BALANÇO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO DA SIDERURGIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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Transcrição:

BALANÇO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO DA SIDERURGIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Resumo: Esta pesquisa teve como foco a análise do Balanço Social da empresa do ramo de siderurgia Usiminas S/A, sediada no estado de Minas Gerais. O Balanço Social analisado foi referente aos exercícios sociais de 2005 e 2006. A metodologia empregada foi o estudo de caso. A empresa foi escolhida para análise por pertencer ao ramo de siderurgia que tem se comportado de maneira dinâmica em períodos recentes e por adotar o modelo IBASE de Balanço Social que foi o escolhido para esta pesquisa. A análise do Balanço Social apresentada foi parcial com aprofundamento nos tópicos: Participação de Empregados nos Lucros, Educação, Outros, Investimentos em Meio Ambiente e Número de Empregados Portadores de Deficiência. A empresa foi comparada com a empresa Gerdau S/A nos indicadores: Participação dos Empregados nos Lucros, Educação, Outros, Investimentos Ambientais e Cargos de Chefia ocupados por Mulheres. A pesquisa verificou que houve sintetização de informações sob denominações de Outros no período analisado. A empresa apresentou um avanço nos Investimentos Ambientais e permaneceu estática quanto a Participação de Mulheres em Cargos de Chefia. Palavras-chave: Balanço Social. Siderurgia. Estudo de Caso. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O ramo da siderurgia tem se mostrado dinâmico nos últimos anos e também lucrativo, respondendo por uma parte considerável do valor total da produção extrativo-industrial do país, o que leva a analisar se esse ramo também tem colaborado com a sua cota de responsabilidade sócio-ambiental que lhe cabe por obrigação. Tendo em vista que há inúmeras empresas do ramo da siderurgia instaladas no país, uma delas foi escolhida para ser avaliada mais detalhadamente quanto alguns indicadores sócioambientais relevantes que apresentaram grandes modificações em termos de valores monetários e evidenciação no Balanço Social entre os exercícios de 2005 e 2006. A análise desses indicadores pode levar o usuário da informação a um melhor entendimento quanto à política da empresa, mostrando se a mesma tem destinado parte dos lucros para desempenho tanto na área social quanto na área ambiental. Assim, esta pesquisa objetiva verificar os indicadores que compõem o Balanço Social da empresa Usiminas S/A e analisar a evolução das informações encontradas além de fazer um comparativo de alguns indicadores com outra companhia do ramo de siderurgia de mesmo porte. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica acerca desta pesquisa agrupa determinados conceitos que serão trabalhados ao longo do estudo como, por exemplo: contabilidade, contabilidade ambiental, responsabilidade social, Balanço Social e o modelo IBASE.

O objetivo da contabilidade é de acompanhar a dinâmica do patrimônio das entidades e fornecer informações claras e precisas acerca desse patrimônio para os seus usuários, sejam eles internos, como administradores e funcionários, sejam eles externos, como investidores ou mesmo o governo. Conforme Marion e Iudícibus (2000, p. 53): O objetivo da contabilidade pode ser estabelecido como sendo o de fornecer informação estruturada de natureza econômica, financeira e, subsidiariamente física, de produtividade e social, aos usuários internos e externos à entidade objeto da Contabilidade. Esse conceito apresentado por Marion e Iudícibus não é o único a definir a contabilidade e também não é unânime, no entanto, muitos autores apresentam conceitos similares. O enfoque que é dado atualmente para o cuidado com o meio ambiente tem abrangido a maior parte das ciências e a contabilidade não se comporta de maneira diferente. A abordagem que a contabilidade pode dar aos cuidados com o meio ambiente é tratada como contabilidade ambiental, atendendo aos usuários internos e externos. A contabilidade ambiental tem como objetivo relacionar as informações das empresas acerca dos valores investidos ou despendidos em suas ações que envolvem diretamente o meio ambiente e sua preservação. Segundo Raupp apud PFITSCHER (2004) o objetivo da contabilidade ambiental é: Tornar pública para fins de avaliação de desempenho, toda e qualquer atitude das entidades, com ou sem atividade lucrativa, mensurável em moeda que, a qualquer tempo, possa influenciar o meio ambiente assegurando que custos, ativos e passivos ambientais sejam reconhecidos a partir do momento de sua identificação, em consonância com os princípios fundamentais de contabilidade. Por ser um ramo relativamente recente da contabilidade, a contabilidade ambiental não tem ainda uma estrutura padrão de aplicação o que sugere uma lacuna no mercado para que contadores possam pesquisar e desenvolver métodos mais eficientes e práticos para a utilização desta contabilidade. Essa iniciativa por parte das entidades se deve também pelo fato de que as empresas estão assumindo cada vez mais a responsabilidade que cabe a elas pelo impacto que suas atividades afetam o meio ambiente e também porque assumir a responsabilidade por tais impactos é um dos primeiros passos para se atingir o desenvolvimento sustentável. Segundo Tachizawa (2004, p. 73): A responsabilidade social e ambiental pode ser resumida no conceito de efetividade, como o alcance de objetivos do desenvolvimento econômico-social. Portanto, uma organização é efetiva quando mantém uma postura socialmente responsável. Há autores que definem a responsabilidade social e a ambiental de maneira mais abrangente e mais elaborada, mas a idéia comum entre esses conceitos é mesmo a de que cabe as empresas assumirem o compromisso de melhorar a relação entre a empresa e a sociedade e entre a empresa e o meio ambiente. Uma das maneiras de se evidenciar as ações das empresas em favor da sociedade e do meio ambiente é a elaboração do Balanço Social. Este balanço, analogamente ao Balanço Patrimonial, contém informações relacionadas à empresa, porém, no Balanço Social as

