UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU



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Transcrição:

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU EFEITO DA APLICAÇÃO DE LODO DE ESGOTO COMPOSTADO NA FERTILIDADE DO SOLO E NO CRESCIMENTO INICIAL DE PINUS E EUCALIPTO. MARIA ANGÉLICA SZYMANSKI DE TOLEDO Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Ciência Florestal. BOTUCATU SP Janeiro 2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU EFEITO DA APLICAÇÃO DE LODO DE ESGOTO COMPOSTADO NA FERTILIDADE DO SOLO E NO CRESCIMENTO INICIAL DE PINUS E EUCALIPTO. MARIA ANGÉLICA SZYMANSKI DE TOLEDO Orientador: Prof. Dr. Robert Boyd Harrison Co-orientadores: Prof. Dr. Iraê Amaral Guerrini/ Prof. Dr. Alcides Lopes Leão Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Ciência Florestal. BOTUCATU SP Janeiro - 2013

Agradecimentos Agradeço ao que acredito ser uma Força Maior, e que muitos chamam por Deus, por me trazer energias que me guiaram e concederam esse caminho e a oportunidade de crescimento com o desenvolvimento deste trabalho. À minha mãe Carmen que ainda não podendo estar presentes em todos meus passos, me educou com firmeza e coragem que muitos não fariam e sempre incentivou o crescimento profissional. Ao Professor Iraê Amaral Guerrini pela amizade, orientação e todo tempo de dedicação desde a graduação, ainda que sendo meu co-orientador neste trabalho. Ao Professor Robert Boyd Harrison pela orientação ainda que a distância. Ao Professor Dirceu Maximino Fernandes pela amizade e conhecimento todos esses anos e por aceitar participar desta banca. À Professora Clarice Becks por aceitar participar desta banca. Agradeço imensamente aos inesquecíveis amigos e companheiros de toda essa jornada Edson (Busk), Evelyn (Siri), Fabiana (Xiquinha), Fábia (Merrek), Fabrízia (Moeda), Humberto (Pupo), Isabela (Belinha), Vítor (Grilo), Leonardo (Da Roça), Mariana, Mário (Fanho), Matheus (Pxe), Regina (Perê), Thiago (Xuxu) e Yuji Kobata por toda amizade, aprendizado e apoio durante todos esses anos. Sem a ajuda e companhia de vocês durante o desenvolvimento deste trabalho as tarefas teriam sido mais árduas e não poderia ter usufruído de grandes oportunidades ao longo do mestrado. Agradeço ainda à querida XVIII Turma de Engenharia Florestal, a melhor turma que tive o prazer e sorte de fazer parte. Agradeço ao Professor Alcides Lopes Leão e os colegas do laboratório Residual pelo apoio e por cederem o local durante o desenvolvimento do trabalho. Agradeço à Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP Botucatu pela oportunidade e apoio institucional e aos seus funcionários pelo apoio e ótimo relacionamento. À CAPES pela bolsa de mestrado concedida. Ao funcionário do viveiro de mudas da FCA Claudinho e ao viveiro Eucapinus pela concessão das mudas.

" O Segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima e a nossa vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio" (Ana Primavesi)

SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS... LISTA DE TABELAS... 1 RESUMO...04 SUMMARY...06 2 INTRODUÇÃOE JUSTIFICATIVA...07 3 REVISÃO DE LITERATURA...10 3.1 Impactos ambientais e resíduos urbanos...10 3.2 Matéria orgânica no solo e adubação...14 3.3 Legislação...17 3.4 Setor florestal...18 4 MATERIAL E MÉTODOS...20 4.1 Localização dos experimentos...20 4.2 Condições climáticas locais...20 4.3 Solo utilizado nos experimentos...21 4.4 Espécies...22 4.5 Caracterização do resíduo compostado...22 4.6 Delineamento experimental e descrição dos tratamentos...24 4.7 Parâmetros biométricos avaliados...25 4.8 Parâmetros químicos analisados...25 4.9 Análise de dados...27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...28 5.1 Parâmetros biométricos...28 5.2 Parâmetros químicos...41 5.2.1 Fertilidade do solo...41 5.2.2 Nutrição foliar...57 6 CONCLUSÃO...67 7 CONSIDERAÇÕES...69 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...70

LISTA DE TABELAS Página 1. Análise química do Latossolo Vermelho utilizado nos experimentos, coletado no setor da Patrulha, Faz. Experimental Lageado...20 2. Análise química do lodo compostado usado nos tratamentos e proveniente da ETE Lageado...22 3. Dados comparativos das quantidades de nutrientes adicionados por tratamento...24 4. Médias do monitoramento de altura em três períodos de idade das mudas de Eucalipto conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos...29 5. Médias do monitoramento de diâmetro em três períodos de idade das mudas de Eucalipto conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos...31 6. Médias do monitoramento de altura em três períodos de idade das mudas de Pinus conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos...32 7. Médias do monitoramento de diâmetro em três períodos de idade das mudas de Pinus conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos...34 8. Médias dos valores de teor de cor verde, área foliar e peso seco das mudas de Eucalipto em relação aos tratamentos com doses crescentes de lodo compostado após o monitoramento por 8 meses...36 9. Médias dos valores de peso seco de folha, raiz e caule das mudas de Pinus submetidas a doses crescentes de lodo compostado após o monitoramento por 8 meses...40 10. Médias dos valores de clorofila a e b, e de carotenóides extraídos das folhas de Pinus submetidas a doses crescentes de lodo compostado após o monitoramento por 8 meses...41 11. Médias dos valores dos parâmetros da análise química básica de solo realizada após 8 meses de experimento com mudas de Eucalipto submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...43 12. Médias dos valores dos parâmetros da análise química básica de solo realizada após 8 meses de experimento com mudas de Eucalipto submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...43

