MAPEAMENTO DIGITAL E PERCEPÇÃO DOS MORADORES AO RISCO DE ENCHENTE NA BACIA DO CÓRREGO DO LENHEIRO SÃO JOÃO DEL-REI - MG

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Transcrição:

334 MAPEAMENTO DIGITAL E PERCEPÇÃO DOS MORADORES AO RISCO DE ENCHENTE NA BACIA DO CÓRREGO DO LENHEIRO SÃO JOÃO DEL-REI - MG Thiago Gonçalves Santos, thiiaguim.13@gmail.com, Graduando em Geografia pela Universidade Federal de São João del-rei - UFSJ, Bolsista PIBIC/FAPEMIG Silvia Elena Ventorini, sventorini@ufsj.edu.br, Profa. Dra. do Departamento de Geociências da Universidade Federal de São João del-rei UFSJ Introdução A ocorrência de enchentes e inundações são, muitas vezes, resultantes de fatores históricos como o surgimento e ampliação de núcleos urbanos ao longo das margens de rios. O crescimento desordenado e a ausência de planejamento e gestão eficientes têm contribuído para o aumento de áreas propicias às enchentes e alagamentos. (CRISTO, 2002; TUCCI; BERTONI 2003). O termo enchente é definido como a elevação temporária do nível das águas em períodos de intensas precipitações, sem extrapolar as margens do canal de drenagem. Após a saturação dos vazios do curso natural dos rios, as águas buscam as áreas de várzea para escoar sua capacidade máxima, atingindo casas localizadas nas margens dos rios. Já inundação é definida como processo natural causado pelo aumento do volume no canal fluvial. (TUCCI, 2002; SANTOS, 2015; BRASIL, 2007; CEPED, 2011). O Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA - (1986) e publicações de Zacharias (2007), Brasil (2007), Almeida e Ventorini (2014) e Almeida et. al. (2014) ressaltam a importância de monitoramento e gestão das áreas de risco afim de, conhecer os desastres ocorrentes, compreender suas causas e seus efeitos. O mapeamento digital é importante para a análise, planejamento e gestão das áreas de risco. Uma base digital de dados fornece subsidio para os órgãos municipais auxiliando na tomada de decisão (SANTOS, 2015).

A Lei 12.608/12 institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, e dispõe sobre órgãos como Sistema Nacional de Defesa Civil e Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, a autorização e criação de sistemas de monitoramento de desastres, e ressalta também a importância do mapeamento das áreas de risco. A Lei 9.433/97 prevê a adoção de uma bacia hidrográfica como unidade de estudo, planejamento e gestão ambiental, destacando a importância do mapeamento digital para indicar as áreas propicias aos riscos. O mapeamento do uso da terra possibilita identificar e analisar o uso e a ocupação urbana em áreas de bacias, contribuindo para sua gestão. Para Costa (2001) quanto mais significativa à transformação e a modificação das áreas de bacias hidrográficas próximas aos rios, como impermeabilização, retirada da vegetação natural, construções de obstáculos (pontes), retificação de canais etc., mais será a parcela contribuinte para os escoamentos superficiais e maiores a probabilidade de inundações. No Brasil, mais de cinco milhões de pessoas foram atingidas por estes eventos no ano de 2012, devido ocupação das margens de córregos e rios. (BRASIL, 2012). O município de São João del-rei, localizado entre as coordenadas 21 0 S a 21 30 S e 44 0 W a 44 35 W, tem seu sítio urbano entre as áreas atingidas pelas enchentes e inundações no Estado de Minas Gerais, no ano de 2012 e em anos anteriores. Neste artigo apresentam-se o mapeamento de áreas suscetíveis a enchentes e alagamentos na Bacia do Córrego do Lenheiro, com confluência ao Rio Acima, assim com a análise de dados sobre a percepção da população ribeirinha sobre os locais com riscos de enchente e alagamentos. 335 Procedimentos metodológicos A fundamentação teórica e metodológica teve como base a Teoria Geral dos Sistemas Aplicada à Geografia. Na abordagem Sistêmica aplicada aos estudos que envolvem geração e análise de mapas faz-se necessário definir o que é mapeado, as variáveis que compõem esse mapeamento e suas análises, bem como as características dessas variáveis e as relações entre as partes, modelando, assim, um sistema e ajustando-o frente à realidade (MOURA, 2003; SANTOS, 2015). O material cartográfico base é composto por carta topográficas do Exército Brasileiro do ano de 1993, escala 1:25.000 e equidistâncias das curvas de nível de 10 metros, imagens de satélites Landsat8 TM, resolução 30 metros, anos de 1994, Ikonos, resolução 1 metro, ano de 2005 e RapidEye ano de 2013, resolução de 5 metros, i Landsat-8, resolução espacial de 30 metros e de 15 metros (pancromática).