informações são referentes às atitudes da empresa em relação à sociedade além do que neste balanço, há informações dinâmicas que tratam do comportamento da empresa ao longo do exercício e não só informações estáticas como em um Balanço Patrimonial. Segundo Tinoco e Kraemer (2004, p. 87): Balanço Social [grifo do autor] é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários. Esse Balanço não é de publicação obrigatória por nenhuma norma em nível nacional, no entanto o número de empresas que elaboram e publicam tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Há empresas que até submetem esse Balanço à auditoria independente, embora esta também não possua metodologia específica para análise desta demonstração. Existem três modelos principais de Balanço Social que as empresas brasileiras costumam utilizar: o modelo IBASE, o modelo Ethos e o GRI (GODOY, 2007). O modelo IBASE foi desenvolvido pelo instituto IBASE e se tornou muito popular devido à facilidade de elaboração que consiste em preencher uma tabela com tópicos pré-estabelecidos com os valores monetários investidos pela empresa em ações afirmativas no âmbito social interno, externo e também no âmbito ambiental. 3 METODOLOGIA Um trabalho científico consiste em um estudo sistemático e aprofundado de um tema relacionado a algum tipo de ciência, seja ela exata, social, biológica ou social-aplicada. Os trabalhos científicos em áreas como Administração, Economia e Ciências Contábeis se caracterizam como social-aplicada devido ao fato de possuir conteúdos de exatas e sociais simultaneamente. Segundo Silva e Menezes (2001, p. 20) apud COSTA (2006, p. 18) Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema que tem por base, procedimentos racionais e sistemáticos. Assim, este trabalho procura verificar na pesquisa os indicadores do Balanço Social mais relevantes para os usuários da informação. 3.1 Trajetória Metodológica O trabalho divide-se em três fases. A primeira trata da fundamentação teórica, onde são abordados os temas: contabilidade, contabilidade ambiental, responsabilidade social, Balanço Social e o modelo IBASE. A segunda fase trata do Estudo de Caso da empresa Usiminas - Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A., onde primeiramente faz-se um breve histórico da instituição e após apresentase o Balanço Social. Na terceira e última fase apresenta-se os resultados, em relação à análise dos dados financeiros, em relação aos indicadores internos, externos e ambientais, e ainda no final tem-se uma proposta de melhoria no Balanço Social com uma análise de confiabilidade.