13. Médias dos valores dos parâmetros da análise química básica de solo realizada após 8 meses de experimento com mudas de Pinus submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...44 14. Médias dos valores dos parâmetros da análise química básica de solo realizada após 8 meses de experimento com mudas de Pinus submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...45 15. Médias dos valores dos parâmetros da análise química de nutrientes das folhas realizada após 8 meses de experimento com mudas de Eucalipto submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...45 16. Médias dos valores dos parâmetros da análise química de nutrientes das folhas realizada após 8 meses de experimento com mudas de Eucalipto submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...46 17. Médias dos valores dos parâmetros da análise química de nutrientes das folhas realizada após 8 meses de experimento com mudas de Eucalipto submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...58 18. Médias dos valores dos parâmetros da análise química de nutrientes das folhas realizada após 8 meses de experimento com mudas de Pinus submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...59 19. Médias dos valores dos parâmetros da análise química de nutrientes das folhas realizada após 8 meses de experimento com mudas de Pinus submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...59 20. Médias dos valores dos parâmetros da análise química de nutrientes das folhas realizada após 8 meses de experimento com mudas de Pinus submetidas a tratamento de doses crescentes de lodo compostado...60

LISTA DE FIGURAS Página 1. Visualização dos experimentos instalados na casa de vegetação...24 2. Gráfico representativo do comportamento do desenvolvimento da altura ao decorrer dos 8 meses em função das doses crescentes do resíduo compostado...29 3. Foto das parcelas mais representativas de todos tratamentos ao final do experimento com Eucalipto. As parcelas estão em ordem crescente, T1 a T7, da esquerda para a direita...30 4. Gráfico representativo do desenvolvimento em diâmetro dos tratamentos com doses crescentes do resíduo compostado no experimento com Eucalipto...31 5. Gráfico representativo do desenvolvimento em altura dos tratamentos com doses crecentes de lodo compostado no experimento com Pinus...33 6. Foto das parcelas mais representativas de todos tratamentos ao final do experimento com Pinus. As parcelas estão em ordem crescente, T1 a T7, da esquerda para a direita...33 7. Gráfico representativo do desenvolvimento em diâmetro por 8 meses dos tratamentos com doses crescentes de lodo compostado no experimento com Pinus...34 8. Foto demonstrativa da parcela de tratamento testemunha apresentando coloração foliar avermelhada...36 9. Gráfico demonstrativo de ICV medido nas folhas de eucalipto ao oitavo mês do experimento...37 10. Gráfico demonstrativo da medição de área foliar de eucalipto ao oitavo mês do experimento...37 11. Gráfico demonstrativo da mensuração de peso seco das estruturas vegetativas das mudas de eucalipto ao oitavo mês do experimento...39 12. Gráfico demonstrativo da mensuração do peso seco de folha, caule e raiz das mudas de pinus ao oitavo mês do experimento...41

13. Gráfico demonstrativo dos valores de ph do solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...47 14. Gráfico demonstrativo dos valores médios de matéria orgânica no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...48 15. Gráfico demonstrativo dos valores médios de fósforo no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...49 16. Gráfico demonstrativo dos valores médios de potássio no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...49 17. Gráfico demonstrativo dos valores médios de alumínio no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...50 18. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acidez potencial no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...51 19. Gráfico demonstrativo dos valores médios de cálcio no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...52 20. Gráfico demonstrativo dos valores médios de magnésio no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...52 21. Gráfico demonstrativo dos valores médios de soma de bases no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...53

22. Gráfico demonstrativo dos valores médios de capacidade de troca catiônica no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...53 23. Gráfico demonstrativo dos valores médios de V% no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...54 24. Gráfico demonstrativo dos valores médios de enxofre no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...54 25. Gráfico demonstrativo dos valores médios de cobre no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...56 26. Gráfico demonstrativo dos valores médios de ferro no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...56 27. Gráfico demonstrativo dos valores médios de manganês no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...57 28. Gráfico demonstrativo dos valores médios de zinco no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo nos experimentos com mudas de pinus e eucalipto...57 29. Gráfico demonstrativo dos valores médios de boro no solo analisado ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...58 30. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de nitrogênio nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...61

2 31. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de fósforo nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...62 32. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de potássio nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...63 33. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de cálcio nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...63 34. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de magnésio nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...64 35. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de enxofre nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...64 36. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de boro nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...65 37. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de cobre nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...66 38. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de ferro nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...66 39. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de magnésio nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...67

3 40. Gráfico demonstrativo dos valores médios de acúmulo de zinco nas folhas analisadas ao final do experimento com os tratamentos com doses de lodo no experimento com mudas de eucalipto...67

4 RESUMO A crescente necessidade de recursos e maior consumo pela sociedade em expansão geram maior produção de resíduos e inevitavelmente a procura por alternativas mais econômicas e sustentáveis de seu processamento e disposição. A população brasileira gera anualmente 5,4 bilhões de litros de esgoto sendo que a maior parte não é disposta ou tratada corretamente (FGV, 2009). O uso como fertilizante orgânico dos resíduos de tratamento de esgoto é uma alternativa amplamente utilizada em diversos países como forma de destinação final e incremento de nutrientes e fertilidade dos solos. No entanto a legislação brasileira é restritiva quanto ao uso desse tipo de resíduo como fertilizante em solos exigindo dentre outras condições que o resíduo seja compostado. Assim o presente trabalho avaliou o uso do resíduo de lodo de esgoto compostado em desenvolvimento inicial de mudas de pinus (Pinus tecunumanii.) e eucalipto (híbrido de Eucalyptus urophylla e Eucalyptus grandis) que são as espécies mais plantadas em reflorestamentos comerciais. O trabalho comparou doses

5 crescentes de 0, 5, 10, 15, 20 e 25 toneladas por hectare do lodo de esgoto compostado e adubação convencional. Foram avaliados nas plantas o desenvolvimento em altura, diâmetro, peso de biomassa, clorofila, teor de cor verde e teor de nutrientes foliares e no solo analisado sua fertilidade e teor de nutrientes após o experimento. O trabalho demonstrou que a aplicação das maiores doses do resíduo, 20 e 25 Mg.ha -1 resultaram em valores de médias crescentes para os parâmetros biométricos e nutricionais avaliados, quando comparados entre as doses somente, mas não foram superiores às médias da resposta com adubação convencional indicando a necessidade de complementação da adubação orgânica. Para parâmetros relacionados a fertilidade do solo, como a CTC e matéria orgânica as maiores doses do resíduo resultaram em maiores valores de médias no solo, sendo maior valor para a dose de 25 Mg.ha - 1.

