AS PREOCUPAÇÕES METODOLÓGICAS A participação do aluno na elaboração de seu conhecimento é um dos pontos fundamentais da concepção atual de aprendizagem. Esta participação deve, porém, ser orientada tendo em vista os conceitos a serem construídos, bem como as tarefas a serem realizadas para que esta construção se efetive. Para tanto, a função do professor deve ser a de orientador da aprendizagem, isto é, a de instigador de idéias, de orientador de rumos, num trabalho com erros e acertos. Assim, a proposta de desenvolvimento de um tema, com os alunos, pode ter como ponto de partida a colocação de um problema, a partir do qual se iniciará a discussão da idéias centrais do tema em questão, levando em conta os objetivos que se quer atingir. Por problema, entenda-se uma situação que desafie o aluno a refletir, a levantar hipóteses, a procurar caminhos para soluciona-los, a buscar novas aplicações de conceitos e a aprofundar a compreensão dos mesmos, a exercitar a criatividade, a generalizar propriedades, a descobrir outras soluções e a discuti-las, verificando as condições para que elas sejam válidas. A Estatística é um dos mais recentes ramos do conhecimento científico. Só em finais do século ΧIΧ surgem as primeiras teorias estatísticas. Os resultados obtidos com a aplicação dos métodos estatísticos na resolução de problemas dos diversos domínios do conhecimento, aliados à evolução tecnológica dos últimos anos, fizeram que os conhecimentos estatísticos se tornassem indispensáveis em todos os domínios.
A discordância quanto ao modo como a Estatística estava sendo ensinada nas escolas provocou o aparecimento de vários artigos e estudos sobre os conteúdos estatísticos e sobre seu ensino. A generalização do ensino da Estatística a todos os alunos, posta em prática com a aplicação dos novos currículos nas escolas, foi acompanhada de vários artigos e debates sobre os problemas relacionados com seu ensino, nomeadamente, acerca dos conteúdos e metodologias que permitem enfatizar as suas potencialidades educativas. Assim, ensinar Estatística para quê, o que ensinar, como ensinar, como aprendem os alunos e quem deve ensinar Estatística, foram alguma das questões que continuaram a provocar reflexões sobre o ensino e a aprendizagem da Estatística. É consensual que o ensino da Estatística pode constituir um campo favorável ao desenvolvimento cultural, científico e tecnológico para compreender a realidade e abordar situações e problemas do cotidiano, permitindo ao aluno o seu envolvimento em experiências de aprendizagens ricas e diversificadas. De fato: (i) a Estatística é um tema privilegiado para a realização de trabalho de projeto, (ii) esta modalidade de trabalho favorece o desenvolvimento de competências no âmbito dos valores e da cidadania, (iii) a concretização de projetos integrados de vários saberes, evidenciando as suas conexões, favorece a atribuição de significado às aprendizagens dos alunos e (iv) a realização de projetos de investigação, adequados aos seus interesses e capacidades, propicia o desenvolvimento de competências essenciais como formular questões e conjecturas, planejar e concretizar experiências com vista à obtenção de respostas para as questões formuladas, recolher e analisar dados, bem como, tirar conclusões e comunicar resultados.
As questões de investigação dizem respeito ao modo como os alunos formulam questões e conjecturas, como recolhem e analisam seus dados, como tomam decisões e comunicam os resultados da sua experiência e ainda ao modo como usam os conceitos estatísticos na realização da tarefa proposta. A TAREFA Trata-se de um projeto de investigação, no qual os alunos são desafiados a traçar o perfil do aluno típico da sua turma. Para resolverem este desafio, necessitam de coletar os dados que podem ser obtidos através de diversas técnicas e correspondem a diferentes tipos de variáveis estatísticas. Este projeto é interessante, pois torna o ambiente dinâmico e de caráter experimental que recolhe dados relativos a uma grande diversidade de variáveis: peso, altura, número de irmãos, esporte preferidos, cor de olhos e de cabelo, e outras que os alunos vão criar. Para obterem seus dados, os alunos efetuam medições, fazem perguntas e observam algumas características dos seus colegas, fazendo deste modo diferentes técnicas de coleta de dados. Na posse desses dados, os alunos vão organizá-los e resumi-los para os interpretarem. Este contato com diferentes modos de coletar, organizar e representar dados conduz os alunos a um entendimento da linguagem e dos métodos estatísticos que ultrapassa a sua mera execução algorítmica. A apropriação deste métodos é feita em contextos significativos onde estes os utilizam funcionando com se fossem estatísticos de verdade. A relevância do tema e a estrutura aberta dessa tarefa podem proporcionar um ambiente de aprendizagem significativa, de caráter experimental, permitindo trabalhar de forma integrada os conteúdos matemáticos de dois domínios: Estatística e Números e Cálculos. Por outro lado, o envolvimento de conteúdos não
matemáticos pode favorecer a participação de todos os alunos, incluindo os de menor desempenho matemático. ELABORAÇÃO DA TAREFA Durante esta fase de preparação da tarefa temos que discutir alguns aspectos relacionados com sua aplicação, como a dinâmica das aulas, a gestão do tempo e modo de como vai ser avaliado o trabalho dos alunos. Segundo Ponte (2003) a opção pelo trabalho em pequeno grupo pode levar os alunos com menor desempenho matemático a se sentirem menos inibidos para manifestarem as suas opiniões. Nos períodos dos debates envolvendo toda turma devemos deixar que, a troca de experiências e significados, iniciada no grupo, seja alargada a todos os alunos. Nesta troca devemos incluir também os conceitos estatísticos que os alunos vão utilizando, aproveitando a oportunidade para os clarificar e formalizar. A tarefa fica dividida em três fases: preparação das questões de investigação (objetivo, problema e hipótese, questionário), coleta dos dados (instrumentos para a coleta de dados e procedimento) e organização e representação dos dados (gráficos e tabelas). Na terceira fase, na organização desses dados comparam, ordenam, agrupam e procuram relações entre os números que obtiveram através de medições de grandezas associadas ao seu corpo, melhorando sua compreensão global dos números e desenvolvendo a sua sensibilidade para a ordem de grandeza deste. Esses números deixam de ser entidades abstratas e adquirem significados. O tratamento dos dados engloba ainda a sua representação gráfica. Estas informações serão dadas aos alunos, à medida das suas necessidades, e a partir do
conhecimento que já possuem. E teremos o mesmo procedimento com as medidas de tendência central. APRESENTAÇÃO DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS As tabelas, gráficos e figuras constituem elementos gráficos que representam dados ou informações com a finalidade de sintetizar as observações, facilitando sua leitura e compreensão. Temos os seguintes critérios para apresentação das tabelas, gráficos e figuras: a) devem ser dotados de todas as informações necessárias a uma completa compreensão do conteúdo, e apresentados de maneira mais simples e objetiva possível; b) quando inseridos em um texto, devem estar localizados próximos ao trecho em que são citados pela primeira vez, separados da linha de texto precedente por uma linha em branco; c) devem ser alinhados preferencialmente nas margens laterais do texto e, quando pequenos devem ser centralizados; d) devem ser colocados de tal forma que sua leitura seja feita no sentido horário; e) deve-se evitar o formato maior do que aquele adotado para o texto (formato A4); em alguns casos pode ser feita a redução gráfica, desde que não prejudique a legibilidade do material reduzido; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICAS. Apresentação de citações em documentos, NBR 105220. Rio de Janeiro, 1992 DA PONTE, J.P. e All. Investigações Matemáticas em Sala de Aula. Editora Autêntica, 2003.