4 ESTUDO DE CASO Este capítulo está dividido em Breve Histórico, Análise do Balanço Social e Análise Comparativa com outra Empresa do Setor. 4.1 Breve Histórico Em 25 de abril de 1956 fundava-se a Usiminas Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A, no Horto de Nossa Senhora, atual Ipatinga/MG. A princípio a cidade se constituía de pouco mais que 60 casas onde moravam em torno de 300 pessoas. Com a instalação da usina a população aumentou para algo em torno de 10.000 pessoas, sendo a maior parte constituída dos próprios colaboradores da construção das instalações da empresa (Fonte: www.usiminas.com.br). Dois anos depois, em 1958, a Usiminas tornou-se uma joint venture, com a participação de capital estatal em parceria com acionistas japoneses, proporcionando a capacitação de dez engenheiros que foram enviados para estudar em universidades do Japão durante o período de um ano. No dia 26 de outubro de 1962, o presidente João Goulart inaugurou a Usina Intendente Câmara e com isso foi dada à partida na produção industrial daquela que viria a se tornar uma das maiores empresas do ramo extrativista do país. No dia 1º de maio de 1965, por iniciativa desta mesma usina foi inaugurado, pelo então presidente Castelo Branco, o Hospital Márcio Cunha que hoje dispõe de 400 leitos em duas unidades e é considerado pelo Ministério da Saúde, estratégico do âmbito do SUS e já está credenciado como Centro de Alta Complexidade em Oncologia. É referência no estado no atendimento de urgência e emergência de gestantes de alto-risco, de transplantes renais e procedimentos de diálise, na implantação de marca-passo cardíaco, na neurocirurgia e no atendimento em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para adultos (Fonte: www.usiminas.com.br). Com relação ao meio-ambiente um grande avanço foi conquistado com a Resolução da Diretoria 05/73, na qual foram traçados os objetivos institucionais que visavam focar esforços na preservação do meio ambiente dentro das melhores técnicas ambientais disponíveis na época. E na parte de educação ambiental, a USIMINAS instituiu em 15 de outubro de 1984 o Projeto Xerimbabo, um projeto pioneiro no estado e que hoje apresenta palestras e seminários sobre conscientização em relação ao meio ambiente a mais de 600 escolas mineiras (Fonte: www.usiminas.com.br). Depois de formar um cinturão verde em torno de sua área industrial e de conquistar as normas QS 9000 e ISO 9001, a Usiminas foi a primeira usina do Brasil e segunda do mundo a alcançar o certificado ISO 14001 no ano de 1996. E mais recentemente esses esforços tem sido alvo de atenção novamente com a obtenção de recertificações da Gestão Ambiental da usina em 1999, 2002 e 2005. (Fonte: www.usiminas.com.br) 4.2 Análise do Balanço Social Neste item analisa-se o Balanço Social dos períodos de 2005 e 2006 com base na Receita Líquida. Conforme mostra o Quadro 1, a Receita Líquida apresentou redução em 2006 em relação a 2005, assim como o Resultado Operacional. No entanto, a Folha de Pagamento Bruta apresentou um aumento no valor.

Balanço Social - matriz IBASE (em milhares de reais) 1. Base de Cálculo 2006 2005 1.1 Receita Líquida 6.789.508 6.956.208 1.2 Resultado Operacional 2.021.024 2.842.708 1.3 Folha de Pagamento Bruta 619.162 531.684 Quadro 1: Balanço Social Usiminas 2006 Fonte: Adaptado de www.usiminas.com.br Quanto à análise dos Indicadores Sociais Internos - ISI dos períodos de 2005 e 2006, conforme mostra a Tabela 1, pode-se verificar que a maior participação nos ISI coube ao critério Encargos Sociais Compulsórios que representaram mais de 116 milhões de reais enquanto que os critérios Educação, Cultura e Creches ou Auxílio Creche não evidenciaram valor. Tabela 1: Adaptado do Balanço Social Usiminas 2006 2. Indicadores Sociais Internos Valor R$ % Receita Líquida 2006 2005 Valor R$ % Receita Líquida 2.1 Encargos Sociais Compulsórios 116.469 1,72 98.293 1,41 2.2 Previdência Privada 93391 1,38 32.670 0,47 2.3 Benefícios 2.3.1 Alimentação 17.582 0,26 16.099 0,23 2.3.2 Saúde 14.292 0,21 13.267 0,19 2.3.3 Segurança e Medicina do Trabalho 18.891 0,28 14.621 0,21 2.3.4 Educação 0 0 0 0 2.3.5 Cultura 0 0 0 0 2.3.6 Capacitação e Desenvolvimento Profissional 6.060 0,09 5.307 0,08 2.3.7 Creches ou Auxílio creche 0 0 0 0 2.3.8 Transporte 3.211 0,05 2.875 0,04 2.3.9 Seguros 1.129 0,02 1.121 0,02 2.4 Outros 8.984 0,13 2.063 0,03 2.5 Participação dos Empregados nos Lucros 36.720 0,53 67.554 0,97 Total 2. ISI 316.729 4,67 253.870 3,65 Fonte: adaptado de www.usiminas.com.br A análise dos Indicadores Sociais Externos - ISE dos períodos de 2005 e 2006 aponta que conforme a Tabela 2, não foi evidenciado investimento nas áreas de Educação, Saúde e Saneamento, Esporte e Combate a Fome e Segurança Alimentar. A análise aponta também que Tributos recebeu mais de 1,4 bilhão de reais.

