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Transcrição:

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=522>. Levantamento de produtos apícolas comercializados na cidade de Botucatu, Estado de São Paulo Érica Harue Ito 1, Mônica Miyuki Ito 2, Renata Leonardo Lomele 2, Edison Antônio de Souza 2, Ricardo de Oliveira Orsi 3 1 Zootecnista formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, FMVZ UNESP - Botucatu 2 Alunos do curso de Zootecnia da FMVZ UNESP - Botucatu 3 Docente do Departamento de Produção Animal, FMVZ UNESP Botucatu Endereço para correspondência: Ricardo de Oliveira Orsi. Departamento de Produção Animal, CP 560, Fazenda Lageado, FMVZ - UNESP, Campus de Botucatu. CEP 18.618-000, Botucatu, SP. RESUMO A cadeia produtiva apícola vem se adequando constantemente às normas de regulamentação exigidas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com o objetivo de atingir as exigências do mercado nacional e internacional para proporcionar o crescimento produtivo e econômico deste setor agropecuário. Entretanto, é comum a comercialização de produtos apícolas em diferentes embalagens, quantidades e sem padronização de rótulo. O presente trabalho teve como objetivo identificar e qualificar os produtos apícolas comercializados na cidade de Botucatu, estado

de São Paulo. Foram realizadas coletas de dados em 12 pontos comerciais da cidade, verificando-se os rótulos, embalagens (tipo e quantidade), origem botânica e preço de venda. Verificou-se que 69,0% dos méis encontrados são comercializados em embalagem de vidro, 42,0% na quantidade de 300 gramas, 51,0% como mel puro e 49,0% como compostos e, das amostras de mel puro, 31,0% eram de origem silvestre. Os méis vendidos em embalagens menores possuem os maiores preços de venda por quilograma do produto. Para a própolis, 79,0% das amostras são comercializadas como extrato alcoólico, 83,0% em embalagem de vidro e 62,0% com quantia de 30mL. Com o pólen apícola, 63,0% das amostras são comercializadas em embalagens plásticas e 50,0% na quantidade de 45 gramas. A geléia real foi encontrada somente em embalagem plástica com dois produtos de marcas diferentes. De todos os produtos apícolas verificados, 100,0% possuíam SIF (Selo de Inspeção Federal) e prazo de validade especificado, deixando a desejar nas informações de valor nutricional, principalmente para o pólen apícola e geléia real. Pode-se concluir que os produtos apícolas comercializados na cidade de Botucatu não seguem um padrão quanto à apresentação do mesmo (embalagem, rotulagem, quantidade, identificação do produto, preço, dentre outros), o que pode confundir o consumidor no momento da compra. É necessária uma maior fiscalização por parte do governo e mais orientações aos produtores e às empresas do setor apícola para o cumprimento das normas requeridas. Palavras-chave: apicultura, produtos apícolas, comercialização. Survey of apicultural products comercialized in the Botucatu city, São Paulo State ABSTRACT The apicultural productive chain has been adjust constantly to the norms of regulation demanded by Department of Agriculture, Cattle and Supplies (DACS) with the objective to reach the requirements of the national and international market to proportion the productive and economic growth of this

farming sector. However, the commercialization of apicultural products in different packing, amounts and without label standardization is common. The present study had the objective to identify and to characterize the apicultural products commercialized in the city of Botucatu, São Paulo State. Collections of data in 12 commercial points of the city had been realized verifying themselves the labels, packing (type and amount), botanical origin and price of sales. As result, 69.0% of the honeys are commercialized in glass packing, 42.0% in the amount of 300 grams, 51.0% as pure honey and 49.0% as composed honey. Of the samples of pure honey, 31.0% were wild botanical origin. The honeys sold in lesser packing had the biggest prices of sales for kilogram of the product. For the propolis, 79.0% of the samples were commercialized as alcoholic extract, 83.0% in glass packing and 62.0% with amount of 30mL. With the apicultural pollen, 63.0% of the samples are commercialized in plastic packing and 50.0% in the amount of 45 grams. The real jelly was only found in plastic packing with two products of different marks. Of all the apicultural products verified, 100.0% had Stamp of Federal Survey (SFS) and specified period of validity, leaving to desire in the information of nutritional value, mainly for the apicultural pollen and real jelly. It can be concluded that the apicultural products commercialized in the city of Botucatu do not follow a standard to the presentation of the same (packing, labels, amount, identification of the product, price, amongst others), that can confuse the consumers in the purchase. It s necessary a bigger fiscalization of the government and more orientation to the producers and to the companies of the apicultural sector for the fulfillment of the required norms. Key words: beekeeping, apicultural products, commercialization. INTRODUÇÃO O consumidor brasileiro de mel é exigente quanto à qualidade do produto, geralmente com alto poder aquisitivo, sendo a maioria pertencente às classes A e B (Sebrae, 2006).

