FACULDADE PROCESSUS / EDNAMAR BENFICA DE DEUS 6º SEMESTRE DIREITO CIVIL V DIREITO DE FAMÍLIA / PROF: ROBÉRIO SULZ

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Transcrição:

1- O que é casamento? O casamento é conceituado como comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges - artigo 1.511 CC. Casamento é a união permanente e estável de duas pessoas de sexos diferentes, estabelecidos de acordo com normas de ordem pública e privada, cujo objetivo é a constituição da família legítima. Pelo casamento, estabelecese comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. O casamento é civil e sua celebração é gratuita. O casamento religioso que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. 2- Quais as formalidades obrigatórias preliminares ao casamento, que os nubentes devem cumprir? Os nubentes deverão habilitar-se perante o oficial do Registro civil, mediante requerimento assinado por ambos, de próprio punho ou por procurador, devendo ser instruído por um conjunto de documentos, exigidos por lei. O oficial lavrará os proclamas do casamento, mediante edital, que será afixado por 15 dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para os reconhecidamente pobres. Após audiência do MP, será homologada pelo juiz. 3- O que fará o oficial se, decorridos 15 dias da afixação dos proclamas, ninguém se apresentar para opor impedimento à celebração do casamento? Não se apresentando ninguém para opor impedimento à celebração do casamento, o oficial do cartório deverá certificar aos pretendentes que estão habilitados a casar dentro dos 90 dias imediatos à data em que for extraído o certificado. 4- È possível dispensar-se, estas formalidades? Sim, em casos de urgência ou em virtude de permissão legal, desde que comprovadas as alegações dos nubentes. Dentre estes casos, mencione-se: a) Um dos nubentes corre risco de vida; b) Um dos nubentes ainda não alcançou a idade núbil (art. 1.517, CC) e o casamento deverá ser celebrado para evitar imposição de pena criminal; c) A noiva, já grávida, deseja casar-se rapidamente para não revelar seu estado (art. 1.520, CC).

5- Que tipos de impedimentos existem relativamente ao casamento? Existem os seguintes tipos de impedimentos: a) os absolutamente dirimentes; b) os relativamente dirimentes; e c) os impedimentos impedientes. 6- Quais as conseqüências, se for celebrado casamento com infrigência a cada espécie de impedimentos? Absolutamente dirimentes: causam nulidade absoluta, isto é, tornam o casamento nulo de pleno direito; relativamente dirimentes: provocam nulidade relativa, isto é, são anuláveis; impedientes: não tornam o casamento nulo nem anulável, mas acarretam sanções de natureza civil aos nubentes. 7- Quais os impedimentos absolutamente dirimentes? Os impedimentos absolutamente dirimentes são os constantes do art. 1.521, incisos I a VII do CC. Não podem casar: a) ascendentes com descendentes, seja o parentesco natural ou civil; b) os afins em linha reta; c) o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado quem o foi do adotante; d) os irmãos, unilaterais e bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau, inclusive; e) o adotado com o filho do adotante; f) as pessoas casadas; g) o cônjuge sobrevivente com o condenado pelo homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Também é nulo o casamento contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil. Esses impedimentos podem ser opostos até o momento da celebração do casamento por qualquer pessoa capaz, mediante declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. Se o juiz, ou o oficial do registro civil, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a fazê-lo. 8- Quais os impedimentos relativamente dirimentes? Os impedimentos relativamente dirimentes são os constantes do art. 1.550, incisos I a VI do CC. Será anulável o casamento: a) de quem não completou a idade mínima para casar; b) do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; c) por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; d) do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; e) realizado pelo mandatário sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; e f) por incompetência da autoridade celebrante. A anulação do casamento dos menores de 16 anos poderá ser requerida: I) pelo próprio cônjuge menor; II) pelos seus representantes legais; III) por seus ascendentes. Não será anulado, por motivo de idade, o casamento de que resultou de gravidez.

9- Quais os impedimentos impedientes? Os impedimentos impedientes (denominado pelo CC de causas suspensivas) são os constantes do art. 1.523, incisos I a VI do CC. Não devem casar: a) o viúvo ou a viúva que tiver filhos do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; b) a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viuvez ou da dissolução da sociedade conjugal; c) o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; d) o tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Essas causas podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, consangüíneos ou afins, mediante declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. 10- Quais os prazos para a interposição da anulação de casamento? Os prazos para ser intentada a ação de anulação de casamento, contados da data da celebração, são de (art. 1.560): a) 180 dias, no caso do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento (art. 1.550, IV); b) 2 anos, se incompetente a autoridade celebrante; c) 3 anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; e d) De 4 anos, se houver coação. Para o casamento de menores de 16 anos, será de 180 dias, contado o prazo para o menor do dia em que completar essa idade e para seus representantes legais ou ascendentes, da data do casamento. Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para a anulação do casamento é de 180 dias a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração. 11- Como procederá, o oficial o registro civil se alguém opuser impedimentos à celebração do casamento? O oficial do Registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota de oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem os ofereceu. 12- Como poderão proceder, os nubentes após receber a notificação? Poderão requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados e também promover ação civil e criminal contra o oponente de má-fé. 13- Como deverão proceder os maiores de 16 anos e menores de 18, que pretendem casar?

