CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu. (Aula 08/08/2018) Parentesco.

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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu. (Aula 08/08/2018) Parentesco. Os parentes em linha reta são os ascendentes e os descendentes, os graus na linha reta são infinitos, jamais extingue. Descendentes Ascendentes filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos. pais, avôs, bisavôs, trisavôs, tetravôs. Descendente Ascendente O parentesco colateral não tem diferenciação com a linha transversal, aquele vem de um tronco ancestral comum e vai até o quarto grau colateral. Art São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Pai tronco ancestral comum. Filho 1 Filho 2 Parentesco em linha colateral 1

2 Espécies de parentesco. Duplo (irmãos germanos) 1- Natural ou consanguíneo Simples unilaterais / consanguíneos. Parentesco consanguíneo / natural vem dos mesmos laços de sangue. Duplo filhos dos mesmos pais (mãe e pai comum). Aqui temos uma peculiaridade, por exemplo, se dois irmãos casarem com duas irmãs e tiverem filhos, teremos duplamente primos (primo por parte de mãe e por parte de pai simultaneamente). Consanguíneo Simples unilateral consanguíneo Uterino 2

3 O simples são os irmãos unilaterais consanguíneo e o uterino. Consanguíneo mesmo pai só que com mães diferentes. HOMEM Mulher 1 Mulher 2 Mulher 3 Filho 1 Filho 2 Filho 3 Irmãos unilaterais consanguíneos Uterino filhos da mesma mãe e pais diferentes. Mulher Homem 1 Homem 2 Homem 3 Filho 1 Filho 2 Filho 3 Irmãos unilaterais uterino Adoção 2- Civil Socioafetividade Inseminação artificial heteróloga 3

4 Parentesco civil é aquele que a lei civil autoriza. Adoção naturais. pai adotante e filho adotado, pais e filhos legítimos, porém, não Adoção dupla só é permitida entre cônjuges ou conviventes, não entre irmãos e outros parentes para não ter confusão patrimonial. Socioafetividade pai / mãe que cria, laços de afetividade provados por fama e tractatus, filhos legítimos, porém, não naturais. Inseminação artificial heteróloga sêmen que não é do marido, filho legítimo e natural da mãe e legítimo e civil do pai, presunção absoluta da paternidade, porque autorizou. A presunção do artigo é relativa com exceção do inciso V que é absoluta. Art Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. (Grifo nosso) 4

5 Sogro / Sogra Genro / Nora 3- Afinidade Enteado / Enteada Madrasta / Padrasto Cunhado / Cunhada Parentesco por afinidade são aqueles que decorrem do casamento, união estável ou união homoafetiva (artigo 1.595), sogro e sogra serão parentes para sempre, jamais se extingue o parentesco, não existe ex-sogro, desta forma acumula, se casar três vezes terá três sogras. O casamento é nulo entre os parentes afins em linha reta: sogro/a, genro / nora, enteado/a, madrasta / padrasto. Jamais poderá casar com sogro ou sogra. Se ficar junto será concubinato. Art Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; (...) Cunhados é linha colateral por afinidade, só vai até 2º colateral, só existe um parente em linha colateral por afinidade que é o cunhado, quando dissolvida a sociedade conjugal extingue o parentesco, pode casar com o ex-cunhado/a. Art Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. 5

6 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Contagem do parentesco. Linha reta: Avô 2º grau Pai 1º grau Filho (neto em razão do avô) Filho em razão do pai primeiro grau, neto em razão do avô segundo grau. Linha colateral 2º grau (entre irmãos): Pai (ancestral comum) 1º grau em linha Reta em 2º grau relação ao pai Filho 1 Filho 1 Filho 2 Não existe parente em primeiro grau na linha colateral, conta até o ascendente comum, o filho 1 em relação ao filho 2 são parentes colaterais em 2º grau. 6

