Boletim Informativo PRP Prevenção de Riscos Profissionais Editorial O aumento de situações de violência no âmbito do trabalho constituem um importante problema de Saúde Pública, que tem impacto na dignidade e na qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras. A Ficha Informativa que integra este PRP diz respeito à violência vinda do exterior do local de trabalho, também chamada de violência por terceira pessoa, surgindo no decorrer do anterior número que incidiu sobre o assédio moral. Relembramos que os riscos psicossociais relacionados com o trabalho foram identificados como um dos maiores desafios contemporâneos para a Segurança e Saúde do Trabalho, encontrando-se relacionados com problemas no local de trabalho tais como a violência, o bullying, o assédio e o stresse. A violência por parte de terceiros refere-se à violência por parte de clientes, pacientes ou alunos. Dedicamos, pois, este número à Violência no Local de Trabalho. Uma Publicação Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UGT Visite o agosto - 2015 PRP Boletim de Prevenção Destaques nesta Edição: Sinistralidade Laboral Mortal FICHA PRÁTICA PRP n.º 18 Violência no Local de Trabalho Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER 2) Segurança e Saúde no Trabalho em Empregos Verdes 2 3 8 11
Página 2 PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais Sinistralidade Laboral Mortal em Portugal Segundo os dados publicados no Site da ACT, ocorreram no nosso país até ao final do mês de junho de 2015, 64 acidentes de trabalho mortais. Nota: As estatísticas sobre acidentes de trabalho, aqui apresentadas, referem-se apenas aos acidentes de trabalho mortais objeto de ação inspetiva no âmbito da atuação da ACT. Tipo de acidente 2015 Nas instalações 46 In itinere 8 Em viagem, transporte ou circulação 10 Total 64 F Última Atualização Estatística: 1 de julho de 2015. Aceda ao nosso Blog em: http://sst-ugt.blogspot.pt/
Página 3 Ficha Prática n.º 18 Violência no Local de Trabalho A base para a gestão da violência relacionada com o trabalho é a tolerância zero a todos os tipos de violência física e psicológica, dentro e fora do local de trabalho. 1 O que é a violência no trabalho? O conceito de violência no local de trabalho vinda do exterior abrange normalmente insultos, ameaças, agressão física ou psicológica por parte de pessoas exteriores à organização, incluindo clientes e utilizadores, contra alguém que se encontra a trabalhar. Constitui um risco para a sua segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras, podendo conter um enfoque racial ou sexual. 2 Quais os atos que esta violência pode assumir? Os atos de agressão ou violência assumem a forma de: Comportamento descortês - falta de respeito pelos outros; Agressão física ou verbal - intenção de magoar; Ataque - intenção de prejudicar a outra pessoa. 3 Quais os setores de maior risco? Os ambientes de maior risco encontram-se concentrados no sector dos serviços, designadamente em organizações pertencentes aos setores da saúde, transportes, comércio a retalho, restauração, banca e educação. O contacto com "utilizadores" ou clientes aumenta o risco de exposição à violência. O setor da saúde é frequentemente referido nos países da UE como um dos mais afetados. O setor retalhista também representa um setor de risco acrescido. Continuação...
4 Quais as profissões de maior risco? As profissões seguidamente referidas são exemplo das mais expostas ao risco de violência: enfermeiros e outro pessoal de saúde, motoristas de táxi, condutores de autocarro, trabalhadores que efetuam reparações no domicilio dos clientes, trabalhadores das estações de serviço, caixas de supermercado, trabalhadores da segurança, agentes da polícia, fiscais de estacionamento, guardas prisionais, assistentes sociais. 5 Quais são os fatores de risco? É possível identificar os fatores de risco mais comuns para os trabalhadores e trabalhadoras: - Manuseamento de mercadorias, dinheiro e outros valores; Trabalho isolado; - Desempenho de funções de inspeção, controlo e de autoridade em geral; - Contacto com clientes potencialmente problemáticos; - Organizações mal geridas dado que este aspeto pode aumentar a agressão por parte dos clientes. 6 Quais os efeitos? As consequências para o trabalhador variam muito, podendo ir desde a desmotivação para o trabalho, ao stresse (mesmo para a vítima indireta/ testemunha do ato ou de incidente violento) até ao prejuízo da sua saúde física ou psicológica.
A violência causa igualmente impacto na organização, tendo em conta que as pessoas que trabalham num ambiente onde exista medo e ressentimento não conseguem dar o seu melhor. Os efeitos negativos na organização podem traduzir-se, pois, no aumento do absentismo, no decréscimo da motivação, na redução da produtividade, na deterioração das relações laborais e nas dificuldades de recrutamento. 7 Como prevenir a violência no local de trabalho? O objetivo é impedir a violência através da identificação dos perigos, da avaliação dos riscos e da tomada de medidas preventivas, caso necessário. A forma como o trabalho é organizado e o ambiente em que se desenrola deverão ser tomados em consideração. A formação e a informação do pessoal são outro aspeto essencial da prevenção. 8 Quais as medidas de prevenção que podem ser adotadas? Alguns exemplos de medidas a tomar, por setor de atividade: Hospitais: formação em competências para lidar com doentes violentos; Bancos: instituição de separadores para filas de espera; Estações dos correios: instituição de separadores para filas de espera para uma melhor gestão das filas; Lojas: utilização de uma manga pneumática para transferência periódica do dinheiro existente nas caixas registadoras; Medida transversal: desenvolvimento de campanhas sobre tolerância zero que tornem bem claro para todos que nenhum ato de violência contra os trabalhadores e trabalhadoras será tolerado e que serão tomadas medidas contra qualquer perpetrador. Cont.