Não sendo emancipados, deverão obter o consentimento de seus pais ou de seus representantes legais. 14- E se, o pai concordar em dar consentimento ao menor de idade, e a mãe for contrária? Antes da CF de 1988, prevalecia o disposto no art. 188 do CC de 1916, de que, divergindo os pais, prevalecia a opinião paterna. Após a promulgação da CF de 88, que igualou direitos de homens e mulheres, passou a ser necessária a concordância de ambos ou, não havendo concordância, deveria haver suprimento judicial de vontade de um deles. O CC de 2002 (art. 1.517, parágrafo único) enuncia idêntica disposição, estabelecendo que, havendo divergência entre os pais, aplica-se o disposto no art. 1.631, parágrafo único. Esse dispositivo legal, que versa sobre o poder familiar, determina que, durante o casamento e a união estável, compete aos pais exercê-lo e, em caso de divergência, qualquer um deles poderá recorrer ao juiz para a solução do desacordo. 15- Depois do divórcio dos pais, uma jovem passa a viver com a mãe. Antes dos 18 anos resolve casar-se. O pai é contra, a mãe a favor. Qual dessas vontades prevalece? Deverá prevalecer a vontade do cônjuge com quem ficou a filha, após a separação dos pais, no caso, a da mãe. Isto porque o art. 226, 5º, da CF dispõe que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. O divórcio dissolve a sociedade conjugal e, embora o divórcio não altere as relações entre os pais e filhos, senão quanto ao direito que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos, sujeitam-se os filhos menores ao poder familiar do genitor divorciado que obteve a guarda. 16- Uma moça menor de 18 anos e maior de 16, deseja casar-se, mas, tanto seu pai quanto sua mãe por motivos absolutamente injustificados, opõem-se ao enlace matrimonial. De que forma, poderão, ela e o noivo, celebrar o casamento de forma a não infringir qualquer dispositivo legal? Havendo negação injusta do consentimento, a noiva pode conseguir seja suprido por via judicial. 17- Perante qual autoridade judiciária, deverá ser pedido o suprimento do consentimento dos genitores? O suprimento do consentimento dos genitores deverá ser pedido ao juiz da Vara da Infância e da Juventude ou da Vara de Família, dependendo da Organização Judiciária de Cada Estado. 18- Se, o casamento foi contraído por incapaz, como poderão ser convalidado?

Sim. O próprio incapaz, a partir do momento em que adquirir a capacidade, poderá ratificar o casamento, tornando-o válido a partir da data de sua celebração (efeito ex tunc). Além disso, o menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial. 19- O que são efeitos ex tunc e ex nunc? Efeitos ex tunc são aqueles que retroagem à data do ato. Efeitos ex nunc são aqueles que só valem para o futuro, não alcançando situações pretéritas. 20- Quais os deveres dos cônjuges durante o casamento? São deveres de ambos os cônjuges: a) fidelidade recíproca; b) vida em comum, no domicílio conjugal; c) mútua assistência; d) sustento, guarda e educação dos filhos, e e) respeito e consideração mútuos. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos, para o sustento da família e para a educação dos filhos. 21- Dois menores de 18 anos, não emancipados, casam-se sem autorização dos pais. Os genitores da moça requerem a anulação do casamento. Enquanto a ação se encontra sub judice, a moça engravida. Poderá o casamento ser anulado? Não, pois o casamento de que resultou gravidez não poderá ser anulado, independentemente do fundamento apresentado pelos pais. 22- O que é erro essencial sobre a pessoa? Há várias hipóteses, indicadas pela lei e acolhida pela jurisprudência. Como exemplo de erro essencial sobre a pessoa podem ser citados: a) engano sobre a identidade do outro cônjuge, sobre sua honra e boa fama; b) ignorância de defeito físico irremediável ou de doença grave transmissível; c) desconhecimento sobre prática de crime inafiançável já tendo sido o cônjuge condenado por sentença transitada em julgado; e d) ignorância de doença mental grave, que por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. 23- O casamento celebrado em virtude de coação é nulo ou anulável? O casamento celebrado em virtude de coação é anulável, considerando-se coação a situação em que o consentimento de um ou de ambos os cônjuges

houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 24- Quem tem legitimidade jurídica para propor a anulação do casamento, se ocorreu erro fundamental sobre a pessoa ou coação? Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento. No entanto, a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557 do CC. 25- O que é casamento inexistente? Casamento inexistente é aquele celebrado com grau de nulidade tão relevante, que nem chega a ingressar no mundo jurídico, não sendo necessário, via de regra, propor ação judicial para ser declarado sem efeito. Ex: casamento celebrado entre várias pessoas; casamento celebrado entre pessoas do mesmo sexo. 26- A nulidade do casamento pode ser decretada ex officio pelo juiz? Não. Deverá ser proposta ação ordinária, especialmente ajuizada para este fim. Sendo ação de estado, deverá intervir, necessariamente o MP. A sentença, procedente ou não, estará sujeita ao duplo grau de jurisdição, nos termos do art. 475 do CPC. A sentença de nulidade é declaratória, produzindo efeitos ex tunc., ou seja, retroativos. A sentença de anulabilidade é constitutiva negativa, produzindo efeitos ex nunc, isto é, somente a partir do momento em que transitar em julgado. 27- Quais os efeitos produzidos pelo casamento nulo ou anulável, se contraído de má-fé, por ambos os cônjuges, em relação aos filhos? O casamento nulo ou anulável, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, em relação a estes com os filhos, produz todos os efeitos até a data do trânsito em julgado da sentença anulatória. 28- Quais os efeitos da sentença que decretar a nulidade do casamento, relativamente à aquisição onerosa de direitos, por terceiros de boa-fé? A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data de sua celebração, sem prejudicar a aquisição onerosa de direitos, por terceiros de boa-fé.. 29- Quais os efeitos da anulação do casamento por culpa de um dos cônjuges? A anulação do casamento por culpa de um dos cônjuges terá por efeitos para o cônjuge culpado: a) a perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;

b) a obrigação de cumprir as promessas que fez ao cônjuge inocente, no pacto antenupcial; 30- Quais são os deveres de ambos os cônjuges na Constancia do casamento? Na constância do casamento têm os cônjuges os seguintes deveres: a) fidelidade recíproca; b) vida em comum, no domicílio conjugal; c) mútua assistência; d) sustento, guarda e educação dos filhos; e e) respeito e consideração mútuos. 31- Como deve ser provido o sustento da família? Os cônjuges deverão concorrer para o sustento da família e para a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial entre eles, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho. 32- A quem caberá escolher o domicílio do casal? O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, podendo um e outro se ausentar para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão ou a interesses particulares relevantes. 33- Em que hipótese caberá, exclusivamente a um dos cônjuges a administração dos bens? Caberá exclusivamente a um dos cônjuges a administração dos bens nas hipóteses em que o outro estiver: a) em lugar remoto ou não sabido; b) encarcerado por mais de 180 dias; c) interditado judicialmente; ou d) privado, episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente. 34- Onde deve ser celebrado o casamento? O casamento civil comum será celebrado perante a autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531. A solenidade será realizada na sede do Cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes ou, querendo as partes, e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. Quando o casamento for celebrado em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.

Nesse caso, e também se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever, deverão estar presentes 4 testemunhas. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro, que será assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, pelas testemunhas e pelo oficial do registro. 35- O que é casamento in extremis? Casamento in extemis (também denominado casamento nuncupativo) é o celebrado sem a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato nem a de seu substituto, pelos próprios nubentes, perante 6 testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até o segundo grau, quando um dos contraentes correr iminente risco de vida, não havendo mais tempo para a habilitação e a celebração regular das núpcias. 36- Como se extingue a sociedade conjugal? A sociedade conjugal se extingue: a) pela morte de um dos cônjuges; b) pela nulidade ou anulação do casamento; c) pela separação judicial; d) pelo divórcio. 37- Como se extingue o casamento válido? casamento válido se extingue: a) pela morte de um dos cônjuges; b) pelo divórcio, aplicando-se, quanto ao ausente, a presunção estabelecida no Código Civil. 38- Quais as conseqüências da sentença de separação judicial? A sentença de separação judicial, prolatada em ação que pode ser proposta por qualquer dos cônjuges, importa a separação de corpos e a partilha de bens. A separação judicial põe fim aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime matrimonial de bens, mantendo-se, porém, o vínculo matrimonial. 39- Quais os fundamentos para a ação de separação judicial? Os fundamentos para a ação de separação judicial são: a) prática, pelo outro cônjuge, de qualquer ato que importe grave violação aos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum; b) ruptura da vida em comum há mais de 1 ano e impossibilidade de sua reconstituição, ou c) doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a vida em comum, desde que, após dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. (CC, art. 1.572)

40- Que motivos podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida? Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida os seguintes motivos: a) adultério; b) tentativa de morte; c) sevícia ou injúria grave; d) abandono voluntário do lar conjugal, durante 1 (um) ano contínuo; e) condenação por crime infamante; f) conduta desonrosa; g) outros fatos, desde que o juiz os considere como capazes de tornar impossível a vida em comum. A separação judicial pode ser conseguida por mútuo consentimento dos cônjuges, por escritura pública, quando o casal não tiver filhos menores. 41- A quem caberá a ação de separação judicial em caso de incapacidade de um ou de ambos? Em caso de incapacidade, o cônjuge incapaz será representado em juízo pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão. 42- Em que casos e quando pode ser restabelecida a sociedade conjugal dissolvida? A sociedade conjugal dissolvida pode ser licitamente restabelecida a qualquer tempo pelos cônjuges, seja qual for a causa e o modo como tenha sido feita, mediante ato regular em juízo. A reconciliação não prejudicará direito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens. 43- Qual a conseqüência da declaração judicial de culpa de um dos cônjuges na ação de separação conjugal? O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perderá o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e essa alteração não acarretar: a) dificuldade para sua identificação; b) manifesta distinção entre seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; ou c) dano grave reconhecido na decisão judicial. O cônjuge inocente poderá renunciar, a qualquer tempo, ao direito de usar o sobrenome do outro. 44- Dissolvida a sociedade conjugal, cessará também, para sempre, o dever de mútua assistência? Sim, exceto nos seguintes casos: a) convenção sobre alimentos, celebrada entre as partes por ocasião da separação consensual; b) alimentos concedidos em caráter indenizatório, quando reconhecida a culpa de um dos cônjuges pela separação, na separação litigiosa; c) superveniência de estado de necessidade

