TRABALHADORES EM CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro 1. Férias 1.1. Qual a duração do período de férias? O período anual de férias tem a duração de 22 dias úteis, considerando-se úteis os dias de 2f.ª a 6f.ª, com excepção dos feriados. 1.2. Em que condições se adquire o direito à majoração das férias? - O trabalhador poderá gozar até mais três dias de férias no caso de não ter faltado ou de ter apenas faltas justificadas no ano anterior, nos seguintes termos: a) Três dias de férias, até uma falta ou dois meios dias; b) Dois dias de férias, até duas faltas ou quatro meios dias; c) Um dia de férias, até três faltas ou seis meios dias; Para efeitos de majoração da duração do período de férias, apenas não são consideradas faltas as seguintes ausências: a) Licença em situação de risco clínico durante a gravidez; b) Licença por interrupção da gravidez; c) Licença parental, em qualquer das modalidades; d) Licença por adopção; e) Licença parental complementar, em qualquer das modalidades. 1.3. A avaliação de desempenho pode ter algum efeito na duração do período de férias?
O reconhecimento de Desempenho Excelente em três anos consecutivos confere ao trabalhador, no ano seguinte e se o Conselho de Administração assim o entender, o direito a cinco dias de férias. O reconhecimento de Desempenho Relevante em três anos consecutivos, confere ao trabalhador, no ano seguinte e se o Conselho de Administração assim o entender, o direito a três dias de férias. 1.4. Após aprovação do mapa de férias, é possível solicitar alteração do mesmo? Qualquer alteração ao mapa de férias deverá ser devidamente autorizada pelo superior hierárquico do trabalhador e submetida à aprovação do Conselho de Administração com 15 dias de antecedência. 1.5. No ano de admissão a quantos dias de férias o trabalhador tem direito? No ano de admissão, e após 6 meses completos de execução do contrato, o trabalhador pode gozar dois dias úteis de férias por cada mês de duração do contrato, até ao máximo de 20 dias. No caso do ano civil terminar antes de decorridos os referidos 6 meses, as férias são gozadas até 30 de Junho do ano subsequente, não sendo, contudo, possível o gozo de mais de 30 dias úteis no mesmo ano civil. 1.6. As férias referentes a um determinado ano civil, podem transitar para o ano seguinte? Em caso de impedimento, as férias não gozadas no ano em que vencem, podem ser gozadas até 30 de Abril do ano civil seguinte, por acordo entre o empregador e o trabalhador. 1.7. Em que casos poderá ocorrer a suspensão do gozo de férias?
O gozo das férias poderá não ter início ou ser suspenso quando o trabalhador esteja temporariamente impedido por motivo de doença ou outro factor que não lhe seja imputável, desde que o comunique ao empregador. 1.8. Como é marcado o período de férias? O período de férias é marcado por acordo entre o trabalhador e o empregador, processo que deve estar concluído até 15 de Abril de cada ano. O gozo do período de férias pode ser interpolado, desde que sejam gozados, no mínimo 10 dias úteis consecutivos. 2. Faltas 2.1. Quais as faltas que são consideradas justificadas? São consideradas justificadas as seguintes faltas: a) As dadas durante 15 dias seguidos por altura do casamento; b) As motivadas por falecimento de cônjuge, parente ou afim, nos seguintes termos: - Até cinco dias consecutivos, por falecimento de cônjuge não separado de pessoas e bens ou de pessoa que viva em união de facto ou economia comum ou de parente ou afim no 1.º grau da linha recta (pais, filhos e sogros); - Até dois dias consecutivos, por falecimento de outro parente ou afim na linha recta (netos, bisnetos, avós e bisavós) ou no 2.º grau da linha colateral (irmãos e cunhados). A contagem dos dias a que o trabalhador tem direito inicia no dia do falecimento. c) A motivada pela prestação de prova de avaliação em estabelecimento de ensino até 2 dias, por cada prova de avaliação, no máximo de 4 por disciplina em cada ano lectivo, sendo um dia o da prova e o outro o imediatamente anterior, onde se incluem sábados, domingos e feriados. Em caso de provas em dias consecutivos ou de mais que uma prova por dia, os dias anteriores são tantos quantas as provas de avaliação a efectuar.
