HABILIDADES FINANCEIRAS DOS BRASILEIROS

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Transcrição:

HABILIDADES FINANCEIRAS DOS BRASILEIROS Abril 2016

INTRODUÇÃO Consumidor brasileiro ainda faz escolhas financeiras equivocadas, seja por inabilidade ou desconhecimento Manter as contas em dia, empregar os recursos financeiros da família com sabedoria, compreender quais são as vantagens e desvantagens numa compra a fim de escolher a melhor opção... São muitas as variáveis envolvidas no gerenciamento e na organização do orçamento pessoal, no dia a dia. A pesquisa Habilidades Financeiras dos Brasileiros conduzida pelo SPC Brasil e Portal Meu Bolso Feliz, revela que menos de quatro em cada dez brasileiros se sentem seguros para esta tarefa. A principal dificuldade para cuidar do próprio bolso parece ser a carência de conhecimentos a respeito de práticas financeiras. Sem dominar temas fundamentais para uma gestão eficiente, como juros cobrados no cartão de crédito ou modalidades de investimento, por exemplo, os consumidores acabam tomando decisões equivocadas. A dificuldade mais saliente, no entanto, é a de conter o impulso diante das promoções: muitas pessoas que cedem às compras não planejadas imaginam estar diante de uma oportunidade imperdível o que, frequentemente, não é verdade e pode provocar desequilíbrios no orçamento. 2

Boa parte dos brasileiros se sente insegura para lidar com o próprio dinheiro A pesquisa mostra que apenas 38% dos entrevistados sentem-se seguros a respeito de seus conhecimentos para gerenciar/organizar seu dinheiro, com percentuais mais expressivos entre os homens (43,1%), pessoas mais velhas (62,4%) e pertencentes à Classe A/B (60,6%). Outros 38,8% sentem-se inseguros, enquanto 23,2% são indiferentes. Os entrevistados foram avaliados quanto ao grau de conhecimento sobre temas relacionados às práticas financeiras importantes para gerir/organizar adequadamente o dinheiro. Numa escala de 1 a 10, observase que as médias atribuídas pelos entrevistados não foram muito altas, sendo a maior média conferida à Administração do Orçamento Financeiro (6,6). Já o domínio que os entrevistados consideram ter de temas como Juros cobrados no cartão de crédito (6,5) e Juros cobrados em empréstimos (6,5) é ligeiramente menor, diminuindo ainda mais no caso do Melhor investimento (5,3) e dos Investimentos com melhores taxas de retorno (4,9). Em todas as habilidades investigadas, percebe-se que homens e a Classe A/B consideram ter mais conhecimentos sobre gestão do dinheiro quando comparados com os demais grupos. Para o educador financeiro do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, os resultados indicam que o conhecimento sobre as finanças dos consumidores ainda precisa evoluir significativamente: Os brasileiros precisam buscar mais informações, principalmente no caso do cartão de crédito. Desconhecer o mecanismo dos juros cobrados é perigoso, pois nesta modalidade a pessoa pode rapidamente perder o controle sobre uma dívida adquirida e ficar inadimplente. Grau de conhecimento relacionados às práticas financeiras para organização do dinheiro (considerando uma nota atribuída de 1 a 10) 6,6 Administração do Orçamento Financeiro 6,5 Juros cobrados no cartão de crédito 6,5 Juros cobrados em empréstimos 5,3 Melhor investimento 4,9 Investimentos com melhores taxas de retorno 3