6 COMPOSTED SEWAGE SLUDGE EFECT ON SOIL FERTILITY AND PINE AND EUCALYPTUS INICIAL GROWTH. Botucatu, 2012.... p. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Author: Maria Angélica Szymanski de Toledo Adviser: Robert Boyd Harrison SUMMARY The growing need for natural resources and increase in consumption rates by modern societies originate higher production of wastes and therefore, new alternatives that are both economic and sustainable are desired. 5,4 billions of litres of sewage are produced each year in Brazil and great part of it is not processed and disposed properly. The use of sewage sludge as organic fertilizer is a broadly adopted alternative in many countries to, at the same time, give sewage waste a final destination and enhance soil fertility. However, the same approach in Brazil faces drawbacks regarding brazilian legislation once it requires that the sewage sludge must be composted before its use. In this cenario, the present study evaluated the use of composted sewage sludge as fertilizer in the initial development of pines (Pinus tecunumanii) and eucalyptus (hybrid of Eucalyptus urophylla and Eucalyptus grandis) seedlings, which are the most used species in commercial reforestation. The effect of a crescent dosage of composted sewage sludge (0, 5, 10, 15, 20 and 25 tons per hectare) was compared to conventional fertilization. Plant development based on hight, stalk diameter, biomass weight, chlorophyll level, green color content level and leaf nutrients level measurements was monitored. Soil fertility and nutrient content was monitored after the experiment was performed. Our data showed higher values of biometric and nutricional parameters by the higher 20 and 25 tons per hectare of composted sewage sludge dosage, when compared only between the dosage. The application of tradicional fertilizer gave better results than the dosage, showing that is necessary the complementation on organic fertilizations. The parameters of SEC (soil exchange capacity) and organic meter, related with soil fertility, had better results with higher sewage sludge dosage and the highest value was gave by 25 tons per hectare.

7 1. INTRODUÇÃO O crescimento populacional mundial tem aumentado constantemente desde os primórdios das civilizações. Da mesma maneira cresce a necessidade por recursos que devem suprir todas as necessidades das sociedades não limitadas apenas às necessidades básicas de subsistência e sim a produtos e bens de consumo de alta tecnologia e valor agregado. Assim o consumo de recursos naturais e a produção de resíduos decorrentes das atividades e necessidades humanas é cada vez maior e mais acelerada em diversos setores, desde geração de esgoto a montantes de materiais elétricos e eletrônicos descartados diariamente. O aumento da geração de resíduos urbanos e industriais devido o crescimento populacional e industrial gera a preocupação não apenas ambiental, quanto o descarte desses resíduos considerando seu potencial poluidor do solo e recursos hídricos, mas também econômica considerando os altos custos para tratamento e o licenciamento de aterros sanitários. Assim o desenvolvimento de novas utilidades para esses resíduos é essencial. Dentro desse contexto a produção de resíduo proveniente das estações de tratamento de esgoto urbano tem aumentado principalmente em grandes centros populacionais de países desenvolvidos ou não, sendo crescente a preocupação da sua disposição ambientalmente correta.

8 Atualmente com a preocupação da reciclagem e melhor uso e manutenção dos recursos naturais o emprego desse resíduo orgânico como fonte de matéria orgânica em solos agricultáveis é amplamente utilizado em países desenvolvidos de maneira racional e correta sem trazer riscos a saúde humana e poluição ambiental. Assim o uso de resíduos orgânicos provenientes de esgotos urbanos é usado e testado como fonte de nutrientes e aumento de fertilidade de solos para a produção de diversas culturas. Segundo levantamento publicado em 2009 sobre o saneamento básico no Brasil, 5,4 bilhões de litros de esgoto sem tratamento são descartados diariamente em solos, rios, praia e mananciais trazendo impactos diretos à saúde da população, sendo que pela primeira vez constatou-se que apenas 50,9% dos brasileiros têm acesso à rede de coleta (FGV, 2009). O lodo de esgoto está se tornando cada vez mais um grande problema para as municipalidades ao redor do mundo, pois as quantidades produzidas continuam aumentando com o aumento da densidade populacional das cidades (Mortvedt, 1996). Uma alternativa para sua disposição é a reciclagem na forma de lodo de esgoto tratado, através da utilização na agricultura e em áreas florestais como fertilizante orgânico substituindo ou complementando a adubação mineral convencional. Dentre as culturas, os plantios florestais estão crescendo constantemente com a maior necessidade mundial de energia, celulose, papel dentre outros produtos provenientes de florestas e a maior consciência ambiental das sociedades, países, instituições e empresas públicas e privadas tem contribuído diminuindo a devastação de florestas naturais. Por ser rico em matéria orgânica, a qual desempenha papel de fundamental importância na capacidade de troca catiônica e retenção de água, especialmente em solos tropicais que são deficientes nesses atributos, a aplicação de lodo de esgoto seria uma forma de repor a matéria orgânica rapidamente mineralizada sob essas condições, além de fornecer nutrientes para as plantas, especialmente nitrogênio e fósforo. O presente trabalho tem como objetivo principal avaliar a eficiência do lodo de esgoto compostado proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto de Jundiaí como fornecedor de nutrientes para as espécies florestais exóticas mais plantadas no Brasil (Pinus e

9 Eucalipto). Foram avaliados os atributos químicos relacionados a fertilidade do solo e biológicos quanto ao desenvolvimento das espécies florestais em função dos tratamentos.

10 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Impactos ambientais e resíduos urbanos. Dados da ONU declaram que a população mundial atual é de 7 bilhões de pessoas e que até 2030 deverá alcançar os 8 bilhões. Assim além do aumento do consumo e necessidade de alimentos e água haverá maior geração de resíduos. A degradação ambiental, a exploração desenfreada dos recursos naturais, a geração maciça de resíduos e os crescentes desníveis sociais e econômicos que ocorrem desde a II Guerra Mundial, vêm sendo alvo de preocupação entre entidades governamentais e não governamentais e da sociedade em geral (ODUM, 1985). De forma que instituições e organizações vêm se mobilizando constantemente, criando normas e regulamentos, incentivando tecnologias para o descarte de resíduos urbanos e industriais. Assim a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

