ANGLICISMOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA QUESTÃO DE PREENCHIMENTO DO LÉXICO OU DESVALORIZAÇÃO DA LÍNGUA?



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Transcrição:

ANGLICISMOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA QUESTÃO DE PREENCHIMENTO DO LÉXICO OU DESVALORIZAÇÃO DA LÍNGUA? SCHMITT, Larissa Giordani ( PG - DINTER UFBA/UNIOESTE) RESUMO: As palavras que compõem o léxico do português brasileiro são resultantes de séculos de contato com outros povos, outras culturas e outras línguas (OLIVEIRA, 2005; FIORIN, 2004a). Assim, entende-se que as línguas estão em mutação e adquirindo novos vocábulos. Compreensivelmente, a língua de uma cultura que tem mais prestígio acaba trazendo contribuições lexicais para as línguas das culturas com as quais entra em contato. Atualmente, a língua franca é o inglês, impulsionado principalmente pela globalização. Em decorrência desse fato, a presença de anglicismos no sistema lexical do português brasileiro é inevitável, considerando que há falta de termos nessa língua para expressar determinados significados, o que é evidenciado no vocabulário específico de algumas áreas técnicas, como, por exemplo, a informática, a economia, a música e a culinária. Devido a essa presença, principalmente das palavras mais salientes, aquelas que mantêm a grafia original e que, por isso, são mais perceptíveis, os anglicismos são a causa de um forte debate entre linguistas e políticos no Brasil. Pretende-se, então, com este trabalho, apresentar a conceituação de estrangeirismos e empréstimos, e discutir as reações que o tema tem provocado entre os políticos, encabeçados por Aldo Rebelo, os quais propõem uma preservação da língua através da intocabilidade da língua materna, rejeitando principalmente os anglicismos. PALAVRAS-CHAVE: Anglicismos. Ampliação do léxico. Língua Franca. Português Brasileiro. 1- Introdução As palavras que compõem o léxico do português brasileiro são resultantes de séculos de contato com outros povos, outras culturas e outras línguas, entre elas, o português de Portugal, línguas indígenas brasileiras, africanas, germânicas, o francês, o espanhol, o inglês, o árabe e o italiano (OLIVEIRA, 2005; FIORIN, 2004a). Assim, entende-se que as línguas estão em mutação e adquirindo novos vocábulos. Compreensivelmente, a língua de uma cultura que tem mais prestígio acaba trazendo contribuições lexicais para as línguas das culturas com as quais entra em contato. Até o início do século XX, o francês tinha maior influência internacional (RAJAGOPALAN, 2004) e era a língua que mais fornecia empréstimos ao português (FIORIN, 2004b). Após a II Guerra Mundial, e por motivos políticos e econômicos, o inglês foi assumindo o papel de língua mais influente internacionalmente. Por ser utilizada em inúmeros países em todo o mundo, a língua inglesa consagrou-se até