Parte dos consumidores cede aos benefícios imediatos da compra por impulso A fim de investigar a capacidade de tomada de decisão de compras considerando conhecimentos consistentes sobre o universo básico das finanças pessoais, a pesquisa realizou cinco simulações de consumo ligadas a habilidades matemáticas e financeiras, envolvendo situações frequentes no cotidiano. A pesquisa testou como os entrevistados fariam escolhas diante de diferentes estratégias para o pagamento de dívidas e possibilidades de compras. O objetivo foi possibilitar a comparação entre essas escolhas e a visão que consumidores têm de si mesmos. Teste 1 Compra de um livro Dominar um simples cálculo matemático é algo que pode fazer diferença real no orçamento pessoal e familiar, ainda mais considerando a frequência com que as pessoas se deparam com possibilidade de escolha e realizam compras no dia a dia. Com o objetivo de testar a habilidade para calcular descontos e decidir sobre a melhor compra, considerando a posse imediata ou futura do produto, os consumidores foram estimulados a escolher entre a aquisição de um livro pela internet ou no shopping. R$ 20,00 No shopping R$ 20,00 30% de desconto No site R$ 10,00 de frente Sete em cada dez respondentes (75,8%) escolhem a melhor opção, ou seja, comprar o livro no shopping, com percentuais maiores observados entre os homens (80,5%). Por outro lado, 15,5% optam pela internet, sobretudo na Classe C/D/E (16,9%), mesmo que o frete acabe tornando a aquisição mais cara. 75,8% compram no shopping 15,5% compram no site 4

Teste 2 Pagamento parcial do cartão de crédito Quando se tem dívidas a pagar, a escolha errada para honrar o compromisso assumido pode agravar ainda mais a situação financeira. Por outro lado, os consumidores que compreendem o funcionamento das taxas de juros estão mais aptos a tomar decisões corretas, o que contribui para a gestão adequada do orçamento. O propósito do segundo teste era investigar a capacidade de escolha da melhor opção para o pagamento das dívidas, considerando os rendimentos de uma aplicação financeira e os juros que incidem no rotativo do cartão de crédito. Você tem uma determinada quantia na poupança ou outro investimento, e devido a alguns imprevistos, você não consegue pagar a fatura integral do cartão de crédito. O que você faria nesta situação? MELHOR OPÇÃO: usar parte da reserva financeira e pagar o cartão integralmente Diante de um cenário em que o entrevistado não consegue pagar o valor integral da fatura de cartão de crédito com sua renda, mas tem a opção de usar recursos aplicados na poupança ou outros investimentos, 65,2% decidem corretamente, utilizando o dinheiro guardado para pagar o valor integral do cartão, novamente com percentuais maiores entre os homens (72,2%), além das pessoas mais velhas (82,4%) e pertencentes à Classe A/B (85,3%). Apesar disso, parte significativa da amostra escolhe a pior opção, ao decidir pagar o mínimo da fatura do cartão (17,5%), principalmente as mulheres (21,2%) e os pertencentes à Classe C/D/E (20,1%), enquanto 8,9% pedem dinheiro emprestado para amigos ou familiares para pagar o valor integral do cartão. 29,3% dos que optam por pagar o mínimo do cartão, por exemplo, acreditam que agindo desta forma estão perdendo menos dinheiro. Outra prova de que há certa confusão por parte dos entrevistados que pagam a fatura mínima é o fato de que 48,2,% agem assim por não gostar de usar a reserva financeira, pois apreciam a segurança de ter dinheiro guardado para imprevistos. Para a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os resultados comprovam que a falta de conhecimento pode ser prejudicial: A opção por manter o recurso aplicado enquanto a dívida cresce pode ser explicada pela falta de conhecimento sobre as taxas de juros do cartão de crédito, que são altíssimas e superam amplamente o rendimento da poupança. Mesmo a opção de pedir dinheiro emprestado a amigos ou familiares, que dependendo do caso pode ser feita a taxas baixas ou sem a cobrança de juros, demonstra que não houve planejamento por parte do consumidor, e este continuará tendo uma dívida para liquidar. 65,2% 17,5% 8,9% Decidem corretamente, utilizando o dinheiro guardado para pagar o valor integral do cartão Pagam o mínimo da fatura do cartão Pedem dinheiro emprestado para amigos ou familiares para pagar o valor integral do cartão 5