7 Linha transversal 3º grau (tio e sobrinho): Avô (ancestral comum) 2º grau 3º grau Colateral Pai 1 Pai 2 (tio) 1º grau Filho 1 Filho 2 Filho 1 em relação ao pai primeiro grau em linha reta, filho 1 em razão do avô segundo grau em linha reta, filho 1 em vínculo com o tio terceiro grau em linha transversal. Linha colateral 4º grau (primos): Avô (ancestral comum) 2º grau 3º grau colateral Pai 1 Pai 2 (tio) 1º grau 4º grau Colateral Filho 1 (primo) Filho 2 (primo) Linha colateral (estão no mesmo nível) A contagem em linha colateral vai até o quarto grau. Filho 1 em relação ao pai primeiro grau em linha reta, filho 1 em razão do avô segundo grau em linha 7

8 reta, filho 1 em vínculo com o tio terceiro grau em linha colateral e por fim filho 1 em relação ao primo quarto grau colateral. Linha colateral transversal 4º grau (sobrinho neto): Bisavô (ancestral comum) 3º grau 4º grau Colateral Avô1 Avô2 (tio-avô) 2º grau Pai 1 1º grau Filho 1 (sobrinho Neto) Linha transversal Filho 1 (sobrinho neto) em relação ao pai primeiro grau em linha reta, filho 1 em razão do avô segundo grau em linha reta, filho 1 em vínculo com o avô 1 terceiro grau em linha reta e por fim filho 1 (sobrinho neto) em relação ao tioavô quarto grau em linha transversal. Sobrinho neto está em geração distinta em relação ao tio-avô, ou seja, linha transversal, será sempre desigual. Impedimentos. Casamento. O artigo traz os impedimentos para o casamento, se casar será nulo e seus efeitos ex tunc, ou seja, nulidade absoluta. NULO = EX TUNC 8

9 Art Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Não podem casar todos os parentes em linha reta (consanguíneo, civil e por afinidade), os colaterais até o terceiro grau (tios e sobrinhos). O Decreto-Lei 3.200/1941 autoriza o casamento de tio e sobrinha, desde que façam os exames pré-nupcial, e que dois médicos atestem que se tiverem prole não nascerão com problemas congênitos. O decreto-lei está em vigor porque lei especial prevalece sobre a geral. Pessoas casadas não podem casar, um casamento por vez, sob pena de bigamia. A união estável pode ser registrada no primeiro cartório de registro de pessoas naturais no livro E de sua comarca passando a ter efeito erga omnes, pois, a escritura pública só gera efeitos entre as partes. O advogado quando contratado para assessorar uma compra de imóvel, deve fazer consulta no cartório de pessoas naturais, para verificar se o 9

10 vendedor não possui união estável registrada no livro E, para evitar uma futura anulação por falta de outorga uxória. O inciso VII é impedimento de crime, exemplo, pessoa mata o marido, a viúva não pode casar com o assassino se tiver sentença penal com trânsito em julgado. Anulação do casamento (artigo e seguintes). Em caso de arguição de nulidade relativa do casamento os efeitos serão ex nunc, do pedido da anulação para frente. ANULÁVEL = EX NUNC Quando há a anulação do casamento retorna ao estado de solteiro. Arrependimento não anula ato jurídico, só erro essencial sobre a pessoa. Causas de anulação: Honra e boa fama, a pessoa acredita que o cônjuge tem uma reputação ilibada, contudo, é o contrário. Desconhecimento de crime vexatório com trânsito em julgado, ocorrido antes do casamento, que torna possível sua anulação. 10

11 Doença grave transmissível, risco de vida para o cônjuge ou seus descendentes, é possível anular, por exemplo, AIDS. Defeito físico irremediável, impotência coeundi do homem, ou coitofobia da mulher, atestado por médico que não é possível ter relação sexual. O débito conjugal não enseja anulação, e sim divórcio. Erro essencial sobre a pessoa / honra e boa fama quando ocorre a ilusão do cônjuge a respeito de informação que quando revelada torne a vida a dois insuportável, o consorte enganado pode requerer a anulação do casamento com fundamento no artigo 1.557, como segue: Art Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; IV - (Revogado). É proibido colocar transexual em documentos de identidade, é masculino ou feminino, altera o gênero no documento quando solicitada alteração do nome. 11

