INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO OCEANO-ATMOSFERA SOBRE O EVENTO EXTREMO DE PRECIPITAÇÃO DURANTE O PERÍODO SECO EM SANTOS-SP: UM ESTUDO DE CASO

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VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO OCEANO-ATMOSFERA SOBRE O EVENTO EXTREMO DE PRECIPITAÇÃO DURANTE O PERÍODO SECO EM SANTOS-SP: UM ESTUDO DE CASO ÁVYLLA EUZÉBIO DE OLIVEIRA 1 GYRLENE APARECIDA MENDES DA SILVA 2 Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar a influência da interação oceano-atmosfera sobre o evento extremo mais intenso de precipitação ocorrido durante o inverno (junho, julho, agosto) que é o período climatologicamente mais seco na região de Santos. Foi analisada a climatologia para o inverno de precipitação, Temperatura da Superfície do Mar (TSM), vento em altitude e superfície e Pressão ao Nível Médio do Mar (PNMM) para os invernos de 1950-2014. Para a seleção do inverno extremo mais chuvoso foi aplicada uma análise estatística na série temporal de precipitação sobre a região de Santos. Foi observado o inverno de 2009 como o mais chuvoso do período estudado, o diagnóstico do comportamento da interação física entre o oceano e a atmosfera revelou a influencia do El Niño neste evento. Um estudo diagnóstico como este permite a colaboração para futuras tomadas de decisões por parte da defesa civil ou da própria população no sentido de se precaver aos impactos destes extremos. Palavras Chave: extremo chuvoso, Santos, interação oceano-atmosfera, inverno, El Niño. Abstract: The purpose of this study was to analyze the impact of the ocean-atmosphere interaction associated with the rainy extreme event occurred during the winter (June, July, August ) that is the climatological dry period over the Santos city/brazil. The monthly data of precipitation rainfall, Sea Surface Temperature (SST), wind at altitude and surface and Mean Sea Level Pressure (SLP) were analyzed during the winterfrom the 1950-2014 period. For the detection of the wettest winter in terms of extreme was applied a statistical analysis on the time series of precipitation over the Santos City. The results show that the wettest winter occurred during the 2009 year. The diagnosis of physical interaction between the ocean and atmosphere revealed the influence of El Niño on this event. A diagnostic study as the present here can to collaborate with future decision making by the civil defense or the population in order to minimize the impact of these extremes. Keywords: Rainy extreme, Santos, ocean-atmosphere interaction, winter, El Niño. 1 - Introdução Com a escassez contínua de chuvas em certas áreas os lagos secam, as vazões dos rios diminuem e o abastecimento de água potável é reduzido, dificultando as opções de conservação e esgotando as reservas de água potável (Marengo, 2009). No entanto, com os extremos de chuva em outras áreas os resultados são enchentes, alagamentos, destruição de moradias, de comércios, de rodovias, de redes de comunicação e energia, entre outros. Episódios de chuvas intensas tem se tornado cada vez mais preocupantes, especialmente 1 Bacharel Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar pelo Departamento de Ciências do Mar/Universidade Federal de São Paulo. Bolsista de Iniciação Científica do CNPq.Email de contato: avyllae@gmail.com. 2 Docente do Departamento de Ciências do Mar/Universidade Federal de São Paulo. 532