Teste 3 Oferta de combo promocional Todos os dias os consumidores são expostos a inúmeras situações de compra em que podem gastar além da quantidade prevista inicialmente. Estimuladas por anúncios de descontos e promoções, muitas pessoas acabam comprando além do necessário, acreditando que a oferta é financeiramente vantajosa, o que nem sempre é verdade. O objetivo do terceiro teste foi avaliar o autocontrole para não ceder a uma compra desnecessária frente a uma vantagem promocional. Os consumidores foram convidados a imaginar uma situação aonde iam a uma lanchonete com a intenção de comprar apenas um sanduíche, e podiam optar entre a compra somente do lanche e de um combo/trio promocional completo, que custa mais caro. Os preços apresentados foram os seguintes: Sanduíche R$ 10,00 Refrigerante/suco R$ 6,00 Porção de batata R$ 5,00 Combo R$ 18,00 Neste cenário, a pesquisa mostra que 25,0% mantêm o objetivo inicial, adquirindo apenas o sanduíche, com percentuais maiores entre as pessoas mais velhas (34,7%) e os pertencentes à Classe A/B (32,5%). Em contrapartida, 58,2% acabam comprando o combo, principalmente as mulheres (62,7%), os mais jovens (68,0%) e os pertencentes à Classe C/D/E (60,6%). A sensação de estar fazendo um bom negócio é a principal razão da escolha do combo (89,8%), enquanto os que optam pelo sanduíche justificam sua decisão ao dizer que gostam de comprar apenas o que de fato precisam, gastando somente com coisas que são necessárias (89,1%). A esse respeito, José Vignoli explica que o benefício é ilusório, pois o consumidor termina por despender um valor que, em princípio, não estava nos planos: Qual é a vantagem de pagar menos se você vai gastar mais? Muitas pessoas pensam estar diante de boas oportunidades de consumo, quando, na verdade, deveriam pensar sobre a necessidade da compra. Se você vai adquirir algo de que não precisa, não há desconto suficiente para compensar essa despesa no seu orçamento. 58,2% Compram o combo 25,0% Adquirem apenas o sanduíche 6

Teste 4 Compra de um automóvel Adquirir um bem de alto valor é uma decisão que vai além de meramente possuir a quantia necessária ou ter um crédito aprovado para pagar pela compra. Ainda que o consumidor seja capaz de arcar com as prestações mensais, muitas vezes as novas despesas geradas podem sobrecarregar o orçamento e deixar o consumidor pressionado por uma dívida de longo prazo. O objetivo do quarto teste era justamente checar a desconsideração das consequências futuras em decisões de compra de alto valor, em virtude do benefício proporcionado pela posse do produto. Além disso, é investigada a inabilidade financeira para realizar os cálculos e avaliar a capacidade de pagamento frente ao orçamento mensal. Neste teste o consumidor é informado de que, hipoteticamente, ganha R$ 3.000,00 por mês. O custo fixo é de R$ 2.500,00, sendo que R$ 350,00 são gastos mensalmente com ônibus e táxi, mas há uma promoção de um carro popular com prestações de R$ 350,00. Diante desta hipótese, praticamente um em cada quatro consumidores (24,0%) decide comprar o carro, acreditando, erroneamente, que não haverá custos extras envolvidos sobretudo os mais jovens (29,2%) e os pertencentes à Classe C/D/E (26,2%). Esses consumidores parecem ignorar, portanto, as despesas com impostos a pagar (IPVA), seguro, combustível e manutenção do veículo, entre outras, frente à vontade de comprar um carro. Justamente por avaliarem os gastos, 49,9% da amostra decidem continuar andando de ônibus e táxi, com percentuais maiores observados entre os homens (56,3%) e os pertencentes à Classe A/B (62,2%). E finalmente, vale mencionar os que compram o carro (19,5%) por acreditarem que vale à pena, mesmo considerando os novos gastos. Para a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a decisão errada, no caso de uma compra tão substancial, pode trazer prejuízo grave para o consumidor: Mesmo que a prestação caiba no bolso, ela não é compatível com o orçamento da pessoa no exemplo dado pela pesquisa. Esse consumidor certamente está sujeito a um desequilíbrio no orçamento pessoal ou familiar, a não ser que sua renda aumente significativamente, no curto prazo. O mais certo, portanto, seria constituir uma reserva financeira e adiar a compra do veículo, até que os ganhos consigam dar conta de sustentar as novas despesas. Também é importante que o consumidor esteja atento às próprias emoções na hora de comprar. É fácil entusiasmar-se e tomar a decisão errada quando se pensa estar diante da realização de um sonho, mas em pouco tempo a compra pode se tornar um grave problema financeiro. 49,9% 24,0% 19,5% Continua andando de ônibus e táxi, pois irá gastar muito mais com as novas despesas do carro Decide comprar o carro, acreditando, erroneamente, que não haverá custos extras envolvidos Compram carro por acreditarem que vale à pena, mesmo considerando os novos gastos 7

