996 Construção de e-books com uso de Mapas Conceituais X Salão de Iniciação Científica PUCRS Stephanie Schmidt Skuratowski 1, Gilberto Keller de Andrade 2 (orientador) 1 Faculdade de Informática, PUCRS, 2 EDIPUCRS Resumo Este projeto nasceu dentro do Setor de Publicações Eletrônicas da EDIPUCRS com o objetivo de desenvolver um padrão de publicações eletrônicas com uso de Mapas Conceituais. Os Mapas Conceituais, criados por Novak (NOVAK, 1996), com base na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (AUSUBEL. 2003), são usados para a representação das relações entre conceitos que explicam um conceito maior. Vários softwares proprietários e livres foram desenvolvidos para a implementação desses mapas no computador. Em pesquisa recente realizada pela FACIN e FALE foi desenvolvido um livro eletrônico (ebook), publicado pela EDIPUCRS em dezembro de 2008, com o título Ensino da Leitura nos Anos Iniciais: Navegando pela Lingüística, em que se usou um Mapa Conceitual como uma forma alternativa de leitura ao texto linear clássico. A pesquisa apontou resultados interessantes que serviram de estímulo no aperfeiçoamento desta forma de diagramação. Por se tratar de uma pesquisa aplicada, voltada para a produção de livros usando o recurso dos mapas, a proponente é a EDIPUCRS, pois achamos que esta modalidade de diagramação poderá ser de grande aplicação em publicações acadêmicas. Introdução Mapas Conceituais são representações gráficas, semelhantes a diagramas, que indicam relações entre conceitos ligados por palavras, chamadas palavras de enlace. Representam uma estrutura que vai desde os conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos. São utilizados para auxiliar a ordenação e a seqüenciação hierarquizada dos conteúdos do objeto de estudo.
997 Para Albert Cañas, Mapas Conceituais são representações do conhecimento, formadas de conceitos e das relações entre eles. Conceito é definido por Cañas (CAÑAS, 2003) como uma regularidade percebida em eventos ou objetos, ou um registro de eventos ou objetos, marcados com um rótulo. Segundo Moreira (MOREIRA, 1999), o mapeamento conceitual é uma técnica de análise que pode ser usada para ilustrar a estrutura conceitual de uma fonte de conhecimentos. Os Mapas Conceituais foram criados por Novak (NOVAK, 1996) em seu programa de pesquisa sobre o papel central da Teoria de Aprendizagem em uma Teoria de Educação. A origem dos Mapas Conceituais é a Teoria de Aprendizagem Significativa desenvolvida por Ausubel (ASUBEL, 1968), uma teoria cognitiva que busca explicar o processo de aprendizagem segundo a ótica do cognitivismo. A idéia central da teoria sobre aprendizagem significativa é a de que esta aprendizagem é um processo em que uma nova informação é vinculada a um aspecto relevante, já existente, da estrutura de conhecimento de um indivíduo. Segundo Ausubel (ASUBEL, 1968), o armazenamento da informação no cérebro humano é altamente organizado, formando uma hierarquia conceitual, na qual os elementos específicos do conhecimento são ligados (e assimilados) a conceitos mais gerais e inclusivos. No processo de aprendizagem significativa, a interação entre idéias é essencial, as quais podem ser expressas simbolicamente, de modo não-arbitrário e substantivo, isto é, nãoliteral, com aspectos específicos já presentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, o conhecimento que o aluno/leitor possui - conhecimentos prévios - é o fator isolado mais importante que influenciará na aprendizagem subseqüente (AUSUBEL, 1980). Os conhecimentos prévios, subsunçores, constituem conceitos bastante integrados à estrutura cognitiva, são elementos centrais para estruturação e construção do conhecimento, com os quais a nova informação interage, resultando numa mudança tanto da nova informação quanto do subsunçor ao qual se relaciona. Se os subsunçores são elementos preponderantes para que haja aprendizagem significativa, da mesma forma o material oferecido ao aluno deve ser potencialmente significativo, isto é, relacionável aos conceitos já existentes na sua estrutura cognitiva. A aprendizagem significativa pressupõe que as informações a serem apresentadas ao aprendiz sejam potencialmente significativas, isto é, relacionáveis com os conceitos subsunçores já existentes na sua estrutura cognitiva, e que o mesmo deve manifestar disposição de relacionar essas novas informações aos conceitos já existentes. De acordo com
998 esta teoria, a aprendizagem pode ser facilitada através dos seguintes princípios: diferenciação progressiva e reconciliação integrativa (MOREIRA, 1982). A diferenciação progressiva é o princípio segundo o qual o conteúdo a ser apresentado aos alunos deve ser programado de maneira que os conceitos mais gerais da disciplina ou conteúdo sejam apresentados em primeiro lugar, e, pouco a pouco, introduzidos os conceitos mais específicos. O princípio da reconciliação integrativa postula que a programação do material a ser apresentado ao aluno deve ser feita de maneira que haja exploração de relações entre idéias, apontando semelhanças e diferenças entre conceitos relacionados. Em oposição à aprendizagem significativa está a aprendizagem mecânica, em que novas informações são acrescentadas à base de conhecimento do indivíduo com pouca, ou nenhuma, associação a conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva, ou ainda, quando não há um esforço para a ocorrência da associação. Não há regras gerais fixas para o traçado de Mapas Conceituais. O importante é que o mapa seja um instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no contexto de um corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino. Por exemplo, se o indivíduo que faz um mapa, seja ele, digamos, professor ou aluno, une dois conceitos, através de uma linha, ele deve ser capaz de explicar o significado da relação que vê entre esses conceitos. Os dois conceitos mais as palavras-chave formam uma proposição, e esta evidencia o significado da relação conceitual. Por esta razão, o uso de palavras-chave sobre as linhas, conectando conceitos, é importante e deve ser incentivado na confecção de Mapas Conceituais. No entanto esse recurso não os torna auto-explicativos, Mapas Conceituais devem ser explicados por quem os faz; ao explicá-lo, a pessoa externaliza significados. Reside aí o maior valor de um Mapa Conceitual. É possível traçar um Mapa Conceitual para um artigo, para uma única aula, para uma unidade de estudo, para um curso ou, até mesmo, para um programa educacional completo. A diferença está no grau de generalidade e inclusividade dos conceitos colocados no mapa. Um mapa envolvendo apenas conceitos gerais, inclusivos e organizacionais pode ser usado como referencial para o planejamento de um curso inteiro, enquanto que um mapa incluindo somente conceitos específicos, pouco inclusivos, pode auxiliar na seleção de determinados materiais instrucionais.