pelos danos socioeconômicos decorrentes. Fatores geoambientais e a falta de infraestrutura das cidades também podem contribuir com o aumento dos impactos relacionados aos extremos de chuva/precipitação. A cidade de Santos (23 S-25 S; 48 W-45.5 W) está localizada na região da Baixada Santista no estado de São Paulo, região Sudeste do Brasil. As estações chuvosa (dezembro, janeiro, fevereiro) e seca (junho-julho-agosto) são bem definidas. A estação chuvosa tem um regime típico de monção em que domina a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) que está associada à fase madura do Sistema de Monção da América do Sul em que a zona de aquecimento migra para os subtrópicos onde ocorrem os máximos de precipitação desde o sul da Amazônia até o Sudeste do Brasil (Silvaet al., 2009). A convergência dos ventos em baixos níveis, em conjunto com a intensa advecção de umidade para sul entre a baixa continental e a Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e, adicionalmente, a convergência do fluxo de umidade oriunda dos transientes resultam na precipitação na região da ZCAS (Vasconcelos, 2008). Além disso, a ZCAS é mais persistente quando ocorre um deslocamento do Jato Subtropical de altos níveis, tomando uma posição mais a oeste do oceano Atlântico Sul, esse deslocamento ocorre principalmente durante as fases quentes do El niño (Carvalho e Jones 2009). Em regiões dos oceanos tropicais onde as anomalias positivas de TSM são muito altas há um aumento da evaporação, e em altos níveis a resposta a esse aumento é a presença de um trem de onda perturbando o escoamento de ventos em altos níveis e com resposta em superfície (Silva, 2015). Os trens de onda são gerados a partir de uma perturbação que força o escoamento a deslocar-se latitudinalmente, com uma variação da força de Coriolis (Cavalcanti e Ambrizzi, 2009). O trem de ondas originado pela interação oceano-atmosfera implica em anomalias de circulação atmosférica em determinadas regiões da Terra, assim através deles, uma bacia oceânica remota pode alterar o clima da América do Sul. Santos, por se tratar de uma cidade litorânea, é fortemente influenciada localmente pelo Oceano Atlântico, que garante o aporte de água para evaporação, além de núcleos de condensação que, associados ao intenso fluxo de energia solar, contribuem para a ocorrência de precipitações (Nunes et al., 2009). Neste estudo foi analisado o impacto da interação oceano-atmosfera no evento extremo de precipitação em Santos durante a estação seca (junho-julho-agosto, JJA) de forma interdisciplinar envolvendo a integração das áreas de meteorologia e oceanografia. Uma abordagem estatística para detecção do evento extremo e o uso de programação computacional para explicar fisicamente o evento foram essenciais. Analisar o comportamento da interação física entre oceano-atmosfera na ocorrência de extremos de chuva é de suma importância, considerando principalmente que a região em estudo é um 533

litoral, possui topografia complexa e é bastante populosa. Sabemos que casos de extremos de chuva estão relacionados a desastres naturais, assim, este tipo de informação pode vir a auxiliar a futuras tomadas de decisão, por parte da defesa civil ou da própria população no sentido de se precaver aos impactos de eventos extremos. O objetivo deste trabalho foi analisar o impacto da relação oceano-atmosfera em um evento extremo de precipitação ocorrido durante o inverno (JJA) que é o período climatologicamente mais seco na região da Baixada Santista. 2 - Material e métodos O período de dados em análise compreende a estação de inverno do Hemisfério Sul de 1950-2014. Em posse da posição geográfica da cidade de Santos (23 S-25 S; 48 W- 45.5 W) foram obtidos os dados mensais de precipitação com resolução espacial de 0.5 de latitude-longitude descritos em Chen et al. (2002). Os dados de TSM (Smith et al., 2008)são derivados do conjunto ERSST. v3, vento em superfície (850hPa) e altitude (200hPa) e PNMM (Kalnay et al.1996) também foram obtidos para o mesmo período com resolução de 2,5 de latitude e longitude. A linguagem de programação utilizada para obtenção dos dados foi a Ingrid e está disponível através da plataforma on-line Data Library do International Research Institute for Climate and Society. O comportamento climatológico da precipitação e das demais variáveis obtidas foi calculado e descrito sempre com foco na América do Sul. A análise estatística da série temporal de precipitação sobre a região de estudo foi realizada para verificação da média, tendência, anomalias e valores extremos com base na distribuição de frequência. O software Excel foi utilizado nesta etapa, o objetivo foi à familiarização com as etapas de construção de equações estatísticas que é feita de maneira mais detalhada usando este software. Isto permite um maior entendimento sobre as equações utilizadas e facilitando assim, a interpretação dos resultados. Para a análise dinâmica através da técnica de composição de anomalias mensais foi utilizada a ferramenta GrADS de uso livre. Realizou-se uma análise estatística, na qual foram quantificadas as ocorrências dos eventos extremos de precipitação acima da média (intensidade, frequência e tendência) durante o período climatologicamente mais seco sobre a região em análise. Foram descritas as variações interanuais e interdecadais, bem como a distribuição de frequência dos valores da série. O ano no qual apresentou o inverno com valor extremo de precipitação acima da média através da anomalia positiva padronizada mais intensa foi selecionado para análise. O critério de escolha foi para o extremo chuvoso localizado entre a média e três desvios-padrão acima da média. O comportamento anômalo durante o inverno extremo selecionado foi descrito no estudo. A técnica de composição de anomalias 534