11 classifica os resíduos de acordo com a reação que produzem quando são dispostos no solo: perigosos (Classe 1- contaminantes e tóxicos); não-inertes (Classe 2 - possivelmente contaminantes); inertes (Classe 3 não contaminantes). E devem seguir a Norma 10.004 quanto sua destinação, tratamento e disposição final. As várias vantagens relacionadas a reciclagem de resíduos, de qualquer tipo, estão relacionadas ao uso de recursos naturais levando a redução no volume de extração de matérias-prima, redução no consumo de energia, menor emissão de poluentes e melhoria em saúde e segurança da população. A vantagem mais visível da reciclagem é a preservação dos recursos naturais, prolongando sua vida útil e reduzindo a destruição da paisagem, fauna e flora. Na América do Norte e Europa, a reciclagem é vista, pela iniciativa privada, como um mercado altamente rentável. Empresas investem em pesquisa e tecnologia, o que aumenta a qualidade do produto reciclado e propicia maior eficiência do sistema produtivo. O aproveitamento dos rejeitos urbanos e industriais para uso como materiais alternativos não é novo e tem dado certo em vários países do Primeiro Mundo, sendo três as principais razões que motivam os países a reciclarem seus rejeitos industriais; primeiro, o esgotamento das reservas de matérias-primas confiáveis; segundo, o crescente volume de resíduos sólidos, que põem em risco a saúde pública, ocupam o espaço e degradam os recursos naturais e, terceiro, a necessidade de compensar o desequilíbrio provocado pelas altas do petróleo (Menezes et al, 2002). Diante desse contexto fica clara a razão da crescente preocupação em melhorar o descarte dos resíduos, não apenas por instituições públicas e organizações não governamentais, mas também por empresas privadas. Segundo parte da Declaração de Malmo, o qual aborda os principais desafios ambientais para o século XXI, o setor privado emerge como um importante ator no cenário de preservação ambiental, especialmente com

12 relação ao uso da tecnologia e investimentos, incorporando a variável ambiental na tomada de decisões. Nesse aspecto, as ações do governo são fundamentais para induzir mudanças na criação de uma nova cultura no setor privado. Princípios como o do poluidor-pagador e o da precaução, associados ao uso de ferramentas de gestão como: contabilidade ambiental, indicadores e relatórios de desempenho ambientais, eco-eficiência devem ser estimulados pelos governos e agências reguladoras. O Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil de 2010 relatou que foram gerados neste ano no país 61 milhões de toneladas de resíduo, sendo 6,8% maior que o gerado em 2009 e seis vezes maior que o crescimento da população e média de resíduos produzida por habitante por ano foi de 378 kg (ABRELPE, 2010). O consumo de água em média é de 3,3 m³ por pessoa por mês, assim calcula-se em torno de 110 L por dia para atender as necessidades de consumo e higiene sendo que das 7 bilhões de pessoas no mundo 1,1 bilhões não tem acesso a água potável (ONU). No Brasil, segundo publicações da SABESP o consumo de água é de 200 L por dia. Assim é evidente que grande volume de esgoto é gerado diariamente no país e ainda que não seja devidamente coletado e tratado existe a necessidade e a preocupação da população para que as boas condições sanitárias sejam acessíveis a todos os brasileiros. De toda população 82,3% tem acesso à rede geral de abastecimento de água e 52,5% acesso à rede de esgoto sanitário. Em relação aos esgotos, segundo publicação de 2009 da FGV 5,4 bilhões de litros de esgoto não tratados são descartados por dia em solos, rios, praias e mananciais e 50,9% da população brasileira tem acesso à rede de coleta. São grandes os volumes diários de resíduos urbanos não tratados e dispostos irregularmente gerando impactos ao meio ambiente e à saúde humana.

13 Quando devidamente coletados o esgoto urbano pode ter proveniência industrial com características específicas da indústria ou pode ser sanitário proveniente de coletas domésticas, águas pluviais, águas de infiltração e despejos industriais. Cerca de 99,99% do esgoto composto por água, e dos 0,01%, 70% são substâncias orgânicas e 30% inorgânicas sendo essa fração sólida o lodo final gerado nas estações de tratamento (Melo e Marques, 2009). O esgoto recebe uma série de tratamentos clássicos denominados primário, secundário e terciário ou avançado. O tratamento primário é responsável pela separação da fração líquida da sólida por gravidade e remoção de parcelas em suspensão. A parte secundária do processo utiliza processos biológicos para eliminar a matéria orgânica. E finalmente o tratamento terciário aplica operações de adensamento, estabilização, condicionamento e desidratação para eliminar contaminantes, diminuir o odor e os materiais resistentes a decomposição e aumentar o teor de sólidos (Berton e Nogueira, 2010). O material final resultante é o lodo de esgoto que tem algumas formas de disposição final como a incineração, o reaproveitamento industrial em produção de tijolos, o descarte em aterros sanitários e também na agricultura incorporado ao solo como fonte de matéria orgânica. A maneira mais usada para o descarte desse resíduo das estações de tratamento tem sido em aterros sanitários que devem ser construídos em áreas apropriadas e monitorados por longos períodos gerando um desperdício de áreas e altos custos de manutenção que representam cerca de 50% do valor do orçamento operacional do sistema de tratamento (Spadotto e Ribeiro, 2006). Dados da SABESP indicam que o custo por tonelada de lodo em aterros é de 368 a 385 reais, enquanto que na agricultura é de 150 a 237 reais por tonelada.

14 Assim, a opção por aterro sanitário para disposição final destes resíduos gerados no esgoto urbano exige altos custos para sua implantação e manutenção, além da exigência de cuidados especiais no manuseio, tendo em vista os riscos de contaminação ambiental. (Bellote et al., 1998). Fica clara a necessidade de encontrar medidas economicamente viáveis e ambientalmente corretas para o descarte de resíduos urbanos. 3.2 Matéria orgânica no solo e adubação. A matéria orgânica no solo é de grande importância por alterar consideravelmente as propriedades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas do solo podendo aumentar a fertilidade do solo. Fisicamente a matéria orgânica altera a porosidade, superfície específica, estrutura e retenção de água do solo e assim a capacidade de cultivo também. Da mesma forma, as propriedades químicas e físico-químicas são melhoradas com a adição de matéria orgânica por contribuir na reação do solo, em bases trocáveis, no aumento da capacidade de troca catiônica contribuindo na capacidade de adsorção de cálcio, magnésio, potássio e outros elementos evitando a perda destes em solos pobres em argila. Para solos do Estado de São Paulo, cerca de 50 a 70% do CTC pode corresponder à matéria orgânica do solo. (Kiehl, 1979) Com a decomposição o nitrogênio (N) orgânico do lodo é convertido em amônio ou nitrato, sendo que o amônio pode ser retido nos coloides do solo enquanto que o nitrato é lixiviado caso não seja absorvido pelas plantras em condições hídricas viáveis. Para condições redutoras ocorre desnitrificação e o nitrato é convertido em N gasoso (Bettiol e Camargo, 2006).

