RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR NOS ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO

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Transcrição:

RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR NOS ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO

INTRODUÇÃO REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NOVOS MEIOS DE PRODUÇÃO ACIDENTES DO TRABALHO DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO AÇÕES TRABALHISTAS

RESPONDABILIDADE CIVIL - HISTÓRICO SOCIEDADES PRIMITIVAS (DEVER DE CAUTELA E DEVOLUÇÃO AO ESTADO ANTERIOR DAS COISAS) LEI DE TALIÃO LEI AQUILIANA ROMA aprox. 300 anos A.C.

RESPONSABILIDAE CIVIL NO BRASIL CÓDIGO CIVIL DE 1916 CONSTITUIÇÃO DE 1988 (art. 7º, XXVIII) CÓDIGO CIVIL DE 2002 (arts. 186 e 927)

RESPONSABILIDADE CIVIL Definição: a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependem (Rodrigues, Silvio. Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1981)

REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONDUTA (ATO OU OMISSÃO) CULPA (CULPA OU DOLO) DANO NEXO DE CAUSALIDADE

RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA Constituição Federal de 1988 Art. 7º, XXVIII: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Art. 186 do CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA Art. 927 do CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

DECISÃO DO TST RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - MOLÉSTIA OCUPACIONAL - CONCAUSA - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO EMPREGADOR. A indenização por danos materiais ou morais, exigível pelo empregado perante o empregador na Justiça do Trabalho (CF, art. 114, VI), tem assento constitucional, mas somente para o caso da ocorrência de culpa ou dolo do empregador (CF, art. 7º, XXVIII), o que descarta de plano a aplicação da teoria do risco ou da responsabilidade objetiva previstas legal (CC, art. 927, parágrafo único) ou constitucionalmente (CF, art. 37, 6º), uma vez que, na compreensão do STF, a responsabilidade trabalhista é exclusivamente contratual, não comportando a civil extracontratual (cfr. ADC 16-DF, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe de 09/09/11). Por outro lado, o patrimônio moral a ser reparado em caso de dano é constituído pela intimidade, vida privada, honra e imagem da pessoa (CF, art. 5º, X), não sendo qualquer sofrimento psicológico passível de indenização, senão aquele decorrente diretamente da violação daqueles bens constitucionalmente tutelados. Assim, os critérios para o reconhecimento do direito à indenização são: a) a existência da lesão a bem moral ou material constitucionalmente tutelado; b) o nexo de causalidade da lesão com ação ou omissão imputável ao empregador; c) o dolo ou a culpa deste. 4. -In casu-, o Regional consignou ser cabível a indenização por danos morais, decorrente do reconhecimento de doença profissional equiparável a acidente de trabalho (escoliose e lombalgia), no importe de R$ 25.000,00, pois o trabalho desempenhado pelo Obreiro, ao longo de quase 10 anos na Reclamada, como ajudante de produção e, mais tarde, como prático de frigorífico, realizando a higienização de todo o setor de presuntaria, inclusive com o descarregamento de ossos, representou concausa do acidente, enquadrando-o no art. 20, I, da Lei 8.213/91, sendo certo, ainda, que a doença não era degenerativa. Ademais, o órgão previdenciário oficial, 56 dias após a rescisão contratual do Reclamante, concluiu pela total incapacidade laboral do Autor para o desempenho de quaisquer atividades que implicassem o esforço dos membros superiores. Pontuou que, tratando-se de acidente de trabalho que guarda nexo de causalidade com lesão ao meio ambiente de trabalho, como no caso, haja vista que a Reclamada não comprovou que cumpria as obrigações contratuais quanto às normas de medicina e segurança do trabalho, em especial as ergonômicas, estaria consubstanciada a culpa da Ré, que não tomou providências para a melhora do ambiente de trabalho do Obreiro, o que determinaria seu dever de indenizá-lo com lastro no art. 927 do CC. 5. De outra parte, de acordo com o inciso I do art. 20 da Lei 8.213/91, a doença profissional, assim entendida como a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade, equipara-se ao acidente de trabalho, evidenciando ser aceita a concausa para efeitos de caracterização do acidente. Na mesma senda, a jurisprudência reiterada do TST tem fixado que a existência de concausa, em relação à doença profissional, é bastante para a concessão da indenização por dano moral. 6. Configurada a culpa da Reclamada, com lesão à dignidade do Reclamante, a indenização por dano moral é devida, não desafiando revisão o valor fixado pelo Regional, diante da razoabilidade do montante e da natureza extraordinária desta instância superior, não afeta à reavaliação dos fatos da causa (Súmula 126 do TST). Recurso de revista não conhecido. RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE JUROS DE MORA - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - TERMO INICIAL - AJUIZAMENTO DA AÇÃO - ARTS. 883 DA CLT E 39, 1º, DA LEI 8.177/91. 1. Conforme dispõe o art. 883 da CLT, não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á a penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial. Por sua vez, o art. 39, 1º, da Lei 8.177/91 assenta que a incidência de juros de mora sobre a importância da condenação imposta pela Justiça do Trabalho se dá a partir da data do ajuizamento da ação. 2. No caso, o Regional determinou a incidência dos juros de mora a partir da publicação do acórdão. 3. Ora, tanto o art. 883 da CLT quanto o dispositivo legal em referência determinam a incidência dos juros de mora a partir da data do ajuizamento da ação, motivo pelo qual deve ser fixado esse março para a sua contagem. Recurso de revista obreiro conhecido em parte e provido. (TST - RR: 835851220075120012 83585-12.2007.5.12.0012, Relator: Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 09/11/2011, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/11/2011)

CONCLUSÃO

OBRIGADO! Alexandre Euclides Rocha OAB/PR 24.495 alexandrerocha@rochaadvogados.com www.rochaadvogados.com