adotada nesta parte do estudo também utilizada em Silva et al. (2009, 2011) e consiste em compor apenas os campos atmosféricos e oceânicos anômalos que foram dominantes em situações selecionadas. No presente estudo, a situação refere-se ao inverno selecionado a partir da análise estatística anteriormente descrita. Desta forma, foram compostos os campos de anomalias de circulação atmosférica e oceânica para o inverno em questão para verificar o quão diferente estes foram em relação à média climatológica. 3 Resultados A distribuição climatológica (média) da precipitação sobre o Brasil baseada em 65 anos para os meses de junho, julho e agosto está ilustrada na Figura 1. Os valores máximos ocorrem na porção norte do Brasil e um segundo máximo ocorre no sul do Brasil e litoral leste do Nordeste, enquanto que, nas demais regiões do País ocorrem os valores mínimos. Na análise estatística, a média da série temporal de precipitação sobre a região de Santos foi de 2,04 mm/dia durante o inverno e isto representa um acumulado de 187,68 mm de chuva no trimestre. Figura 1 Climatologia da precipitação do período do inverno durante 1950 e 2014 sobre o Brasil. Contornos a cada 2 mm/dia. Podemos observar na Figura 2 que as águas superficiais mais quentes representadas pela TSM estão localizadas na região equatorial com valores maiores ou iguais a 26 C. Percebe-se também um acúmulo de águas mais quentes no oceano Atlântico Sudoeste próximo à região de estudo com valores entre 20-24 C. As águas superficiais mais frias estão posicionadas mais ao sul do oceano Atlântico Sudoeste e vizinhanças do continente Sul Americano cujos valores são inferiores a 20 C. 535

Figura 2 Climatologia da TSM para o período do inverno durante 1950 e 2014. Contornos a cada 2 C. Outro padrão climatológico é mostrado na Figura 3 e é referente à PNMM em que há predominância de altas pressões nos subtrópicos do Hemisfério Sul e sobre o Hemisfério Norte apenas sobre os oceanos Atlântico e Pacífico. Percebe-se que há uma menor heterogeneidade de PNMM no Hemisfério Norte, devido ao efeito da continentalidade. Estes anticiclones semipermanentes são gerados a partir da Circulação Geral da Atmosfera. Sobre os oceanos Atlântico Norte e Sul, as altas pressões se referem à Alta Subtropical do Atlântico Norte e Sul, respectivamente, que originam os ventos alísios de nordeste (no Hemisfério Norte) e sudeste (no Hemisfério Sul) e que são responsáveis pelo transporte de umidade dos oceanos tropicais para o interior dos continentes. Os ventos alísios se deslocam de ambos os hemisférios para a região de baixa pressão climatológica em torno do Globo, a Zona de Convergência Intertropical, que fica na região equatorial explicando os máximos de precipitação durante o inverno sobre o norte do País. Os menores valores de PNMM são encontrados entre 50º-70º de latitude no Hemisfério Sul. Figura 3 Climatologia da Pressão ao Nível Médio do Mar para o período do inverno durante 1950 e 2014. Contornos a cada 10 hpa. 536