atingir o status de língua franca (CRYSTAL, 2007). A difusão da língua inglesa foi impulsionada pelo avanço tecnológico e pela internet. Nesse ambiente virtual, a língua oficial e soberana, inquestionavelmente, é o inglês (KUMARAVADIVELU, 2006). A modalidade denominada língua franca surge em consequência de fenômenos observados na atualidade. Em 1999, foi divulgado um relatório das Nações Unidas sobre o desenvolvimento humano, o qual informa que a fase atual da globalização vem mudando a comunicação entre os povos, pois a distância espacial está diminuindo (KUMARAVADIVELU, 2006). Por conseguinte, as pessoas sofrem consequências de fatos acontecidos em um determinado local, do outro lado do mundo. A distância temporal também está diminuindo, os reflexos são sentidos em tempo real. Além disso, as fronteiras estão desaparecendo. O que se observa em decorrência de tantas mudanças é a utilização de uma língua que rege essa comunicação, no caso do mundo pósmoderno, o inglês. Considerando, então, que os estrangeirismos são também decorrentes do processo da globalização, o qual não é um fenômeno recente (HALL, 2006), e contribuem preenchendo lacunas do léxico (OLIVEIRA, 2010), a presença dos anglicismos é um fato real evidenciado nos textos que circulam na sociedade brasileira. Consequentemente, a utilização desses termos oriundos da língua inglesa tem despertado controvérsia sobre a sua importância. Para responder a pergunta que dá título a este texto, pretende-se apresentar a conceituação de estrangeirismos e empréstimos, e discutir as reações que o tema tem provocado entre os políticos, os quais são leigos na área linguística, e os profissionais da área, ou seja, os linguistas. 2- Estrangeirismos e empréstimos Segundo a teoria do campo semântico de Trier, as palavras cobrem as esferas conceituais de uma comunidade linguística sem deixar lacunas lexicais (OLIVEIRA, 2008, p. 65). Com base nisso, nenhuma língua precisaria buscar termos em outras línguas já que seu léxico não teria lacunas. Entretanto, em oposição à teoria de Trier, Oliveira (2010) aponta que a presença de estrangeirismos em uma língua supre lacunas existentes no léxico do português brasileiro. Em outras palavras, a idéia de Trier não procede. Apesar de enriquecer a

língua que os recebe, no caso o português brasileiro, os empréstimos linguísticos não alteram as estruturas morfológicas e a gramática continua sendo preservada (BAGNO, 2004). Para melhor entender o termo estrangeirismos, algumas definições serão trazidas e comparadas. Segundo Oliveira (2010), estrangeirismos são palavras e expressões de línguas estrangeiras que entram no léxico do português por causa do contato entre as línguas (OLIVEIRA, 2010, p. 223), com o intuito de enriquecer e preencher o léxico da língua materna, o que realmente justifica a ocorrência dos estrangeirismos. Na definição de Câmara Jr. (2009), os estrangeirismos são facilmente identificados, pois sua grafia e fonética os denunciam. Para ele, estrangeirismos são vistos como: Os empréstimos vocabulares não integrados na língua nacional, revelando-se estrangeiros nos fonemas, na flexão e até na grafia, ou os vocábulos nacionais empregados com a significação dos vocábulos estrangeiros de forma semelhante (CÂMARA JR, 2009, p. 136). Diferentemente da posição de Câmara Jr. (2009), Garcez e Zilles (2004), ao definirem o termo, consideram um estrangeirismo uma palavra da língua A, por exemplo, usada por outras línguas, despreocupando-se com a forma gráfica e fonética. Assim, Garcez e Zilles (2004) definem o estrangeirismo como o emprego, na língua de uma comunidade, de elementos oriundos de outras línguas (GARCEZ; ZILLES, 2004, p. 15). Essa definição assemelha-se à definição que Faraco expressa: são palavras e expressões de outras línguas, usadas correntemente em algumas áreas do nosso cotidiano (FARACO, 2004a, p. 9). Nessa definição percebe-se também a ênfase dada ao emprego da palavra, a importância do uso. Serão chamadas de estrangeirismos se os termos não sofrerem mudanças ortográficas e a grafia da língua original for mantida, como por exemplo, internet, van, home theater e fax. O empréstimo pode ser entendido como o último estágio na incorporação do estrangeirismo ao sistema da língua que o toma emprestado (OLIVEIRA, 2010). Assim, connect seria tido como um estrangeirismo e conectar, como já sofreu um processo de aportuguesamento, seria empréstimo. Como exemplos de empréstimos, pode-se mencionar surfe, clube e picles, que são anglicismos inseridos no léxico do português brasileiro que já sofreram mudanças quanto à grafia. O