15 Estudos demonstram que a aplicação de materiais orgânicos, como resíduos urbanos e industriais, aumenta o conteúdo de matéria orgânica e melhoram a estrutura e a fertilidade do solo a longo prazo. Dependendo da quantidade de solo superficial remanescente, é possível uma recuperação significativa do solo dentro de 3 a 5 anos através de um manejo intensivo e uso de materiais orgânicos que aceleram o crescimento das plantas e os processos de formação dos solos (Visser, 1985). A recuperação da atividade e população microbiana normal do solo pode ocorrer dentro de 2 a 3 anos após a aplicação desse material (Seaker e Sopper, 1988b). Para o lodo de esgoto o sucesso da recuperação de solos é devido a três fatores relacionados ao seu conteúdo orgânico: o N está numa forma orgânica lentamente disponível; o alto conteúdo de C orgânico é uma fonte imediata de energia para os microorganismos; a matéria orgânica melhora as péssimas condições físicas do solos, resultantes da remoção e compactação da camada superficial (Seaker e Sopper, 1988). O lodo de esgoto é constituído de hidróxido de Al, fosfatos, precipitados de hidróxidos e colônias de bactérias remanescentes. Apresenta alto teor de matéria orgânica, baixos teores de Na e as relações Ca + Mg/K são muito elevadas, sendo um resíduo com elevados teores de alguns elementos essenciais para o crescimento vegetal, tendo potencial para uso como fertilizante e condicionador de solos (Nolasco et al., 2000). Outra questão se refere às fontes de fertilizantes que são escassas no Brasil, principalmente a de fósforo, obrigando as empresas produtoras a importar o nutriente. Segundo o Anuário Mineral Brasileiro, em 2005 o fosfato e o potássio juntos alcançaram 21% do valor total das importações do setor mineral.

16 Levantamento recente de dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), demonstram que volume de fertilizantes entregue ao consumidor final (agricultor) foi de 22,4 milhões de toneladas em 2009 e atingiu 24,5 em 2010 e comparando o mês de janeiro de 2010 com 2011 houve aumento de 7,3%. A produção nacional de fertilizantes foi de 8,3 milhões de toneladas em 2009 e chegou a 9,3 em 2010 e o aumento relacionado a janeiro de 2011 e o ano anterior foi de 3,3%. A escassez foi preenchida com maior volume de importações, que foi de 11,0 milhões de toneladas em 2009 e 15,2 em 2010, e para janeiro de 2010/2011 o crescimento em importações foi de 78,5%. Nogueira (2008) cita que a necessidade crescente por fertilizantes é devida a expansão da agricultura brasileira em razão do crescimento da demanda interna e externa. A demanda externa refere-se ao aquecimento do mercado de commodities impulsionado pelo desenvolvimento de países como a China, Índia e Rússia. Já quanto a demanda interna, o aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras com o aumento da renda e os programas sociais do governo juntamente com a maior demanda por biocombustíveis, destacando-se o etanol, justificam esse crescimento. A situação atual relacionada ao custo com a produção de fertilizantes que muitas vezes são mal aproveitados por um manejo ineficaz das culturas agrícolas e florestais é outra grande razão para o desenvolvimento de novas fontes de nutrientes que ainda que não possam suprir toda a necessidade do país podem abrandar o consumo de fertilizantes minerais além de melhorar seu aproveitamento com a melhora das condições de fertilidade do solo.

17 Nesse sentido, a incorporação de lodo de esgoto para a produção agrícola florestal não é apenas uma questão ambiental e econômica, mas também de desperdício, uma vez que este resíduo representa fonte de fertilidade para o solo. 3.3 Legislação A partir da década de setenta, principalmente nos EUA, pesquisas com lodo de esgoto foram intensificadas e foram investigados muitos aspectos do seu uso em florestas. No Brasil, a pesquisa sobre a utilização do lodo de esgoto na agricultura acontece desde o início da década de oitenta, mas trabalhos em silvicultura são recentes e escassos (Guedes e Poggiani, 2003). A grande preocupação da aplicação de resíduos em áreas florestais e agrícolas está na contaminação que pode ser gerada nos solos e recursos hídricos dependendo do tipo de resíduo usado e seu manejo durante a incorporação sendo este outra importante razão para os estudos na área. De acordo com Mortvedt (1996), muitos países têm introduzido controle na concentração de metais pesados nos lodo de esgoto devido aos efeitos na cadeia alimentar humana. Nos Estados Unidos, a Environmental Protection Agency (EPA) determina as quantidades máximas de metais pesados e, em função desses teores, podem ser calculadas doses e freqüência de aplicação do material. De acordo com Andrade (1999), as normas da EPA serviram como base para a elaboração dos critérios para o uso agrícola de lodo de esgoto no estado de São Paulo. A aplicação de biossólido nos solos, apesar de ter aspectos a serem analisados quanto a contaminação, é uma das poucas possibilidades de métodos de manejo

