PREVISÃO CLIMÁTICA TRIMESTRAL
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- Terezinha Rijo Carreiro
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1 PREVISÃO CLIMÁTICA TRIMESTRAL NOVEMBRO/DEZEMBRO-2017/JANEIRO-2018 Cooperativa de Energia Elétrica e Desenvolvimento Rural OUTUBRO/2017
2 Perspectivas para La Niña de fraca intensidade e curta duração As observações meteo-oceanográficas mais recentes sobre o Pacífico Equatorial mostram que as águas superficiais daquele oceano seguiram com temperaturas ligeiramente abaixo da normalidade em meados de outubro. As previsões mais recentes dos modelos climáticos indicam que nos próximos meses a temperatura superficial do oceano deve seguir em ritmo de leve resfriamento e dar origem a um fenômeno La Niña de fraca intensidade, que deverá persistir somente até os primeiros meses de Já sobre o Oceano Atlântico Sul, próximo à costa das regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde as águas superficiais já se encontravam ligeiramente mais quente que o normal nos últimos meses, observou-se uma elevação da temperatura no mês de outubro, aumentando assim a magnitude da anomalia positiva de temperatura da superfície do mar no Oceano Atlântico adjacente. Quadro de instabilidades na COPREL no mês de outubro Em várias localidades da Região Sul do Brasil a primavera é caracterizada como sendo a estação do retorno das chuvas após um período climatológico mais seco (inverno). Esta mudança está relacionada a uma importante alteração na circulação atmosférica na América do Sul, sendo a reativação do jato de baixos níveis (ventos fortes a aproximadamente metros de altitude). O jato de baixos níveis é frequentemente chamado na mídia de rios voadores, devido a sua caraterística de transportar de forma bastante eficiente uma quantidade considerável de umidade e calor desde a região da Amazônia e do Oceano Atlântico Equatorial para as regiões do norte da Argentina, Paraguai e Região Sul do Brasil. Esse transporte de calor e umidade favorece a intensificação dos sistemas de tempo instável nessas regiões da América do Sul, como os sistemas de baixa pressão e as frentes frias. Com isso, na passagem desses sistemas, as instabilidades ganham intensidade devido ao aporte de calor e umidade fornecido por esse jato, tornando as chuvas mais volumosas, favorecendo a formação e queda de granizo e a ocorrência de rajadas de vento fortíssimas.
3 Neste último mês de outubro, muitas das instabilidades formadas nessa ampla região da América do Sul atingiram a área da COPREL, trazendo chuvas intensas e volumosas, rajadas de vento com intensidade equivalente à força de furacões de categoria 1. Apesar de não ter havido registro, os radares mostraram núcleos propícios à queda de granizo na área da COPREL, o que de fato pode ter ocorrido de forma isolada. A Figura 1 mostra os acumulados diários de chuva registrados nas estações meteorológicas localizadas na área de atuação da COPREL. Entre os dias 01 e 26 de outubro, dois períodos de instabilidade atmosférica e tempo severo mais significativos ocorreram e podem ser verificados pelo acumulado diário de chuvas na figura. O primeiro entre os dias 11 e 13, período em que uma sucessão de sistemas de baixa pressão se originaram entre o norte da Argentina e o extremo oeste do RS e atravessaram a área da COPREL, alimentados com calor e umidade trazidos pelo jato de baixos níveis. Somente neste período de três dias foram acumulados 130 mm em Cruz Alta, 141 mm em Ibirubá e 115 mm em Passo Fundo, o que corresponde entre 65-75% das chuvas que ocorrem tipicamente durante todo o mês de outubro. Além disso, nesse período muitas descargas elétricas foram detectadas na região, além de rajadas de vento muito fortes, com destaque para a Cruz Alta, onde foi registrada rajada de 75 km/h, e Soledade, com registro de 101,2 km/h. Figura 1: Chuva diária registrada entre 1º e 26 de outubro de 2017 pelas estações do INMET localizadas em Cruz Alta, Ibirubá e Passo Fundo.
