Vigília e Sono. Geanne Matos de Andrade. Depto de Fisiologia e Farmacologia. Os ritmos da vida. Ritmos biológicos

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Transcrição:

Vigília e Sono Ritmos Biológicos Geanne Matos de Andrade Depto de Fisiologia e Farmacologia Os ritmos da vida Ritmos biológicos infradiano circadiano ultradiano Sistema temporizador circadiano- marca-passo hipotalâmico Sistemas temporizadores que sincronizam os ritmos internos de cada indivíduo Figura 16.3. Componentes básicos dos sistemas temporizadores que sincronizam os ritmos internos de cada indivíduo com os ciclos naturais. Modificado de M.R. Rosenzweig e colaboradores. Biological Psychology (2a ed.), 1999, Sinauer Associates, EUA. 1

Sistema temporizador circanual Formação ativadora reticular Vigília Sono Inconsciência da qual a pessoa pode ser desperta por estímulos externos Teorias do Sono Passiva- fatigação do sistema de ativação reticular (SAR) Ativa- centros inibitórios abaixo da região mediopontina faz com que o encéfalo adormeça 2

Áreas cerebrais responsáveis pela produção do sono Circuitos envolvidos com o sono de ondas lentas e o sono paradoxal Núcleos da rafe (metade inferior da ponte e do bulbo) Hipotálamo (Núcleo supraquiasmático tico) Tálamo Núcleo do trato solitário (bulbo) Substâncias neuro-humorais envolvidas com o sono Serotonina ACh (REM) GABA Peptídio muramil?? Hipocretina B Substâncias neuro-humorais envolvidas com a vigília Noradrenalina e Serotonina (inibição do sono REM) Adenosina Histamina Acetilcolina Estados do Sono Sono de ondas lentas (Sincronizado) - 1 o estágio gio- sono muito leve (surto de ondas alfa) - 2 o e 3 o estágio gio- ondas teta - 4 o estágio gio- ondas delta Sono REM (Dessincronizado ou Paradoxal) 3

Padrão de uma noite de sono de um indivíduo normal Sono de ondas lentas A maior parte do sono, profundo, repousante Redução do tônus vascular periférico, rico, da PA (10 a 30%), da frequência respiratória ria e do metabolismo basal Ocorrem sonhos (não lembrados) Atividade elétrica durante o sono Sono REM 25% do sono, duração 5 a 30 min. a intervalos 90min. mais difícil de acordar durante à noite tônus muscular deprimido (inibição das áreas excitatórias do tronco cerebral) apesar dos mov. rápidos dos olhos Sonhos (ilógicos) Frequência cardíaca aca e respiratória ria irregulares Encéfalo muito ativo, ondas cerebrais iguais ao estado de vigília (ondas beta) Aumento do metabolismo basal no cérebroc Diferença entre a vigília e os dois estados de sono Diferença entre a vigília e os dois estados de sono 4

Efeitos fisiológicos do sono restabelecer o equilíbrio natural entre os centros neuronais vigília prolongada- lentidão do pensamento, irritação, psicose, depressão imunológica efeitos moderados sobre a periferia do corpo Consolidação da memória Distúrbios do sono Insônia Sonambulismo, enurese e pesadelos- sono de ondas lentas Narcolepsia- aparecimento súbito s do sono REM Bruxismo- sono REM, associado com os sonhos Apnéia do sono (central e periférica) rica) Distúrbio comportamental no sono REM- ausência de hipotonia Ondas cerebrais Ondulações dos potenciais elétricos registrados da superfície do cérebro c ou da superfície externa da cabeça, a, dependem do número de neurônios que disparam sincronicamente. Registro total- eletroencefalograma (EEG). Intensidade- 0 a 200 µv Frequência- 1 até 50/segundo Tipos de Ondas cerebrais Ondas alfa rítmicas, 8 a 13 Hz, 50 µv, durante vigília, repouso. Observadas na região occipital, parietal e frontal, atividade tálamocortical. Ondas beta assincrônicas,, 14 até 25 Hz Na região frontal e parietal durante a ativação do SNC e tensão. Ondas teta frequência 4 a 7 Hz Na região parietal e temporal em crianças as e em adultos durante tensão emocional (desapontamento e frustração) ou distúrbios cerebrais. Ondas delta abaixo de 3,5 Hz (até 1 ciclo/2 a 3s), no sono muito profundo, lactente ou doença a cerebral grave. Proveniente sós de atividade cortical. 5

Alterações no EEG durante a vigília e sono vigília alerta- ondas beta vigília quieta- ondas alfa sono de ondas lentas - 1o estágio gio- sono muito leve (surto de ondas alfa) - 2o e 3o estágio gio- ondas teta - 4o estágio gio- ondas delta sono REM- ondas beta Crise epiléptica ptica Atividade excessiva, não controlada de parte ou de todo SNC Tipos de crise epiléptica ptica Tipo Tônico-clônica clônica (Grande mal) Tipo Ausência (Pequeno mal Focal Tipo Tônico-clônica clônica intensas descargas em todo o cérebro c (regiões basais), além m do tronco cerebral e medula espinhal convulsões tônico-clônicas clônicas,, cianose, micção, defecação duração 3 a 4 min., seguida de fadiga intensa e sono Fator desencadeante: Predisposição hereditária ria (1 em cada 50 a 100 pessoas) Forte emoção, 2. Alcalose (hiperventilação), 3. Febre, 4. Sons intensos e luz que pisca Tipo Ausência relacionada com a tipo Tônico-clônica clônica duração 3 a 30 seg., com contrações musculares (abalos), geralmente da cabeça (piscar os olhos) podem desaparecer após s os 30 anos Tipo Focal Localizada em alguma área cerebral Resulta de lesão (cicatriz), tumores, traumatismo, distúrbio congênito Provoca uma onda de contração no lado oposto ao foco (com início na boca e evoluindo até os pés) p Crise psicomotora Curto período de amnésia, 2. Ataque de raiva, 3. Ansiedade, medo, 4. Fala incoerente, 5. Agressão, 6. Pode lembrar ou não Regiões envolvidas- Hipocampo, amígdala gdala,, septo medial, córtex c temporal 6