EFEITO DE MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DO ARILO E EMBEBIÇÃO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Punica granatum Larissa Vinis Correia (PIBICV), João Gabriel Prandini (UENP), Babara Saque (UENP), Gizele Spigolon Figueiredo (UENP), Elisete Aparecida Fernandes Osipi (Orientadora) E-mail: larissa.vinis@uenp.edu.br. Ciências Agrárias - Fitotecnia Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel. Palavras-chave: sarcotesta, qualidade fisiológica, romã. Resumo Pesquisas relacionadas à produção de romã ainda são poucas, sobretudo na parte de propagação. O presente trabalho teve como objetivo investigar o efeito de quatro períodos de embebição das sementes em água, previamente submetidas a dois métodos de extração do arilo, sobre a germinação de sementes de romã. Sementes de 20 frutos foram submetidas à extração do arilo por dois métodos, manualmente através do atrito da mão na malha de aço de peneira mais água corrente por 10 minutos e quimicamente em mistura pastosa de cal virgem, água e sementes por 24 horas com posterior lavagem em água corrente por dois minutos. Após a secagem, sementes de cada método de remoção do arilo foram imersas em água destilada por 0, 12, 24 e 36 horas antes da semeadura. Para cada tratamento foi realizado o teste de teor de água em estufa a 105 o C por 24 horas e o teste de germinação em rolo de papel, ausência de luz e temperatura constante de 25ºC. Os delineamentos estatísticos utilizados foram inteiramente casualizados em esquema fatorial 2 x 4 com quatro repetições de 50 sementes por tratamento. Avaliou-se os percentuais de germinação (plântulas normais), plântulas anormais e de sementes dormentes, assim como, o índice de velocidade de germinação e o teor de água das sementes. A embebição da semente em água não proporcionou maior eficiência de germinação e de velocidade de germinação. A remoção do arilo com cal virgem proporcionou superação de dormência em sementes de romã e maior velocidade de germinação. Introdução A romãzeira pertencente à família Lythraceae, frutífera de porte arbustivo cultivada em muitos quintais, com papel ornamental, oferece ainda propriedades medicinais em suas folhas, casca da raiz e frutos (CORRÊA, 1978). A romã aglomera crendices populares como aliar o seu consumo a trazer sorte, dinheiro e saúde (SUZUKI, 2006). Além destas propriedades, os frutos de P. granatum são comestíveis, e seu cultivo apresenta-se promissor, principalmente em regiões áridas devido a sua tolerância à seca, contudo um dos grandes obstáculos ao seu cultivo é a germinação de suas sementes (PIOTTO, 2003). Trabalhos com germinação de sementes são essenciais, tanto para fins de melhoramento genético da espécie como para a própria propagação, porém pesquisas relacionados à produção de romã ainda são poucas, sobretudo na parte de propagação.
A propagação da romãzeira advém de sementes, podendo ainda ser feita por estaquia e alporquia (SUZUKI, 2006). As sementes de romã são completamente envoltas pelo arilo, capa gelatinosa rica em pectina. O arilo, aliado ao fato de constituir uma barreira física à germinação, pode conter substâncias reguladoras de crescimento, as quais podem contribuir para a desuniformidade na germinação (PEREIRA; DIAS, 2000). O método de remoção do arilo está diretamente ligado na obtenção ou não de sementes de alta qualidade, e a escolha desse método é feita em função das características do fruto, Silva (2000), podendo ser feita através de métodos mecânicos, físicos e químicos (DIAS & BARROS, 1993). Com relação à semente de romã, tem-se informações somente à respeito da utilização da fermentação das sementes por 72 horas para a remoção do arilo, com ganho de viabilidade e vigor (LOPES, 2001). A água tem papel fundamental na compreensão biológica das sementes, particularmente nos processos de desenvolvimento e germinação (VILLELA,1998). De acordo com Carvalho & Nakagawa (2000), o fornecimento de água incide na reidratação dos tecidos e a consequente intensificação da respiração e de todas as outras atividades metabólicas, que culminam com o fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada do crescimento do eixo embrionário. CASTRO e HILHORST (2004) salientam que a água exerce grande influência sobre o processo germinativo, sendo observado que, em sementes pré-embebidas em solução aquosa, a germinação acontece de maneira mais rápida e uniforme. TANAKA e CORSATO, 2014 não obtiveram como resposta incremento na germinação de sementes de romãzeira com a utilização, de diferentes concentrações de giberelina concluindo que a imersão apenas em água apresenta-se como método eficaz para a germinação. Contudo, ainda não há informações sobre o período de tempo mais adequado para imersão da semente, nem tão pouco, a utilização de cal virgem para remoção do arilo e suas consequências sobre a germinação. Com base nessas informações e considerando as peculiaridades das sementes de romãzeira, o presente trabalho teve como objetivo investigar o efeito de diferentes períodos de embebição das sementes em água, submetidas à dois métodos de remoção do arilo, sobre a germinação de sementes de romã. Material e métodos O experimento foi conduzido em laboratório no Setor de Produção Vegetal, CCA - da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus Luiz Meneghel Bandeirantes PR. As sementes foram extraídas manualmente de 20 frutos fisiologicamente maduros, obtidos de vinte plantas distintas, em pomares domésticos do município de Bandeirantes-Pr. Em seguida, foram divididas em duas porções (A e B) para serem despolpados. As sementes da porção A foram degomadas manualmente, até a completa remoção da sarcotesta, por meio do atrito com movimentos manuais em malha de aço de peneira e lavadas em água corrente, durante dez minutos. As sementes da porção B foram misturadas com cal virgem e água em proporções a obter mistura de consistência pastosa, assim repousando por 24 horas, sendo posteriormente lavadas em peneira e água corrente, durante dois minutos. Após a degomagem ambas porções foram submetidas à secagem à sombra sobre papel absorvente por dois dias. Após a secagem, tanto as sementes da porção A, quanto as da porção B foram submetidas à períodos de 0, 12, 24 e 36 horas de imersão em água destilada, sendo na sequência realizado os testes de umidade e germinação. O primeiro foi feito em estufa a 105 o C por 24 horas (Brasil, 2009), e consistiu em quatro repetições de 50 sementes por tratamento. O Segundo teste foi conduzido em câmara de germinação do tipo B.O.D. com temperatura constante de 25ºC e ausência de luz, onde as sementes foram dispostas sobre papel germitest umedecido com água, na proporção de 2,5 vezes a massa do papel e mantidas em sacos plásticos transparentes.