A maior dificuldade no aumento do consumo interno de mel é o alto valor do produto no final da cadeia produtiva, aliado a falta de informações sobre os benefícios que os produtos apícolas podem trazer para a saúde da população. Este fato é facilmente exemplificado pelo baixo consumo de mel no Brasil, que é de aproximadamente 60g/habitante/ano, muito inferior quando comparado com outros países da Europa, aonde o consumo médio ultrapassa 1Kg/habitante/ano (Sebrae, 2006). Entretanto, é comum a comercialização de produtos apícolas em diferentes embalagens, quantidades, dentre outros, não seguindo, na maioria das vezes, as exigências mínimas requeridas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA (Camargo, 2008a). Mais recentemente tem havido uma grande preocupação quanto às informações de rotulagem de produtos, principalmente porque envolve não somente o MAPA como diversos outros órgãos, normas e regulamentos. Como os produtos apícolas são considerados alimentos, as legislações do MAPA se complementam principalmente com legislações do Ministério da Saúde, assim como diversas legislações do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), referentes a pesos e medidas, tamanho e distribuição de alguns dizeres obrigatórios nos rótulos, e ainda o Código de Defesa do Consumidor (Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990), que regulamenta os direitos que todo consumidor tem ao adquirir um produto (Soriani, 2002). Em vista da pouca informação sobre as preferências dos consumidores para a escolha de um produto na hora da compra, pesquisas estão sendo feitas para sanar tal problema. Freitas et al. (2006), na cidade de Teresina, Estado do Piauí, observaram que apenas 32,8% dos entrevistados confiavam nas informações dos rótulos, 79,6% não se lembravam de propagandas sobre os produtos apícolas, a maioria preferia embalagens de garrafas de vidro e não possuíam informações sobre o conhecimento das propriedades do mel. Na pesquisa feita pelo Sebrae (2002), observou-se que 81,0% dos entrevistados consumiam mel de abelhas, sendo 52,0% de forma eventual.

Quase 90,0% dos entrevistados informaram que consomem mel sem nenhuma marca específica, 78,0% têm conhecimento do produto através de amigos e parentes, 47,0% utilizam o mel principalmente como medicamento e 42,0% como alimento, 35,0% têm preferência por embalagens pequenas e somente 37,0% compram o produto em supermercados. Na aquisição do produto, 60,0% dos entrevistados verificam se o mel é puro, 23,0% observam a presença de Selo de Inspeção Federal (SIF) e 21,0% se importam com o local/município de produção; 85,0% preferiam garrafas de vidro e 37,0% embalagens na quantidade de 200mL de mel. O produto apícola mais conhecido, após o mel, foi à própolis (66,0%), utilizada pelas pessoas como remédio e alimento. Apenas 11,0% dos entrevistados comprovaram conhecer a composição dos produtos apícolas e seus benefícios para a saúde, 91,0% não possuíam conhecimento sobre a diferença do mel centrifugado com o mel espremido e apenas 21,0% sabiam que o mel cristalizava. Além do mel, outros produtos apícolas são de extrema importância para a saúde humana, como a própolis, pólen apícola e geléia real. Entretanto, estes são pouco consumidos pela população brasileira, o que certamente dificulta o crescimento da cadeia apícola em nosso país. Para aumentar o consumo dos produtos apícolas é preciso entender o mercado interno, suas tendências e as características dos produtos que os consumidores avaliam para a decisão de compra e, desta forma, formular estratégias para estimular o consumo (Camargo, 2008b). Para Lengler (2006), o grande problema enfrentado é a falta de instrução tanto para o consumidor como para o vendedor, uma vez que poucos sabem sobre os benefícios desses produtos para a saúde humana. Em sua pesquisa, 97,6% dos entrevistados consumiam mel e 47,0% própolis. O pólen apícola, apitoxina e geléia real são produtos pouco consumidos por serem pouco conhecidos. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento dos produtos apícolas (mel, própolis, pólen apícola e geléia real) comercializadas no município de Botucatu, Estado de São Paulo.

MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no município de Botucatu, Estado de São Paulo, localizado na região centro sul do Estado, a 224,8 km da capital, com uma população média de 120 mil habitantes (Botucatu, 2008). A pesquisa realizada foi do tipo levantamento, de natureza descritiva. Para isto, selecionou-se 12 pontos comerciais, sendo três casas de produtos naturais, três supermercados, duas farmácias de manipulação e quatro farmácias, a fim de abranger todas as regiões da cidade. A coleta de dados ocorreu em 07 de agosto de 2008 e foram registrados em planilha para posterior análise. Foram pesquisados os seguintes produtos apícolas: mel e seus compostos (mel associado com outras substâncias naturais, como o guaco, agrião e poejo), própolis, pólen apícola e geléia real, expostos à venda. Para cada produto foi verificado o preço de venda, a embalagem (o tipo e a quantidade), o rótulo (Selo de Inspeção Federal - SIF, valor nutricional, validade e serviço de atendimento ao consumidor SAC) e a empresa responsável por sua produção. No mel, em especial, observou se também a origem botânica. RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. MEL De acordo com as informações obtidas e analisadas, foram encontrados 136 tipos de méis de 17 diferentes marcas, com 51,0% dos produtos com origem botânica especificada e 49,0% como sendo compostos (Figura 1). Nos méis compostos, os produtos naturais encontrados em associação foram a própolis, guaco, gengibre, agrião, eucalipto, canela, romã, assa peixe, poejo e limão.

49,0% 51,0% MEL MEL COMPOSTO FIGURA 1: Mel e mel composto (%) encontrados no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Dentre os méis, 31,0% possuíam origem botânica descrita como silvestre, 22,0% como sendo de eucalipto e 19,0% de laranjeira. Observou se que 28,0% dos méis não possuíam especificação de florada, uma das informações exigidas pelas normas de rotulagem do MAPA (Figura 2). 28,0% 31,0% 22,0% 19,0% SILVESTRE LARANJA EUCALIPTO SEM ORIGEM FIGURA 2: Informação de origem botânica (%) dos méis comercializados no município de Botucatu, Estado de São Paulo.

Quanto às embalagens onde o mel era comercializado, houve predominância do vidro (69,0%), confirmando a preferência do consumidor por este tipo de embalagem (Sebrae, 2002; Freitas et al., 2006). Encontrou-se ainda o mel sendo comercializado em saches (17,0%) e bisnagas plásticas (14,0%) (Figura 3). 17,0% 14,0% 69,0% VIDRO BISNAGA PLÁSTICA SACHÊ FIGURA 3: Tipos de embalagens dos méis comercializados no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Em relação à quantidade do produto, encontraram-se variações de 40 a 780 gramas; porém, a quantia predominante foi de 300 gramas (Figura 4). Observou se ainda, que os méis e seus compostos vendidos em embalagens de 200 gramas possuíam os maiores preços médios de venda por quilo do produto (Tabela 1).

18,0% 10,0% 15,0% 15,0% 42,0% 780g 430g 300g 200g 40g FIGURA 4: Quantidade (gramas) presente nas embalagens dos méis comercializados no município de Botucatu, Estado de São Paulo. TABELA 1: Preço médio dos méis comercializados no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Quantidade Embalagem R$ R$/kg 780g 15,37 19,71 430g 11,30 26,28 330g 8,95 27,12 300g 11,55 38,50 200g 15,28 76,40 40g 1,57 39,25 Nos rótulos, 100% das amostras de méis e seus compostos apresentavam SIF e data de validade; porém, deixaram a desejar nas indicações de valor nutricional (96,0% e 92,0%, respectivamente) e SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor (91,0% e 97,0%, respectivamente) (Figura 5).