A Figura 4 ilustra o padrão climatológico dos ventos em altitude (200 hpa, aproximadamente 11769.9m) em que os contrastes de temperatura na superfície produzem maiores gradientes de pressão em altitude e consequentemente ventos mais rápidos na camada superior da atmosfera. A velocidade do vento neste nível também sofre influência da ausência de atrito, diferentemente da superfície em que a topografia local pode bloquear ou desviar os ventos, a intensidade do vento em altitude varia de 4 m/s a 48 m/s. Como no inverno os contrastes de temperatura entre subtrópicos e extratrópicos são intensos, os ventos de oeste em latitudes médias são mais intensos no Hemisfério Sul do que no Hemisfério Norte. Sobre o Sul do Brasil nota-se a presença de uma região com ventos de oeste intensos conhecida como Jato Subtropical. Figura 4 Climatologia do vento em altitude (200 hpa) para o período do inverno durante 1950 e 2014, valores em m/s. Em posse das médias climatológicas foi realizado o cálculo das anomalias de precipitação sobre a cidade de Santos, subtraindo cada uma das médias da estação de inverno de cada ano da média climatológica de inverno dos 65 anos de dados. A Figura 6 mostra que a anomalia negativa de precipitação mais intensa ocorreu em 1963, enquanto que a anomalia positiva mais intensa ocorreu em 2009. No inverno deste ano a média foi de 3,96 mm/dia. A série apresentou uma variabilidade interanual, pois as anomalias positivas e negativas se alternam em períodos de 1 a menos de 10 anos. Também é possível notar que há tendência ligeiramente positiva das anomalias indicando que os valoresnegativos tenderam a ser mais fracos sobre a cidade de Santos ao longo dos anos. 537

Anomalia de precipitação (mm/dia) JJA1950 JJA1952 JJA1954 JJA1956 JJA1958 JJA1960 JJA1962 JJA1964 JJA1966 JJA1968 JJA1970 JJA1972 JJA1974 JJA1976 JJA1978 JJA1980 JJA1982 JJA1984 JJA1986 JJA1988 JJA1990 JJA1992 JJA1994 JJA1996 JJA1998 JJA2000 JJA2002 JJA2004 JJA2006 JJA2008 JJA2010 JJA2012 JJA2014 2 1,5 1 0,5 0-0,5-1 -1,5-2 Ano Anomalia Linear (Anomalia) Figura 6 Anomalia de precipitação (mm/dia) para o período de inverno durante 1950 e 2014 sobre a localidade de Santos (23 S-25 S; 48 W-45.5 W). A distribuição de frequência de precipitação é ilustrada na Figura 7. Esta apresenta maior frequência no intervalo entre a média e menos 1 desvio padrão da série. As menores frequências existem à medida que se observa as extremidades do gráfico. O valor médio da série de precipitação sobre Santos está entre 1,37 mm/dia (média menos 1 desvio padrão) e 2,72 mm/dia (média mais 1 desvio padrão). A anomalia positiva (extrema) se encontra na extremidade mais a direita equivalente a 4,07 mm/dia (média mais 3 desvios padrão). O ano escolhido para análise se encontra na extremidade positiva (à direita) onde se obteve um valor de precipitação com o valor da média mais 3vezes o desvio padrão da série. Neste intervalo de frequência, se encontram os invernos de 1983 com a média de 3,49 mm/dia e 2009 com média de 3,96 mm/dia. Deste modo o ano escolhido para o estudo de extremo foi o que apresentou o maior valor da anomalia em relação à média climatológica, ou seja, o ano de 2009 sendo este o ano com o inverno mais extremo chuvoso da série em análise, representando um acumulado trimestral de 364,32 mm. 538