Página 6 9 Quais os procedimentos a dotar incidentes violentos? para minimizar os danos após a ocorrência de É fundamental que se encontrem bem definidos os procedimentos a adotar em caso de situação de violência. Estes procedimentos devem ser do conhecimento de todos os trabalhadores e trabalhadoras. O objetivo principal é o de reduzir os danos sofridos na vitima de violência. Assim, é importante: Não deixar sozinho o trabalhador/a que tenha sido agredido ou que tenha testemunhado uma situação de violência; Que a direção da empresa apoie a vitima; Que seja dado imediatamente apoio psicológico à vítima, e mais tarde no caso de stresse pós-traumático deverá haver uma ação de apoio e de aconselhamento, etc.; Providenciar apoio à vítima em matéria de procedimentos administrativos e legais (apresentação de queixa, instauração de ação judicial, etc.); Informar os outros trabalhadores de modo a evitar os boatos; Reavaliar os riscos de modo a identificar quais as medidas preventivas adicionais necessárias. O incidente deverá ser investigado na íntegra, num ambiente que não culpabilize a vítima. Os factos deverão ser registados, incluindo incidentes de índole psicológica, devendo também ser feita uma avaliação relativamente à forma como o incidente ocorreu de modo a permitir o aperfeiçoamento das medidas de prevenção. Continuação...
Página 7 Ações de Prevenção Exemplos Meio ambiente de trabalho Tomar medidas em matéria de segurança física, tais como: fechaduras nas entradas, ecrãs, iluminação adequada, rececionistas, saídas de emergência, instalação de sistemas de videovigilância, eliminação ou limitação de zonas sem saída e de objetos que possam ser usados como projétil. Admitir pessoal em número suficiente; Organização e conceção Adaptar o horário de expediente aos clientes; Verificar a identificação dos visitantes; Evitar o trabalho isolado e, se possível, manter contacto com os trabalhadores que trabalham isolados. Gestão de situações difíceis com clientes; Formação e informação dos trabalhadores Cumprimento dos procedimentos criados para proteger os trabalhadores, tais como, as instruções de segurança, o estabelecimento de uma comunicação adequada, atuação de forma a minimizar a agressão de um indivíduo. Gestão do stresse inerente à situação de modo a controlar as reações emocionais. Fonte: OSHA, Facts n.º 24 Violência no Trabalho.
Página 8 PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais Os resultados do Inquérito ESENER 2 já se encontram disponíveis O Segundo Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER 2) da UE-OSHA, visa contribuir para uma gestão mais eficaz da Segurança e Saúde no local de trabalho, assim como promover a saúde e o bem estar dos trabalhadores/as. O objetivo do ESENER 2 é perceber o modo como são geridas, de facto, na prática, a saúde e a segurança - e em especial os riscos novos e emergentes, como os riscos psicossociais - em organizações de todas as dimensões, incluindo as microempresas com 5 a 10 trabalhadores. PRINCIPAIS CONCLUSÕES Os locais de trabalho na Europa encontram-se em constante evolução por influência das alterações das condições económicas e sociais. Algumas dessas alterações são perfeitamente visíveis nos resultados do ESENER-2, sendo seguidamente apresentadas as conclusões gerais: 21% das empresas da UE-28 referem que os trabalhadores com idade superior a 55 anos representam mais de um quarto de sua força de trabalho; 13% das empresas da UE-28 referem dispor de trabalhadores que exercem a sua atividade a trabalhar a partir de casa (teletrabalho); 6% das empresas da UE-28 indicam integrar trabalhadores com dificuldades de compreensão da língua falada no local de trabalho; Os fatores de risco que são mais identificados são: a interação com clientes, alunos e pacientes difíceis (58% das empresas da UE-28); em seguida, as posições cansativas ou dolorosas (56%); e, por fim, os movimentos repetitivos da mão ou do braço (52%); 76% das empresas da UE-28 realizam periodicamente avaliações de riscos. 90% das empresas inquiridas na UE-28 e que realizam avaliações de riscos periódicas considera que estas que são forma útil de gerir a segurança e saúde
Página 9 83% das empresas da UE-28, que não realizam avaliações de riscos periódicas, fundamentam que não o fazem porque «os perigos já são conhecidos» e 80% porque «não existem problemas dignos de registo»; 90% das empresas da UE-28, sobretudo as empresas de maior dimensão, refere dispor de um documento que explica as responsabilidades e os procedimentos em matéria de segurança e saúde; 61% das empresas da UE-28, percentagem que aumenta com a dimensão da empresa, referem que as questões relativas à segurança e saúde são regularmente discutidas ao nível mais alto da administração; 73% das empresas da UE-28 afirmam proporcionar, aos seus chefes de equipa e aos responsáveis operacionais, formação sobre a gestão da SST nas respetivas equipas; 53% das empresas da UE-28 afirma dispor de informações suficientes sobre a inclusão dos riscos psicossociais nas avaliações de riscos. Como esperado, esta percentagem varia mais com a dimensão da empresa do que com o setor. 68% das empresas da UE-28 revelam que os profissionais mais procurados são os médicos do trabalho, os generalistas em saúde e segurança (63%) e os peritos em prevenção de acidentes (52%). 16% revelam que, no que respeita concretamente aos riscos psicossociais, recorrem a um psicólogo; No que se refere às formas de representação dos trabalhadores, os mais referidos foram os representantes em matéria de segurança e saúde: 58% das empresas da UE-28, com as percentagens mais elevadas entre as empresas nas áreas da educação, saúde e ação social (67%), da indústria transformadora (64%) e da administração pública (59%). Nota: Saiba mais Aqui No próximo número iremos disponibilizar os dados relativos a Portugal.