As contagens de plântulas normais (% de germinação), plântulas anormais e sementes dormentes foram realizadas aos 42 dias após a semeadura, baseando-se em Brasil 2009, sendo calculado o índice de velocidade de germinação (IVG) segundo (MAGUIRE 1962). O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 4 ou seja dois métodos de extração do arilo x 4 períodos de imersão em água, com quatro repetições de 50 sementes por tratamento. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância pelo programa assistat e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Para as variáveis apresentadas na Tabela 1 a interação entre os métodos de extração do arilo e períodos de embebição foi significativa, já para a característica plântulas anormais (Tabela 2) não houve interação entre os fatores. Tabela 1. Porcentagens de plântulas normais (PN), sementes dormentes (SD), índice de velocidade de geminação (IVG) e teor de água em sementes de romã (Punica granatum L.) submetidas a dois métodos de remoção do arilo e quatro períodos de imersão em água. Tratamentos PN SD IVG Teor de Água Cal Peneira Cal Peneira Cal Peneira Cal Peneira 0 horas 66,5aA 0,5bB 25,5bB 76,0aA 2,93aA 0,56bB 12,15aA 13,18bB 12 horas 58,5aA 3,5bB 24,0bB 75,0aA 2,75aA 0,61bB 60,67aA 42,99bB 24 horas 38,5aA 2,0bB 41,0bB 79,0aA 1,74aA 0,54bB 54,79aA 40,34bB 36 horas 37,0aA 2,0bB 47,0bB 87,5aA 1,86aA 0,36bB 56,72aA 38,46bB DMS (ME) 3,18 3,93 0,12 1,29 DMS (PE) 6,36 7,85 0,24 2,58 CV (%) 14,19 9,45 11,57 4,43 *Para cada característica, médias seguidas de mesma letra, minúscula nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. ME: Método de Extração e; PE: Período de Embebição TABELA 2. Porcentagem de Plântulas Anormais (PA) em sementes de romã (Punica granatum L.) submetidas a dois métodos de remoção do arilo. Extração Cal Peneira 42 Dias PA 14,0 a 7,24 b CV (%) 34,54 DMS 1,35 *Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Na Tabela 1, observa-se que a porcentagem de germinação (plântulas normais), assim como, sementes dormentes (SD), índice de velocidade de germinação e teor de água, não apresentaram diferenças nos diferentes períodos de embebição, embora seja notório em valores absolutos, o decréscimo ocorrido no percentual de germinação e no IVG, do período zero ao período de 36 horas, quando o arilo das sementes foi extraído com cal virgem. Isto não concorda com a afirmação de Tanaka e Corsato (2014) de que a imersão em água apresenta-se como método eficaz para a germinação, sendo ainda reforçado nesta pesquisa, pelo fato dos tratamentos nos quais as sementes foram embebidas, não diferirem da testemunha onde não houve embebição. Para essas mesmas variáveis houve diferença estatística entre os métodos de extração do arilo. Observa-se que para plântulas normais (PN) a extração do arilo com cal virgem foi aferida como mais eficiente, por proporcionar maiores percentuais de PN, assim como, IVG quando comparados com o método de extração manual em peneira. Este resultado está em consonância com o previsto por Silva (2000), o qual, entre outros métodos químicos, recomenda a utilização de cal virgem para escarificação química da semente, causando o rompimento ou abrasão da película que as envolvem, o que aumenta a permeabilidade à água e consequentemente, estimula a germinação. Este fato pode ser reforçado com os maiores valores no teor de umidade das sementes, obtidos com o método cal, quando comparado com o método peneira. Por outro lado, percebe-se que o método de extração com cal proporcionou percentuais inferiores de sementes dormentes em relação ao método com peneira, indicando maior superação da dormência nas sementes e por consequência maior percentual de germinação. Este fato, mostra que o ganho com superação de dormência promovido pelo tratamento com cal, supera a perda obtida por proporcionar maior percentual de plântulas anormais em relação ao método de remoção do arilo com peneira (Tabela 2). Conclusões - A prévia embebição da semente em água não proporcionou maior eficiência de germinação e de velocidade de germinação. - O método químico de remoção do arilo com cal virgem, proporcionou superação de dormência em sementes de romã e maior velocidade de germinação. Agradecimentos Ao PIBICV/UENP, pela participação concedida e pelo evento e a Dra. Elisete Aparecida Fernandes Osipi pela orientação e dedicação. Referencias BRASIL. Ministério da Agricultura. Regra de análise de sementes. Brasília: Departamento de Produção Vegetal, 2009. 398p. CASTRO, R. D.; HILHORST, H. W. M. Embebição e reativação do metabolismo. In: FERREIRA A. G. & BORGHETTI, F. Germinação do básico ao aplicado. Editora Artmed, São Paulo, 2004, 323 p. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal, SP: FUNEP, 2000. 588p. CORRÊA, P.M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional. 1978.v.5, p.609-610. 22p. UNESP: Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
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