Figura 7 Distribuição da Frequência de Precipitação, onde m=média e desv= desvio padrão. Para analisar espacialmente o quanto a precipitação e TSM durante o inverno de 2009 foram diferentes das médias climatológicas foram calculadas as devidas anomalias destas variáveis (Figuras 8 e 9, respectivamente). Anomalias negativas de precipitação de até -3.2 mm/dia ocorreram principalmente sobre extremo norte do continente sul americano e de até aproximadamente -1.6 mm/dia, sobre a parte sul da região Sul do Brasil. Ao sul da região Centro-Oeste, centro-sul da região Sudeste do Brasil e parte norte da região Sul, houve predominância de anomalias positivas de precipitação. Sobre a região litorânea do estado de SP as anomalias foram ligeiramente superiores a 1mm/dia, inclusive sobre a área de estudo onde fica a região de Santos. Em termos de chuva, 2009 foi um ano anômalo em todas as regiões do Brasil, pois onde climatologicamente ocorre chuva com maior intensidade (Figura 1), que seria nas regiões Sul, litoral do Nordeste e Norte do Brasil foi onde se localizaram as anomalias negativas, ou seja, a chuva nessas regiões foi abaixo da média climatológica. No caso da região em estudo, climatologicamente mais seca no período estudado, houve predomínio de anomalias positivas de precipitação em JJA de 2009. O inverno selecionado como sendo o mais extremo chuvoso em Santos foi o que apresentou uma anomalia mais intensa em relação à média, ou seja, o de 2009, este pode ser observado claramente na Figura 6. A Figura 8 corrobora com os dados obtidos da análise estatística, indicando que houve anomalia positiva de precipitação sobre a região de Santos, mas, que se estendeu sobre todo o estado de São Paulo. 539

Figura 8 Anomalia de precipitação para o inverno de 2009 selecionado. Contornos a cada 0.4mm/dia. Valores positivos (negativos) estão em linhas contínuas (pontilhadas). Na Figura 9 temos a anomalia da TSM sobre o Globo no inverno de 2009 em que se percebe uma concentração de águas mais quentes que a climatologia (Figura 2)no oceano Pacífico Equatorial, sobre a faixa central e leste. Mais a sudeste do Oceano Pacífico, próximo ao Chile, é observado outro núcleo de anomalias positivas de TSM, e com valores opostos ao sul formando assim uma região de dipolo de TSM. Outro dipolo também é observado nas vizinhanças do cone sul da América do Sul. Na maior parte das faixas tropical e subtropical, nos oceanos Índico e Pacífico Norte predominam anomalias positivas de TSM. Sobre o Atlântico Sul as anomalias estiveram dentro da média ou ligeiramente acima na maior parte da bacia. A presença de águas mais quentes no centro-leste do Oceano Pacífico Equatorial (Figura 9) indica que houve a existência de um evento El Niño. Conforme descrito por Grimm (2009), durante a ocorrência de El Niño, a TSM do Oceano Pacífico Equatorial Central e Leste permanece mais quente que o normal, aumentando a convecção atmosférica nessas regiões. O aumento da convecção favorece a formação de nuvens e liberação de calor latente para a atmosfera, isto produz uma expansão da coluna atmosférica e divergência em altos níveis. 540

Figura 9 Anomalia da TSM durante o inverno de 2009, contornos a cada 0,25ºC. (Fonte: ESRL/PSD/NOAA). Valores positivos (negativos) estão em linhas contínuas (pontilhadas). Sobre a mesma região onde se identificou a presença do El Niño, temos o início da presença de PNMM ligeiramente abaixo da normal no extremo leste do Oceano Pacífico Equatorial. A TSM se apresentou ligeiramente acima da normal em parte da região central e leste e com anomalias negativas na região central e oeste. Este é um indicativo de que a PNMM na região equatorial ainda esteve respondendo as anomalias de TSM relativas ao El Niño em fase inicial durante JJA de 2009 (Figura 10). Nas regiões de latitudes entre 30 e 60, temos uma alternância de anomalias positivas e negativas de pressão. Figura 10 Anomalia da Pressão a Nível Médio do Mar durante o inverno de 2009, contornos a cada 1hPa, iniciados com 0,25 hpa.,valores positivos (negativos) estão em linhas contínuas (pontilhadas). 541

