RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELOS SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO COMERCIAIS DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA (RS) 1 MEDEIROS, L. B 2 ; DELEVATI, M. T. S. 2 1 Dados parciais de trabalho do Programa de Bolsa de iniciação Científica- PROBIC 2 Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: laissa_medeiros_1@hotmail.com; mdelevati@unifra.br RESUMO A geração de resíduos orgânicos por unidades produtoras de refeições deve ser minimizada para evitar danos ao meio ambiente. O objetivo deste estudo foi verificar o destino dos resíduos sólidos produzidos em serviços de alimentação. A amostra foi composta pelos Serviços de Alimentação que se encontram cadastrados na Vigilância Sanitária do município de Santa Maria, RS. Foi relalizada uma entrevista semi-estruturada elaborada pelas autoras deste estudo, com questões fechadas relacionadas a resíduos sólidos. Este estudo foi aplicado durante os meses de julho e agosto de 2011. Foram avaliados 23 serviços de alimentação no qual a maioria (n=20) faz a separação do lixo. Existe a coleta seletiva nestes locais, sendo o lixo orgânico destinado a alimentação de animais e o lixo inorgânico a coleta municipal. Com isso pode-se concluir que os serviços de alimentação contribuem com danos ao meio ambiente principalmente com a geração de lixo. Palavras-chave: Resíduos Sólidos; Serviços de Alimentação; Impacto Ambiental. 1. INTRODUÇÃO Ao longo das últimas décadas a população vem aumentando, o que demonstra que os recursos naturais necessários para suportar esse aumento são finitos e não inesgotáveis como primeiramente se acreditava (SEIFFERT, 2005). Com essa evolução também surgem novos hábitos sociais de consumo alimentar. Essa mudança no comportamento do consumidor contribuiu para o desenvolvimento do comércio de refeições e alimentos, mas trás uma preocupação a mais para aos profissionais responsáveis pelos estabelecimentos: garantir a qualidade dos produtos e serviços fornecidos aos clientes (AKUTSU et al., 2005; BELLIZZI, et al., 2005). Os Serviços de Alimentação (SA) consistem em conjuntos de áreas que tem como objetivo operacionalizar o fornecimento de refeições para coletividades, que sejam 1
nutricionalmente balanceadas, que tenham boas condições higiênicas, e precisam também se ajustar aos limites financeiros da instituição (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2003). A geração de resíduos orgânicos por unidades de alimentação e nutrição deve ser minimizada para evitar danos ao meio ambiente. Este objetivo está inserido na estratégia da produção mais limpa, que busca a aplicação contínua de estratégias ambientais, econômicas e tecnológicas utilizadas em todas as fases do processo produtivo com objetivo de aumentar a eficácia no uso de matérias-primas, água e energia por meio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos (CNTL, 1999; KAZMIERCZYK, 2002). Os estabelecimentos comerciais ou institucionais para alcançarem os objetivos de oferta de alimentação geram resíduos sólidos com variável composição física, o que contribui com a problemática de geração de resíduos sólidos no Brasil e no Mundo (KINAZS, 2004). No Brasil estima-se que a população produz cerca de 44 milhões de toneladas de lixo, sendo que 60% dos resíduos urbanos coletados não recebem a destinação correta (TEIXEIRA, 2004). O lixo se fundamenta hoje em um dos problemas mais graves da atualidade e a reciclagem é a forma mais atrativa de gerenciar os resíduos sólidos urbanos, podendo contribuir para manutenção dos recursos naturais e para o bem estar da sociedade (ALBERICI; PONTES, 2004). Define-se como resíduo sólido: resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também resíduos sólidos os provenientes de sistemas de tratamento de água, os que são gerados por equipamentos e instalações de controle de poluição, assim como também determinados líquidos que tornam inviável seu lançamento tanto na rede pública de esgoto como em corpo d água (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987). Atualmente, o maior desafio das empresas é o de se adaptar a este processo de necessidade de melhoria no desempenho ambiental ou ainda correr o risco de perder o seu espaço no mercado globalizado. Para isso existem os sistemas de gestão ambiental, regidos em especial pela Norma ISO 14000 (SEIFFERT, 2005). A NBR ISO 14001 certifica empresas que têm gestão ambiental e conceitua meio ambiente como sendo a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações; e impacto ambiental como qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, 2
no todo ou parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996). Neste contexto o objetivo deste estudo foi verificar o destino dos resíduos sólidos produzidos em Serviços de Alimentação (SA) da cidade de Santa Maria, RS. 2. METODOLOGIA A amostra desta pesquisa foi composta pelos Serviços de Alimentação que se encontram cadastrados na Vigilância Sanitária do município de Santa Maria, RS, no segmento restaurante. Foram considerados os restaurantes da região central da cidade perfazendo um total de 23 estabelecimentos pesquisados. Foi aplicado uma entrevista semi-estruturada elaborado pelas autoras deste estudo, no qual foi questionado se existia separação do lixo no local; em quantos tipos eram separados (papel, metal, vidro, orgânico, rejeitos e plástico); se existia coleta seletiva do lixo e qual a destinação final do mesmo (coleta municipal, venda ou doação). Este estudo foi desenvolvido durante os meses de julho e agosto de 2011. O questionário foi aplicado aos proprietários do local, gerentes ou pessoas indicadas pelos responsáveis. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram avaliados 23 serviços de alimentação, e quanto à separação de lixo, os resultados encontram-se demonstrados na figura 1. 3
