DISCIPLINA: MODERNIDADE E ENVELHECIMENTO 3º E 5º SEMESTRE: SERVIÇO SOCIAL - UNICASTELO OS IDOSOS, AS REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS E AS RELAÇÕES FAMILIARES AUTORA: ANDRÉA MORAES ALVES PROFª MARIA APARECIDA DA SILVEIRA
OS IDOSOS, AS REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS E AS RELAÇÕES FAMILIARES Quando se reporta a história da velhice e do envelhecimento na cultura ocidental, o mundo do trabalho, a saúde e o corpo aparecem como assuntos inevitáveis. Isto é se, compararmos com a importância que têm para a história da infância e da juventude, as esferas da família e das relações de sociabilidade não tem o mesmo status para com os mais velhos. (os estudos sobre a velhice é relativa recente a consideração das relações familiares e sociais). Anos 1970 surgem as questões da família e da sociabilidade nos estudos sobre a velhice no Brasil. Este fato coincide com o movimento das pessoas idosas, principalmente as mulheres, para fora dos domicílios. Na visão binária de família (extensa e patriarcal X nuclear e conjugal) cedeu espaço para a ideia da pluralidade das composições familiares. Família moderna: voltada para a realização individual dos seus membros principalmente dos filhos cede lugar para uma imagem de família permeada por tensão constante entre laços de dependência e escolha pessoal.
OS IDOSOS, AS REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS E AS RELAÇÕES FAMILIARES No campo de estudos sobre a família contemporânea, os velhos, no papel de avós, surgem como personagens que põem em xeque o retrato individualista da família conjugal restrita aos pais e filhos, isolados dos demais parentes: A relação desses avós com seus netos é essencial para o desenvolvimento da subjetividade desses netos, que não têm como única referência os pais. Não se trata daquela prisão metafórica, onde os filhos ficam trancados no apartamento, encarando os pais, todos se odiando secretamente. Há oportunidade de convívio com outras pessoas, e os avós são particularmente importantes com todas as tensões, os conflitos de geração, as diferenças de opinião. (Gilberto Velho, 1987, p.85)
OS IDOSOS, AS REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS E AS RELAÇÕES FAMILIARES No âmbito da sociabilidade extradomiciliar, a chamada terceira idade criou um campo semântico novo com referência a uma velhice prazerosa, feliz e relativamente livre de preconceitos. Essa nova imagem de velhice é fenômeno interessante, posto que surge na esteira de uma série de outras transformações da sociedade contemporânea, entre elas a valorização do corpo e da juventude, do consumo e do bem estar individual (Debert, 1997).
O LUGAR DA FAMÍLIA PARA O IDOSO A composição domiciliar dos idosos brasileiros, tem um claro recorte de gênero: Homens que reside com as esposas - 71% Homens filhos/filhas - 51% Mulheres 57% reside com filhos/as Esposas são apontadas como as que cuidam dos seus maridos idosos - 58% Mulheres filhos/as que cuidam das mães idosas 36% Os casamentos são corriqueiros na vida dos idosos: apenas 6% são solteiros e 6% nunca tiveram ou não tem filhos. O casamento é uma garantia de atenção que se tem na velhice.
O LUGAR DA FAMÍLIA PARA O IDOSO Pesquisa (Andrea M. Alves) que apenas 15% dos idosos brasileiros vivem só. As mulheres se destacam em relação aos homens Viver só não é sinônimo de abandono não significa que não cuidados ou companhia de outros pág. 127. O aumento da idade e a distância entre homens e mulheres torna-se explícita: quanto mais velha a mulher, mais sem apoio ela tende a ficar. O que faz com que ocorra esse progressivo isolamento das mulheres idosas? O número de mulheres casadas se reduz drasticamente. Entre os homens são as parceiras que permanecem ao lado deles.
O LUGAR DA FAMÍLIA PARA O IDOSO A redução do número de filhos e a instabilidade dos laços conjugais observados hoje entre as gerações mais jovens podem indicar, no futuro, que esse suporte oferecido aos idosos deve ser revisto tanto para os homens como para as mulheres. A sociedade e os indivíduos devem se preocupar desde já com a disponibilidade de auxílios não baseados no vínculo conjugal e na parentalidade para as gerações de idosos no futuro.
O LUGAR DA FAMÍLIA PARA O IDOSO Idosos chefes de família 71% - suporte material A origem dos recursos do suporte material: aposentadorias, pensões e atividades de trabalho e contribuem com a manutenção da casa. 88% de idosos contribuem com a renda familiar. Poder restrito: sua opinião não é relevante (quanto mais idoso menos relevante). Há uma dicotomia entre a chefia material e a subordinação de opinião do outro dado interessante na dinâmica intergeracional nas famílias em relação ao lugar dos idosos na vida social. P. 129
O VALOR DA AMIZADE Na literatura das ciências sociais (escassa): a amizade é vista em geral como uma relação afetiva e voluntária, que envolve práticas de sociabilidade, trocas íntimas e ajuda mútua, e necessita de algum grau de equivalência ou de igualdade entre amigos (Rezende, 2002, p.69). 50% dos idosos afirmam receber visitas semanais de amigos 49% dos idosos recebem visitas semanais de parentes 30% declaram fazer visitas semanais a amigos 24% fazem visitas a amigos e parentes Observa-se que entre os idosos é mais comum receber, do que fazer as visitas. Isto pode estar relacionado ao aspecto das condições de saúde, deslocamento nos espaços urbanos.