18 com benefícios e vem sendo mais usada por ter menor impacto comparado a outros métodos de manejo, como a incineração, disposição em aterros e oceanos. O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) classifica o lodo de esgoto em dois tipos, Classe A e Classe B. O lodo Classe A (compostado) deve apresentar concentrações específicas de patógenos: menos de 10³ NMP (número mais provável) por grama de sólidos de coliformes termotolerantes; taxa de ovos viáveis de helmintos inferior a 0,25 ovo por grama de sólidos totais; ausência de salmonella em 10g de sólidos totais e presença de vírus inferior a 0,25 por unidade formadora de foco por grama de sólidos totais. E o lodo Classe B não atende tais requisitos, sendo o mais produzido pelas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e que apresenta aplicação restrita. A Resolução CONAMA nº 375 de Agosto de 2006 regulamenta o uso agrícola do lodo de esgoto dispondo de condições específicas e prevê ainda no Artigo nº 11 que apartir de cinco anos de sua data de publicação, ou seja apartir de Agosto de 2011, será apenas permitido a aplicação de lodo de esgoto ou produto derivado classe A, compostado. Assim as ETEs deverão transformar seu lodo em Classe A para que possam ser aplicados em áreas agrícolas e florestais o que justifica o motivo do estudo que deverá focar o efeito benéfico em solos e produção florestais. 3.4 Setor florestal brasileiro O Brasil mundialmente conhecido pela imensidão de áreas de florestas tropicais nativas também vem expandindo consideravelmente suas áreas de florestas plantadas representadas na maior parte pelas espécies exóticas de pinus e eucalipto. Dados de 2011 relataram a área total plantada com eucalipto era de mais de 4,8 milhões de hectares e havia

19 crescido 2,5% em relação ao ano anterior e as áreas de pinus totalizaram mais de 1,6 milhões de hectares. (ABRAF, 2012) Ainda que possua algumas das mais vastas e exuberantes florestas nativas do mundo o país perde anualmente grandes extensões florestais nativas desde a colonização, dadas inicialmente com o desbravamento do território, exploração e expansão agrícola. Atualmente os grandes desmatamentos, ainda que ilegais, ocorrem principalmente na região Amazônica onde a escassez de fiscalização e recursos permitem grandes devastações. Nesse sentido, o plantio de florestas comerciais destinadas a diversos setores além de contribuir para o desenvolvimento no país acaba diminuindo a pressão sobre as áreas nativas. O setor florestal no Brasil está em expansão em vista da maior necessidade mundial por recursos relacionados a produção madeireira para geração energética, moveleira, celulose e papel entre outros. O setor de florestas plantadas atualmente contribui na geração de 4, 7 milhões de empregos que representa 5% da população economicamente ativa brasileira e movimenta 3,1% das exportações do país com o valor de 7,97 bilhões de dólares.

20 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Localização dos experimentos O experimento foi conduzido por oito meses em casa de vegetação no departamento de Recursos Naturais Ciências Ambientais da Faculdade de Ciências Agronômicas (UNESP Botucatu). Para o experimento com eucalipto o tempo de condução foi de Outubro de 2011 a Junho de 2012, para o pinus a instalação foi realizada em Fevereiro e a finalização em Setembro de 2012. 4.2 Condições climáticas locais. O clima da cidade de Botucatu é classificado como temperado quente, caracterizado por verão chuvoso e inverno seco sendo a temperatura média para o verão é superior a 23 C e para o inverno inferior a 17 C com precipitação média anual de 1533,2 mm.(cunha et al., 1999)

21 4.3 Solo utilizado nos experimentos. O solo usado, caracterizado como Latossolo Vermelho de textura média, foi coletado no Setor da Patrulha da Fazenda Experimental Lageado e previamente analisado pelo Laboratório de Fertilidade do Solo localizado no Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo (Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP Botucatu) para análise básica e micronutrientes conforme a metodologia de Raij e Quaggio (1983). Os valores detectados estão demonstrados na tabela a seguir. Tabela 1. Análise química do Latossolo Vermelho utilizado nos experimentos, coletado no setor da Patrulha, Faz. Experimental Lageado. Análise Básica, Macronutrientes e Micronutrientes: Solo Variáveis analisadas Valores ph (CaCl 2 ) 4,1 Matéria Orgânica 22 g/dm³ Presina 1 mg/dm³ Al 3+ 10 mmol c /dm³ H+Al 60 mmol c /dm³ K 0,2 mmol c /dm³ Ca 2 mmol c /dm³ Mg 1 mmol c /dm³ Soma de Bases (SB) 3 mmol c /dm³ Capacidade de Troca Catiônica (CTC) 63 mmol c /dm³ Saturação por bases (V%) 5 S 13 mg/dm³ B 0,18 mg/dm³ Cu 0,7 mg/dm³ Fe 31 mg/dm³ Mn 0.3 mg/dm³ Zn 01 mg/dm³

22 4.4 Espécies Foram usadas mudas das espécies florestais comerciais exóticas de Pinus (Pinus tecunumanii.) e Eucalipto (clone I144, híbrido de Eucalyptus urophylla. e Eucalyptus grandis.). Os testes com mudas de Eucalipto e Pinus contribuem para avaliação da resposta nutricional das espécies ao lodo de esgoto compostado, para o qual não existem muitos trabalhos realizados sendo essas espécies florestais exóticas as de maior importância comercial atualmente. As espécies de eucalipto fazem parte do gênero das mirtáceas e apresentam crescimento rápido comparados às espécies de pinus, gimnospermas da família pinaceae, assim o uso dessas diferentes espécies contribui para avaliar resposta das mudas quanto ao uso de fertilizantes orgânicos em relação ao tempo de desenvolvimento destas. 4.5 Caracterização do resíduo compostado. O resíduo usado nas doses crescentes dos tratamentos foi resultante da compostagem de lodo fornecido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SABESP (ETE) da Fazenda Lageado em Botucatu com cascas de eucalipto fornecidos pela empresa Eucatex. O processo de compostagem foi realizado em área prória da Estação de Tratamento. O resíduo compostado foi submetido a análise pelo Laboratório de Fertilizantes e Corretivos localizado no Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo (Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP Botucatu) para determinação química de seus nutrientes, apresentando os valos abaixo.

23 Tabela 2. Análise química do lodo compostado usado nos tratamentos e proveniente da ETE Lageado. Análise Básica, Macronutrientes e Micronutrientes: Lodo Compostado Variáveis analisadas Valores ao natural N 0,95 % P 2 O 5 0,65 % K 2 O 0,08 % Ca 0,86 % Mg 0,14 % S 0,79 % Um 36 % M.O. 22,4 % C 12,44 % Na 474 mg/kg Cu 97 mg/kg Fe 21152 mg/kg Mn 293 mg/kg Zn 191 mg/kg C/N 13/1 ph 5,80 O composto gerado pela ETE apresentava partículas grandes de casca de eucalipto, madeira e pedras que provavelmente não seriam decompostos no curto prazo dos experimentos interferindo na real disponibilidade de nutrientes em cada tratamento e repetição. Assim, o material foi submetido a separação fracionada através de peneiras graduais antes da pesagem das doses de cada tratamento As doses de lodo compostado e da adubação convencional foram incorporadas através de betoneira em volume de 50 litros de solo para cada parcela.

