ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2014 CONSIDERAÇÕES FISCAIS

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Transcrição:

ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2014 CONSIDERAÇÕES FISCAIS GABINETE DE INFORMAÇÃO ECONÓMICA JANEIRO DE 2014 1

IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES (IRS) Seguros de saúde ou doença As importâncias suportadas pelas entidades patronais com seguros de saúde ou doença, em benefício dos trabalhadores ou dos respetivos familiares, deixam de constituir rendimento tributável para efeitos de IRS, desde que a sua atribuição tenha carácter geral. Rendimentos resultantes da liquidação e da partilha Desde 1 de Janeiro de 2014, os rendimentos decorrentes da partilha consubstanciarão em maisvalias, até então em resultado da partilha poderia apurar-se um rendimento de capitais e/ou maisvalias. Em termos práticos, significa que deixará de se aplicar aos rendimentos em causa o mecanismo de atenuação de dupla tributação (consideração do rendimento em apenas 50%). Mais-valias Alarga-se o âmbito da incidência dos rendimentos de mais-valias, passando a estar abrangidos os rendimentos decorrentes da extinção ou entrega das partes sociais das sociedades fundidas, cindidas ou adquiridas no âmbito de operações de fusão, cisão ou permuta de partes sociais. Agregado familiar do dependente em caso de divórcio ou separação judicial dos progenitores Clarifica-se que sempre que haja responsabilidades parentais exercidas em comum por ambos os progenitores, o dependente integra o agregado do progenitor a que corresponder a residência determinada no âmbito da regulação do poder paternal ou no caso de não ser apurada a sua residência o dependente integra o agregado do progenitor com o qual tenha identidade de domicílio fiscal a 31 de Dezembro do ano a que o imposto respeita. Mantêm-se a regra de dedução à coleta, que continua a ser efetuada a 50% por cada um dos progenitores. Regime opcional para os residentes noutro Estado-Membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu Este regime opcional passa a abranger todas as categorias de rendimentos obtidos em território português e não apenas os rendimentos de trabalho dependente (categoria A), do trabalho independente (categoria B) e pensões (categoria H). Englobamento Caso o sujeito passivo opte pelo englobamento dos rendimentos sujeitos a tributação por taxas liberatórias e autónomas, passa também a englobar todos os outros rendimentos relativamente aos quais esteja previsto o direito de opção pelo englobamento. Rendimentos empresariais e profissionais É aumentado de 150.000 para 200.000 o limite aplicável para efeitos de enquadramento no regime simplificado. 2

Para efeitos de determinação do rendimento tributável, no âmbito do regime simplificado, os coeficientes evoluíram da seguinte forma: Rendimentos Anteriores OE 2014 Vendas de mercadorias e produtos e prestações de serviços efetuadas no âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas 0,20 0,15 Rendimentos das atividades profissionais constantes da tabela referida no Código do IRS 0,75 0,75 Rendimentos provenientes dos contratos que tenham por objeto a cessão ou utilização temporária de propriedade intelectual ou industrial, ou a prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico, rendimentos de capitais imputáveis a atividades geradoras de 0,75 0,95 rendimentos da categoria B, resultado positivo de rendimentos prediais, saldo positivo das mais e menos-valias e restantes incrementos patrimoniais Subsídios destinados à exploração 0,20 0,10 Subsídios não destinados à exploração 0,75 0,30 Restantes rendimentos da categoria B, exceto os subsídios não destinados à exploração 0,75 0,10 Até 31 de Janeiro de 2014, os sujeitos passivos do IRS enquadrados no regime simplificado podem livremente optar pelo regime da contabilidade organizada. Dedução de prejuízos Em conformidade com a alteração realizada em sede de IRC, foi, também, em matéria de IRS alterado o período de reporte dos prejuízos no âmbito da categoria B de 5 para 12 anos. O disposto aplica-se a prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de Janeiro de 2014. Taxas de tributação autónoma Os encargos de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas passam a ser tributados autonomamente às seguintes taxas: 10% quando o custo de aquisição seja inferior a 20.000, e 20% quando o custo de aquisição seja igual ou superior a 20.000. Continuam, ao contrário do que acontece em sede de IRC, a ser sujeitos a tributação autónoma os encargos que sejam dedutíveis e não os suportados. Sobretaxa em sede de IRS Mantém-se a aplicação da sobretaxa de IRS de 3,5% nos mesmos termos do ano de 2013. Indexante de Apoios Sociais (IAS) Mantém-se a para o ano de 2014 o valor do IAS, o qual ascende a 419,22. 3