Tabela 2 : Adaptado do Balanço Social Usiminas 2006 3. Indicadores Sociais Externos Valor R$ % Receita Líquida 2006 2005 Valor R$ % Receita Líquida 3.1 Educação 0 0 193 0 3.2 Cultura 14.721 0,22 15.921 0,22 3.3 Saúde e Saneamento 0 0 397 0,01 3.4 Esporte 0 0 496 0,01 3.5 Combate à fome e segurança alimentar 0 0 30 0 3.6 Outros 13.960 0,21 1.051 0,02 Total das contribuições para a sociedade 3.7 Tributos (excluídos encargos sociais) 28.681 0,42 18.088 0,26 1.408.734 20,75 1.807.240 25,98 Total 2. ISE 1.437.415 21,17 1.825.328 26,24 Fonte: adaptado de www.usiminas.com.br Em continuidade ao estudo do Balanço Social da empresa, faz-se a análise dos Indicadores Ambientais dos períodos de 2005 e 2006, conforme Tabela 3. É possível visualizar que a empresa não investiu em programas/projetos externos a empresa, assim como pode-se verificar que a instituição investiu mais de 47 e 70 milhões de reais em projetos internos nos anos de 2005 e 2006 respectivamente. Tabela 3: Adaptado do Balanço Social Usiminas 2006 4. Indicadores Ambientais Valor R$ % Receita Líquida Investimentos relacionados com a produção/ operação da empresa Investimentos em programas e/ou projetos externos 4.1 Total dos Investimentos em Meio Ambiente Fonte: adaptado de www.usiminas.com.br 2006 2005 Valor R$ % Receita Líquida 70.265 1,03 47.605 0,68 0 0 0 0 70.265 1,03 47.605 0,68 Por último, analisam-se os Indicadores do Corpo Funcional dos períodos de 2005 e 2006, conforme Tabela 4. Tabela 4: Adaptado do Balanço Social Usiminas 2006 5. Indicadores do Corpo Funcional 2006 2005 5.1 Nº de empregados no final do período 8.074 7.962 5.2 Nº de Admissões no Período 404 540

5.3 Nº de Empregados Terceirizados 6.782 5.628 5.4 Nº de Estagiários 271 179 5.5 Nº de Empregados acima de 45 anos 2.527 2.238 5.6 Nº de Mulheres que trabalham na empresa 325 306 5.7 % de Cargos de Chefia ocupados por Mulheres 0,05 % 0,05 % 5.8 Nº de Negros que Trabalham na Empresa 464 468 5.9 % de Cargos de Chefia ocupados por Negros 0 0 5.10 Nº de Empregados portadores de deficiência 138 26 Fonte: adaptado de www.usiminas.com.br A análise preliminar do Balanço Social acima, de matriz IBASE, indica alguns valores relevantes para serem avaliados no que tange a variação horizontal, ou seja, a variação percentual entre os períodos analisados e sobre os mesmos indicadores e a variação vertical, ou seja, a variação do valor do investimento em determinado indicador e sua relação com a Receita Líquida RL. 4.2.1 Participação de Empregados nos Lucros O primeiro indicador analisado é a Participação dos Empregados nos Lucros. Este é um Indicador Social Interno e a análise é mostrada na Figura 1. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Indicador 1: Participação de Empregados nos Lucros 2006 - $ 36.720.000,00 2005 - $ 67.554.000,00 AV 2006-0,53 % 2005-0,97 % VARIAÇÃO DE (0,44 %) AH VARIAÇÃO = (45,63 %) VARIAÇÃO COM INFLAÇÃO = (47,65 %) Figura 1: Análise do ISI - Participação nos Lucros

