hematoma perirrenal não-expansível confinado à loja renal retroperitoneal II Até 1 cm de profundidade do córtex renal, sem ruptura do sistema coletor ou extravasamento de urina III Maior que 1 cm de profundidade no parênquima renal, sem ruptura calicial ou extravasamento urinário IV Vascular do parênquima estendendo-se através do córtex renal, medula e sistema coletor Lesão da artéria ou veia renal principal com hemorragia contida 4 V Vascular Rim completamente fraturado Avulsão do hilo renal que desvasculariza o rim REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Andrade JI, Pereira GA, Féres O. Trauma renal. Rev Col Bras Cir 1999; 6:7-6.. Cury J, Simoneti R, Srougi M. Urgências em urologia: traumatismo renal. São Paulo: Sarvier; 1999. p. 71-87.. Hering FLO, Gabor S, Dib JÁ, Lourenço MC, Apter B. Traumatismo renal. Rev IATROS 1987; 6:9-41. 4. Peterson NE. Genitourinary trauma. In: Feliciano DV, Moore E, Mattox KL. Trauma. Norwalk: Appleton- Lange; 199. p. 661-9.. Rubistein I, Castanheira A. Aspectos práticos dos traumatismos urológicos: traumatismos renais. RBM Rev Bras Med 1994; 1:160-8. 6. Miller KS, McAninch JW. Radiographic assessment of renal trauma: our 1 years experience. J Urol 199; 14:. 7. McAninch JW, Carroll P, Klosterman PW. Renal reconstruction after injury. J Urol 1991; 14:9-7. 8. Mathews LA, Smith EM, Spinark JP. Nonoperative treatment of major blunt renal lacerations with urinary extravasation. J Urol 1997; 17:96. 9. Sagalowsky AI, Peters PC. Genitourinary trauma. In: th Campbell MF, Walsh PC. 6 ed. Campbell s urology. Philadelphia: Saunders; 199. v., cap.69, p. 71-94. 10. McAninch JW, Carroll PR. Renal exploration after trauma: indications and reconstructive techniques. In: McAninch JW, Carroll PR, Jordan GH, eds. Traumatic and reconstructive urology. Philadelphia: Saunders, 1996. p. 10-1. 16