4 O segundo período com chuvas extremas ocorreu na passagem de uma frente fria pelo RS no dia 19. Essa frente fria teve origem entre o Uruguai e o sul do RS no decorrer do dia e, ao chegar a área da COPREL na madrugada do dia 19, ocasionou na formação de uma frente de rajadas uma linha de instabilidade gerada devido à diferença de massas de ar e que pode ter extensão de centenas de quilômetros na superfície ocasionando a passagem temporais com chuvas e ventos extremos. Essa frente de rajada gerou rajadas de vento de 134 km/h em Cruz Alta (rajada de vento mais forte registrada na estação automática do INMET, desde 2007) e acumulado de chuva de 20,6 mm em apenas uma hora em Tupanciretã. No entanto não se descarta que tenham ocorrido rajadas de vento mais fortes pela área, onde não existem registro de dados meteorológicos. Apesar de todas essas ocorrência de tempo severo vivenciado neste último mês, sabese que outubro é um mês propício a formação de eventos extremos no oeste do RS. As Tabelas 1 e 2 mostram alguns registros de dados meteorológicos das estações automáticas do INMET de Cruz Alta e Passo Fundo desde Cruz Alta Passo Fundo ,2 km/h 79,9 km/h ,8 km/h 102,2 km/h ,7 km/h 94,7 km/h Tabela 1: Rajadas de vento mais intensas já registradas na estação meteorológica de Cruz Alta e Passo Fundo, desde Fonte: INMET Cruz Alta Passo Fundo mm 290 mm mm 230 mm mm 353 mm Tabela 2: Maiores acumulados de chuva já registrados para outubro nas estações de Cruz Alta e Passo Fundo, desde Fonte: INMET
5 Previsão Trimestral O trimestre novembro, dezembro e janeiro terá chuvas irregulares no tempo e no espaço, sendo mais frequentes somente na primeira quinzena de novembro. Em novembro haverá condições atmosféricas distintas entre as duas quinzenas do mês, pois este mês se caracteriza pela transição entre as instabilidades típicas de primavera e verão. Na primeira quinzena do referido mês o tempo fica mais instável, com chuvas e trovoadas associadas a formação de um cavado que atingirá principalmente do centro ao norte da área de atuação da COPREL. Na segunda quinzena do mês o tempo fica predominantemente estável, mais ensolarado e as chuvas mais escassas. O único sistema atmosférico com chuva mais significativa é uma frente fria no início da segunda metade do mês. O resultado será de um total médio mensal abaixo da média, que normalmente é de 130 a 150 mm. O padrão de estabilidade previsto para a segunda quinzena de novembro deverá se estender para a primeira quinzena de dezembro e, com isso, haverá dias mais ensolarados e secos. A segunda quinzena de dezembro marca o início das chuvas convectivas que ocorrem no final da tarde, associadas às trovoadas, tipicamente chamadas de chuvas de verão. Nesta quinzena, essas chuvas ocorrerão com menor frequência e de maneira bem isolada. Um ou outro evento de chuva de verão mais expressivo pode ocorrer quando uma frente fria estiver passando pela costa do RS ou pelo oceano adjacente. Em consequência da maior estabilidade atmosférica na primeira metade do mês e do enfraquecimento da convecção na segunda quinzena, o total médio mensal tenderá a ficar abaixo da média, que normalmente é de 155 a 175 mm, na área de atuação da COPREL. O mês de janeiro terá condições atmosféricas semelhantes a segunda quinzena de dezembro: chuvas convectivas de verão, irregulares no tempo (pouca frequência diária) e no espaço (ocorrem em apenas alguns municípios). Neste sentido, o total médio mensal tenderá a ficar abaixo da média, que normalmente é de 145 a 155 mm, na área de atuação da COPREL. Com relação ao comportamento térmico, em novembro, haverá menor amplitude térmica (diferença entre a temperatura mínima e máxima diária) na primeira quinzena, devido
6 à presença de mais nuvens em alguns dias. Na segunda, com ar mais seco e menor cobertura de nuvens, a amplitude térmica ficará mais elevada. Ressalta-se que após a influência do cavado na primeira quinzena e da frente fria, na segunda quinzena, haverá queda nas temperaturas para valores entre 8 ºC e 10 ºC. Sendo assim: as médias das temperaturas mínimas, que varia de 15 ºC a 18 ºC; as máximas, que variam de 26 ºC a 29 ºC, ficarão ligeiramente mais baixas em novembro Em dezembro e janeiro, com o ar um pouco mais seco, as temperaturas mínimas ficarão ligeiramente mais baixas e as máximas, mais elevadas, favorecendo ocorrência de maior amplitude térmica. As médias das temperaturas mínimas em dezembro variam de 17 ºC a 19 ºC e, em janeiro, de 18 ºC a 19 ºC. As médias das máximas em dezembro e janeiro variam de 27 ºC a 30 ºC.
7 Comportamento climático COMPORTAMENTO MENSAL DA PRECIPITAÇÃO EM 2017 CRUZ ALTA Valores em milímetro ANOMALIA Média 10 CLIMATOLOGIA (DESVIO) MESES anos* 2017 ( ) ( ) JANEIRO 119,7 144,6 229,8 +110,1 +85,2 FEVEREIRO 136,3 139,7 159,6 +23,3 +19,9 MARÇO 126,5 116,0 155,4 +28,9 +34,4 ABRIL 119,5 142,8 282,1 +162,6 +139,3 MAIO 108,1 124,5 411,2 +303,1 +286,7 JUNHO 116,3 143,9 136,2 +19,9-7,7 JULHO 139,7 160,4 12,2-127,5-148,2 AGOSTO ,1 118,2-52,8-7,9 SETEMBRO 169,6 181,8 102,6-66,7-79,2 OUTUBRO 144,5 220,6 243,0 +98,5 +22,4 NOVEMBRO 124,6 152, DEZEMBRO 154,8 195, TOTAIS ANUAIS 1630,6 1847,9 1850,3 +219,7 +2,4 *OBS: Acumulado para o mês de outubro de 2017 entre os dias 1º e 26.
8 COMPORTAMENTO MENSAL DA PRECIPITAÇÃO EM 2017 PASSO FUNDO Valores em milímetro ANOMALIA CLIMATOLOGIA Média 10 anos (DESVIO) MESES 2017 ( ) ( ) JANEIRO 149,7 153,4 213,2 +63,5 +59,8 FEVEREIRO 165,8 137,6 188,2 +22,4 +50,6 MARÇO 134,9 138,4 180,8 +25,9 +42,4 ABRIL 99,7 121,3 296,5 +196,8 +175,2 MAIO 114,3 134,1 388,5 +264,2 +254,4 JUNHO 133,6 145,8 145,9 +12,3 +0,1 JULHO 161,8 197,2 19,5-142,3-177,7 AGOSTO 187,8 143,1 168,0-19,8 +24,9 SETEMBRO 197,7 171,2 66,0-131,7-105,2 OUTUBRO 152,9 212,2 257,6 +104,7 +45,4 NOVEMBRO 131,7 144, DEZEMBRO 173,2 172, TOTAIS ANUAIS 1803,1 1871,2 1666,6 +121,1 +53,0 *OBS: Acumulado para o mês de outubro de 2017 entre os dias 1º e 26.
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