Nome: n o : 1 a E nsino: Médio S érie: T urma: Data: Prof(a): Valéria Literatura Exercícios de Revisão I Conteúdo: Humanismo (Fernão Lopes, Gil Vicente e Poesia Palaciana) Obras Literárias: Medéia e Auto da barca do inferno" 1) O Humanismo é denominado, comumente, de período de transição, caracterizado pelo que se chamaria de bifrontismo, isto é, a coexistência, dentro de um mesmo período, de características de diferentes movimentos estéticos. Em que consiste essa característica importante do período humanista? O texto transcrito abaixo foi escrito por Fernão Lopes e pertence à Crônica de D.João I. Leia-o atentamente para responder às questões 2 e 3. Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela mão, e saíram ambos da câmara a uma grande casa que era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e Lourenço Martins mais acerca. E chegando-se o Mestre com o Conde, acerca duma fresta, sentiram os seus que o Mestre lhe começava a falar passo, e estiveram todos quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas eram. Porém afirmam que foram desta guisa: Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de minha desonra e morte! Eu, Senhor? Disse ele. Quem vos tal cousa disse, mentiu-vos mui grã mentira. O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo comprido e enviou-lhe um golpe à cabeça; porém não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais não houvera. Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe dar; e ele movendo para se acolher à câmara da Rainha, com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais acerca, meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu em terra, morto. Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado de lhe mais dar.
2 2) Os cronistas medievais anteriores a Fernão Lopes tendiam a apresentar os reis como heróis, possuidores de todas as virtudes, com um comportamento exemplar. Considerando que, no texto transcrito anteriormente, o mestre é Dom João, que viria a se tornar rei de Portugal, mostre como o cronista rompe com essa visão medieval da historiografia. 3) Se Fernão Lopes é um historiador, o que faz com que suas obras sejam objeto de estudo da literatura? Leia o poema abaixo para responder às questões 4 e 5. Trovas à maneira antiga Comigo me desavim, Sou posto em todo perigo; Não posso viver comigo, Nem posso fugir de mim. Com dor, da gente fugia, Antes que esta assi crescesse; Agora já fugiria De mim, se de mim pudesse. Que meo espero ou que fim (meo=meio) Do vão trabalho que sigo, Pois que trago a mim comigo, Tamanho imigo de mim? (imigo=inimigo) SÁ DE MIRANDA, Francisco. Trovas à maneira antiga. In: Sá de Miranda poesia e teatro. Portugal; Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses, 1989.
3 4) O poema transcrito apresenta características formais que o filiam à poesia humanista. Que características são essas? 5) Explique por que, quanto ao tema, esse poema pode ser classificado como palaciano. Texto para as questões 6 e 7. Todo o Mundo e Ninguém Trecho do Auto da Lusitânia, Gil Vicente (além de Todo o Mundo e Ninguém, participam da cena ainda dois diabos, Berzebu e Dinato. Dinato é auxiliar de Berzebu e escreve o que este lhe dita): T: Mil cousas ando a buscar; Delas não posso achar, Porém ando porfiando, Por quão bom é porfiar. N: Como hás nome, cavaleiro? T: Eu hei nome Todo o Mundo E meu tempo todo inteiro Sempre é buscar dinheiro, E sempre nisto me fundo. N: Eu hei nome Ninguém E busco a consciência. (Berzebu para Dinato)
4 B: Esta é boa experiência: Dinato, escreve isto bem. D: Que escreverei, companheiro? B: Que Ninguém busca consciência, E Todo o Mundo dinheiro. 6) Aponte, no fragmento anterior, algumas características do teatro de Gil Vicente. 7) Qual aspecto é denunciado no comportamento de Todo o Mundo? 8) Com qual personagem do Auto da Barca do Inferno podemos relacioná-lo?
5 Para responder às questões 9 e 10, leia com atenção os fragmentos de A farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente: Jesu, Jesu! Manas minhas! Sois vós aquele que, um dia, Em casa de minha tia, Me mandastes camarinhas E quando aprendia a lavrar, Mandáveis-me tanta cousinha? Eu era ainda Inesinha, Não vos queria falar. 9) Trata-se de uma peça profana ou litúrgica? Justifique. 10) Nessa peça teatral, quem representa o asno e quem representa o cavalo? Cite os respectivos nomes.