Página 10 Campanha de Prevenção de Riscos Profissionais em Máquinas e Equipamentos de Trabalho A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) em parceria com os Parceiros Sociais e com os Parceiros Institucionais encontra-se a desenvolver uma Campanha de Prevenção de Riscos Profissionais em Máquinas e Equipamentos de Trabalho. A UGT, é parceira desta Campanha desde a sua génese, estando fortemente empenhada na prevenção de riscos profissionais na utilização de máquinas e equipamentos de trabalho, nomeadamente os que foram identificados com grandes índices de acidentes de trabalho. Os materiais de divulgação desta Campanha já se encontram disponíveis e podem ser descarregados no site da ACT. Aceda aos materiais da Campanha Aqui PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais
Página 11. Ferramenta de Avaliação de Riscos OiRA Transportes Rodoviário de Mercadorias Já se encontra disponível para utilização a nova ferramenta de Avaliação de Riscos OiRA para o transporte de mercadorias. Esta ferramenta irá ajudar a identificar e a avaliar as condições de trabalho dos condutores de transporte rodoviário de mercadorias (veículos pesados). Esta ferramenta aborda, pois, alguns dos perigos mais frequentes na atividade e explica como evitá-los. Aborda os riscos para os seus trabalhadores, incluindo o trabalho com os equipamentos utilizados nesta atividade. Aceda a esta ferramenta Aqui. Segurança e Saúde no Trabalho em empregos verdes A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho OSHA dispõe, na seção dos riscos emergentes da sua página Web, de um dossier sobre a temática dos empregos verdes. Os «empregos verdes» são seguros? Com a introdução de novas tecnologias e processos na economia verde, quais serão as implicações para a Saúde e a Segurança dos trabalhadores? Com a publicação de um novo Relatório prospetivo, a OSHA chama a atenção para os riscos em matéria de Segurança e a Saúde no Trabalho dos empregos verdes.
PRP Boletim de Prevenção de Riscos A chamada «economia verde» é cada vez mais o símbolo de uma economia e uma sociedade mais sustentável. Defender o meio ambiente para a presente e futura geração e garantir a todas as pessoas, condições de vida e de trabalho mais inclusivas, é um dos maiores objetivos da Humanidade. Neste sentido o avanço para uma economia verde que crie empregos verdes e reconverta, nesse sentido, as industrias e os processos de produção será um elemento fundamental para o avanço em direção a um desenvolvimento sustentável. Começa agora a discutir-se a avaliação dos perigos e riscos no trabalho que podem estar associados às novas tecnologias «verdes» e aos empregos com elas relacionados, bem antes de se tornarem parte integrante do tecido económico. Apesar destes empregos terem como objetivo ajudar o ambiente, revitalizar a economia e criar novas oportunidades de trabalho, um dos seus maiores riscos reside no facto de, devido à precipitação em criar estes novos empregos em grande número, se prestar pouca atenção à sua qualidade e à possibilidade de poderem aumentar a incidência de lesões e doenças de trabalho ou até mesmo a morte, antes de serem implementadas as medidas de proteção adequadas. Os trabalhadores dos empregos verdes poderão enfrentar perigos já conhecidos nos locais de trabalho convencionais. Tais perigos podem ser uma novidade para muitos trabalhadores que se estão a mudar para as indústrias «verdes» em rápido crescimento. Além disso, os trabalhadores poderão ser expostos a novos perigos, que poderão não ter sido identificados anteriormente. Por exemplo, os trabalhadores na indústria da energia solar poderão ser expostos ao telureto de cádmio (uma conhecida substância cancerígena) se não forem implementados os controlos adequados. É por este motivo que, nesta altura, é cada vez mais importante assegurar que o processo de criação dos empregos verdes permita a integração de estratégias de prevenção a montante, concebidas de maneira a prever, identificar, avaliar e controlar os perigos e riscos resultantes destes empregos. Consulte o Relatório Aqui Consulte a seção da OSHA sobre Empregos Verdes Aqui.
Página 13 Prevenção + Segurança = Investimento Seguro Uma Publicação do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UGT