de um dos cônjuges, quando então o cônjuge inocente pagará quantia apenas necessária para o sustento do outro, ainda que culpado pela separação; 45- Como é feita a conversão de separação judicial em divórcio? A conversão da separação judicial em divórcio pode ser feita por requerimento de qualquer das partes. É feita por sentença judicial, da qual não constará referência à causa que a determinou. 46- Que é divórcio direto? É o concedido depois sem necessidade de prévia separação - EC 66. 47- Quais as principais conseqüências do divórcio? O divórcio dissolve definitivamente o vínculo conjugal. No entanto, não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. ]Tampouco o novo casamento de qualquer dos pais implicará em restrições aos direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. 48- Quem tem legitimidade para propor ou contestar ação de divórcio? Somente têm legitimidade para propor ou contestar ação de divórcio os cônjuges. Por exceção, nos casos de incapacidade, podem propô-la ou apresentar defesa, o curador, o ascendente ou o irmão. 49- A partilha dos bens é condição necessária para a concessão do divórcio? Não. O divórcio pode ser concedido sem a partilha prévia dos bens. 50- A partilha dos bens é condição necessária para a conversão do divórcio? Sim. São condições para a conversão: a) O lapso de tempo; b) A partilha dos bens. Sendo assim, resta sobejamente comprovado pelos Requerentes os fatos expostos e a possibilidade de conversão em divórcio. No entanto, se necessário, comprovarão todos os requisitos em juízo, através de testemunhas e juntada de outros documentos. 51- Qual a situação dos filhos quando ocorre a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela separação judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual? Havendo acordo, observar-se-á o que for estabelecido pelos cônjuges sobre a guarda dos filhos. Se a separação judicial ou o divórcio forem decretados sem que as partes tenham chegado a acordo sobre a guarda dos filhos, o juiz decidirá, atribuindo-a àquele que revelar melhores condições para exercê-la. Se nem o pai nem a mãe estiverem em condições de manter os filhos sob sua

guarda, o juiz a deferirá a quem revele compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade e afetividade. 52- Após a separação, o pai, a quem coube a guarda dos filhos, contrai novas núpcias. Poderá perder a guarda dos filhos? Não. Exceto se comprovado que não são tratados convenientemente. Os filhos somente poderão ser-lhe retirados, nesse caso, mediante decisão judicial. 53- Que regras devem ser seguidas para disciplinar a visita dos pais aos filhos cuja guarda coube ao ex-cônjuge? A visitação deverá atender, prioritariamente, aos interesses e necessidades dos filhos, ou seja, o direito de visita é dos filhos, e não dos pais ou de quaisquer outros parentes. Os pais poderão acordar entre si a periodicidade e a duração das visitas, bem como o tempo em que os filhos permanecerão em companhia do genitor queira visitá-los ou então, se não houver acordo, o juiz poderá fixar as condições de visita, bem como fiscalizar a manutenção e a educação dos filhos. 54 De que forma uma pessoa se relaciona com a família? Pelo parentesco, pelo vínculo conjugal e pela afinidade 55 O que é parentesco? É a relação familiar, que começa com o nascimento, em que as pessoas derivam de tronco comum. É o chamado vínculo pelo sangue (vinculum sanguinis). 56 O que é vínculo conjugal? É a relação familiar, existente entre os cônjuges, que se inicia com o casamento. 57 O que é afinidade? É a relação familiar, que se inicia pelo casamento, não pelo sangue. Ocorre entre pessoas relacionadas pelo matrimônio (vínculo não sangüíneo), a um dos cônjuges, ou a seus descendentes ou ascendentes. 58 - Quais os tipos de parentesco? Legítimo ou ilegítimo, segundo resulte ou não de casamento; natural, que resulta da consangüinidade; e civil, que resulta da adoção. 59 O que é parentesco em linha reta e parentesco em linha colateral? Em linha reta, é o que existe entre ascendentes e descendentes. Colateral é o que descende do mesmo tronco, mas não diretamente.