Disposições transitórias Sujeitos passivos com deficiência Os rendimentos brutos de cada uma das categorias A, B e H auferidos por sujeitos passivos com deficiência são considerados, para efeitos de IRS, apenas em 90% em 2014. Contudo, a parte excluída de tributação não pode exceder, por categoria de rendimentos, 2.500. Retenções na fonte O limite de retenção mensal de IRS sobre os rendimentos do trabalho dependente e de pensões passa para 45% (40% em 2013). Procedeu-se à retificação do diploma de retenções na fonte, ajustando as taxas de retenção às alterações verificadas no OE 2013. Certificados de residência fiscal O Orçamento de Estado prevê que, a partir de 1 de Janeiro de 2014, para assegurar a dispensa de retenção ou o reembolso dos montantes retidos, consoante o caso, o não residente poderá apresentar o formulário RFI sem que o mesmo se encontre certificado, desde que nesse caso se anexe um documento emitido pelas autoridades competentes do respetivo Estado de residência, que ateste a sua residência para efeitos fiscais no período em causa e a sujeição a imposto sobre o rendimento nesse Estado. IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO (IVA) Taxas As taxas de IVA aplicáveis à Região Autónoma dos Açores passam agora a 5% (4%), 10% (9%) e 18% (16%). Dedução de IVA contido em créditos de cobrança duvidosa É limitado a dois anos (contados do primeiro dia do ano civil seguinte ao da verificação dos pressupostos) o prazo dentro do qual os sujeitos passivos podem recuperar o IVA relativo a: Créditos em cobrança duvidosa há mais de 6 meses, cujo valor não seja superior a 750, IVA incluído, e o devedor seja sujeito passivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a dedução ou particular; Créditos incobráveis. O prazo referido aplica-se apenas aos créditos vencidos a partir de 1 de Janeiro de 2013. Sempre que se verifique a recuperação do IVA de créditos incobráveis, cujo devedor seja um sujeito passivo de imposto, é obrigatório comunicar ao adquirente a anulação total ou parcial do imposto. 4

Regime do IVA de Caixa Clarifica-se que o direito a dedução do IVA suportado por parte dos clientes de entidades sujeitas ao regime do IVA de caixa se rege pelas regras gerais, devendo a dedução do IVA suportado efetuar-se na declaração do período ou do período seguinte àquele em que se tiver verificado a receção da fatura. Regime de bens em circulação Alarga-se o âmbito da exclusão da aplicação do regime de bens em circulação para o transporte dos seguintes bens: Provenientes da aquicultura; Que se destinem à produção agrícola, apícola, silvícola, transportados pelo produtor agrícola ou por sua conta; Equiparados a resíduos sólidos urbanos; Resíduos hospitalares sujeitos a guia de acompanhamento; A entregar pelas IPSS aos utentes; Recolhidos no âmbito de campanhas de solidariedade social efetuadas por organizações sem fins lucrativos; Resultantes ou necessários à prossecução das atividades desenvolvidas por entidades do sector empresarial local ou Estado que se dediquem à gestão de sistemas de abastecimento de água, de saneamento ou resíduos urbanos. A emissão de documento global de transporte passa a ser possível nos casos em que os bens a entregar em cada local de destino não sejam conhecidos no momento do início do seu transporte. No caso da entrega efetiva dos bens, passa a ser obrigatória a emissão de guia de remessa/transporte, fatura ou fatura simplificada. No caso da saída de bens a incorporar em prestação de serviços, passa a ser obrigatório a emissão de documento próprio processado nos mesmos termos exigidos para os documentos de transporte. Deixa de ser possível a emissão e folhas de obra sem formalismos. Os documentos de transporte passam a poder ser emitidos por terceiros, em nome e por conta do remetente, mediante acordo prévio. Podendo esses documentos ser emitidos por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. As penalizações decorrentes das omissões ou inexatidões verificadas nos documentos de transporte passam a ser aplicáveis ao remetente dos bens ou terceiros que os emitam em seu nome ou por sua conta. A apreensão dos bens em circulação pelas entidades fiscalizadoras fica limitada aos casos em que existam indícios de prática de infração criminal. Regime da renúncia à isenção de IVA nas operações relativas a bens imóveis Nos casos de grandes obras de transformação ou renovação do imóvel passa a ser possível renunciar à isenção de IVA, sempre que exista um aumento no valor patrimonial tributário do imóvel para efeitos do IMI em 30% (anteriormente, 50%). Aumenta de 3 para 5 anos o prazo durante qual o imóvel pode estar não afeto a operações tributadas sem que tal se imponha a obrigatoriedade de se efetuarem regularizações de imposto a favor do Estado. 5