O valor global da participação de empregados nos lucros no ano de 2006 teve uma redução de R$ 30.834.000,00. Essa redução representa uma queda de 45,63 % dos valores ou de 47,65 % se for levada em conta a taxa de inflação utilizada de 3,84 % no período. Em relação à Receita do Período a participação que em 2005 foi de 0,97 % em 2006 foi de 0,53% o que indica uma variação percentual negativa de 0,44 %. 4.2.2 Educação O segundo indicador analisado é a Educação. Este é um Indicador Social Externo e a análise é mostrada na Figura 2. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Indicador 2: Educação 2006 - $ 0,00 2005 - $ 193.000,00 AV 2006-0 % 2005-0,002 % VARIAÇÃO DE (0,002 %) AH VARIAÇÃO = (100%) Figura 2 - Análise do ISE Educação Os investimentos em Educação se mostraram importantes devido à falta de evidenciação monetária no Balanço Social de 2006 em relação aos valores que apareciam na versão de 2005. Assim faz-se uma análise nas notas explicativas da própria Usiminas Os Investimentos em Educação são entendidos pela Empresa como decorrentes de programas e projetos integrados aos Investimentos em Capacitação e Desenvolvimento Profissional. Contudo há o fato de que o investimento no valor de R$ 193.000,00 de 2005 se relacionava ao Social Externo, ou seja, dirigido a comunidade, enquanto que em 2006, os valores que supostamente estavam incorporados ao indicador de Capacitação Profissional são de natureza interna a empresa, o que teoricamente não poderia ser feito tendo em vista que esses indicadores são diferentes e a nãoseparação deles acaba resultando na indicação de um valor de investimento de Indicador Social Interno equivocado.

Conforme análise numérica do Balanço Social, a variação horizontal foi uma redução de 100%, enquanto que a avaliação vertical aponta que em 2005 foram investidos 0,002% da Receita Líquida nesse indicador e em 2006 não houve percentual destacado a essa função. 4.2.3 Outros O terceiro indicador analisado também pertence aos Indicadores Sociais Externos e se trata dos investimentos denominados Outros, e sua análise é mostrada na figura 3. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Indicador 3: Ind. Sociais Externos - Outros 2006 - $ 13.960.000,00 2005 - $ 1.051.000,00 AV2006-0,21 % 2005-0,02 % VARIAÇÃO DE 0,19 % AH VARIAÇÃO = 1.228,25 % Figura 3: Análise de ISE Outros Pode-se perceber que ocorreu uma variação positiva de R$ 12.909.000,00 do ano de 2005 para 2006. Esse valor torna-se significativo porque não há notas explicativas no Balanço Social detalhando os saldos referentes a que compõem esse valor e a função da conta Outros não é a de receber valores volumosos, e sim, a de agrupar valores muito pequenos que não poderiam ser classificados sob os outros títulos como Educação ou Cultura. Verifica-se também um aumento de 0,19 % em relação a Receita e uma variação positiva de 1.228,25 % em relação ao ano anterior. 4.2.4 Investimentos em Meio Ambiente O quarto item relevante no estudo foram os Investimentos em Meio Ambiente, conforme mostrado na Figura 4. A análise vertical aponta um crescimento de R$ 23.060.000,00 nos investimentos relacionados ao meio ambiente. Isso revela um crescimento de 0,35 % em relação a Receita e