aportuguesamento das palavras estrangeiras prova que é incoerente e insustentável a crença de que o empréstimo possa conservar para sempre o seu caráter insidiosamente alienígena (GARCEZ; ZILLES, 2004, p. 30). Os empréstimos ocorridos em uma língua não acontecem de forma constante (OLIVEIRA, 2010) e, além disso, o termo emprestado não é considerado mais como tal desde que seja estudado no seio do sistema (SAUSSURE, [1916] 2006, p. 31). Esse fenômeno acontece porque as palavras oriundas de outras línguas passam a fazer parte do sistema linguístico da língua que a adotou (OLIVEIRA, 2010). Como exemplo, pode-se citar o termo stress, que atualmente está inserido no léxico do português e é considerado um empréstimo, pois no seu processo de aportuguesamento transformou-se em estresse. Portanto, os acréscimos de fonemas (vogais de apoio) foram necessários para atender a fonotática do português brasileiro. Agora, o que dizer das palavras estrangeiras utilizadas para veicular um significado que pode ser perfeitamente expresso por um termo do português brasileiro? Um exemplo bem claro são os termos liquidação e sale. Ao optar pelo segundo termo, a palavra sale, fica estabelecida uma relação de poder e demarcação de classes sociais. Em outras palavras, as classes média e alta buscam por sales, pois nesse termo há uma conotação de preços atrativos associados com sofisticação. Por outro lado, a classe baixa identifica-se com as liquidações, por essa palavra se identificar com a idéia de preços baixos e produtos oferecidos a sua condição econômica (OLIVEIRA, 2010). As palavras sofrem aportuguesamento como resultado de um processo natural. Como bem lembra Bagno (2004), não se consegue esse fenômeno por meio da elaboração de decretos. Segundo Câmara Jr. (2009): O vocábulo estrangeiro, quando é sentido como necessário, ou pelo menos útil, tende a adaptar-se à fonologia e à morfologia da língua nacional, o que para a nossa língua vem a ser o aportuguesamento. (CÂMARA JR, 2009, p. 136). Depois de algum tempo que o termo foi emprestado, as pessoas nem lembram mais de sua grafia ou fonética originais, ou até mesmo do real significado na língua de origem. Garcez e Zilles (2004) acrescentam que os empréstimos são facilmente identificáveis, por ainda não terem completado o processo de incorporação à língua pela padronização escrita (GARCEZ; ZILLES, 2004, p. 18).

A apropriação de palavras estrangeiras tem servido para se referir a significados para os quais não há palavras no léxico da língua que o recebe, ou ainda para receber a conotação de sofisticação e modernidade. Afinal, como lembra Zilles (2004), os empréstimos [...] são reflexos de processos culturais, políticos e econômicos bem mais amplos e complexos. Muitas vezes, são utilíssimos à elite, que assim se demarca como diferente e superior (ZILLES, 2004, p. 156). Infelizmente, os estrangeirismos nem sempre são vistos como elementos que enriquecem o léxico da língua que deles se apropria. A próxima seção trata das diferentes formas de se posicionar em relação aos estrangeirismos. 3- Os diferentes posicionamentos acerca dos estrangeirismos Em nossos dias, é perceptível a presença dos anglicismos no português brasileiro. Esse fato é decorrente do contato crescente entre as línguas, favorecido pela globalização (GARCEZ; ZILLES, 2004). Entretanto, há gramáticos e políticos que se posicionam contra a utilização das palavras oriundas de outras línguas os estrangeirismos, trazendo à tona a antiga tentativa de coibir o uso dos anglicismos, não percebendo a contribuição que proporcionam ao português brasileiro. Figura notória desse grupo, o deputado federal Aldo Rebelo, trouxe à tona uma luta contra os estrangeirismos, descrito no Projeto de Lei nº 1676/99 (REBELO, 2004b), mesmo sem conhecimentos linguísticos mínimos acerca do assunto (OLIVEIRA, 2010). Em sua proposta de lei, Rebelo declara lesivo ao patrimônio cultural brasileiro todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira (REBELO, 2004b, p. 179). Em uma obra organizada por Faraco (2004a), linguistas posicionam-se contrários ao teor do projeto, demonstrando os equívocos e as impropriedades do espírito e da justificativa (FARACO, 2004a, p. 11) feita pelo deputado, pois a inquietação de Rebelo é de caráter ideológico. O deputado federal mencionado é filiado ao PCdoB, um partido brasileiro de extrema esquerda. Seguindo a filosofia desse partido, mostra-se contrário aos interesses de países dominantes, agindo como um suposto protetor da língua portuguesa e posicionando-se contra os estrangeirismos (GARCEZ; ZILLES, 2004, p. 26), como se