24 4.6 Delineamento experimental e descrição dos tratamentos O experimento para as duas espécies (Pinus e Eucalipto) foram conduzidos na casa de vegetação dispostos em dois blocos (um para cada espécie) em delineamento inteiramente casualizado e seis repetições por tratamento que consistiram de uma testemunha absoluta (sem correção ou adubação qualquer), um tratamento com adubação mineral (de acordo com os níveis de nitrogênio, fósforo e potássio exigidos pelas espécies) e cinco dosagens diferentes do lodo compostado, totalizando sete tratamentos e 42 parcelas por espécie: 1- (T1)Testemunha absoluta: sem lodo de esgoto e sem adubo mineral; 2- (T2)Adubação mineral: conforme cálculo da necessidade para N, P e K e calagem; 3- (T3)5,0 Mg. ha -1 de lodo de esgoto (base seca); 4- (T4)10,0 Mg. ha -1 de lodo de esgoto (base seca); 5- (T5)15,0 Mg. ha -1 de lodo de esgoto (base seca); 6- (T6)20,0 Mg. ha -1 de lodo de esgoto (base seca); 7- (T7)25,0 Mg. ha -1 de lodo de esgoto (base seca). Figura 1. Visualização dos experimentos instalados na casa de vegetação.

25 Em função das diferentes quantidades de nutrientes nas doses do composto de cada tratamento e a adubação convencional foram calculado os valores destes comparando a quantidade de nutrientes efetivamente adicionadas. Tabela 3. Dados comparativos das quantidades de nutrientes adicionados por tratamento. Nutrientes T2 T3 T4 T5 T6 -------------------------------Kg. ha -1 ----------------------------- N 47,50 95,00 142,50 190,00 237,50 P2O5 32,50 65,00 97,50 130,00 162,50 K2O 4,00 8,00 12,00 16,00 20,00 Ca 43,00 86,00 129,00 172,00 215,00 Mg 7,00 14,00 21,00 28,00 35,00 S 39,50 79,00 118,50 158,00 197,50 M.O. 1120,00 2240,00 3360,00 4480,00 5600,00 C 622,00 1244,00 1866,00 2488,00 3110,00 Na 23,70 47,40 71,10 94,80 118,50 Cu 4,85 9,70 14,55 19,40 24,25 Fe 1057,60 2115,20 3172,80 4230,40 5288,00 Mn 14,65 29,30 43,95 58,60 73,25 Zn 9,55 19,10 28,65 38,20 47,75 Durante todo o tempo de desenvolvimento inicial as mudas foram monitoradas quanto a necessidade de irrigação que foi realizada com quantidade calculada para que não houvesse perda dos nutrientes por lixiviação e de acordo com necessidade das plantas em função do clima e umidade em cada período. 4.7 Parâmetros biométricos avaliados Após o plantio das mudas foram realizadas medições mensais de altura e diâmetro das mesmas através de régua graduada e paquímetro digital respectivamente. Em

26 função dos diferentes tamanhos das mudas para as diferentes espécies, as mesmas poderão ser comparadas através dos diferentes incrementos por período de avaliação, analisando o efeito da adubação orgânica entre espécies de rápido crescimento (Eucalipto) e de crescimento lento (Pinus). O crescimento em altura e diâmetro foram monitorados mensalmente através de sucessivas medições durante oito meses. Ao final do experimento com eucalipto foram medidos a área foliar e pesados a massa seca de folhas, caule e raízes de cada parcela. Para o experimento com pinus foram mensurados ao fim dos oito meses massa seca de folhas, caule e raízes. 4.8 Parâmetros químicos analisados. A clorofila e o teor de cor verde das folhas também foram mensurados nos experimentos com o pinus e eucalipto respectivamente. O teor de cor verde do experimento com eucalipto foi mensurado mensalmente através de clorofilômetro, selecionando as folhas maduras localizadas no terço médio superior das plantas mensalmente até o 8º mês. A espécie de pinus apresenta folhas tipo acículas o que impossibilita a medição indireta da clorofila através do teor de cor verde usando clorofilômetro. Assim para o experimento com pinus foi realizada a análise bioquímica de clorofila ao final do experimento no Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Biologia UNESP Botucatu, sob supervisão do Professor Fernando Broetto. Foram analisadas também características químicas do solo ao fim dos experimentos para fins de fertilidade segundo Raij e Quaggio (1983). Quatro pontos de

27 amostra de 0 a 20 centímetros de solo foram coletados em cada vaso para compor a amostra final de cada parcela. Composição química foliar das espécies, em função dos tratamentos: foram coletadas as folhas de toda a parte aérea para avaliar o estado nutricional das mudas ao final de oito meses para ambas espécies. Para analisar a concentração de nutrientes, as folhas, incluindo os pecíolos, foram secadas a 65 ºC em estufas de ventilação forçada e moídas em moinho tipo Willey (peneira de 20 mesh). As análises químicas dos elementos (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Zn e Na) contidos no material vegetal serão realizadas por digestão sulfúrica (N), digestão seca (B) e nítricoperclórica (demais elementos). O P e o B serão determinados por colorimetria, o teor de N pelo método micro-kjeldhal, o K e Na por fotometria de chama, o S por turbidimetria e os demais elementos por espectrofotometria de absorção atômica, conforme descrito por Malavolta et al. (1997). 4.9 Análise de dados. Os resultados serão submetidos à análise de variância e posterior regressão, ajustando-se as equações aos dados obtidos como variáveis das doses para cada experimento. Adotou-se como critério na escolha do modelo a interação pelo teste F significativo a 5 %, com auxílio do programa Sisvar 3.2.