FIGURA 5: Selo de Inspeção (SIF), Valor nutricional, Data de Validade e Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) dos méis e seus compostos comercializados no município de Botucatu, Estado de São Paulo. 2. PRÓPOLIS Para a própolis, foram encontrados 47 produtos de 23 marcas, sendo 79,0% comercializadas como extrato alcoólico, 15,0% em cápsulas e 6,0% como extrato sem álcool (Figura 6). 6,0% 15,0% 79,0% EXTRATO ALCOÓLICO EXTRATO AQUOSO CÁPSULA FIGURA 6: Forma de comercialização da própolis no município de Botucatu, Estado de São Paulo.

Dos extratos de própolis comercializados, 83,0% são vendidos em embalagens de vidro e 17,0% em plástico (Figura 7). 17,0% 83,0% VIDRO PLÁSTICO FIGURA 7: Tipos de embalagens para a comercialização de extrato de própolis no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Com relação aos volumes de extrato de própolis comercializados, verifica-se um predomínio na quantia de 30 ml (72,0%), sendo encontradas ainda amostras comercializadas com 20 e 250 ml (Figura 8). 5,0% 23,0% 72,0% 30mL 20mL 250mL FIGURA 8: Quantidade (ml) de extrato encontrada nas embalagens para a comercialização da própolis no município de Botucatu, Estado de São Paulo.

O preço de venda do extrato alcoólico de própolis variou de R$5,30 a R$14,50 quando comercializado com a quantia de 20mL. Para 30mL o preço variou de R$5,50 a R$12,75 e, para 250mL de R$8,99 a R$10,99. Para a própolis comercializada na forma de cápsula, o preço foi de R$11,20 (45 cápsulas) a R$18,50 (50 cápsulas) (Tabela 2). A variação do preço da própolis foi determinada pela procedência e empresa responsável pela elaboração do produto. TABELA 2: Variações dos preços de própolis comercializadas no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Quantidade Embalagem Valor mínimo (R$) Valor máximo (R$) 20mL 5,30 14,50 30mL 5,50 12,75 250mL 8,99 10,99 Cápsulas 11,20 18,50 Em relação à presença de valor nutricional, 30% dos produtos não possuíam essa indicação. Todas as amostras possuíam Selo de Inspeção, Data de validade e SAC (Figura 9).

100,0% 100,0% 100,0% 70,0% SIF V. NUTRICIONAL VALIDADE SAC FIGURA 9: Selo de Inspeção (SIF), Valor nutricional, Data de Validade e Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da própolis comercializada no município de Botucatu, Estado de São Paulo. 3. PÓLEN APÍCOLA Quanto ao pólen, verificaram se a existência de oito produtos de cinco marcas diferentes, sendo 62,0% comercializados em embalagem plástica e 38,0% em vidro (Figura 10). 38,0% 62,0% VIDRO PLÁSTICO FIGURA 10: Tipos de embalagens para a comercialização de pólen apícola no município de Botucatu, Estado de São Paulo.

Com relação à quantidade do produto encontrada nas embalagens, observou-se uma predominância da quantia de 45 gramas (49,0%), seguida de 70 e 200 gramas (25 e 13%, respectivamente). Encontrou-se também o pólen apícola sendo comercializado em cápsulas (Figura 11). 13,0% 13,0% 49,0% 25,0% 45gr 70gr 200gr CÁPSULAS FIGURA 11: Quantidade (gramas) de pólen apícola encontrada nas embalagens para a comercialização no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Com relação ao preço de venda, verificou-se que este variou de R$7,80 a R$9,35 para o pólen apícola comercializado na quantidade de 45 gramas. Para a quantia de 70 e 200 gramas, o preço encontrado foi de R$14,00 e R$31,00, respectivamente. Quando comercializado em cápsulas, o valor foi de R$12,90 (45 cápsulas) (Tabela 3).