Vendas a exportadores A isenção de IVA nas vendas de mercadorias de valor superior a 1.000,00 passa aplicar-se a qualquer exportador, seja ou não nacional. Autorização legislativa O Governo fica autorizado a proceder à transposição para a ordem jurídica interna da nova regra de localização das prestações de serviços de telecomunicações, de radiofusão ou televisão e serviços prestados por via eletrónica a não sujeitos passivos. Segundo esta nova regra, estes serviços serão tributados onde o adquirente não sujeito passivo se encontre estabelecido, tenha domicílio ou residência habitual. Financiamentos a curto prazo IMPOSTO DE SELO Passa a ser aplicável a isenção de Imposto de Selo a operações de financiamento de prazo inferior a um ano, incluindo os respetivos juros, destinados exclusivamente à cobertura de carências de tesouraria concedidos por quaisquer sociedades a favor de sociedades por elas dominadas ou que detenham uma participação de, pelo menos, 10% do capital com direito de voto ou cujo valor de aquisição não seja inferior a 5.000.000, bem como as operações de financiamento efetuadas em benefício da sociedade dominante pelas participadas que se encontrem em relação de domínio ou de grupo. Obrigações dos sujeitos passivos Estabelece-se a obrigatoriedade de no anexo Q da IES se discriminar o valor tributável das operações isentas. Desta forma, passa a ser obrigatório declarar anualmente pela entidade financiadora os suprimentos realizados às suas participadas. Imóveis com VPT igual ou superior a 1.000.000 Passa a ser tributada em sede de Imposto de Selo, à taxa de 1%, para além da sujeição a IMI, os terrenos para construção cuja edificação, autorizada ou prevista, seja para habitação, e cujo valor patrimonial seja igual ou superior a 1.000.000. Constituição de garantias Fica isenta de imposto de selo a constituição de garantias em 2014 a favor do Estado ou das instituições de Segurança Social, no âmbito de aplicação do artigo 196.º do CPPT (pagamento em prestações de dívidas em processo de execução fiscal) ou do Decreto-lei n.º 124/96, alterado pelo Decreto-lei n.º 235-A/96 (processo especial de regularização de dívidas fiscais e à segurança social). Autorização legislativa Tributação das transações financeiras É mantida a autorização legislativa que prevê a tributação em sede de imposto de selo, até 0,3%, a incidir sobre a generalidade das transações financeiras 6

IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS (IMI) Isenções Passam a estar abrangidos pela isenção de IMI os hospitais e unidades de saúde constituídos em entidades públicas empresariais (EPE) em relação aos imóveis nos quais sejam prestados cuidados de saúde. Taxas Concluída a avaliação geral dos prédios urbanos, as taxas aplicáveis para prédios urbanos passam apenas a poder variar entre 0,3% e 0,5%. Reclamação de matrizes O VPT passa a ser objeto de alteração, com fundamento na respetiva desatualização, decorridos três anos sobre a data do pedido ou da promoção oficiosa da inscrição ou atualização do prédio na matriz, ao invés de ser contado a partir do momento de encerramento da matriz (31 Dezembro). O VPT resultante da avaliação geral de prédios só pode ser objeto de alteração com fundamento na respetiva desatualização, a partir do terceiro ano seguinte ao da sua entrada em vigor para efeitos do IMI. IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE AS TRANSMISSÕES ONEROSAS DE IMÓVEIS (IMT) Caducidade da isenção pedido de liquidação O pedido de liquidação do IMT, nos casos em que tenha caducado a isenção ou a redução de taxa de IMT, passa a ser efetuado no serviço de finanças onde foi apresentada a declaração Modelo 1 de IMT ou, no caso de não ter havido lugar a essa apresentação, no serviço de finanças da localização do imóvel. Estatuto dos benefícios fiscais SGPS, SCR e ICR É revogado o regime especial de tributação das mais-valias e menos-valias aplicável às SGPS, SRC e ICR, fruto das alterações ocorridas no âmbito da reforma do IRC, designadamente a criação de um regime de participation exemption. Zona Franca da Madeira O regime fiscal aplicável às entidades licenciadas na Zona Franca da Madeira foi alargado às entidades licenciadas até 30 de Junho de 2014. Contudo, o regime fiscal apenas produzirá efeitos após aprovação pela Comissão Europeia. 7

Benefícios fiscais ao investimento produtivo Foram revogados os benefícios fiscais aos projetos de investimento direto efetuados por empresas portuguesas no estrangeiro. Foi revogado o artigo 42.º que previa a eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos por sociedades residentes nos países africanos de língua oficial portuguesa e na República Democrática de Timor-Leste, fruto da criação do regime participation exemption no âmbito da reforma do IRC. Benefícios fiscais relativos a bens imóveis A aquisição e detenção de imóveis por fundos de investimento imobiliário (FII) abertos ou fechados de subscrição pública, por fundos de pensões e fundos de poupança-reforma, que se constituam e operem de acordo com a legislação nacional, passam a ser tributadas em sede de IMT e IMI, sendo as taxas reduzidas para metade. Restruturação empresarial O regime fiscal previsto em sede de benefícios fiscais aplicável a operações de reorganização societária sofre alterações substanciais. Passam a ser considerados atos de concentração para efeitos de atribuição dos benefícios fiscais à reestruturação empresarial: A incorporação por uma sociedade do conjunto ou de um ou mais ramos de atividade de outra sociedade sem obrigatoriedade de atribuição de partes de capital como contrapartida e sem restrições quanto à natureza da atividade exercida pelas sociedades; e A cisão de uma sociedade, sem que a mesma tenha de dar lugar a um fusão. É eliminada a exigência de as sociedades envolvidas na operação exercerem, efetivamente e diretamente, a mesma atividade económica ou atividades económicas integradas na mesma cadeia de produção e distribuição do produto. É harmonizado o conceito de ramo de atividade para efeitos do presente regime com a definição prevista no regime de neutralidade fiscal estabelecido no código do IRC. Estabelece-se um prazo de 3 meses a contar da data de notificação do despacho do membro do Governo responsável pela área das finanças, para solicitar o reembolso dos impostos. Prédios situados nas áreas de localização empresarial (ALE) É prorrogado o benefício de isenção do IMI e IMT aplicável a bens imóveis situados nas ALE a imóveis adquiridos ou concluídos até 31 de Dezembro de 2014. Dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR) É criado um benefício ao reinvestimento de lucros, com vista a incentivar o reforço dos capitais próprios, pela via da não distribuição de lucros, em investimento a realizar por pequenas e médias empresas. O DLRR é aplicável a empresas residentes e não residentes com estabelecimento estável em Portugal que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, desde que cumulativamente: 8