d) A motivada por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto não imputável ao trabalhador, nomeadamente observância de prescrição médica no seguimento de recurso a técnica de procriação medicamente assistida, doença, acidente ou cumprimento de obrigação legal (entidades policiais ou judiciais); e) A motivada pela prestação de assistência inadiável e imprescindível a: - Filho: o trabalhador pode faltar ao trabalho para prestar assistência inadiável e imprescindível, em caso de doença ou acidente, a filho menor de 12 anos ou, independentemente da idade, a filho com deficiência ou doença crónica, até 30 dias por ano ou durante todo o período de hospitalização. No caso de filho com 12 ou mais anos de idade, desde que pertença ao seu agregado familiar, o limite de faltas para assistência é 15 dias por ano. A estes períodos de ausências acresce um dia por cada filho além do primeiro. A possibilidade de faltar para prestar assistência a filho não pode ser gozada simultaneamente pelo pai e pela mãe. - Neto: O trabalhador pode faltar até 30 dias consecutivos, a seguir ao nascimento de neto que consigo viva em comunhão de mesa e habitação e que seja filho de adolescente menor de 16 anos. - Membro do agregado familiar de trabalhador: o trabalhador tem direito a faltar ao trabalho até 15 dias por ano para prestar assistência inadiável e imprescindível, em caso de doença ou acidente, a cônjuge ou pessoa que viva em união de facto ou economia comum com trabalhador, parente ou afim na linha recta ascendente (pai/mãe; sogro/sogra; padrasto/madrasta; avó/avô; bisavô/bisavó) ou no 2.º grau da linha colateral (irmão(ã), cunhado(a)). No caso de assistência a pessoa com deficiência, a este período de ausência permitido acrescem 15 dias por ano. f) A motivada por deslocação ao estabelecimento de ensino de responsável pela educação de menor por motivo da situação educativa deste, pelo tempo estritamente necessário, até quatro horas por trimestre, por cada educando. g) A ausência do trabalhador por motivo do desempenho de funções em estrutura de representação colectiva dos trabalhadores de que seja membro;
h) A de candidato a cargo público, nos termos da correspondente lei eleitoral; i) A autorizada ou aprovada pelo empregador; j) A que por lei como tal seja considerada. 2.2. O trabalhador deve comunicar previamente que irá ausentar-se ao serviço? Quando a ausência for previsível, o trabalhador deverá comunica-la ao Conselho de Administração, apresentando o motivo da mesma, com uma antecedência mínima de 5 dias. Para o efeito recorre ao impresso de Faltas e Férias, disponibilizado pelo SGRH. Este deverá estar devidamente preenchido, incluindo a informação do responsável do serviço e deverá ser entregue no SGRH. Quando imprevisível, a ausência deve ser comunicada logo que possível. 2.3. Para justificação da falta, o trabalhador deve apresentar comprovativo do motivo de ausência? Para justificação da falta é obrigatória a apresentação de comprovativo do facto invocado para a justificação. 2.4. Quais os efeitos da falta justificada? A falta justificada não afecta qualquer direito do trabalhador, excepto perda de retribuição no caso das seguintes faltas justificadas: a) Por motivo de doença, dado que a protecção na doença é assegurada pela Segurança Social; b) Por motivo de acidente no trabalho, sendo neste caso responsabilidade da seguradora; c) Por motivo de assistência a membro do agregado familiar; d) As motivadas por deslocação a estabelecimento de ensino, quando excedam 30 dias por ano; e) A autorizada ou aprovada pelo empregador.
2.5. Quais os efeitos da falta injustificada? A falta injustificada constitui uma violação do dever de assiduidade e determina perda da retribuição correspondente ao período de ausência, o qual não conta para efeitos de antiguidade do trabalhador. As faltas injustificadas podem dar origem a despedimento com justa causa, quando o seu número atinja, em cada ano civil, cinco seguidas ou 10 interpoladas. 3. Parentalidade 3.1. A trabalhadora grávida pode ser dispensada do serviço para a realização de consultas pré-natais? A trabalhadora tem direito a dispensa do trabalho para consultas pré-natais, pelo tempo e número de vezes necessários. Sempre que possível, a consulta pré-natal deve ter lugar fora do horário de trabalho. Caso a consulta ocorra dentro do horário de trabalho, a trabalhadora deve apresentar comprovativo da comparecência à mesma. 3.2. A trabalhadora grávida pode ser dispensada do serviço para frequência de curso de preparação para o parto? A preparação para o parto é equiparada a consulta pré-natal, pelo que a trabalhadora tem direito à dispensa para frequência de aulas de preparação para o parto nos mesmos termos que a dispensa para a realização de consultas pré-natais. 3.3. O pai tem direito a dispensa para acompanhamento da trabalhadora grávida a consultas pré-natais? O pai tem direito a três dispensas do trabalho para acompanhar a trabalhadora a consultas pré-natais.
