BOLETIM CUSTO E PREÇO Balanço Janeiro 2011 ARROZ: Os preços de arroz em casca, cotados na terceira semana de janeiro de 2011, vem apresentando uma notável estabilidade, variando positivamente em 0,3% em relação aos preços da semana anterior. Em Uruguaiana/RS, o preço do cereal atingiu R$ 23,50 por saca de 50 kg, enquanto que em Camaquã/RS, chegou a atingir R$ 23,13. No mercado brasileiro o preço do arroz vem apresentando queda expressiva desde dezembro de 2010. A manutenção da moeda nacional valorizada, associada a boas safras apresentadas pela Indonésia e pelo Mercosul, dificultam a exportação de arroz, o que gera um excesso de oferta no mercado interno e pressiona os preços para baixo. Por outro lado, os leilões de escoamento do produto PEP, também contribuem para a tendência de queda dos preços. O relatório de demanda e oferta do USDA, divulgado em janeiro, prevê que o consumo de arroz, referente a safra de 2010/11 irá superar a produção do cereal em, aproximadamente, 400 mil toneladas, provocando uma redução insignificante no volume de estoques, que deve chegar, no seu valor final, a 94,37 milhões de toneladas. FEIJÃO: No mercado nacional, o preço do feijão carioca manteve-se inalterado nas três primeiras semanas do mês de janeiro, cotado a R$ 65,00 por saca de 60 Kg, tendo como referencia o mercado de Unaí/MG. Já o feijão preto, produzido em Prudentópolis/PR, sofreu uma queda de 7,1% em relação ao preço apresentado na semana passada, atingindo o valor de R$ 69,15 por saca. O momento atual do mercado brasileiro é conhecidamente de oferta abundante, com preços mais baixos. Entretanto, o efeito sazonal sobre preços vem sendo agravado por uma oferta de baixa qualidade do produto, onde o excesso de chuvas em algumas regiões vem produzindo feijão com alto teor de umidade e grãos manchados, o que influencia negativamente os preços da leguminosa. O excesso de oferta vem sendo pressionado, também, pelas
intensivas importações de feijão procedentes da China, que vem entrando no país desde o final de 2010. Só em dezembro foram compradas 31 mil toneladas do produto, sendo pouco mais de 90% representados por produtos chineses. MILHO: As cotações de milho no mês de janeiro seguiram em alta, tanto no mercado interno quanto no externo. No mercado interno a restrição de oferta tem mantido os preços em níveis elevados. Já no mercado internacional os preços estão influenciados pela safra da Argentina, atingida pela falta de chuva no inicio de 2011. Na primeira quinzena de janeiro os preços se estabilizaram em R$ 17/sc 60kg em Sorriso - MT e R$ 23/sc 60kg em Campo Mourão - PR. Entre 17 e 24 de janeiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) subiu 3,74%, fechando a R$ 31,38/sc de 60 kg. No mês, o índice acumula alta de 11%. Neste momento, os produtores voltam a atenção para a definição da safrinha. A tendência é de um recorde de área para a segunda safra de milho motivada pelo cenário de preços atrativos e concorrência com o algodão na região centro-oeste. Devido ao atraso das chuvas na safra de verão e conseqüente redução na janela de plantio, os riscos climáticos da safrinha deverão ser monitorados de perto pelos produtores.
LEITE: Em dezembro o preço médio do leite pago ao produtor foi de R$0,7207/litro. O valor pago foi o segundo maior para o período desde 1994, ficando abaixo apenas do registrado em 2007. A região sul apresentou as maiores altas, Santa Catarina registrou um aumento de 4,22% frente a novembro, Rio Grande do Sul e Paraná, 3% e 1,3% respectivamente. O maior preço médio continuou sendo verificado em São Paulo, de R$ 0,7586/litro, semelhante ao praticado em novembro. Em Minas Gerais, os preços também se mantiveram estáveis, com leve recuo de 0,3%, R$ 0,7235/litro. Na Bahia, a queda foi de 2,4%, com média a R$ 0,6538/litro. O clima (seca), os elevados custos com alimentação e o consumo aquecido no segundo semestre de 2010 sustentaram os preços mesmo em um período atípico. Considerando-se a média dos 12 meses de 2010, houve um aumento de 0,59% em relação a 2009 já descontada a inflação. Em termos nominais o acréscimo foi de 5,5%. O mercado spot e o leite UHT seguiram estáveis entre novembro e dezembro, o que pode sinalizar que os preços a serem pagos aos produtores em janeiro também permaneçam nos mesmos níveis do mês anterior.