60 Como são classificados os irmãos, conforme provenham de mesmos pais oi pais diferentes? Se filhos de mesmo pai e mãe, são germanos ou bilaterais; se de mesmo pai, mas de mães diferentes, serão irmãos unilaterais consangüíneos; se de mesma mãe, mas de pais diferentes, serão unilaterais uterinos. 61 Qual o grau de parentesco entre: neto e avô, sobrinho e tio, tio avô e sobrinho-neto, e entre primos irmãos? Entre neto e avô: 2. grau (sobe em linha reta); entre sobrinho e tio: 3. grau (sobe até o ascendente comum, no caso o avô, e desce em linha reta, até o sobrinho); entre tio-avô e sobrinho-neto: 3. grau (sobe até o ascendente comum, e desce em linha reta, até o sobrinho-neto); entre primos-irmãos, isto é, filhos de dois irmãos ou irmãs de mesmos pais: 4. grau (sobe até o avô e desce em linha reta, até o outro primo). 62 O que são filhos ilegítimos? São os havidos fora do casamento. 63 Os filhos ilegítimos podem ser de que tipo? Podem ser naturais, se houver impedimento absoluto para o casamento dos genitores, e espúrios, se inexistir impedimento absoluto. 64 Os filhos espúrios podem ser de que tipo? Podem ser adulterinos, quando um dos genitores era casado, e incestuosos, quando entre os genitores existir parentesco que constitua impedimento para a celebração do casamento, como a união entre irmão. 65 A quem cabe contestar a legitimidade dos filhos nascidos durante a vigência do casamento? Privativamente o marido. 66 Em que hipóteses presumem-se os filhos concebidos na Constância do casamento? Dispõe o art. 1.597 do Código Civil que se presumem concebidos na constância do casamento os filhos: I nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II nascidos aos trezentos dias subseqüentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

IV havidos a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. 67 Como se prova a filiação? artigos 1603 e 1609 do CC. Pela certidão de nascimento. Exceção na falta, ou defeito, do termo de nascimento: a) Começo de prova por escrito b) Intensas presunções resultantes de fatos já certos. 68 A quem cabe a ação de filiação? Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros, poderão continuála, salvo se julgado extinto o processo. 69 Como podem ser reconhecidos os filhos havidos fora do casamento? Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: I - no registro do nascimento; Reconhecimento feito em cartório de registro civil, no livro de registro de nascimento. Modo mais comum de reconhecimento. II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; Reconhecimento feito no cartório de notas através de escritura pública que, posteriormente, é levada ao cartório de registro civil. Normalmente o pai não comparece ao cartório de registro. Ex.: quando o pai esta no Nordeste, ele faz a escritura e manda para Ribeirão a escritura fica arquivada. III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; Reconhecimento por via de testamento mesmo que de forma incidental.

O reconhecimento é valido somente após a morte. mesmo que de forma incidental quando se deixa um bem e aproveita para declarar que deixou o bem para Y que é seu filho. O reconhecimento é IRREVOGÁVEL, ocorre que o testamento é revogável antes da morte, mas sua revogabilidade não atinge o reconhecimento do filho, ou seja, não há como desconhecer o filho. IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. Reconhecimento feito perante o juiz de direito de forma expressa, mesmo que não seja esse ato o objeto principal da ação. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho, ou, ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. Reconhecimento POST MORTEN reconhecimento do filho após a morte dele, mas desde que ele tenha herdeiros. 70 Quem pode promover ação de investigação de paternidade? Aquele que desejar ver reconhecido seu direito à filiação, independentemente de um dos genitores estar ou não casado. No Direito anterior, o filho adulterino só poderia fazê-lo após a dissolução do casamento de qualquer de seus genitores verdadeiros. 71 Qual a finalidade da adoção? A adoção é instituto de caráter filantrópico, humanitário que, de um lado,permite a adultos a criação de filhos deles não havidos naturalmente e, de outro o socorro a pessoas desamparadas, oriundas de pais desconhecidos ou sem recursos. 72 Quais os sistemas previstos para adoção em nosso ordenamento jurídico? O sistema da Lei n. 8.069/90, chamado de Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o do CC. 73 O que regula o ECA? Regula a adoção de menores até 18 anos, na data do pedido, ou de idade superior, se já sob guarda ou tutela dos adotantes. 74 Quem o ECA considera criança e quem considera adolescente? Criança, até 12 anos incompletos; adolescente, entre 12 e 18 anos

75 Como é o procedimento de adoção pelo ECA? Constitui-se por sentença judicial (Juiz da Vara da Infância e da Juventude), o que atribui ao adotado a condição de filho, dele se exigindo os mesmos deveres e conferindo-lhe os mesmos direitos que teria se tivesse nascido do adotante, inclusive os sucessórios. Rompem-se os vínculos com os pais verdadeiros, exceto os impedimentos matrimoniais. A adoção é irrevogável, cancelando-se o registro original do menor e substituindo-o por outro, em que constam os nomes dos pais adotivos e, como avós, os nomes dos pais destes. 76 Quem pode adotar? Maior de 21 anos, qualquer que seja seu estado civil, desde que pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. 77 A quem atribui à lei o dever de assegurar a efetividade dos direitos à proteção integral da criança e do adolescente? Ao Conselho Tutelar da respectiva comunidade, sem prejuízo de outras providências legais. 78 Que fatores devem ser levados em conta na interpretação deste dispositivo legal? Os fins sociais aos quais se dirige a lei, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. 79 A qual órgão deve ser comunicado suspeita ou confirmação de maus tratos contra a criança ou adolescente? Ao Conselho Tutelar da respectiva comunidade, sem prejuízo de outras providências legais. 80- Em que consiste o direito à liberdade da criança e do adolescente? Consiste em: ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; expressar suas opiniões; liberdade de crença e culto religioso; brincar, praticar esportes e divertir-se; participar da vida comunitária; participar da vida política, na forma da lei; buscar refúgio, auxílio e orientação. 81- Em que consiste o direito ao respeito da criança e do adolescente? Consiste na inviolabilidade de sua integridade física, psíquica e moral, o que abrange a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 82- A quem incumbe o exercício do poder familiar, entre os adotantes? Em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe adotivos na forma da legislação civil.