Sejam consideradas pequenas e médias empresas, nos termos previstos no anexo ao Decreto-lei n.º 372/2007, de 6 de Novembro; Disponham de contabilidade organizada nos termos legais em vigor; O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos; e Tenham a sua situação fiscal e contributiva regularizada. Os sujeitos passivos podem deduzir à coleta de IRC, nos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de Janeiro de 2014, até 10% dos lucros retidos que sejam reinvestidos em ativos elegíveis, no prazo de dois anos contado a partir do final do período de tributação a que correspondam os lucros retidos. Relativamente ao primeiro período de tributação em que vai vigorar a DLRR, o prazo para a realização dos investimentos elegíveis, é de 3 anos. Isto é, nos casos em que o período de tributação coincida com o ano civil, ou lucros relativos a 2014 poderão ser reinvestidos em ativos elegíveis nos anos de 2014, 2015 e 2016. O DLRR permite uma dedução à coleta de IRC, até ao limite de 25% da mesma com o limite de 5.000.000 por período de tributação e por sujeito passivo. Consideram-se ativos elegíveis os ativos fixos tangíveis, adquiridos em estado de novo, com exceção de: Terrenos, salvo no caso de se destinarem à exploração de concessões mineiras, águas minerais naturais e de nascente, pedreiras, barreiros e areeiros em projetos de indústria extrativa; Construção, aquisição, reparação e ampliação de quaisquer edifícios, salvo quando afetos a atividades produtivas ou administrativas; Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, barcos de recreio e aeronaves de turismo; Artigos de conforto ou decoração, salvo equipamento hoteleiro afeto à exploração turística; Ativos afetos a atividades no âmbito de acordos de concessão ou de parceria público-privada celebrados com entidades do sector público. São elegíveis as aquisições, bem como as adições aos investimentos em curso que não sejam consideradas meros adiantamentos, excluindo-se as transferências de investimentos em curso para ativo firme. A dedução à coleta do IRC no caso dos ativos adquiridos em regime de locação financeira é condicionada ao exercício da opção de compra pelo sujeito passivo no prazo de 5 anos contado da data de aquisição. Os ativos elegíveis em que se tenha concretizado o reinvestimento de lucros retidos devem ser detidos e contabilizados de acordo com as regras que determinam a sua elegibilidade por um período mínimo de 5 anos. No caso de ocorrer a transmissão onerosa desses ativos, o sujeito passivo deve reinvestir, no mesmo período de tributação ou no período de tributação seguinte, o respetivo valor de realização em ativos elegíveis, os quais devem ser detidos, pelo menos, pelo período necessário para completar o prazo de 5 anos. O incumprimento do disposto neste regime fiscal implica a devolução do montante de imposto que deixou de ser liquidado na parte correspondente aos ativos relativamente aos quais não seja exercida a opção de compra ou que sejam transmitidos antes decorrido o prazo de 5 anos, o qual é adicionado ao montante de imposto a pagar relativo ao período em que se verifiquem esses factos, acrescido dos correspondentes juros compensatórios majorados em 15 pontos percentuais. A DLRR não é cumulável com outros benefícios fiscais da mesma natureza, sendo contudo, cumulável com outros benefícios que não sejam de carácter fiscal, como é o caso do SI I&DT Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico nas Empresas, do SI Inovação Sistema de Incentivos à Inovação, do SI Qualificação PME Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME. 9