999 Moreira, em seu livro sobre Mapas Conceituais (MOREIRA, 2006), exibe várias aplicações dos mapas: como instrumento de ensino, como instrumento de avaliação da aprendizagem e como instrumento para a análise e planejamento do currículo. Com a recente experiência que tivemos na organização dos conteúdos do livro eletrônico lançado em dezembro de 2008 pela EDIPUCRS, com o título Leitura nos Anos Iniciais: navegando nas águas da Lingüística, percebemos a potencialidade deste recurso para ajudar o leitor na compreensão de um texto. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo investigativo, pois avaliará a possibilidade de uso de ferramentas de representação de conceitos através dos Mapas Conceituais. Como existem muitos softwares no mercado para a construção de Mapas Conceituais, inicialmente será feito um levantamento dos mesmos e a identificação de algumas propriedades, como tamanho, ambiente de uso (Windows?, Linux?, por exemplo), livre ou proprietário, se permitem anexar objetos de aprendizagem ou não, exportam arquivos em formatos PDF?, HTML?, XML?, JPEG?... Após a escolha do software, será organizado um livro eletrônico para a disciplina de Sistemas de Informação do curso de Ciência da Computação, usando este software. A terceira etapa da pesquisa consistirá em usar o e-book nas aulas dessa disciplina e levantar dados sobre a satisfação ou não da leitura de um livro nesse formato. Finalmente, os dados levantados serão analisados e os resultados divulgados em artigos e no Salão de Iniciação Científica da PUCRS e/ou de outras universidades. Metodologia A pesquisa será realizada a partir de um levantamento dos softwares existentes no mercado, usados para a criação de mapas conceituais. Entre os softwares a serem analisados, identificaremos algumas propriedades: livre ou proprietário, facilidade de uso, funcionalidades, formas de exportação de seus resultados, ambiente operacional, tamanho,... Em paralelo com o estudo dos softwares, concluiremos a produção de um livro texto para a disciplina de Sistemas de Informação do Curso Ciência da Computação. O desenvolvimento deste livro iniciou em novembro de 2008 e contará com a colaboração de outros professores da FACIN. Por ser um livro didático para a disciplina o material já existe.
1000 A partir dos conteúdos selecionados para o livro texto, o mesmo será formatado em mapas conceituais usando o software selecionado pelo grupo do projeto. Em agosto de 2009 o livro será usado em sala de aula como livro didático da disciplina. A seguir será aplicado um instrumento de avaliação da adesão ao formato usado. Os dados levantados e tabulados serão analisados e um relatório sobre os resultados da análise será gerado. Resultados (ou Resultados e Discussão) Como esta pesquisa iniciou em 18 de maio, ainda não temos dados suficientes para a análise e uma conclusão sobre a adesão dos leitores frente ao formato proposto para o e-book. A partir de dezembro estes dados já terão sido tabulados e analisados e a conclusão será registrada no relatório final do projeto. Referências AUDY, J. L. N.; ANDRADE, G. K. de; CIDRAL, A. Fundamentos de Sistemas de Informação. Porto Alegre: Bookman, 2005. AUSUBEL, D.P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2003. Tradução de The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. (2000). Kluwer Academic Publishers. AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D.; HANESIAN, H. Educational psychology. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1978. Publicado em português pela Editora Interamericana, Rio de Janeiro, 1980. CAÑAS, A. J et ali. Support for Constructing Knowledge Models in CmapTools. USA. UWF. Relatório Técnico. 2003 MOREIRA, M.A. (1980). Mapas Conceituais como instrumentos para promover a diferenciação conceitual progressiva e a reconciliação integrativa. Ciência e Cultura, 32(4): 474-479. MOREIRA, M.A. Uma abordagem cognitivista no ensino da Física. Porto Alegre: Editora de Universidade, 1983. MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa. Brasília: Editora da UnB, 1999. MOREIRA, M.A; e MASINI, E.F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem de David Ausubel. São Paulo: Editora Moraes, 1982. MOREIRA, M.A.; e MASINI, E.F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem de David Ausubel. 2ª edição. São Paulo: Centauro Editora, 2006. NOVAK, J.D.; GOWIN, D.B. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1996. Tradução de Learning how to learn (1984). Ithaca, N.Y.: Cornell University Press.
1001 PEREIRA, V. W. (org) Ensino da Leitura nos Anos Iniciais: navegando pela Lingüística. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.