também revela um crescimento de 48,85 % em relação a 2005 ou 43,34 % também em relação a 2005 levando-se em conta a taxa inflacionária de 3,84 % no período. E há que se observar também que todos os investimentos ambientais da Usiminas dirigem-se a atividades relacionadas com sua operação/produção internos sem, nesse caso, haver nenhum investimento no ambiente classificado como direcionado a comunidade externa. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Indicador 4: Investimentos em Meio Ambiente 2006 - $ 70.265.000,00 2005 - $ 47.205.000,00 AV 2006-1,03 % 2005-0,68 % VARIAÇÃO DE 0,35 % AH VARIAÇÃO = 48,85 % VARIAÇÃO COM INFLAÇÃO = 43,34 % Figura 4: Análise IA - Meio-Ambiente 4.2.5 Número de Empregados Portadores de Deficiência E o último indicador de relevância analisado diz respeito aos Indicadores do Corpo Funcional, conforme mostra a Figura 5. Pode-se observar que houve um aumento significativo no número de funcionários portadores de deficiência física de 112 empregados, o que equivale a um aumento de 430,76 % em relação ao ano de 2005 e um aumento de 1,4 % em relação ao número total de empregados, sendo que o percentual observado em 2005 era de 0,3 % e em 2006 havia um percentual de 1,7%. Caso se verifique esse índice mais detalhadamente, constata-se que a Usiminas pode estar trabalhando em função de aumentar a participação dos empregados portadores de deficiência em seu quadro de funcionários, de modo a atingir os limites estipulados pelo Artigo 93 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 que dispõe: Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I - até 200 empregados...2%; II - de 201 a 500...3%; III - de 501 a 1.000...4%; IV - de 1.001 em diante....5%. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Indicador 5: Nº de Empregados Portadores de Deficiência 2006-138 2005-26 AV 2006 1,70 % 2005 0,30 % VARIAÇÃO DE 1,4 % AH VARIAÇÃO = 430,76 % Figura 5: Análise ICF - Empregados Portadores de Deficiência Lembrando que a Usiminas possui um número superior a 8 mil funcionários ela se enquadra no inciso IV, e portanto deve possuir pelo menos 5 % de trabalhadores reabilitados ou portadores de deficiência que seria um número em torno de 400 funcionários. Também há mais dois pontos relevantes que merecem apontamento aqui que são o percentual de Cargos de Chefia Ocupados por Mulheres e por Negros que se manteve constante em 0,05 % e 0 % respectivamente. 4.3 Análise Comparativa com outra Empresa do Ramo Após verificar o porte e a importância no ramo da siderurgia nacional, decidiu-se comparar a empresa Usiminas com a sua concorrente Gerdau S/A. Optou-se, neste trabalho, por se fazer a comparação justamente dos indicadores que mais chamaram a atenção na Usiminas, com o intuito de se verificar se as empresas do mesmo ramo seguem um comportamento padrão e ainda, buscar compreender as bases que levaram essas empresas a gerir seus recursos de maneira diversa. Há que se observar que a comparação foi feita entre a controladora da Usiminas e o Balanço Social consolidado nacional da Gerdau.

O primeiro indicador analisado foi o de Participação dos Empregados nos Lucros (em milhares de Reais), conforme mostra o Quadro 2. 2006 2005 Variação Usiminas 36.720 67.554 (30.834) Gerdau 184.559 183.289 1.270 Quadro 2: Análise da Participação dos Empregados nos Lucros Usiminas e Gerdau Como se pode verificar a Usiminas apresentou um retrocesso no valor de R$ 30.834.000,00 enquanto a Gerdau apresentou um avanço de R$ 1.270.000,00, o que representa respectivamente, uma redução percentual de 45,64 % e um aumento de 0,7 %. O segundo indicador foi o de Educação em termos de Investimentos Sociais Externos, conforme mostra o Quadro 3. 2006 2005 Variação Usiminas 0 193 (193) Gerdau 7.625 5.402 2.223 Quadro 3: Análise da Educação Usiminas e Gerdau Em 2006, a Usiminas apresentou uma queda de R$ 193.000,00 para R$ 0 (zero) em investimentos na área de Educação Externa, o que equivale a uma queda de 100 %, enquanto a sua concorrente aumentou seus investimentos em R$ 2.223.000,00, ou seja, um aumento de 41,15%. O terceiro indicador foi Outros no quadro de investimentos externos, conforme mostra o Quadro 4. 2006 2005 Variação Usiminas 13.960 1.051 12.909 Gerdau 5.065 801 4.264 Quadro 4: Análise de Outros Usiminas e Gerdau Nesse indicador apesar das duas empresas apresentarem aumentos volumosos, isso não significa necessariamente um avanço e sim mais um retrocesso devido ao fato de que o agrupamento de grandes valores sob o título de Outros pode refletir falta de transparência, e tanto a Usiminas quanto a Gerdau perdem com esses aumentos de 1.228% e 532%, respectivamente. O quarto indicador analisado foi o de Investimentos Ambientais, conforme mostra o Quadro 5. 2006 2005 Variação Usiminas 70.265 47.605 22.660 Gerdau 143.300 145.800 (2.500) Quadro 5: Análise de Investimentos Ambientais Usiminas e Gerdau