TABELA 3: Variações dos preços do pólen comercializados no município de Botucatu, Estado de São Paulo. Quantidade Embalagem Preço mínimo (R$) Preço máximo (R$) 45gr 7,80 9,35 70gr 14,00 14,00 200gr 31,00 31,00 Cápsulas 12,90 12,90 Apenas 38,0% do pólen apícola apresentavam indicação do valor nutricional nos rótulos de seus produtos, um fator de grande importância, confirmando que as empresas responsáveis por sua comercialização não estão seguindo corretamente as normas exigidas pelo governo. Todas as amostras encontradas possuíam Selo de Inspeção, Data de Validade e SAC (Figura 12). 100,0% 100,0% 100,0% 38,0% SIF V.NUTRICIONAL VALIDADE SAC FIGURA 12: Selo de Inspeção (SIF), Valor nutricional, Data de Validade e Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do pólen apícola comercializado no município de Botucatu, Estado de São Paulo.

4. GELÉIA REAL Para a geléia real, foram encontrados apenas dois produtos de marcas diferentes, sendo ambos de embalagem plástica. Um produto era comercializado em cápsulas (desidratada) e o outro puro, na quantia de 10g. O preço da geléia em cápsula foi de R$22,30 (45 unidades) e pura de R$13,20. Somente a geléia real comercializada na forma de cápsula apresentava valor nutricional. Ambas as amostras apresentavam Selo de Inspeção, Data de Validade e SAC (Figura 13). 100,0% 100,0% 100,0% 50,0% SIF V.NUTRICIONAL VALIDADE SAC FIGURA 13: Selo de Inspeção (SIF), Valor nutricional, Data de Validade e Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da geléia real comercializada no município de Botucatu, Estado de São Paulo. 5. ORIGEM DOS PRODUTOS APÍCOLAS Dos 12 pontos comerciais visitados, apenas em uma farmácia de manipulação não havia nenhum tipo de produto apícola para a venda. Os supermercados comercializavam apenas méis e seus compostos e somente duas casas de produtos naturais eram as que forneciam todos os tipos de

produtos apícolas pesquisados. Isso mostra que nem todos os produtos são encontrados facilmente pelo consumidor e/ou que não são conhecidos e consumidos pela grande maioria da população. Encontrou-se uma grande variedade de marcas e produtos para méis, seus compostos e própolis, importante para dar ao consumidor a opção de escolha no momento da compra. Entretanto, verificou-se que o preço do produto estava relacionado diretamente com a marca. Das informações exigidas pela legislação, o valor nutricional foi o que apresentou maior defasagem e somente o SIF e data de validade estavam presentes em todos os produtos. Das empresas fornecedoras dos produtos apícolas para o município de Botucatu, 90,0% são sediados na região Sudeste e 10,0% na região Sul do Brasil. CONCLUSÃO Pode-se concluir que os produtos apícolas comercializados na cidade de Botucatu não seguem um padrão quanto à apresentação do mesmo (embalagem, rotulagem, quantidade, identificação do produto, preço, dentre outros), o que pode confundir o consumidor no momento da compra. É necessária uma maior fiscalização por parte do governo e mais orientações aos produtores e às empresas do setor apícola para o cumprimento das normas requeridas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTUCATU. Site Oficial de Botucatu. Dados Gerais: Botucatu e sua História e Crescimento Populacional. Disponível em: <http://www.botucatu.sp.gov.br/dadosgerais/#>. Acesso em: 23 agosto 2008. CAMARGO, R.C.R. O Papel das Certificações na Cadeia Apícola. In: XVII Congresso Brasileiro de Apicultura e III de Meliponicultura, 2008, Minas Gerais, Anais... Minas Gerais: 2008b. CD ROOM. CAMARGO, R.C.R. Processo de Normatização da Cadeia Apícola Nacional. In: XVII Congresso Brasileiro de Apicultura e III de Meliponicultura, 2008, Minas Gerais, Anais... Minas Gerais: 2008a, CD ROOM.

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