Teste 5 Compra de TV É muito comum que os consumidores encontrem diferentes opções de pagamento para o mesmo item numa loja, desde aquelas que oferecem desconto à vista até as que incluem vantagens secundárias e não necessariamente financeiras. No último teste aplicado na pesquisa, o objetivo era avaliar a escolha intertemporal, considerando o benefício no presente e o pagamento no futuro. Ao consumidor foram apresentadas três possibilidades para a compra de uma TV que custa R$ 3.200,00. Opção 1 Pagamento à vista, com 15% de desconto Valor da TV: R$ 3.200,00 Opção 2 12 parcelas de R$ 350,00 Opção 3 R$3.200,00 à vista + 15% de desconto na compra da próxima TV + assistência gratuita por um ano a mais após o término da garantia Neste caso, seis em cada dez respondentes (67,0%) fariam a escolha correta, comprando à vista com 15% de desconto principalmente os homens (70,6%) pessoas de 35 a 54 anos (71,9%) e mais de 55 anos (74,7%), além dos pertencentes à Classe A/B. Ao mesmo tempo, 10,7% fariam a pior escolha possível, comprando em 12 parcelas de R$ 350,00, enquanto 17,6% ficariam com a opção 3. 67,0% Fariam a escolha correta, comprando à vista com 15% de desconto 17,6% Ficariam com a opção 3 10,7% Fariam a pior escolha possível, comprando em 12 parcelas de R$ 350,00 Entre os que preferem pagar à vista com desconto, 78,3% justificam corretamente, ao dizer que o objetivo é economizar. Por outro lado, 63,5% daqueles que recorrem ao parcelamento argumentam, equivocadamente, que gostam de prestações com valores menores, de forma a ter dinheiro reservado para imprevistos o que sugere desconhecimento ou falta de habilidade financeira para perceber a vantagem obtida pelo desconto. E vale mencionar ainda os que optam pela terceira oferta (11,3%), admitindo que não resistem a promoções. A economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ressalta a importância de evitar o parcelamento, sempre que possível: Quando o consumidor opta pelo pagamento à vista ele fica livre do endividamento, e ainda pode haver sobra financeira. Além disso, é preciso refletir cuidadosamente sobre os benefícios de um apelo promocional. Quando não há necessidade de realizar uma compra a promoção se torna desvantajosa, em qualquer cenário. 8

Vale destacar que em todas as simulações feitas na pesquisa as pessoas mais velhas e pertencentes à Classe A/B se mostram mais aptas no que diz respeito ao domínio das habilidades financeiras, possivelmente em virtude da escolaridade e de já terem alcançado certa maturidade nesta etapa da vida. A pesquisa também torna evidente a necessidade de divulgar mais o tema junto à população, para que as pessoas possam estar preparadas na hora de tomar decisões de consumo, independente de tratar-se de produtos de grande ou pequeno valor. A habilidade de realizar cálculos e avaliar corretamente o impacto das taxas de juros - bem como as diferentes opções de compra com as quais o consumidor se depara frequentemente - pode fazer grande diferença no orçamento pessoal e familiar. Estar atento às próprias emoções também é fundamental, pois muitas escolhas que parecem corretas no momento da compra se mostram equivocadas logo depois, quando o consumidor deixa de lado a empolgação do momento e reflete sobre suas atitudes. Agir menos impulsivamente e estar atento as emoções no momento da compra, portanto, é uma forma de empregar melhor os recursos financeiros e garantir uma gestão mais eficiente do orçamento. 9