Os beneficiários do presente regime deverão constituir, no balanço, uma reserva especial correspondente ao montante dos lucros retidos e reinvestidos, a qual não pode ser utilizada para distribuição aos sócios, até ao fim do 5º exercício posterior ao da sua constituição. Deverão, igualmente, dotar o dossier fiscal com documentação que permita comprovar o montante dos lucros retidos e reinvestidos, das despesas de investimento em ativos elegíveis, do respetivo montante e de outros elementos considerados relevantes e divulgar no ABDR do exercício da dedução o montante de imposto que deixou de ser pago em resultado da DLRR. A DLRR está excluída do âmbito da aplicação do n.1 do artigo 92º do Código do IRC (Resultado da liquidação). CÓDIGO FISCAL DO INVESTIMENTO Passa a regulamentar os benefícios fiscais contratuais, condicionados e temporários, suscetíveis de concessão ao abrigo do artigo 41.º do EBF, o regime fiscal de apoio ao investimento (RFAI) e o sistema de incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento empresarial II (SIFIDE II). São revogados os benefícios fiscais concedidos a investimentos com vista à internacionalização (como já acima referido). SIFIDE II É alargado o período de vigência do SIFIDE II até ao período de tributação de 2020. Não são elegíveis as despesas incorridas com projetos de investigação e desenvolvimento realizados exclusivamente por conta de terceiros. É revogada a limitação à elegibilidade das despesas com pessoal qualificado e diretamente envolvido em tarefas de investigação, estabelecida para empresas não PME. Os custos com registo e manutenção de patentes, bem como as despesas com auditorias à investigação, passam a ser elegíveis para todas as entidades. Passam a ser majoradas em 20 pontos percentuais as despesas incorridas com pessoal afeto a atividades de investigação, desde que sejam doutorados. É revogada a majoração da taxa de incentivo incremental e alargado para 8 anos o período de reporte fiscal que, por insuficiência de coleta, não possa ser deduzido no período em que as respetivas despesas sejam realizadas. As entidades interessadas em recorrer ao SIFIDE II são obrigatoriamente submetidas a uma auditoria tecnológica no final da vigência dos projetos. Passa a prever-se que a declaração comprovativa do SIFIDE II constitui uma decisão administrativa para efeitos do disposto no n.º 3 do artigo 122.º do Código do IRC. Desta forma, o prazo para apresentação da declaração de substituição passa a contar-se apenas da data em que o declarante tiver conhecimento da declaração comprovativa a que tem direito no âmbito do SIFIDE II. Informações vinculativas JUSTIÇA TRIBUTÁRIA Passa ser possível recorrer judicialmente da recusa, por parte da AT, em prestar uma informação vinculativa. Os sujeitos passivos podem solicitar a um tribunal a apreciação do conteúdo de uma informação vinculativa. 10

Orientações genéricas A AT passa a estar obrigada a rever as suas orientações genéricas constantes de circulares, regulamentos ou instrumentos de idêntica natureza, em função da jurisprudência dos tribunais superiores. Fraude contra a Segurança Social A vantagem ilegítima, necessária para preencher a moldura penal da fraude contra a Segurança Social, elava-se para 7.500. Grupos de sociedades A falta de apresentação, ou apresentação fora do prazo legal da declaração referente a alterações na composição do grupo tributado ao abrigo do RGETS, bem como a cessação da aplicação desse regime, passa a ser punível com coima de 500 a 22.500. Comunicação da admissão de trabalhadores SEGURANÇA SOCIAL A admissão de trabalhadores passa a ser comunicada, obrigatoriamente, no sítio da internet da Segurança Social, com exceção dos trabalhadores do serviço doméstico, em que aquela pode ser efetuada através de qualquer meio escrito. Membros dos Órgãos Estatutários Os Membros dos Órgãos Estatutários passam a contribuir sobre o valor das remunerações efetivamente auferidas em cada uma das entidades em que exerçam mandato, sem qualquer limite máximo. Carácter de regularidade Esclarece-se que para efeitos de determinação do carácter regular dos prémios, bónus ou outros auferidos pelos trabalhadores por conta de outrem, se passa a considerar que um pagamento assume regularidade sempre que o colaborador possa contar com o seu recebimento e cuja concessão tenha lugar com uma frequência igual ou inferior a cinco anos. Trabalhadores Independentes Os trabalhadores independentes passam a ter a possibilidade de optar por efetuar contribuições sobre um escalão que se situe entre os dois escalões imediatamente inferiores ou superiores àquele que lhes é aplicável. A opção poderá ser feita em fevereiro e junho de cada ano e produz efeitos a partir do mês seguinte. 11