12 Prazo para pedir a anulação. Prazo de 3 anos para pedir anulação, começa a fluir do casamento, rito ordinário, conforme preceitua o artigo CC: Art O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art ; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art ; IV - quatro anos, se houver coação. 1º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. 2º Na hipótese do inciso V do art , o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração. Feitos do casamento. 12

13 Parentesco por afinidade. 1- Sociais Emancipa menor. Alteração do estado civil. Fidelidade recíproca (moral / física / virtual). Mútua assistência (financeira / moral / afetiva). 2- Pessoais Convivência = sob o mesmo teto. Guarda e educação dos filhos menores. Respeito e considerações mútuas. Pactos antenupciais. 3- Patrimoniais Mutabilidade do regime de bens. Variedade do regime de bens. 2- Pessoais. Fidelidade Infidelidade física que importa no adultério, precisa pegar no flagrante (no ato), exemplo, grava no quarto da sua casa a infidelidade. Quanto a licitude da gravação temos duas correntes, uma que defende a ilicitude da prova, pois, 13

14 não foi avisado que estava sendo gravado, e a outra corrente aprova o uso da gravação. Infidelidade moral é moral porque não pegou no flagra, comprova com testemunhas, exemplo, caso da Fabíola que disse estar na manicure. Infidelidade virtual é a realizada por comunicação eletrônica, exemplos, WhatsApp, facebook, Instagram, sites de namoro. Mútua assistência. Cuidar um do outro, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Material Moral auxílio financeiro que se traduz em alimentos. dever de proteção aos direitos da personalidade do cônjuge. Convivência / coabitação. More uxore abandono do lar. viver no mesmo teto, falta de coabitação pode configurar Débito conjugal perda do sobrenome e os alimentos sociais. prestação de contas na relação sexual, pode ensejar a Se um dos cônjuges abandonou o lar a mais 2 (dois) anos o outro cônjuge tem direito à usucapião familiar (artigo A CC). Guarda. Guarda, educação e sustento dos filhos menores é dever dos dois, dos pais. Respeito. Físico agressão física, espancamento. 14

15 Moral maldisser o marido, a esposa. A quebra de qualquer um dos deveres do casamento enseja separação judicial litigiosa. A quebra dos deveres importa na separação judicial porque no divórcio não se discuti culpa. A culpa na separação gera perda de direitos, quais sejam: perda do sobrenome, dos alimentos sociais e usucapião familiar. 3- Patrimoniais. O efeito patrimonial diz respeito ao regime de bens, que se rege por três princípios: Pacto antenupcial. Pacto antenupcial contrato feito antes o casamento precisa apresentar na habilitação, por escritura pública em qualquer cartório de notas, para ter efeito erga omnes deverá ser registrado no cartório de imóveis do primeiro domicílio dos nubentes. Art É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Para união estável e união homoafetiva é contrato de reconhecimento e nele opta pelo regime de bens. O pacto não poderá ir contra a lei, e só pode constar questões patrimoniais, contudo, pode colocar indenização, por exemplo, colocar cláusula para que se divulgar imagens intimas do cônjuge tem que indenizar. Art É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. 15

16 É necessário fazer o pacto antenupcial nos regimes de bens opcionais, nos outros regimes não precisa fazer pacto, contudo, se quiser pode fazer. Separação total de bens / absoluta de bens; Comunhão universal de bens. Participação final nos aquestos; Mutabilidade do regime de bens. A mutabilidade do regime de bens está ligada a alteração do regime escolhido na constância do casamento, contudo, precisa ser preenchido três requisitos: Deverá ser judicial Pedido justificado Consensual precisa ingressar com ação, não é por pacto; o por que quer alterar o regime de bens. em comum acordo dos cônjuges, não propõe ação para alterar e sim requerer para homologar. Art É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. (Grifo nosso). Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 16