eles representassem uma subordinação do português aos sistemas linguísticos desses países. Seguindo o exemplo do deputado Rebelo, o então governador do Paraná, Roberto Requião, sancionou em 2009 a Lei nº 16.177 que também coíbe o uso de estrangeirismos. Ela tornaria obrigatória a tradução para o português de estrangeirismos usados em campanhas publicitárias. Porém, o Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná conseguiu uma liminar que apontou sua inconstitucionalidade por infringir os direitos de livre manifestação do pensamento e de expressão intelectual, científica e de comunicação. A posição contrária à lei se mantém, pois em dezoito de junho de dois mil e dez, o Tribunal de Justiça do Paraná declarou a lei inconstitucional. Voltando no tempo, em 2002, o senador Amir Lando apresentou um substitutivo ao projeto original de Rebelo (2004b). Nesse documento, uma boa parte das críticas feitas pelos linguistas foi atendida, porém continua tendo um grave defeito: há ainda uma clara ameaça à liberdade de expressão (FARACO, 2004a, p. 214). Pode-se afirmar que ambas as partes ganharam e perderam. O deputado Rebelo ganhou, pois a ideia de legislar sobre a língua prevaleceu (ibid., p. 69), e ao mesmo tempo perdeu, pois o teor de seu projeto foi amplamente modificado (ibid.). Ainda segundo o mesmo autor, pelo fato de os linguistas terem participado da reformulação, caso haja algum questionamento ao seu teor, as associações de linguística poderão ser questionadas. A comunidade brasileira em geral, composta na sua maioria por pessoas que não costumam discutir questões linguísticas, ganhou muito com o embate entre as partes envolvidas, políticos e lingüistas (FARACO, 2004b). Elas puderam acompanhar o debate e acompanhar a discussão linguística em torno dos estrangeirismos, aprendendo mais sobre o assunto. Antes de o projeto de lei ser apresentado, o assunto passava de forma quase imperceptível na sociedade brasileira, porém, após as discussões feitas, a população consegue posicionar-se a respeito. Após a circulação do projeto de lei na comunidade linguística, contestações começaram a surgir. A primeira análise a ser feita no projeto proposto pelo deputado Rebelo (2004b) é sobre a concepção da língua nele apresentada (FIORIN, 2004a). Apesar de falar em características regionais da fala e da escrita e de deixar claro que as línguas estão em constante mutação, o projeto, na verdade, baseia-se numa concepção

homogênea e estática da língua, não a considerando como um fenômeno social (FIORIN, 2004a; OLIVEIRA, 2010). As palavras de origem estrangeira são, por vezes, necessárias, pois preenchem lacunas existentes no léxico, o que justifica os empréstimos (OLIVEIRA, 2010). Esse fenômeno acontece principalmente nas áreas técnicas, considerando que há falta de termos em nossa língua. Caso não as tivéssemos, teríamos dificuldade de expressarmos determinados significados, como os seguintes termos evidenciam: backup, CD-ROM, overbooking, check-in, hedge e check-up. O inglês pode ser observado em todos os lugares em fachadas de loja, luminosos, campanhas publicitárias, jornais e revistas (RAJAGOPALAN, 2004). Ora, é notório que o termo sale chama mais atenção que o termo liquidação a depender do público-alvo que o publicitário tenha em mente. Portanto, as palavras, sejam elas anglicismos ou não, são escolhidas para se elaborarem textos de acordo com a mensagem que se pretende transmitir e com o público que se pretende alcançar. No entanto, as línguas podem veicular valores e ideologias, o que talvez tenha sido um dos fatores que motivou alguém como Rebelo a supor que o falante, ao fazer uso dos anglicismos, poderia estar reproduzindo uma ideologia colonialista. Porém, as contribuições que os estrangeirismos trazem ao léxico do português brasileiro talvez sejam maiores e mais significativas que uma possível veiculação ideológica. Afinal, é mais provável haver uma persuasão de discurso e controle social através dos anúncios publicitários e das propagandas, do que os anglicismos em si (DIJK, 2008). Considerando que a língua é um fenômeno social e que pode servir de veículo para ações políticas e ideológicas, cabe aos linguistas fazer o desvelamento ideológico, ou seja, desmascarar o preconceito, lutar contra as formas de opressão que encontram sua justificativa na linguagem (FIORIN, 2004a, p. 110). Segundo o autor, a tarefa do desvelamento é política, não é científica. Portanto, os linguistas deveriam interessar-se por e envolver-se com as questões políticas em torno da língua, com o intuito de auxiliar na desmistificação das ideologias nela inseridas (FIORIN, 2004a). Não se pode negar que é possível verificar uma expansão de ideologias de países de Primeiro e de Segundo Mundo nos países considerados de Terceiro Mundo, propondo discursos de desenvolvimento econômico (PENNYCOOK, 2006). Entretanto, não se pode afirmar que os estrangeirismos presentes no português brasileiro, oriundos