A circulação anômala em altos níveis apresenta uma configuração de trem de ondas originado a partir do Oceano Pacífico Equatorial, caracterizado por um par deanticiclones anômalos nos trópicos em ambos os hemisférios sobre o Oceano Pacífico entre 180 W- 120 W. A partir dos anticiclones se alternam ciclones e anticiclones anômalos caracterizando um trem de onda. No Hemisfério Sul o trem se propaga até latitudes médias e atinge a porção sul do Brasil e Argentina e oceano Atlântico (Figura 11). A trajetória do posicionamento dos anticiclones e ciclones anômalos em altos níveis sobre os oceanos Pacífico e Atlântico devido às anomalias positivas de TSM que caracterizam o El Niño é indica pela curvapreta na figura. Figura 11 Anomalia de vento em altos níveis (200 hpa) durante o inverno de 2009, valores em m/s. A curva preta indica a trajetória do trem de ondas. A precipitação intensa de 2009 na região de Santos teve influência remota devido à configuração do El Niño no Oceano Pacífico Equatorial centro-leste. As anomalias de TSM, PNMM, velocidade do vento em altitude e em superfície contribuíram para a anomalia positiva de precipitação.dados sobre os impactos da precipitação foram disponibilizados pela Defesa Civil mostraram uma grande quantidade de ocorrências registradas no período de estudo, a maioria relacionada com quedas de árvores, que podem ter acarretado em outros problemas para a cidade. Deslizamento de terra e pedras e moradias com risco de ruir também foram registrados, assim como outras ocorrências. Devido ao grande volume de chuva registrado durante esse período, as repercussões foram observadas no jornal A Tribuna e no Diário Oficial de Santos. Dentre os impactos causados em toda a cidade os jornais destacaram que o índice pluviométrico alcançou o recorde de 15 anos na região, neste estudo foi identificado que o período do recorde foi de 65 anos. Além disso, as chuvas geraram outros prejuízos aos cidadãos através das quedas de árvores e prejuízos no turismo, já que a intensa precipitação influenciou na qualidade da água do mar. 542

Figura 12 Repercussão na imprensa dos episódios de precipitação em Santos. Fonte: Jornal A Tribuna, 30/07/2009, A-7. 4 - Conclusões Os resultados deste estudo sugeriram que a frequência de invernos considerados muitos chuvosos na cidade de Santos tenderam a um ligeiro aumento ao longo dos anos. Comparando todas as médias e anomalias, podemos concluir que a precipitação extrema na cidade de Santos em 2009, esteve associada a conjunto de fatores da interação física entre o oceano e a atmosfera, e que tiveram clara relação com o El Niño existente durante o período anômalo. Em geral, o El niño tem seu início de formação durante parte do outono/inverno do Hemisfério Norte, e apresenta impactos mais expressivos sobre a América do Sul no verão. Com base nos resultados, observou-se que o inverno de 2009 respondeu simultaneamente (dentro do trimestre das anomalias de TSM e chuva) ao evento El Niño. Esta resposta simultânea também se deve ao fato de que o Oceano Atlântico esteve em condições próximas da média em termo de TSM. Assim, o Oceano Pacífico Equatorial dominou em relação ao oceano Atlântico Sul no que diz respeito a favorecimento das anomalias de circulação e chuva sobre a América do Sul. As chuvas intensas provocaram impactos negativos na região de estudo, e foi identificado que as chuvas são decorrentes de diferentes sistemas atmosféricos de escala local e remota e de sua interação com o oceano. Sendo assim, é uma tarefa complexa estabelecer padrões para estas ocorrências, isto dificulta o planejamento por parte dos órgãos responsáveis em ações de prevenção de desastres. Isto só reforça que estudos diagnósticos de extremos climáticos devem cada vez mais merecer atenção, pois extremos podem estar associados a diferentes configurações de anomalias de interação oceano-atmosfera. Este estudo de caso pode ser futuramente ampliado para um período mais longo de pesquisa permitindo uma análise exploratória mais detalhada da variabilidade climática e 543