28 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Parâmetros Biométricos Os dados de diâmetro e altura coletados durante os oito meses foram submetidos a análise estatística para verificar a resposta das espécies aos tratamentos. Para os dados do experimento realizado com eucalipto foram selecionado três períodos das medições: ao primeiro mês; ao quarto mês e ao oitavo mês; e submetidos ao teste Tukey a 5% e análise de regressão. Sendo os valores demonstrados nas Tabelas 4 e 5. A valores na Tabela 4 referentes às respostas da altura demonstraram que não houve diferença estatística entre os tratamentos apenas para o primeiro mês, justificado pelo pequeno período de exposição das mudas aos tratamentos. Para o 4º e 8º mês a diferença estatística foi verificada sendo os maiores valores em altura para a adubação

29 convencional demonstrando que o rápido crescimento da espécie e o baixo teor de nutrientes disponíveis no lodo compostado através de cada dose ministrada não foram suficientes para suprir as necessidades da planta e assim atingir seu máximo crescimento potencial. Tabela 4. Médias do monitoramento de altura em três períodos de idade das mudas de Eucalipto conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos. Tratamento Médias da altura para as idades. 1º mês 4º mês 8º mês Testemunha 37,6 59,8 B 70,7 B Adubação Convencional 40,2 80 A 105,2 A 5 Mg.ha -1 39,2 62,9 B 67,8 B 10 Mg.ha -1 39,5 64,5 B 69,8 B 15 Mg.ha -1 39,2 66,6 B 73,5 B 20 Mg.ha -1 38,5 68,1 B 76,5 B 25 Mg.ha -1 37,4 67,2 B 73,8 B CV 10,67 7,70 8,98 Ns ** ** CV= Coeficiente de Variação; ns = não significativo; ** = significativo a 1% de probabilidade. As médias de crescimento em altura, quando analisadas apenas em função das doses do lodo compostado apresentam maiores valores para as maiores doses. Figura 2. Gráfico representativo do comportamento do desenvolvimento da altura ao decorrer dos 8 meses em função das doses crescentes do resíduo compostado.

30 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 Figura 3. Foto das parcelas mais representativas de todos tratamentos ao final do experimento com Eucalipto. As parcelas estão em ordem crescente, T1 a T7, da esquerda para a direita. Na Tabela 5 estão demonstrados os valores os valores referentes às análises de diâmetro, que tiveram comportamento dos valores de altura. A não complementação nutricional e a baixa disponibilidade de nutrientes nas doses dos tratamentos com o lodo compostado, conforme a Tabela 3, justificam o baixo desenvolvimento nos tratamentos com a adubação orgânica. No entanto, comparado ao desenvolvimento das parcelas que não receberam qualquer adubação as maiores doses do resíduo apresentam maiores médias de diâmetros para o 4º e 8º mês. As médias apresentaram diferença significativa entre as doses apenas no 4º mês com as maiores doses de lodo compostado de 20 e 25 Mg ha -1.

31 Tabela 5. Médias do monitoramento de diâmetro em três períodos de idade das mudas de Eucalipto conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos. Tratamento Médias do diâmetro para as idades 1º mês 4º mês 8º mês Testemunha 5,8 C 9,6 C 13,5 B Adubação Convencional 8,9 A 12,7 A 24,4 A 5 Mg.ha -1 7,2 BC 10,5 BC 13,7 B 10 Mg.ha -1 7,5 AB 10,8 BC 14,0 B 15 Mg.ha -1 6,9 BC 10,7 BC 14,2 B 20 Mg.ha -1 7,2 BC 11,5 AB 15,3 B 25 Mg.ha -1 7,0 BC 11,6 AB 15,5 B CV 10,98 8,95 10,41 ** ** ** CV= Coeficiente de Variação; ns = não significativo; ** = significativo a 1% de probabilidade. Comparando-se apenas as doses dos tratamentos orgânicos é verificado maior resposta em diâmetro para os maiores valores aplicados como demonstra a Figura 4. Testando lodo de esgoto compostado como substrato de viveiro para o desenvolvimento de mudas de eucalipto por 150 dias, Bazzo (2009) obteve maiores médias significantes em altura e diâmetro mas não superiores ao substrato convencional. Figura 4. Gráfico representativo do desenvolvimento em diâmetro dos tratamentos com doses crescentes do resíduo compostado no experimento com Eucalipto.

32 A Tabela 6 com as de altura para o experimento com Pinus mostra diferença estatística para o quarto e oitavo mês. Para o quarto mês as doses crescentes do resíduo e a adubação convencional não diferiram entre si mas somente quando comparadas a testemunha. No oitavo mês ocorre o mesmo apenas com a diferença de maior valor e diferença estatística para a adubação convencional. Ao longo do desenvolvimento em altura das parcelas do experimento com Pinus foi observado que muitos indivíduos apresentaram ramificações nos ponteiros e desenvolvimento de múltiplos ramos apicais. Assim os dados mensurados neste parâmetro não refletem corretamente o crescimento das mudas sendo necessária a análise em conjunto com os outros parâmetros biométricos medidos. Tabela 6. Médias do monitoramento de altura em três períodos de idade das mudas de Pinus conduzidas por 8 meses com aplicações dos 7 tratamentos. Tratamento Médias da altura para as idades. 1º mês 4º mês 8º mês Testemunha 12,7 32,3 B 46,2 B Adubação Convencional 16,8 44,8 A 74 A 5 Mg.ha -1 17,2 43,7 A 57,5 AB 10 Mg.ha -1 16,5 44,7 A 64,8 AB 15 Mg.ha -1 15,5 49,0 A 67,5 AB 20 Mg.ha -1 14,5 46,8 A 66 AB 25 Mg.ha -1 15,7 46,3 A 65,5 AB CV 19,18 13,66 20,23 ns ** * CV= Coeficiente de Variação; ns = não significativo; ** = significativo a 1% de probabilidade. Apesar do desenvolvimento em altura não expressar o real desenvolvimento das mudas de pinus pela ocorrência de ramificações durante o crescimento

33 apical a Figura 5, comparando apenas as adubação orgânica mostra a tendência de maiores valores de altura para os tratamentos com maiores doses. Figura 5. Gráfico representativo do desenvolvimento em altura dos tratamentos com doses crecentes de lodo compostado no experimento com Pinus. T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 Figura 6. Foto das parcelas mais representativas de todos tratamentos ao final do experimento com Pinus. As parcelas estão em ordem crescente, T1 a T7, da esquerda para a direita. A resposta em diâmetro para a espécie de pinus apresentou significância para as médias das medições do 4º e 8º mês havendo diferença estatística