de diversas línguas, sejam os disseminadores da ideologia de outras culturas. Pois, a presença de estrangeirismos em uma língua natural não são fenômenos frequentes (OLIVEIRA, 2010). Atualmente, os brasileiros estão mais expostos à língua inglesa. As crianças e adolescentes, das classes média e alta, estão cada vez mais familiarizados com os anglicismos tendo em vista, também, a facilidade que eles têm de frequentar um curso livre (RAJAGOPALAN, 2004). As meninas, ao completarem quinze anos, atualmente trocam a tradicional festa de debutantes, por uma viagem para Disney. O autor lembra que os pais não só aceitam a tendência anglicizante dos filhos, como se sentem felizes por poder mandar seus filhos a escolas especiais de línguas. A exposição das classes menos favorecidas também acontece, porém de forma não tão evidente. A utilização de palavras estrangeiras trará benefícios à língua portuguesa, ao contrário daquilo que o projeto de Rebelo prevê, ou seja, que ocorreria o enfraquecimento da nação (CELANI, 2004). A autora expõe como os anglicismos podem contribuir com a língua: A naturalização de palavras estrangeiras (somente inglesas?) no português do Brasil não derrubará a República. Só poderá beneficiar os brasileiros. Mas, para que isso aconteça é necessário que se propicie o desenvolvimento de uma consciência crítica nos educadores em geral e nos professores de língua inglesa em particular. Isso terá reflexos seguros na educação de cidadãos conscientes, de mente aberta, atuantes no fascinante mundo que os espera (CELANI, 2004, p. 124). Outra inquietação é levantada quando se traz à tona a seguinte questão: as pessoas que se dizem defensoras da língua estão defendendo a língua portuguesa do quê (GARCEZ; ZILLES, 2004)? Afinal, a língua não precisa ser defendida, muito menos defendida de seus próprios falantes, que são seus legítimos usuários e devem ter a liberdade de fazer dela o que bem quiserem (BAGNO, 2004, p.83). Deve-se considerar o fato de que são os próprios falantes que optam pelas palavras que pretendem usar, portanto, fazem os empréstimos (GARCEZ; ZILLES, 2004). Os autores questionam ainda que ninguém toma emprestada uma palavra que não queira usar. Porém, não é somente o português brasileiro que fez e faz empréstimos de outras línguas. Outros idiomas também emprestaram termos do português (FIORIN, 2004a).