possíveis sinais de mudança climática, inclusive, com uso de modelagem numérica do clima. Além disso, o foco da pesquisa foi investigar a relação de impacto do oceano que tenha propiciado o extremo de precipitação selecionado a partir de uma série temporal em um período climatológico mais seco. Isto permite adicionar um maior entendimento sobre a complexa dinâmica que governa os processos atmosféricos. Agradecimentos: CNPq pelo financiamento da bolsa de IC (4770256870254344), Defesa Civil de Santos, International ResearchInstitute for Climate and Society, Jornal A Tribuna e Diário Oficial de Santos. Referências CARVALHO, L. M. V.; JONES, C. Zona de Convergência do Atlântico Sul. Tempo e Clima no Brasil. Oficina de Textos, São Paulo, p. 95-109, 2009. CAVALCANTI, I. F. A.; AMBRIZZI, T. Teleconexões e suas Influências no Brasil. In: Iracema Fonseca de Albuquerque Cavalcanti; Nelson Jesus Ferreira; Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva; Maria Assunção Faus da Silva Dias. (Org.). Tempo e Clima no Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, p. 317-335, 2009. CAVALCANTI, I. F CHEN, M., P. XIE, J. E. JANOWIAK, and P. A. ARKIN, 2002: Global Land Precipitation: A 50-yr Monthly Analysis Based on Gauge Observations, J. of Hydrometeorology, 3, 249-266 GRIMM, Alice M. Variabilidade interanual do clima no Brasil. In: Iracema F. A. Cavalcanti; Nelson J. Ferreira; Maria Assunção F. Dias; Maria Gertrudes A. Justi. (Org.). Tempo e Clima no Brasil. 1ª edição. São Paulo: Oficina de Textos, p. 353-374, 2009 KALNAY, E., KANAMITSU, M., KISTLER, R., COLLINS, W., DEAVEN, D., GANDIN, L., IREDELL, M., SAHA, S., WHITE, G., WOOLLEN, J., ZHU, Y., CHELLIAH, M., EBISUZAKI, W., HIGGINS, W., JANOVIAK, J., MO, K. C., ROPELEWSKI, C., WANG, J., LEETMAA, A., REYNOLDS, R., ROY, J., and JOSEPH, D.: The NCEP/NCAR 40-year Reanalysis Project, Bulletinofthe American MeteorologicalSociety, 77, 3, 437 471, 1996. MARENGO, J. A. Impactos de extremos relacionados com o tempo e o clima - Impactos sociais e econômicos. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Centro de Ciências do Sistema Terrestre. São Paulo, Brasil, 2009. NUNES, L. H.; KOGA-VICENTE, A.; CANDIDO, D. H.Clima da Região Sudeste do Brasil. In: Iracema F. A. Cavalcanti; Nelson J. Ferreira; Maria Assunção F. Dias; Maria Gertrudes A. Justi. (Org.). Tempo e Clima no Brasil. 1ª edição. São Paulo: Oficina de Textos, p. 243-258, 2009. SILVA, G. A. M.. Evolução dos eventos El Niños em fases distintas da Oscilação Decadal do Pacífico: impactos no Jato de Baixos Níveis a leste dos Andes e os ciclones extratropicais da América do Sul. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo (2009). SILVA, G. A. M.. Variabilidade climática: Parte 1. 04 sep. 2015, 23 oct. 2015. 48 p. Notas de Aula. 544

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