CONCLUSÕES»» 38,0% dos entrevistados se sentem seguros para gerir/organizar o próprio dinheiro, enquanto 38,8% se dizem inseguros e 23,2% são indiferentes.»» Numa escala de 1 a 10, as médias atribuídas pelos entrevistados quanto às habilidades financeiras analisadas na pesquisa não são altas. A maior média é da Administração do orçamento familiar (6,6), seguida pelos Juros cobrados no cartão de crédito (6,5), Melhor investimento (5,3) e Investimentos com melhores taxas de retorno (4,9). Em todos esses casos, as médias do conhecimento dos homens e dos pertencentes à Classe A/B são maiores. Simulações Os testes feitos para avaliar a capacidade de decisão de compra indicam que a falta de conhecimento e a inabilidade para realizar cálculos são prejudiciais para os consumidores, pois podem levá-los a tomar decisões equivocadas. Compras realizadas cotidianamente podem resultar em gastos maiores quando a pessoa não é capaz de avaliar as vantagens de um desconto para o pagamento à vista ou custos envolvidos numa aquisição feita pela internet. 15,5% dos entrevistados, por exemplo, fazem a pior escolha na compra de um livro, aparentemente por que desconsideraram o valor do frete no valor total de uma compra (aumentando para 16,9% na Classe C/D/E) ou porque se iludem com o desconto oferecido na compra virtual. Do mesmo modo, lidar com o pagamento de dívidas exige o domínio dos mecanismos de aplicação das taxas de juros, a fim de que o consumidor tome a melhor decisão no momento de honrar o compromisso assumido. Nesse sentido, a pesquisa indica que parte dos entrevistados desconhece a maneira correta de lidar com as dívidas assumidas no cartão de crédito: considerando o pagamento da fatura, 17,5% escolhem pagar o mínimo, sendo que entre estes, 29,3% pensam, equivocadamente, estar perdendo menos dinheiro desta forma. Os resultados também mostram que parte dos entrevistados cede à compra desnecessária, ao ver-se diante de uma vantagem promocional na possível compra de um sanduíche: 58,2% acabam gastando mais ao adquirir um combo em oferta. Entre esses consumidores, 89,8% pensam estar fazendo um bom negócio. No que diz respeito a aquisições de alto valor, o estudo indica que parte dos entrevistados não considera os impactos da compra sobre o orçamento mensal: ao se verem diante da oferta de um carro popular, 24,0% escolhem comprar, motivados pelo fato de que as parcelas são iguais ao valor das despesas mensais com transporte. Esses consumidores deixam de levar em conta outros custos relativos à manutenção de um carro, o que inclui impostos, seguro, despesas com combustível e possíveis reparos que deverão ser feitos ao longo do tempo. Finalmente, observa-se que alguns consumidores agem de maneira imediatista, optando pelo parcelamento para poderem adquirir o bem mais rapidamente, quando não podem pagar à vista. Considerando a compra de uma TV, 10,7% escolheriam a pior oferta, com parcelamento em 12 vezes, deixando de aproveitar o desconto oferecido e pagando juros pelo parcelamento. Entre esses, 63,5% dizem gostar de parcelas com valores menores, de forma a ter dinheiro reservado para imprevistos. 10

METODOLOGIA Público alvo: residentes em todas as capitais brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, ambos os sexos e todas as classes sociais. Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada considerando sexo, idade, escolaridade, classe e região do país. Tamanho amostral da pesquisa: 804 casos, gerando margem de erro no geral de 3,5 p.p. para um intervalo de confiança a 95%. Data de coleta dos dados: primeira quinzena de dezembro de 2015. 11