O VALOR DA AMIZADE As amizades dos idosos colocam em cena as afinidades de gosto, de estilo de vida e uma outra linguagem de sentimento que apela mais abertamente para as dimensões negociadas das relações. A intimidade e a reciprocidade implicadas nas relações de amizade favorecem a construção de uma identidade comum e o estabelecimento de laços de ajuda e de conforto emocional. A casa, as ruas dos bairro e as igrejas ou templos são os lugares mais citados de encontro com os amigos. A vida no bairro é um elemento presente no cotidiano dos idosos.
VIDA EM CASA E NA RUA No plano dos ideais, os idosos apontam que gostariam de ter mais dinheiro e condições de saúde para fazer atividades fora de casa, como viajar. Essa valorização dos passeios e de viagens pode ser interpretada com um efeito da ênfase contemporânea numa velhice voltada para o prazer pessoal qualidade de vida e ao bem estar. No plano da prática cotidiana: existe uma vivência dos idosos no espaço do lar estendido a vizinhança aumenta na idade progressiva. A casa é o local mais citado para a realização de atividade de tempo livre 72%: ver TV, ouvir música, cuidar das plantas, fazer trabalhos manuais. Em relação as políticas públicas de atividades destinadas aos idosos: poucos conhecem ou acessam esses serviços grupo seleto e muitas vezes é específico.
TROCAS E EXPECTATIVAS: O PROBLEMA DAS GERAÇÕES Segundo Margareth Mead (antropóloga) as relações entre as gerações constituem o mecanismo básico de transmissão de saberes, costumes e práticas entre os indivíduos a base da sociedade. As relações intergeracionais correspondem a três modelos (ou culturas): a) Pós-figurativo: é aquela em que as crianças aprendem primordialmente com os mais velhos; b) Co-figurativa: é aquela em tanto os adultos quanto as crianças aprendem com seus pares; c) Pré-figurativa: aquela que os adultos também aprendem com os mais jovens.
TROCAS E EXPECTATIVAS: O PROBLEMA DAS GERAÇÕES As culturas pós figurativas têm como características centrais as gerações compartilharem a mesma perspectiva temporal, assim como as noções de que o tempo é imutável e o ciclo da vida é estável para todos os membros do grupo. A cultura pós-figurativa depende da presença real de três gerações. Por conseguinte este tipo de cultura é peculiarmente geracional. Sua continuidade depende dos projetos dos velhos e da implantação quase perfeita de tais projetos nas mentes dos jovens. Depende de que os adultos possam ver seus pais que os criaram enquanto criam os seus filhos da mesma forma pela qual foram criados (Mead, 2002, p. 39)
TROCAS E EXPECTATIVAS: O PROBLEMA DAS GERAÇÕES Co-figurativa: são os contemporâneos os responsáveis pela socialização dos indivíduos p. 134. (a ausência dessa troca/relação gera uma juventude rebelde) Basta os avós desaparecerem fisicamente do mundo onde se cria a criança que a forma como a criança experimenta seu futuro se abrevia em uma geração e seus vínculos com o passado se debilitam. Desaparece o traço essencial da cultura pós-figurativa: a inversão da relação do indivíduo com seu filho ou com seus próprios pais (Mead, 2002, p.76)
TROCAS E EXPECTATIVAS: O PROBLEMA DAS GERAÇÕES Margareth Mead: surgimento de novas tecnologias criou um novo contexto: a sensação de instabilidade e o isolamento das gerações. P.135 O mundo contemporâneo (1940) está baseado na valorização da mudança como traço importante das relações sociais e coloca nas gerações que chegam a responsabilidade de reinventar o mundo continuamente.
TROCAS E EXPECTATIVAS: O PROBLEMA DAS GERAÇÕES A Pesquisa SESC/FPA indica que existe uma troca entre as gerações e que ela ocorre em ambas as direções e são basicamente focadas no intercâmbio de dinheiro e serviços. Os idosos citaram que: Ser idoso atualmente é melhor do que eram antes, e que existem mais possibilidades de lazer e autosatisfação. Mas ressentem-se com os mais jovens ao afirmar que o desrespeito por parte deles é um fator ruim da velhice atual.
BIBLIOGRAFIA Idosos no Brasil: Vivências, desafios e expectativas na terceira idade (org.) Anita Liberalesso Neri São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, Edições SESC SP, 2007, 288 p.