83- Discordando o pai da mãe, adotivos, como poderão proceder? Poderão recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. 84- Quais os efeitos da adoção sobre a situação jurídica do adotado? A adoção produz efeitos pessoais e patrimoniais. Dentre os efeitos pessoais o principal é a transferência do pátrio poder dos pais biológicos aos pais de sangue. Cria-se, por uma ficção jurídica, uma paternidade e filiação reais, com todos efeitos da relação de parentesco, inclusive, com a família do adotante. Os efeitos patrimoniais, dizem respeito aos direitos sucessórios e à prestação de alimentos. 85- A partir de que momento passa a adoção a produzir efeitos? Art. 47 7 o ECA - A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no 6 o do art. 42 desta Lei,( 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença) caso em que terá força retroativa à data do óbito. 86- De que forma podem crianças ou adolescentes ser colocados em família substituta? De três formas: guarda, tutela ou adoção. 87- Quais os deveres e direitos conferidos ao guardião? A guarda obriga o guardião à assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. 88- A que se destina a guarda? Destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos processos de tutela e adoção, exceto nos de adoção por estrangeiros. 89- Em que casos pode ser a guarda deferida fora dos casos de tutela e adoção? Pode ser deferida para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou do responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de determinados atos. 90- Quais os direitos conferidos pela guarda à criança e adolescentes? A guarda confere a condição de dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive os previdenciários.

91- A guarda é revogável? A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o MP. 92- Quem é impedido de adotar? Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando, os menores de 21 anos, o adotante que tenha 16 anos a menos que o adotado. 93- Pelo estatuto, o que é proibido vender a crianças e adolescentes? Armas, munições, explosivos, bebidas alcoólicas, produtos que causem dependência, fogos de artifício perigosos, revistas e publicações, contendo material impróprio ou inadequado, e bilhetes lotéricos e equivalentes. Também é vedada a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, se desacompanhados pelos pais ou responsável. 94- È permitida viagem de criança ou adolescentes para fora da comarca onde residem, desacompanhados de um dos pais ou do responsável? Em princípio, somente poderá viajar com autorização judicial 95- È permitida viagem, dentro do Brasil, de criança ou adolescente, se acompanhado por algum parente ou pessoa maior? Sim, desde que o parente seja ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco. Se o acompanhante for pessoa maior, deverá portar autorização escrita do pai, da mãe ou do responsável. 96- Poderá a autoridade judiciária conceder autorização para viajar a pedido dos pais ou responsável? Sim, por período máximo de 2 anos. 97- Em que condições poderá a criança ou o adolescente viajar para fora do país sem autorização judicial? Somente quando acompanhada por ambos os pais ou pelo responsável. 98- Será permitida viagem de criança ou adolescente ao exterior se acompanhada somente por um dos pais? Sim, desde que o acompanhante receba autorização do cônjuge ou concubino, expressa e escrita com firma reconhecida. 99- Será permitida viagem de criança ou adolescente nascido em território nacional em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior? Somente mediante prévia e expressa autorização judicial.

100- Quem fiscaliza a atuação das entidades governamentais e não governamentais responsáveis pela política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente? O Poder Judiciário, o MP e os Conselhos Tutelares. 101 O que é pátrio poder? Pátrio poder é um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho. 102 Em que período estarão sujeitos os filhos ao poder familiar? O novo Código estabelece que "os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores". Portanto, estarão sujeitos os filhos ao poder familiar até a maioridade civil (18 anos). 103 A quem cabe o exercício do poder familiar? O ECA estabelece que o poder familiar será exercido pelo pai e pela mãe, "na forma do que dispuser a legislação civil". 104 Quais as obrigações dos pais, em relação aos filhos menores? Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: I - dirigir-lhes a criação e educação; II - tê-los em sua companhia e guarda; III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. O ECA, quando cuida do poder familiar, incumbe aos pais (art. 22) "o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores" e, sempre no interesses destes, o dever de cumprir as determinações judiciais. Essa regra permanece aplicável, pois aos poderes assegurados pelo novo Código somam-se os deveres fixados na legislação especial e na própria Constituição. O dever de guarda não é inerente ao poder familiar, pois pode ser atribuído a outrem. 105 Quando se extingue o poder familiar? A extinção é a interrupção definitiva do poder familiar. São hipóteses exclusivas: a) morte dos pais ou do filho; b) emancipação do filho; c)