CAFÉ: Os preços da saca de café em janeiro, na maioria das regiões analisadas, registraram um leve aumento. A maior alta foi registrada no sul de Minas Gerais, 8,5%. A exceção foi Luís Eduardo Magalhães/BA com uma queda de 1,4%. O ano de 2010 foi marcante para a cafeicultura nacional.o setor arrecadou em 2010 US$ 5,7 bilhões, um acréscimo de 35% frente a 2009, estabelecendo um recorde de faturamento do setor. A produção e as exportações, da mesma maneira, atingiram níveis máximos de 54 milhões de sacas e 33,2 milhões de sacas, respectivamente. O ano de 2011 é marcado pela queda na produção. Com a menor oferta a expectativa é de melhores preços para os produtores. Os agentes já trabalham com um comprometimento de 75% da safra 2010/2011. Muitos produtores já se orientam a escalonar as vendas para obter uma melhor rentabilidade em 2011.
BOI: O ano de 2010, para a pecuária de corte, registrou preços recordes na cotação do boi gordo. Em dezembro passado, a média nacional foi de R$ 92,16 por arroba, representando um aumento significativo de 34% em relação à média de dezembro de 2009, quando a arroba custava R$ 69,10. Dado o desempenho do setor em 2010, cujo forte crescimento veio alavancado pela demanda interna do produto, espera-se que no ano corrente novos investimentos sejam feitos de forma a manter a tendência crescente do setor. Sabe-se, no entanto, que a demanda interna pode não se apresentar crescimento compatível com o do setor, podendo levar a excessos de oferta, que pressionarão os preços da arroba em 2011 para baixo. Para evitar esse cenário o setor deve se preocupar em escoar a produção para mercados internacionais, estratégia de difícil execução dado o elevado nível de preços e a manutenção de uma moeda nacional valorizada, que reduzem a competitividade externa ao encarecer o produto. Mesmo assim, a situação dos nossos vizinhos Uruguaios, Argentinos e Paraguaios, pode favorecer nossas exportações ao eliminar a concorrência externa, o que já pode ser sentido na retomada de vendas de carne industrializada para os Estados Unidos. SOJA: Mesmo com início da colheita e baixa disponibilidade do grão os preços de soja na segunda semana de janeiro não apresentaram grandes mudanças. No PR, o aumento foi de 2%, com a saca de 60kg passando de R$49 para R$50, no MT alta de 4,65%, de R$43 para R$45. Já no RS os preços caíram 1%, atingindo R$50.O Indicador ESALQ/BM&FBovespa para o produto transferido no porto de Paranaguá teve baixa de 0,96% em sete dias, finalizando a R$ 51,50/sc de 60 kg. As cotações internacionais de soja em janeiro apresentaram alta superior a 6%, ultrapassando a barreira dos US$14/bushel, maior valor desde julho de 2008. As causas desse aumento foram a robustez da demanda global, as perdas na Argentina, uma previsão de menor área plantada nos EUA em 2011 e a firmeza do mercado financeiro. Para o Brasil as condições gerais da safra são muito satisfatórias, com exceção do RS. Os produtores estão atentos ao desenvolvimento das lavouras e à
colheita em algumas regiões, aguardando o avanço dos trabalhos e já planejando a safrinha com milho ou algodão. ALGODÃO: O preço do algodão vem superando as expectativas dos agentes de mercado desde agosto de 2010. O Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias atingiu R$ 3,4862/lp, recorde da série do Cepea, iniciada em 1996 valores deflacionados pelo IGP-DI de dez/10. No mês de janeiro o Indicador já subiu quase 20%. Na Bahia a variação semanal foi de 2,85%, de R$ 105,14/@ para R$ 108,14/@. Já no Mato Grosso o preço passou de R$ 106,81/@ para R$ 109,13/@. A principal causa desse expressivo aumento vem de estoques mundiais mínimos, resultando na menor relação estoque/consumo dos últimos 15 anos. Em relação a safra 2010/2011 a perspectiva é de também um recorde de área plantada. A produção deve chegar a 1,8 milhão de toneladas, segundo dados da Conab, aumento de 53,7%, também recorde. Em termos mundiais, a produção deve crescer 13,7%. O expectativa é de manutenção de preços atrativos, pois mesmo com o aumento da oferta, a relação estoque/consumo permanecerá apertada.