Figura 1 Serviços de Alimentação que realizam separação de lixo no município de Santa Maria, RS, 2011. Com base nos resultados obtidos acima pode-se perceber que a maioria (87%; n=20) dos serviços de alimentação pesquisados realizam a separação do lixo e 13% (n=3) não fazem separação. Dos 87% serviços de alimentação que realizam a sepação do lixo, foi questionado qual é o tipo de separação no qual constatou-se que todos separam em orgânico e inorgânico (reciclável). Segundo Rego, Barreto, Killinger (2002) o lixo atualmente é uma preocupação ambiental nos grandes centros urbanos e pouco se conhece sobre os efeitos à saúde causados pela disposição dos resíduos a céu aberto e coleta inadequada. Para efetivar mudanças de comportamento no ambiente é necessário, primeiramente, mudanças na sociedade uma vez que os valores, os costumes culturais, as políticas públicas e econômicas de uma nação ajudam a determinar a ação do homem em relação ao meio ambiente (RIBEIRO; CARVALHO; OLIVEIRA, 2004). Segundo Gonçalves- Dias (2006), se houver um aumento no nível de informação, com comprometimento da população envolvida, certamente padrões de consumo que afetam negativamente o meio ambiente se alterarão. Quando questionados sobre a existência de coleta seletiva de lixo, 95% (n=22) dos serviços de alimentação participam de coleta seletiva no qual o lixo orgânico é destinado à alimentação animal sendo que pessoas de fora vêm até o local para retirada do lixo. O lixo inorgânico é destinado à coleta municipal sendo esta não seletiva. Esses resultados estão demonstrados na figura 2. 4
Figura 2 - Figura 1 Destino final do lixo em Serviços de Alimentação que realizam coleta seletiva de lixo no município de Santa Maria, RS, 2011. Somente um serviço de alimentação (4%) relata outro tipo de destinação para o lixo, pois é a empresa terceirizada responsável que retira o lixo da cozinha e o entrevistado não sabe relatar para onde vai este lixo. Em estudo Souza et al. (2009) mostraram que a maior parte dos resíduos gerados é de origem orgânica, atingindo 85%. Essa quantidade possui relação direta com o desperdício de alimentos, pois cerca de 65% do total de resíduos orgânicos é proveniente das sobras deixadas nas bandejas pelos usuários, ou seja, a quantidade de alimentos servida é maior do que a consumida. 4. CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos pode perceber que a maioria dos serviços de alimentação avaliados fazem a separação do lixo. Em relação à existência de coleta seletiva os resultados mostram que existe essa coleta, sendo o lixo orgânico destinado a alimentação de animais e o lixo inorgânico a coleta municipal. Vale ressaltar a importância que os serviços de alimentação têm sobre o impacto ambiental, pois são grandes produtores de resíduos. REFERÊNCIAS ABREU, E. S. de; SPINELLI, M. G. N.; ZANARDI, A. M. P. Gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição: um modo de fazer. São Paulo: Editora Metha, 2003. AKUTSU, R. C. et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, Campinas, v. 3, p.419-427. 2005. 5
ALBERICI, R. M.; PONTES, F. F. F. Reciclagem de óleo comestível usado através da fabricação de sabão. 2004. Revista Oficial do curso de Engenharia Ambiental CREUPI. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia. Espírito Santo do Pinhal, SP. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: classificação dos resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 1987. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: Sistema de Gestão Ambiental; especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996. BELLIZZI, A. et al. Treinamento de manipuladores de alimentos: Uma revisão de literatura. Higiene Alimentar, São Paulo, v.133, p.36-48. 2005. CNTL, E. Análise de fluxo de material. Porto Alegre: SENAI, v.4, 1999. GONCALVEZ DIAS, S. L. F. Há vida após a morte: um (re)pensar estratégico para o fim da vida das embalagens. Gestão & Produção, São Carlos (SP), set./dez., v. 13, n. 3, p.463 474, 2006. KAZMIERCZIK, P. Manual on the development of cleaner production policies approaches and instruments. UNIDO CP Programme, Vienna, October, 2002. KINAZS, T. R. Resíduos sólidos produzidos em alguns serviços de alimentação e nutrição nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande MT: fluxo da produção, destino final e a atuação do nutricionista no processo. 2004. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2004. RÊGO, R. de C. F.; BARRETO, M. L.; KILLINGER, C. L. O que é lixo afinal? Como pensam mulheres residentes na periferia de um grande centro urbano. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n.6, p.1583-1592, nov/dez. 2002. RIBEIRO, M. J. F. X; CARVALHO, A. B. G. C.; OLIVEIRA, A. C. B. O estudo do comportamento pro ambiental em uma perspectiva behaviorista, 2004. Disponível em: <http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/behaviorista_v.10, n. 2. PDF>. Acesso em: 06 ago. 2011. SEIFFERT, M. E. B. ISO 14000 Sistemas de Gestão Ambiental: implantação objetiva e econômica. São Paulo: Atlas, 2005. 6
TEIXEIRA, A. C. Lixo ou rejeitos reaproveitáveis? Revista Eco, v.21, Ano XIV, Edição 87, Fevereiro, 2004. 7