A base digital de dados cartográficos foi elaborada por meio do software ArcGis 10 (módulos ArcMap, ArcCatalog e ArcToolbox), onde foram vetorizada as curvas de nível e pontos cotados para gerar o Modelo Numérico de Terreno (TIN). A partir do TIN foi elaborado por interpolação de pontos o mapa de declividade. As imagens de satélites foram vetorizadas para geração de mapas de usos da terra para os anos de 1994, 2005 e 2013. As imagens também foram utilizadas para a correção da hidrografia digitalizada a partir da carta topográfica. A geração de buffers teve como base a Lei 12.651 de 25 de maio de 2012 que determina uma zona de preservação de 30 metros para rios de até 10 metros de largura e um raio de 50 metros para as nascentes. A veracidade das informações mapeadas foi verificada por meio de trabalho de campo. A coleta de dados sobre a percepção da população sobre a suscetibilidade aos riscos de enchente e alagamento foi elaborado e aplicado um questionário para 24 pessoas cujas moradias estão localizadas as margens do Córrego do Lenheiro. O questionário é composto por 12 questões de características socioeconômicas e de análise dos riscos existentes no local. 336 Resultados O mapeamento do uso da terra ao longo de um período de tempo (1994, 2005 e 2013) mostra que a bacia do Córrego do Lenheiro tem uma área significativa de vegetação rasteira utilizada como pastagem natural (atividade pecuária). Mostra ainda que há áreas com mata ciliciar e vegetação densa ao longo de afluentes cujas declividades são significativas. Por meio dos mapas observam-se a ocupação urbana ao longo do Córrego do Lenheiro, conforme indica os fatores históricos sobre o surgimento e crescimento do núcleo urbano ao longo de três séculos. O TIN mostrou que a bacia hidrográfica possui uma amplitude altimétrica de 340 metros (900 metros a 1240 metros), onde parte significativa da área urbana está localizada nas menores cotas altimétricas cuja declividade varia entre 2% a 15%, conforme análise do mapa de declividade. Este cenário caracteriza um escoamento superficial lento, que favorece a ocorrência de enchentes e inundações. A sobreposição dos buffers sobre os mapas gerados e as imagens de satélites mostra que as áreas de várzea estão ocupadas por residências. A veracidade das informações mapeadas foi validada por meio de trabalho de campo. Os resultados obtidos por meio dos questionários apontam que as enchentes e inundações prejudicam a vida das famílias que vivem as margens do Córrego do Lenheiro. Os resultados indicam que 100% (24 pessoas) dos entrevistados são

afetados pelo mau cheiro; que 91,6% (22 pessoas) são incomodadas por insetos e/ou roedores; 45,8 % (11 pessoas) tem suas residências invadidas por águas que pluviais que retornam para dentro de suas casas pelos ralos devido a coleta ser realizada na mesma rede que o esgoto e 29, 1% (7 pessoas) por doenças causadas pelo contato com a água. Os dados obtidos sobre a situação em que a residência se encontra nos períodos de intensos de precipitações mostram que 50% (12 pessoas) dos entrevistados consideram que sua casa se encontra em uma área de inundação e 50% que suas casas localizam-se áreas que não são de riscos. No entanto, a pesquisa indica que 21% (5 pessoas) dos que não consideram que há risco, estão em áreas propícias as enchentes. Como exemplo cita-se a justificativa de um morador sobre a ausência do risco Minha casa está em uma área normal, na ultima chuva entrou água só na garagem dentro de casa isso nunca aconteceu. 337 Considerações Finais A ocupação desordenada na Bacia do Córrego do Lenheiro acarreta em inúmeros prejuízos econômicos e na qualidade de vida da população que vive as margens do rio, uma vez que, esta população ainda convive com uma precária infraestrutura de saneamento básico. Uma base digital de dados torna-se subsidio ao planejamento e gestão ambiental para os órgãos municipais para a prevenção e controle dos desastres provocados pelas enchentes e inundações nos períodos de precipitação (SANTOS, 2015). O mapeamento publicado no Plano de Contingencia da Defesa Civil de 2013, pelo município de São João del-rei, apresenta um mapeamento que não obedece os critérios técnicos e científicos, fato que, prejudica o andamento das medidas mitigadoras de controle e prevenção. A análise dos dados coletado com o questionário mostram que parte da população tem ciência dos riscos e se preocupam se medidas mitigadoras serão realizadas por parte dos órgãos públicos. Outra parte, porém, mostra percepção equivocada de riscos a enchentes e inundações. Referências Bibliográficas BRASIL. Instituto de Pesquisa Tecnológica. Mapeamento de riscos em encostas e margens de rios. Brasilia: Ministério das Cidades, 2007. 176 p.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. Anuário brasileiro de desastres naturais: 2012 / Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. - Brasília: CENAD, 2012. CEPED - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES. Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Minas Gerais. Florianópolis: CEPED UFSC, 2011, 95 p. 338 CHRISTOFOLETTI, A. Análise de sistemas em Geografia. São Paulo: Hucitec/Edusp. 1979 COSTA, Helder. Enchentes no Estado do Rio de Janeiro Uma Abordagem Geral. Rio de Janeiro: SEMADS 2001 CRISTO, S. S.V de. Análise de susceptibilidade a riscos naturais relacionados às enchentes e deslizamentos do setor leste da bacia hidrográfica do Rio Itacorubi, Florianópolis - SC. 2002. 195 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/82704/188467.pdf?sequence= 1>. Acesso em: 02 abr. 2016. DEFESA CIVIL. Plano de contingência de proteção e defesa civil. São João del- Rei, 2013, 94 p. MOURA, A. C. M. Reflexões metodológicas como subsídio para estudos ambientais baseado em análises multicritérios. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13., 2007, Florianópolis. Anais.... Florianópolis: Inpe, 2007. p. 2899-2906. SANTOS, T.G.; VENTORINI. S.E.; ALMEIDA. G.P.; Mapeamento De Áreas Suscetiveis A Ocorrencia De Enchentes E Inundações Na Bacia Do Córrego Do Lenheiro. In Conferencia de la Tierra. 2015 TUCCI, C. E. M.. Gerenciamento da Drenagem Urbana. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 1, n. 7, p.5-27, 2002. Disponível em: <http://rhama.com.br/artigos/2002/geren02.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2016. TUCCI, C. E. M.; BERTONI, J.C.. (Org.). Inundações urbanas na América do Sul. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos - Abrh, 2003. 150 p. Disponível em: <http://www.cepal.org/samtac/noticias/documentosdetrabajo/5/23335/inbr02803.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2016.