maioridade do filho; d) adoção do filho, por terceiros; e) perda em virtude de decisão judicial. 106 Em que casos poderá ser temporariamente suspenso o poder familiar? São três as hipóteses de suspensão do poder familiar dos pais, a saber (art. 1.637): a) descumprimento dos "deveres a eles (pais) inerentes"; b) ruína dos bens dos filhos; c) condenação em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. As duas primeiras hipóteses caracterizam abuso do poder familiar. A suspensão pode ser sempre revista, quando superados os fatores que a provocaram. No interesse dos filhos e da convivência familiar, apenas deve ser adotada pelo juiz quando outra medida não possa produzir o efeito desejado, no interesse da segurança do menor e de seus haveres. 107 Em que casos poderá ser definitivamente perdido o poder familiar? A extinção é a interrupção definitiva do poder familiar e suas hipóteses estão previstas no artigo 1635 do CC: a) morte dos pais ou do filho; b) emancipação do filho; c) maioridade do filho; d) adoção do filho, por terceiros; e) perda em virtude de decisão judicial. 108 O que é regime de bens entre os cônjuges? Regime de bens é o conjunto de determinações legais ou convencionais, obrigatórios e alteráveis, que regem as relações patrimoniais entre o casal, enquanto durar o casamento. 109 O regime de bens entre os Cônjuges pode ser alterado? Atualmente o 2º do art. 1.639 do Código Civil prevê que "é admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros." 110 O que é pacto antenupcial? O "pacto antenupcial" nada mais é que uma manifestação de vontade dos nubentes que é materializada por uma escritura pública, na qual estabelecem qual o Regime de Bens que escolheram, além de outras disposições patrimoniais acordadas entre os nubentes. 111 Qual o regime legal de bens, não havendo convenção entre as partes? No Brasil, o regime de bens que é antecipadamente determinado por lei para vigorar durante o casamento, mesmo os habilitantes não se manifestando nesse sentido, é o da comunhão parcial de bens, conforme preleciona o artigo 1640, CC, in verbis:

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 112 Quais os regimes de bens adotados no Brasil? Há quatro regimes de bens no Brasil: 1) o da comunhão parcial de bens, 2) o da comunhão universal de bens, 3) regime de participação final nos aqüestos, e 4) o da separação de bens. 113 Qual a situação dos bens e direitos dos cônjuges, no regime da comunhão parcial? Os cônjuges terão direito aos bens adquiridos após da data do casamento e com os rendimentos do trabalho de um e outro cônjuge. Nesse regime, os bens que cada um dos cônjuges leva para o casamento, ou seja, um imóvel adquirido por qualquer forma no estado civil anterior, não é considerado patrimônio comum do casal. Também não entra no patrimônio comum do casal os bens havidos, mesmo depois da data do casamento, por doação como adiantamento de herança sem a contemplação do cônjuge por afinidade, e por herança em inventário. Os bens havidos nessas condições, mesmo depois da data do casamento, são por lei considerados patrimônio exclusivo do cônjuge que o recebeu. 114 Qual a situação dos bens móveis no regime da comunhão parcial? No caso de bens móveis há a presunção de que foram adquiridos na constância do casamento se não houver prova em contrário. Entram na comunhão os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges, os bens adquiridos por doação ou herança em favor de ambos os cônjuges, as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge, os frutos dos bens comuns ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento. Excluem-se da comunhão os bens que cada cônjuge possuir ao casar e os que lhe sobrevierem na constância do casamento, por doação ou sucessão, obrigações anteriores ao casamento, obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo se reversão em proveito do casal e, assim como no regime da comunhão universal de bens, os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão, os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge e as pensões ou rendas semelhantes. 116 Qual a situação dos bens e direitos dos cônjuges no regime de participação final nos aquestos? Bens aqüestos são os adquiridos na vigência do matrimônio. Inovação do capítulo V do Título II do Código Civil, o regime de participação final nos aqüestos, instituído pelo art. 1.672 é o que determina que à época da