3.4. Em caso de risco clínico durante a gravidez, que direitos assistem à trabalhadora grávida? Em situações de risco clínico para a trabalhadora grávida e/ou para o nascituro, impeditivo do exercício de funções, e caso não exista a possibilidade de prestação de trabalho de acordo com o seu estado e categoria profissional, a trabalhadora tem direito a licença pelo período de tempo que a prescrição médica aconselhar. Para o efeito, a trabalhadora deve informar o empregador e apresentar o devido atestado médico com indicação da duração da licença, com antecedência de 10 dias, ou em caso de urgência comprovada pelo médico, logo que possível. 3.5. Em caso de interrupção da gravidez, a trabalhadora tem direito a licença? A trabalhadora tem direito a uma licença por interrupção da gravidez por um período de 14 a 30 dias, devendo apresentar, logo que possível, atestado médico com indicação do período da licença. 3.6. Em caso de licença por risco clínico durante a gravidez ou de interrupção da mesma, a trabalhadora tem direito à remuneração? Durante o período de licença por risco clínico durante a gravidez ou de interrupção da gravidez, a Segurança Social atribui à trabalhadora um subsídio cujo montante diário é igual a 100% da Remuneração de Referência. 3.7. Qual a duração da licença parental? Após o nascimento de filho, a mãe ou o pai têm direito ao gozo de licença parental inicial de 120 ou 150 dias consecutivos. Esta licença é acrescida em 30 dias no caso de cada um dos progenitores gozar, em exclusivo, um período de 30 dias consecutivos, ou dois períodos de 15 dias
consecutivos após o período de 6 semanas obrigatório a gozar exclusivamente pela mãe logo imediatamente a seguir ao parto (licença parental exclusiva da mãe). Em caso de partilha do gozo da licença, a mãe e o pai informam os respectivos empregadores, até sete dias após o parto, do início e termo dos períodos a gozar por cada um, entregando para o efeito, declaração conjunta. Em caso de nascimentos múltiplos, o período de licença é acrescido de 30 dias por cada gémeo além do primeiro. 3.8. Qual o período de licença parental exclusiva da mãe? É obrigatório o gozo, por parte da mãe, de seis semanas de licença a seguir ao parto. 3.9. Qual o período de licença parental exclusiva do pai? É obrigatório o gozo pelo pai de 10 dias úteis de licença parental, seguidos ou interpolados, nos 30 dias seguintes ao nascimento, 5 dos quais devem ser gozados de modo consecutivo imediatamente após o parto. Após o gozo deste período, o pai tem ainda direito a gozar 10 dias úteis de licença, seguidos ou interpolados, desde que gozados em simultâneo com o gozo da licença parental inicial por parte da mãe. 3.10. Durante o período de licença parental, o(a) trabalhador(a) tem direito à remuneração? Durante o período de licença parental, o trabalhador tem direito, desde que reúna as condições legalmente definidas, a subsídio parental atribuído pela Segurança Social. 3.11. Quanto se recebe de subsídio parental? Licença Parental Inicial com duração de 120 dias 100% da Remuneração de Referência
Licença Parental Inicial com duração de 150 dias 80% da Remuneração de Referência Licença Parental Partilhada com duração de 150 dias (120 + 30) 100% da Remuneração de Referência Licença Parental Partilhada com duração de 180 dias (150 + 30) 83% da Remuneração de Referência Licença Parental Exclusiva do Pai 100% da Remuneração de Referência 3.12. Como é feito o cálculo da Remuneração de Referência? A remuneração de referência é definida por R/180, em que R representa o total de remunerações declaradas à Segurança Social nos primeiros seis meses civis que precedem o segundo mês anterior ao da data do facto determinante da protecção (primeiros seis meses dos últimos oito anteriores ao nascimento). Para o cálculo da Remuneração de Referência são igualmente englobados os montantes relativos a subsídio de férias e de Natal declarados nesse período. Artigo 28.º do Decreto-Lei n.º 91/2009, de 9 de Abril 3.13. A mãe trabalhadora tem direito a ser dispensada para amamentação? A mãe que amamenta o filho tem direito a dispensa do trabalho durante o tempo que durar a amamentação. 3.14. O pai e a mãe têm direito a serem dispensados para aleitação? No caso de não haver amamentação, desde que ambos os progenitores exerçam actividade profissional, qualquer deles ou ambos, consoante decisão conjunta, têm direito a dispensa para aleitação, até o filho completar 1 ano de idade. 3.15. Qual a duração da dispensa diária para amamentação ou aleitação?
A dispensa diária deve ser gozada em dois períodos distintos, com duração máxima de uma hora cada, salvo se outro regime for acordado com a entidade empregadora, acrescido de 30 minutos por cada gémeo além do primeiro. 3.16. Qual o procedimento para requisição de dispensa de amamentação? A trabalhadora deve comunicar, com uma antecedência de 10 dias relativamente ao início da dispensa, que amamenta o filho, devendo apresentar atestado médico se a dispensa se prolongar para além do primeiro ano de vida do filho. 3.17. Qual o procedimento para requisição de dispensa de aleitação? O progenitor comunica com uma antecedência de 10 dias o início da dispensa, devendo apresentar documento onde conste a decisão conjunta, declarando qual o período de dispensa gozado pelo outro progenitor, sendo caso disso, e prova que o outro progenitor é trabalhador e que informou o respectivo empregador da decisão conjunta.