Espera-se apenas que as palavras emprestadas do português não sejam expulsas desses idiomas por leis como a do deputado Rebelo (FIORIN, 2004a, p. 119). Portanto, espera-se também que as palavras do português brasileiro também possam contribuir com o léxico de outras línguas. Após tantas manifestações da comunidade linguística criticando o projeto de lei de Rebelo (2004b), o repúdio à tentativa de barrar o curso natural de uma língua teve uma ampla repercussão, o que pôde ser observado ao longo desta seção. Todavia, Rebelo (2004a) manifesta-se ao posicionamento dos lingüistas - chamando lhes a atenção para assumir o seu papel. Rebelo (2004a) responde aos linguistas: O projeto é político por excelência, e portanto aponta para uma política linguística. Urge implementá-lo. Quem quiser ficar na torre de marfim, confortado pelo auto-engano de que por excesso de sabedoria não se mistura aos ignorantes, continuará a tratar a língua como mero objeto de estudo, sem intervir na realidade efervescente que borbulha lá fora. (REBELO, 2004a, p.45). No comentário de Rebelo (2004a), percebe-se claramente a crítica que faz à comunidade linguística, a qual, segundo Rebelo (2004a), abstém-se do papel ativo junto à comunidade. Considera ainda que os linguistas não estão intervindo na comunidade, ficando apenas pesquisando o seu objeto de estudo, suas teorias, sem interagir e repassálas à comunidade. 4- Conclusão Viu-se, com a discussão apresentada no presente trabalho, que há um embate em torno dos estrangeirismos, principalmente daqueles que mantêm a grafia original, pois são mais perceptíveis. Nesse confronto, de um lado evidenciam-se políticos, encabeçados por Rebelo, os quais propõem uma preservação da língua, através da intocabilidade da língua materna, principalmente no que diz respeito ao uso de anglicismos. Do outro lado, posicionam-se os linguistas que entendem e veem como naturais a interação entre as línguas e ampliação do léxico do português brasileiro. Observando a questão sob a ótica deste estudo, a linguística, certamente décadas de pesquisa e fatos históricos seriam totalmente desconsiderados com a aprovação da lei de Rebelo. A língua é resultado da interação das pessoas entre si na sociedade e entre

sociedades de países diferentes. Seria possível, então, proibir tais interações? Pois, o projeto de lei baseia-se no danoso equívoco de que a língua padrão não se altera com o tempo, impondo uma homogeneidade cultural que nega as interações sociais (FARACO, 2004a). É fato que os estrangeirismos não fazem desaparecer termos do fundo léxico comum da língua, como por exemplo, as preposições, as conjunções, a maioria dos verbos e muitos adjetivos. Porém, a situação é diferente quando se analisam os substantivos, pois denominam objetos e produtos que acompanham e se renovam com o avanço da modernidade (FIORIN, 2004a). A língua é um fenômeno social que está em constante mutação e acompanha a evolução dos tempos. Nada mais justo, portanto, que o enriquecimento do léxico ocorra através da inserção de palavras, sejam elas de origem estrangeira ou não. Não se intenciona, com esta reflexão teórica, esgotar as possibilidades de discussão em torno dos estrangeirismos. Ao contrário disso, demonstra-se a importância de se refletir e de se avaliar até que ponto a presença dos estrangeirismos, principalmente os anglicismos, enriquecem o léxico do português brasileiro ou,como afirmam os políticos, podem realmente levar ao empobrecimento e desvalorização do português brasileiro. Fica em aberto a possibilidade de análise da freqüência de ocorrência dos anglicismos no português brasileiro em textos e propagandas que circulam na sociedade brasileira. Esse é o projeto de continuação para o presente trabalho em um campo de pesquisa qualitativa, mas sem a recusa de aspectos quantitativos oriundos de uma pesquisa de cunho lexicográfico, no qual se pretende verificar os anglicismos em dois diferentes gêneros: a história em quadrinho e o anúncio publicitário. Finalmente, e em consequência dessa análise interpretativa a ser feita nesses dois gêneros, pretende-se tecer considerações sobre a polêmica existente no Brasil em torno dos anglicismos. Referências BAGNO, M. M. Cassandra. Fênix e outros mitos. In: FARACO, C. A. (Org.) Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 3. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. CAMARA Jr., J. M. Dicionário de lingüística e gramática referente à língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2009.

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