dissolução da sociedade conjugal cabe a cada cônjuge o direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. 117 Como são administrados os bens dos cônjuges no regime de separação de bens? Tanto no regime imposto por lei como no estipulado por vontade livre dos habilitantes, o patrimônio de um e outro não se comunica, ou seja, cada um é dono de si na questão patrimonial. Quando o casamento é realizado no regime da separação de bens, a disposição de patrimônio para alienação (venda, por exemplo) ou oneração real é de livre execução do cônjuge que os possui. Isso implica que o possuidor, nesse caso, não necessita de anuência para transmissão ou gravação de ônus real. 118 Quando será obrigatório o regime de separação de bens? O regime da separação total de bens tem duas condições básicas para a sua efetivação: a manifestação de vontade dos habilitantes (por escritura pública conforme o da comunhão universal) e a imposição legal. O regime da separação é obrigado por lei quando o casamento ocorre por força de sentença judicial (quando é necessária a intervenção do juiz de direito para suprir idade inferior à autorizada pela lei, para suprir consentimento de pais e quando o consentimento é dado ao nubente menor, por tutor legalmente nomeado), quando um ou outro habilitante - seja o homem, seja a mulher - tem idade superior a 60 anos, dentre outras hipóteses de mais complexidade e que não ocorrem com freqüência. Quando um dos pretendentes ao casamento for viúvo, e do casamento anterior existir patrimônio a partilhar, e não tiver sido concluído o inventário devido, a lei obriga também ao casal pretendente, a se casar sob o regime da separação de bens; para não prejudicar os direitos dos herdeiros do casamento anterior. 119 Quando têm os pais direitos ao usufruto e dever de administração dos bens dos filhos menores? O usufruto é ó direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade, consoante definição nos arts. 1.390 a 1.411, onde se dispõe sobre disposições gerais, direitos e deveres do usufrutuário e extinção do usufruto. Embora decorrente e relacionado ao poder familiar, o usufruto e administração de bens de filhos menores estão regulamentados no Título II - DO DIREITO PATRIMONIAL, CC, mais especificamente nos arts. 1.689/1.693. Com esse escopo específico, estatui o art. 1.689 do Código Civil de 2002 que o pai e a mãe, enquanto estiverem no exercício do poder familiar, são usufrutuários e têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade. Fundamentadas estão a prerrogativa e o encargo conferidos no fato de não serem os filhos, enquanto detentores dessa condição de

menoridade, capacitados ao desempenho pleno de atos da vida civil, exigindo ou a representação ou a assistência de seus genitores. 120 Quem poderá pleitear a declaração judicial de nulidade, em casos de alienação indevida aos bens dos menores pelos pais, ou a assunção de obrigações que ultrapassem injustificadamente os limites da simples administração? Previstos no parágrafo único, do artigo 1691, CC, podem pleitear a declaração de nulidade dos atos citados: I - os filhos; II - os herdeiros; III - o representante legal. 121 Quais os bens excluídos do usufruto e da administração dos pais? Os bens excluídos do usufruto e da administração dos pais estão previstos no Art. 1.693, CC: Art. 1693. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais: I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento; II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos; III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados, pelos pais; IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão. 122 Quem pode pedir alimentos, e de quem podem ser pedidos? Alimentos são prestações para atender às necessidades básicas de quem não pode provê-las integralmente por si, seja em decorrência de doença ou dedicação a atividades estudantis, ou de deficiência física ou mental, ou idade avançada, ou trabalho não auto-sustentável ou mesmo miserabilidade. Com base nos princípios da solidariedade familiar e capacidade financeira são devidos alimentos aos parentes, cônjuges, companheiros ou pessoas integrantes de entidades familiares lastreadas em relações afetivas (por exemplo, relações sócio-afetivas e homoafetivas) quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença. Pode-se pedir àquele que pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Art. 1696 C.C. "O direito à prestação alimentar é reciproco entre pais e filhos, e extensivos a todos os ascendentes, ". Prescreve o art. 1.697 C.C: "Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos, como unilaterais.". 123 A sentença judicial que determina o valor dos alimentos é definitiva?

Não. Há possibilidade de alteração do valor sobrevindo mudança na situação econômica de quem paga ou de quem os recebe, conforme estabelece o artigo 15 da Lei 5478/68: "Art.15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado, pode a qualquer tempo ser revista em face da modificação da situação financeira dos interessados." No mesmo sentido, o artigo 1699 do Código Civil prescreve: "Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo." Esta alteração do valor da pensão alimentícia tanto pode ser para aumentar o valor pago quanto para diminuí-lo. No entanto, esta redução ou aumento necessita de um fato novo inexistente à época da fixação. Alguns dos motivos que podem ensejar uma revisão para redução é a superveniência de novos filhos, a incapacidade para o trabalho e o desemprego. As possíveis causas para o aumento pensão seria superveniência de novas despesas ou moléstia do alimentado. Cumpre mencionar ainda que, há outros casos para a revisão da pensão alimentícia que não necessariamente para a redução ou majoração, mas para regularizar fato novo. A exemplo comum disto seria aqueles casos que, à época da fixação a pessoa laborava com registro em carteira e foi fixado um percentual deste valor e quando ocorre um desemprego não há possibilidade de o devedor continuar honrando com o mesmo valor por ser alto e não foi fixado outro importe nesta situação. Nesta esteira, para alteração do valor fixado judicialmente necessariamente o devedor ou o alimentado devem ingressar com ação judicial de revisão já que somente a prestação jurisdicional pode compelir ao cumprimento, ou seja, qualquer acordo verbal não possui efeito legal. Na ação revisional de alimentos será analisado pelo juiz dois requisitos essenciais: a possibilidade do devedor e a necessidade do alimentado, o que chamamos do binômio necessidade-possibilidade. Isto quer dizer que será analisado caso a caso, a situação do devedor dos alimentos e a do credor dos alimentos, para após proferir sentença de redução, majoração. 124 Como serão ficados os alimentos, na separação judicial litigiosa, quando o cônjuge inocente for desprovido de recursos? O Código Civil, no artigo 1.702, insculpiu que na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos aos critérios estabelecidos no artigo 1.694.