Em termos de investimentos ambientais a Usiminas apresentou um progresso de 47,6 % enquanto a Gerdau apresentou uma variação de (1,71%). E o último item analisado trata-se do percentual de Cargos de Chefia Ocupados por Mulheres (em %), conforme mostra o Quadro 6. 2006 2005 Variação Usiminas 0,05 0,05 0 Gerdau 14,4 12,9 1,5 Quadro 6 Análise do Percentual de Cargos de Chefia ocupados por Mulheres Usiminas e Gerdau Pode-se verificar que em relação ao percentual de Cargos de Chefia Ocupados por Mulheres a Usiminas permaneceu estática enquanto a Gerdau apresentou um aumento de 1,5 % em relação ao total. 6 PROPOSTA DE MELHORIA A proposta para melhoria consiste em fazer um Balanço Social mais completo, acrescentando Notas Explicativas que auxiliem os usuários da informação a compreender de modo mais completo as origens dos valores relatados neste Balanço, analogamente ao que acontece no Balanço Patrimonial, que geralmente possui um volume de informações em Notas Explicativas maior do que o próprio demonstrativo em si. Outro aspecto que pode ser melhorado é relativo à conta Outros, que deveria seguir as mesmas regras do Balanço Patrimonial, que informam, na lei 6.404/76, na Seção II, art. 176, 2º: Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes". O objetivo desta última sugestão é de evitar que grandes valores sejam evidenciados sem transparência quanto à aplicação. 6.1 Análise de Confiabilidade A fim de questionar os gestores sobre a conta Outros, foi enviado um e-mail a empresa analisada. A resposta recebida não esclareceu as dúvidas que surgiram. A empresa pesquisada apontou no e-mail que enviou em resposta, que apenas seguiu a metodologia do modelo IBASE e citou no corpo do e-mail que: Se a forma das informações não seguir um padrão mínimo, tornase difícil uma avaliação adequada da função social da empresa ao longo dos anos. Esta afirmação é uma citação, conforme a própria empresa informou, do site www.balancosocial.org.br. No entanto vale lembrar que as instruções de preenchimento do modelo IBASE, disponível no mesmo site, dizem que o Balanço Social... Pode ser acompanhado de outros itens e de informações qualitativas (textos e fotos) que a empresa julgue necessários.

7 CONSIDERAÇOES FINAIS Os objetivos desta pesquisa, que eram identificar os indicadores sociais utilizados em sua evidenciação, analisar os dados apresentados e comparar alguns indicadores com outra empresa foram atingidos. A Usiminas apresenta diversos pontos positivos e negativos acerca dos investimentos sócio-ambientais o que dificulta significativamente a classificação da empresa quanto aos estágios de Responsabilidade Social. No critério Participação dos Empregados nos Lucros verificou-se uma redução percentual de 45,63% dos montantes distribuídos em 2005 e 2006. O critério Educação dos Indicadores Sociais Externos apresentou uma queda de 100% tendo em vista que não houve evidenciação desta informação no ano de 2006, sendo que em 2005 foi investido um valor de mais de 190 mil reais. Observou-se também que a formulação do Balanço Social da Usiminas apresentou um agrupamento de investimentos sob a denominação de Outros tanto nos Indicadores Sociais Internos quanto nos Indicadores Sociais Externos no período estudado. Um ponto positivo a ser destacado foi o aumento dos investimentos na área ambiental que foi de cerca de 48%, apresentando números que foram de aproximadamente 47 milhões para 70 milhões de reais. Outro ponto de destaque positivo foi o aumento de portadores de deficiência no quadro de funcionários, que girou em torno de 430%, sendo que em 2005 eles eram em 26 e ao final de 2006 já se apresentavam em número de 138. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991. COSTA, Fernando I. B. Egressos como Fonte de Informação: um Estudo Comparativo do Perfil Profissional dos Graduados dos Cursos de Ciências Contábeis, Direito e Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina. 2006. Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) Departamento de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. GODOY, Marina. As divergências e convergências nas informações disponibilizadas no Balanço Social entre os três modelos. 2007. Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) - Departamento de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS. Publique seu Balanço Social. Acessado em 23 de Julho de 2008, em: http://www.balancosocial.org.br. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José C. Contabilidade Comercial. São Paulo; Atlas, 2000. PFITSCHER, Elisete D. Gestão e sustentabilidade através da contabilidade e contabilidade ambiental: estudo de caso na cadeia produtiva de arroz ecológico. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2004. TACHIZAWA, Takeshy. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. São Paulo: Atlas, 2004.

TINOCO, João E. P., KRAEMER, Maria E. P. Contabilidade e Gestão Ambiental. São Paulo: Atlas, 2004. USIMINAS. História. Acessado em 10 de Agosto de 2008, em www.usiminas.com.br.